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Novela indiana desafia o machismo

03/06/2017

Novela indiana que questiona machismo local se torna a mais vista do mundo

“Eu, uma mulher, posso conquistar qualquer coisa” aborda temas polêmicos como casamento infantil e violência doméstica

    Novela alcançou 400 milhões de espectadores – Reprodução interne
    Uma novela indiana que está quebrando tabus da sociedade – de violência doméstica e ataques com uso de ácidos a menstruação e casamento infantil – se tornou uma das séries mais assistidas no mundo, atraindo mais de 400 milhões de espectadores.

    Feita para desafiar as atitudes patriarcais profundamente enraizadas e discriminação entre gêneros, “Main Kuch Bhi Kar Sakti Hoon”, ou “Eu, uma mulher, posso conquistar qualquer coisa”, conta a história de uma jovem médica que deixa seu trabalho na cidade para trabalhar em seu vilarejo.

    Através da protagonista Sneha Mathur, espectadores encontram práticas e tabus comuns, mas raramente desafiados socialmente, como abortos seletivos dependendo do sexo e menstruação – todos baseados em casos da vida real da Índia, amplamente conservadora.

    Em um episódio, a irmã de Mathur é forçada a um aborto tardio de um feto feminino e morre durante o procedimento, enquanto em um outro episódio outra irmã é alvo de um ataque a ácido após se juntar a um time de futebol misto.

    A série também observa a sexualidade jovem para ajudar adolescentes a compreenderem melhor as mudanças que seus corpos estão passando e dissipar tabus que ditam que a menstruação é suja e a masturbação não é natural.

    A novela completou duas temporadas, com mais de 170 episódios, desde que foi lançada em 2014 – e a rede de TV indiana Doordarshan diz que sua audiência já ultrapassou 400 milhões de pessoas em 50 países.

    Fonte: O Globo

    MISOGINIA não dá trégua no Brasil

    18/05/2017

    No Nordeste, 17% das mulheres sofreram violência física ao menos uma vez, diz estudo

    ‘Machismo arraigado’ na região é um dos fatores do alto índice de violência contra as mulheres no âmbito familiar.

     

    Mulheres agredidas têm queda de rendimento no trabalho e têm média salarial mais baixa, mostra estudo (Foto: Marcelo Brandt/G1)Mulheres agredidas têm queda de rendimento no trabalho e têm média salarial mais baixa, mostra estudo (Foto: Marcelo Brandt/G1)

    Mulheres agredidas têm queda de rendimento no trabalho e têm média salarial mais baixa, mostra estudo (Foto: Marcelo Brandt/G1)

    Três capitais do Nordeste lideram o ranking negativo da violência contra a mulher na região, conforme estudo divulgado nesta quinta-feira (23) pela ONU Mulheres e feito em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). Salvador, Natal e Fortaleza têm prevalência de violência doméstica física de 19,7%, 19,3%, e 18,9%, respectivamente. Em média, 17,2% das mulheres que vivem em uma capital nordestina sofreu violência física pelo menos uma vez na vida.

    Apenas nos últimos 12 meses, 11% das mulheres nordestinas foram vítimas de violência psicológica, enquanto 5% sofreram agressões físicas e 2% violência sexual no contexto doméstico e familiar.

    Os dados fazem parte da Pesquisa Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, que entrevistou 10 mil mulheres, representativas de 5 milhões de mulheres que vivem nas capitais nordestinas.

    Prevalência de violência doméstica por tipo

    Estado Violência emocional Violência física Violência sexual
    Aracaju 26,3 15,4 8
    Fortaleza 27 18,9 6,9
    João Pessoa 32,5 17,8 8,8
    Maceió 30,2 18,4 8,6
    Natal 34,8 19,3 8,3
    Recife 28,6 17,5 5,1
    Salvador 24 19,7 7,8
    São Luís 19,7 12,5 3,6
    Teresina 22,1 14,2 6,3
    Fonte: Onu Mulheres e UFC

    O estudo mostra ainda que as crianças também são expostas à violência dentro de casa. Em Fortaleza, em 31% dos casos de violência contra mulheres, crianças também foram agredidas.

    Também na capital cearense, 55% das crianças presenciaram quando mulheres foram agredidas dentro do domicílio, conforme o estudo.

    Outro dado que a pesquisa destaca como “alarmante” é a “espiral da violência”, quando seguidas gerações mantêm a prática de violência na família. “Quatro a cada 10 mulheres que cresceram em um lar violento sofreram o mesmo tipo de violência na vida adulta. Ou seja, há uma repetição de padrão em seu próprio lar”, destaca o estudo.

    Exposição de filhos à violência sofrida pela mãe

    Estado Presenciou agressões Também foi agredida
    Aracaju 62,1 15,5
    Fortaleza 55,1 31,5
    João Pessoa 64,2 22,8
    Maceió 60,2 23,8
    Natal 47,3 22,2
    Recife 52,7 20,5
    Salvador 52,5 30,1
    São Luís 44,1 13,3
    Teresina 50,9 30,7
    Fonte: Onu Mulheres e UFC

     

    ‘Machismo arraigado’

     

    Para Nadine Gasman, da ONU Mulheres Brasil, o machismo “arraigado” no Nordeste é uma das causas do índice de violência doméstica na região. “O Nordeste é uma das regiões com mais desigualdades no país, com machismo arraigado e concentração de população negra. A pesquisa capta a complexidade da violência, que demanda respostas políticas”, afirma Gasman.

    Ainda conforme Gasman, a pesquisa revela uma necessidade “urgente” de medidas para conter a violência contra a mulheres. O estudo “traça um quadro concreto para ação urgente do poder público e da sociedade brasileira para impedir que mulheres e meninas fiquem para trás do desenvolvimento”, afirma.

     

    Queda na produtividade

     

    A pesquisa mostra também que as mulheres que sofrem agressão têm queda na produtividade no trabalho, o que impacta no salário.

    Mulheres vítimas de violência domésticas, nos últimos 12 meses, reportam menor frequência no exercício de sua capacidade de concentração, na capacidade de dormir bem, em tomar decisões, além de se sentir frequentemente estressada e menos feliz em comparação as mulheres não vitimadas pelos parceiros.

    Para a região Nordeste, mulheres vítimas de violência doméstica apresentam uma duração média de emprego 21% menor do que a duração daquelas que não sofrem violência e possuem um salário cerca de 10% menor do que aquelas que não são vítimas de violência. Ser vítima de violência doméstica se correlaciona negativamente com a produtividade e o salário-hora da mulher, e esse efeito é maior em mulheres negras.

     Fonte: G1

    Violência contra mulher no interior de SP supera 3 vezes a da capital

    Em relação às lesões corporais dolosas (quando há intenção), a capital registrou 779 e o interior, 2.794

    © iStock

    Com o dobro da população em relação à capital, o interior de São Paulo registra pelo menos três vezes mais casos de violência contra a mulher. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), no ano passado houve, em média, 3,5 tentativas de homicídio por mês contra mulheres na capital, ante 17,9 no interior (três vezes mais).

    Em relação às lesões corporais dolosas (quando há intenção), a capital registrou 779 e o interior, 2.794 (três vezes e meia mais). Já os casos de estupro consumados ficaram proporcionalmente iguais: média de 10 por mês na capital e de 20 no interior (duas vezes mais). Os homicídios que vitimaram as mulheres mantiveram a mesma proporção: 2,25 por mês na capital e 4,45 no interior (duas vezes mais).

    Nos primeiros três meses de 2017, a violência contra a mulher no interior cresceu ainda mais, na comparação com os números da capital. Houve 2 tentativas de homicídio por mês em São Paulo e 16,3 no interior (oito vezes mais). A média mensal de lesões corporais em mulheres foi de 745 na capital e 2.971 no interior (quatro vezes maior). Já a média mensal de estupros consumados foi de 11,3 na capital e de 25 no interior. No período também foram registrados dois casos por mês de feminicídio, crime de ódio com base no gênero, na capital e 4,3 no interior.

    O interior de São Paulo tem 23,5 milhões de habitantes e a capital paulista, 12 milhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estatística leva em consideração os casos relacionados à Lei Maria da Penha, ou seja, aqueles caracterizados como de violência doméstica e familiar contra a mulher. Após abril de 2016, foram incluídos os casos de feminicídio. Muitos tiveram desfecho em cidades pacatas do interior, com baixos indicadores de violência.

    Morte por não abortar

    Foi o que aconteceu em Saltinho, cidade de 7 mil habitantes, na região de Piracicaba, em 24 de abril. O gerente de uma fábrica de roupas, Cristiano Romualdo, de 39 anos, matou a publicitária Denise Stella, de 31 anos, com quem mantinha relacionamento extraconjugal, porque ela engravidou e se negava a abortar. Romualdo jogou o corpo à beira de uma estrada. O gerente confessou o crime e está preso. Os dois eram conhecidos na pequena cidade que, nos últimos dez anos, tinha registrado apenas dois homicídios.

    Para a assistente social Elisabete Pires da Silva, do Centro de Integração da Mulher (CIM-Mulher) de Sorocaba, que há 20 anos acolhe vítimas da violência doméstica, embora álcool e droga sejam os principais motivadores das agressões, em áreas mais remotas persiste um sentimento de posse do homem em relação à mulher.

    “Ainda há um traço cultural machista, de que o homem pode ter toda a liberdade e a mulher, não. Quando se insurge, é reprimida e, muitas vezes, agredida. A cultura começa dentro de casa, quando pai e mãe toleram que o filho deixe roupas espalhadas e não ajude mas tarefas domésticas, mas obrigam a filha a fazer.”

    Duas chacinas acontecidas em dezembro de 2016 no interior de São Paulo tiveram o machismo como ingrediente, segundo investigações policiais.

    A primeira foi registrada em Jaboticabal. Depois de ser rejeitado por uma garota de programa, o cabeleireiro William Ferreira Costa, de 27 anos, matou seis pessoas em um bordel. Entre as vítimas, quatro eram mulheres, entre elas Dione da Silva Lima pivô do crime, e a dona do bordel, Leonilda Lucindo. Ele tentou justificar os assassinatos alegando que estava com a mulher quando outro homem a pegou pela mão e a levou ao quarto.

    A segunda chacina aconteceu na noite de 31 de dezembro. O técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos, invadiu uma casa, em Campinas, e matou a tiros 12 pessoas da família e se suicidou. Nove das vítimas eram mulheres, entre elas sua ex-mulher, Isamara Filier, de 41 anos. Ela havia registrado cinco boletins de ocorrência por ameaças do ex-marido.

    Uma carta escrita pelo homem revelou que a chacina era uma vingança. O texto tinha também conteúdo de ódio contra as mulheres. Na ocasião, o órgão as Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) repudiou o crime, considerando violência de gênero e fruto do “machismo”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Com informações do Estadão Conteúdo.

    Fonte: Notícias ao minuto

    Vendedora denuncia violência doméstica e delegado pergunta se ‘não foi o guarda-roupa’

    A vendedora Flávia Batista Florêncio, moradora da cidade de Piancó, no sertão paraibano, foi à delegacia denunciar uma agressão do ex-companheiro, mas relatou ter sido questionada pelo delegado se o ferimento não teria sido causado pela porta de um guarda-roupa ou uma queda.

    A mulher contou à TV Paraíba que foi agredida quando voltava para casa com uma amiga. “Já entrou batendo em mim. Não lembro de muito coisa. Lembro de imagens. Quando eu me deito para dormir, vejo flashes, não consigo lembrar de tudo”, relatou.

    Segundo a mãe de Flávia contou à reportagem, o delegado fez perguntas irônicas a ela sobre o que teria causado as escoriações.

    “O delegado perguntou ironicamente ‘tem certeza que isso não foi a porta do guarda-roupa?’, ‘tem certeza que a senhora não caiu da escada?”.

    Segundo a vendedora, ele não autorizou a medida protetiva e informou à advogada dela que não seria um “segurança particular”. Por isso, Flávio fez um pedido direto ao Ministério Público.

    À reportagem da TV Paraíba, o delegado Rodrigo Pinheiro, responsável pelo caso, não respondeu sobre o tratamento dado à mulher quando ela foi registrar a ocorrência.

    Ele disse ainda que tem duas linhas de investigação: a primeira, apresentada pela vítima, de que foi agredida em casa pelo ex-companheiro; e a outra de que ela foi agredida durante uma briga em um bar.

    O delegado disse que irá ouvir testemunhas para concluir o inquérito policial e que não concedeu a medida protetiva porque avaliou que não era necessário.

    Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução
    Fonte: Yahoo

    Mulher vai à DP registrar queixa de calúnia e difamação e sai acusada de furto

    Karine Fernandes voltou à delegacia para provar que era dela casaco que vendedora a acusava de ter furtado de loja em Madureira
    Karine Fernandes voltou à delegacia para provar que era dela casaco que vendedora a acusava de ter furtado de loja em Madureira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

    A autônoma Karine Fernandes dos Santos Santana, de 26 anos, moradora na Pavuna, compareceu na última quinta-feira, na 29ªDP (Madureira) para prestar queixa de calúnia e difamação sofrida numa loja de roupas do bairro. A jovem, que havia sido acusada injustamente, por uma vendedora, de furtar um casaco que na verdade era seu, contou que saiu da delegacia na condição de acusada.

    Nesta quarta-feira, ela voltou à DP para provar, por meio de apresentação de nota fiscal e fotografias que era a dona de fato da roupa. Ela saiu da delegacia com um termo de declaração, no qual pede para reverter a acusação contra a vendedora, pelo crime que originou a sua ida ao local, na semana anterior.

    — Fiquei desnorteada em casa caçando essa nota, encontrei ela, trouxe aqui, mas não consegui recuperar meu casaco, pois estão dizendo que foi para a perícia — disse a moça, sobre a peça comprada em 28 de abril, numa loja de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, conforme comprovante apresentado à polícia.

    A revolta maior de Karine, é com reação à forma como ela diz ter sido tratada tanto pela vendedora, como pelos policiais que conduziram a ocorrência. A jovem contou que sentiu humilhada na loja e na delegacia.

    Tudo começou na quinta-feira passada, quando ela entrou no estabelecimento e resolveu experimentar uma roupa, que não a agradou. Karine disse que saiu do provador, devolveu a peça e foi embora. Momentos depois, já noutra loja, na mesma rua, a vendedora da primeira loja veio atrás dela, acusando-a de ter levado do estabelecimento o casaco preto que estava com ela.

    — Ela (a vendedora) me abordou, puxou meu casaco e começou a falar que eu tinha pego da loja. Fui me defendendo, falando que era um absurdo e ela dizendo que as câmeras iriam provar (que ela estava falando a verdade) e eu dizendo que era aquilo mesmo que eu queria (as imagens das câmeras). Eu comecei a chorar, minha voz estava trêmula — afirmou.

    Karine seguiu a moça, recuperou o casaco, já dentro da primeira loja, onde teria começado uma seção de constrangimentos, que continuou na presença de um segurança, que ameaçou agredi-la. Ela contou que ligou pra o 190 e para familiares e aguardou por cerca de duas horas a chegada dos policiais, que tentaram convencê-la a não levar o caso à delegacia. Na DP, os constrangimentos teriam continuado, dessa vez por parte dos agentes que a atendeu.

    — Eu arrisco dizer que o atendimento na delegacia foi pior do que a acusação de furto, porque também aqui tentaram me persuadir a não levar o caso para frente. Enfim, tratando como se fosse um caso bobo. Tinha ainda o menosprezo como mulher e preta. A partir do momento que eu disse que ia levar pra frente, gritaram em alto e bom som que eu seria indiciada por furto.

    A advogada Roberta Cristina Eugênio, do gabinete da vereadora Marielle Franco, presidente da Comissão de Defesa da Mulher da Câmara Municipal, a qual Karine recorreu, disse que vai acompanhar a apuração da atuação dos policiais junto a Corregedoria da polícia Civil e , com a ajuda da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, pretende encaminhar o caso de Karine à Defensoria Pública do Estado, por meio do Núcleo Contra a Desigualdade Racial.

    – Embora não tenha havido uma acusação verbal de cunho racial, Karine sente que na verdade a abordagem se deu pelo fato de ela ser negra. É um caso que reverbera para o racismo estrutural na sociedade e mostra como as pessoas negras são tratadas – disse a advogada.

    A loja Belíssima, onde ocorreu o fato, foi procurada pelo EXTRA, mas a gerência informou que não se manifestaria. A vendedora, não foi localizada.

    A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na 29ª DP (Madureira) para apurar o caso. “Partes e testemunhas estão sendo ouvidas. O casaco foi encaminhado ao ICCE para realização de perícia”, diz a nota.

    Fonte:Extra

    Na semana em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, a desigualdade entre gêneros ainda prepondera

    12/03/2017

     

    Paradoxo da Suécia: paraíso da igualdade com uma alta taxa de violência machista

    James cuida de sua filha Lily.© EVAN PANTIEL James cuida de sua filha Lily.

    São cerca de 15h e Linus Lindberg, advogado de 33 anos, já fez todas as tarefas: arrumou a casa, brincou com o filho Henri, de 13 meses, o alimentou e lavou a louça. Em seguida, irá fazer compras e preparar o jantar para ele e sua parceira, uma psiquiatra de 35 anos que chega às 18h em casa. O apartamento que dividem, em um bairro tranquilo de edifícios e parques nos arredores de Estocolmo é limpado pelos dois. Ela estava de licença nos primeiros meses. Ele terminou um estágio pago de dois anos e agora, durante seis meses, passa o dia com o menino e recebe do Estado uma ajuda proporcional à sua renda. “Dividir nosso tempo com Henri é a única opção que contemplamos. Seria muito estranho que somente ela ficasse em casa”, diz Lindberg enquanto segura o bebê.

    Na Suécia, as licenças não são de maternidade ou de paternidade. São parentais: 480 dias para distribuir de forma flexível entre ambos, dos quais 90 são exclusivos para a mãe, e muitos outros, para o pai. Se um dos dois não usar os dias, irá perdê-los. É a forma adotada pelo país para garantir que o cuidado dos filhos não recaia apenas sobre elas, e é uma das medidas que mostram por que a Suécia é um dos países mais igualitários do mundo.

    Aqui as políticas para corrigir as desigualdades de gênero não dependem da vontade de um Governo mais ou menos progressista nem são um acessório do Estado de bem-estar, e sim uma parte estratégica da sua construção ao longo de décadas. A consciência de gênero está incorporada em símbolos do poder político — o Executivo, composto por social-democratas e verdes, se define como feminista — e permeia empresas, escolas e lares. Há, no entanto, um buraco negro: os altos índices de violência machista

    Amanda Lundeteg, que produz a lista negra de empresas cotadas na Bolsa e que não têm mulheres em sua diretoria ou conselho. EVAN PANTIEL

    James Pearse, de 41 anos, não conhece nenhum pai que não tenha tirado a licença por questões de trabalho ou por medo do que sua empresa pudesse pensar. “Se você andar pela rua qualquer segunda-feira de manhã, verá muitos homens com crianças”, diz. Ele é britânico, tem um negócio de publicidade e trabalha fora de casa dois dias por semana. O resto do tempo cuida de Dylan, de 1 ano e meio, e de Lily, de 5. “Neste país, a família é sempre mais importante que o trabalho”, diz em uma entrevista no bairro onde mora com sua parceira, Jessica Engstrom, de 39 anos. Ela também é publicitária e afirma que nas grandes empresas suecas, como o banco para o qual trabalha, há incentivos para que os funcionários cuidem dos filhos. “Completam a ajuda do Estado com mais 10% quando você está de licença. Assim, você recebe 90% do salário”, explica.

    Apesar do sistema sueco fazer com que os homens compartilhem a criação, ainda são as mulheres que utilizam 74% dos dias de licença contra 26% dos utilizados pelos homens. Por isso o Governo introduziu em 2016 a medida corretiva dos 90 dias intransferíveis, ao invés dos 60 de anos anteriores. “Em um mundo ideal”, diz James, “eu pegaria os mesmos dias que Jessica, mas sendo autônomo, se pego um ano inteiro, perderia meus clientes”.

    “Preciso de um mínimo de contato com eles”, conta. Não é perfeito, mas é melhor do que, por exemplo, na Espanha, onde morou um tempo. Neste país os pais até então tinham duas semanas, quatro a partir de 2017; na Suécia o conceito foi introduzido em 1974. “A diferença é como noite e dia!”, exclama ela. James compara a situação com o Reino Unido, onde se ausentar em uma reunião porque o filho está doente e tirar o resto do dia para tomar conta dele ainda é estranho. Para os suecos é exatamente o contrário.

    Jessica cuida de seu filho Dylan. EVAN PANTIEL

    Depois da Finlândia, a Suécia é o país mais igualitário da UE e o quarto do mundo após a Islândia, a Finlândia e a Noruega, de acordo com a classificação anual do Foro Econômico Mundial. Se 1 é a igualdade teórica social, a Suécia está no 0,81 – a Espanha, por exemplo, está na 29° colocação do ranking, com 0,73 –. O Executivo é paritário, e 44% do Parlamento, feminino. O país nórdico possui a mais alta taxa de desemprego de mulheres da UE  (78%) e até a Igreja sueca (luterana) tem uma mulher como primaz

    Mas esses dados convivem com outro preocupante: a Suécia registra um dos maiores níveis de violência de gênero da UE. É o que os pesquisadores espanhóis, o psicólogo social da Universidade de Valência, Enrique Gracia e o epidemiologista da Universidade de Lund Juan Merlo, chamam de paradoxo nórdico. Em um trabalho publicado em março na revista Social Science and Medicine, utilizam como base uma pesquisa europeia sobre violência machista de 2014, na qual a Dinamarca, Finlândia e Suécia lideram a percentagem de agressões (físicas e sexuais) a mulheres dentro da relação, muito acima da média europeia. Essa pesquisa é a primeira a oferecer dados comparáveis no âmbito europeu, ao utilizar a mesma metodologia e as mesmas perguntas, muito específicas, em todos os países.

    Asa Regnér, de 52 anos, ministra da Igualdade, admite que, apesar da consciência social e as medidas corretivas realizadas pelo Estado sueco durante muito tempo, a violência contra as mulheres continua sendo uma mácula. “Não somos um paraíso e não alcançamos a igualdade”, afirma em espanhol que aprendeu na Bolívia, onde foi diretora da ONU Mulheres, o órgão da ONU que trabalha pela equidade das mulheres. Os níveis de agressão não caíram na última década Em sua expressão mais extrema, os assassinatos, os números estão baixando, mas temos 13 mortes por ano em um país de 10 milhões de habitantes”. Na Espanha, com uma população de 46,5 milhões, 44 mulheres foram assassinadas em 2016.

    A ministra da Igualdade descarta que essa violência esteja relacionada com fatores culturais e com a sólida tradição de acolhida da Suécia, onde 20% da população é de origem imigrante. “É preciso dizer que os níveis de igualdade que temos foram atingidos com todas as pessoas que vivem aqui”.

    Os pesquisadores propõem várias linhas de trabalho para compreender o que ocorre. A primeira hipótese é que nos países nórdicos as mulheres conseguiram mais poder e isso suscitaria uma reação violenta do mundo mais rígido e machista. A segunda seria que nesses países se denuncia mais, mas isso, se estiver correto, não quebra o paradoxo. Outra possibilidade está relacionada com um fator de risco que os nórdicos possuem, e consiste em um padrão de consumo de álcool diferente do de outras regiões. “Não temos resposta, é preciso pesquisar”, afirma Gracia.

    Asa Regnér acredita que uma das ferramentas mais efetivas para se combater a violência contra a mulher é a pedagogia. “Apresentamos uma estratégia muito focada na prevenção, sobretudo para trabalhar com os homens jovens, dialogando com eles sobre alternativas à violência”, explica. Também acabam de iniciar programas de educação na igualdade que incluem os cerca de 200.000 refugiados recém-chegados à Suécia.

    O combate contra o sexismo impregna a vida cotidiana dos suecos, da escola às empresas. É uma sociedade onde surgem debates como o do mansplaining, a situação em que um homem dá explicações condescendentes e não solicitadas a uma mulher, frequentemente sobre assuntos nos quais ela é especialista. A ideia de montar uma linha de telefone para denunciar essa prática nos escritórios, mesmo tendo durado somente uma semana em novembro, é um exemplo do nível de reflexão sobre gênero dos suecos.

    Duas crianças pintam em uma escola. EVAN PANTIEL

    O projeto partiu de um dos principais sindicatos do país, o Unionen. Cristina Knight, uma publicitária especializada no tema, respondeu a dezenas de chamadas em três dias. “Muitas mulheres estavam agradecidas por se falar desse tema. Ficaram aliviadas em saber que o mansplaining que sofreram diversas vezes não eram imaginações e paranoias suas; também aconteceu com outras”, conta. Por exemplo, lembra de uma mulher na casa dos trinta anos que dizia se sentir anulada por seus chefes porque não a escutavam. Se tentava expressar suas iniciativas, a neutralizavam dando-lhe explicações desnecessárias, ou dizendo que se acalmasse. “Meu conselho foi que não abordasse o assunto em grupo, mas indo em um por um para contar-lhes como se sentia”, explica Knight.

    Mas nem tudo foi tão construtivo nessa experiência telefônica. O responsável de políticas de gênero do sindicato, Peter Tai Christensen, afirma que, nas três primeiras horas de chamadas, todas as que atendeu foram masculinas: “Alguns estavam bravos com a campanha. Ocorreu uma espécie de ataque organizado contra a linha”, conta. “Outros diziam que a igualdade já havia sido conquistada, que já não era preciso falar sobre o assunto, e vários nos criticaram porque diziam que existiam problemas mais importantes”. A campanha do sindicato se completou com histórias em quadrinhos nas redes sociais

    Entre o catálogo de situações, está a chamada Você deve ser a ajudante – um homem confunde uma mulher com a faxineira, apesar dela ser a responsável pela conferência que está prestes a começar –. “O sexismo se tornou mais sutil, e o humor é uma forma de ajudar a reconhecer os mecanismos que utiliza”, explica Christensen. “Nós nos inspiramos em experiências pessoais”, acrescenta a roteirista Ana Werkell, de 29 anos. “Queríamos frisar como as mulheres são tratadas de um modo diferente no trabalho. É algo estrutural”, conta.

    Em outro lado da cidade, a sede da fundação Albright fica em um edifício luxuoso, com janelas enormes dando vista para o mar. Sua diretora, Amanda Lundeteg, de 32 anos, explica que começou a se dar conta da diferença de tratamento entre os gêneros quando estudava economia, e decidiu fazer alguma coisa em relação a isso. Algo polêmico e provocador. Com sua pequena equipe, ela se dedica hoje a produzir uma lista negra anual. Dela constam as empresas com presença na Bolsa que não possuem mulheres em sua diretoria ou conselho de administração. Figurar nesta lista não é nada confortável na Suécia. “As empresas sentem claramente a pressão”, diz ela. “Vamos às universidades e dizemos aos estudantes: ‘vejam só, estas são as empresas nas quais vocês não vão querer trabalhar’. Isso irrita os empresários, que nos chamam para tentar nos convencer a tirá-los da lista pois investem muito dinheiro na sua promoção como empregadores. Iniciamos há cinco anos com 100 empresas na lista negra e agora são 77, dentro de um grupo bem maior de empresas analisadas”, explica. No país, 20% das diretorias e 32% dos conselhos de administração de empresas incluem mulheres. “Nesse ritmo, não haverá paridade nos cargos executivos até 2040. Mas na Alemanha, por exemplo, onde acabamos de abrir uma filial, as mulheres estão em apenas 6%. A Suécia está 10 anos à frente”, afirma.

    O Governo sueco propôs um sistema de cotas para equilibrar essa divisão de poder dentro das empresas presentes na Bolsa. Em meados de janeiro, porém, ele sofreu uma derrota no Parlamento, e teve de retirar a proposta. O objetivo era chegar a 40% de presença feminina até 2019 no caso das diretorias até 2019, mas, caso isso fosse atingido, não se poderia impor o mesmo por lei. Esta é uma das questões colocadas pela ministra da Igualdade, Asa Regnér. ”A experiência sueca com a questão da igualdade de gênero é que é preciso tomar decisões políticas. As coisas não mudam por si sós”, afirma.

    Asa Regnér, 52 anos, ministra da Igualdade da Suécia. Regnér afirma que, para diminuir a desigualdade entre gêneros, é preciso adotar medidas políticas: “As coisas não mudam por si sós”. EVAN PANTIEL

    São três da tarde, e vários pais aguardam a saída de seus filhos na escola infantil Egalia, no bairro de lojas de design e restaurantes cool do distrito de Södermalm, localizado em uma das ilhas que compõem Estocolmo. A escola, voltada para crianças entre um e seis anos de idade, é conhecida como uma instituição de gênero neutro, uma experiência ainda minoritária até mesmo na Suécia. Ela é pública –bancada pela prefeitura, mas com os pais contribuindo também com cerca de 100 euros (320 reais), incluindo alimentação–, e nela são reforçados –de forma exagerada, na visão de algumas pessoas—os princípios de igualdade ensinados normalmente em todas as escolas. Na Egalia, os bonecos não têm sexo. São de pano, brancos e negros, e seus rostos têm expressão de sorriso, choro ou raiva, para que se trabalhem as emoções. Em uma outra sala, há um pôster mostrando diferentes grupos familiares: alguns têm dois pais ou duas mães, outro tem uma mãe e um filho; outro tem um pai, uma mãe e dois bebês… O que se pretende com esse cartaz é falar em termos de famílias, e não de pais e mães. Os banheiro não têm portas, e são de uso misto. A diretoria, Lotta Rajalin, 58 anos, finlandesa, começou essa experiência em 1998. “Não trabalhamos apenas a questão dos gêneros”, explica ela, na sala de reuniões. “Incluímos todos os valores democráticos. As peças de Lego que utilizamos têm velhos, jovens, pessoas de diferentes etnias, com diferentes habilidades”, conta.

    Os professores vêm de diversos países, têm idades muito diferentes entre si e também existem muitos homens cumprindo a função de cuidador, o que não é comum nesse ciclo no restante do país. Para se referir aos alunos, usam-se palavras que incluem todos eles –grupo, por exemplo—ou o gênero neutro em termos linguísticos –em sueco, se usa o pronome hen—em vez do masculino ou do feminino. “Mas as crianças podem usar o pronome que quiser”, relativiza Rajalin. Um dos princípios da Egalia é não atribuir características determinadas para meninas ou meninos pelo simples fato de ser uma coisa ou outra. Quando se pergunta a Rajalin o que significa essa questão de gênero neutro para além da linguagem, ela responde com firmeza: “Nós não a chamamos desse jeito. As pessoas interpretam equivocadamente o nosso trabalho. Nesta escola, nós trabalhamos com o gênero cultural, contra os estereótipos”. O método foi criticado por aqueles que acreditam que esse tipo de abordagem confunde as crianças. Rajalin pega um papel com um círculo dividido ao meio. Do lado esquerdo dele, estão adjetivos e substantivos que costumam ser associados às mulheres: joias, a cor rosa, sensibilidade, bonitas. À direita, os para eles: roupa confortável, fortes, valentes, tecnologia. “O que nós fazemos nesta escola é apagar a linha do meio, essa que divide o círculo”, explica.

    Os bonecos sem gênero da escola infantil Egalia, em Estocolmo. EVAN PANTIEL

    À saída, os pais aguardam. Como Mikael, de 24 anos. Ele é estudante de medicina e dentro de um mês substituirá sua mulher na licença-maternidade/paternidade. “A igualdade é importante para nós. Ela reflete a nossa mentalidade e os papeis de cada um, e queremos começar logo”, explica. Outra mãe, Kristine, de 42 anos, agente policial, conta que toda manhã faz um percurso de 30 minutos para trazer seu filho de dois anos. “É uma escolha. Não é a creche mais próxima”, afirma. Aqui existe diversidade e crianças com famílias de vários tipos. “O meu tem duas mães, e o mundo de hoje é assim”.

    Fonte: MSN

    Por que ainda há perigo quando a mulher viaja sozinha?

    22/08/2016

    Pelo direito de viajar só

    Mulheres se mobilizam para que a sociedade comece a construir uma cultura na qual visitar outros lugares sozinha ou com uma acompanhante não envolva um risco à integridade feminina

    Fonte: Revista Planeta

    Quando as turistas argentinas Maria José Coni, 22 anos, e Marina Menegazzo, 21, foram encontradas assassinadas em Montañita, no Equador, em abril deste ano, havia uma única questão a ser resolvida: quem era, ou eram, os autores do crime? As perguntas que começaram a ser feitas, no entanto, eram outras. Questionava-se por que duas moças viajavam por um lugar desconhecido, por que não estavam em grupo ou com uma presença masculina por perto.

    O caso retoma uma discussão que evidencia o julgamento sobre mulheres que decidem viajar pelo mundo sozinhas ou com apenas outra companhia feminina. Evoca a resistência que significa esse tipo de atitude e a necessidade de tomar cuidados especiais em viagens apenas por ser mulher. Apesar dos riscos e das opiniões condenatórias, turistas do gênero feminino não parecem se acovardar. Pelo contrário, ao menos no Brasil. Segundo o Ministério do Turismo do país, a intenção de viajar sozinha aumentou pelo quarto ano consecutivo e chegou a 17% em 2016, ante 13,5% das intenções masculinas.

    Turista na Índia, o país mais perigoso para viajantes mulheres
    Turista na Índia, o país mais perigoso para viajantes mulheres

    “Se um crime acontece com uma mulher viajante, muitas pessoas a culpam. Curiosamente, se acontecer com homens, não é assim”, observa Marta Turnbull, da organização Women’s Travel Center. Marta listou os dez destinos mais perigosos para mulheres (leia no quadro à esquerda) e afirma que há condições culturais em cada país que podem torná-lo inseguro, sempre transitando pelo machismo e pela desigualdade de direitos. Ocupando o primeiro lugar está a Índia, com uma tradição que vê a mulher como inferior. “Assim, o homem pode assumir o papel de fazer o que quiser. E isso inclui as turistas”, observa Marta.

    O Brasil está na terceira posição, baseada no forte comportamento de mostrar poder sobre o gênero oposto para valorizar a masculinidade. “Mas nem por isso as mulheres deixam de viajar sozinhas”, diz Marta. “É uma experiência que traz autoconfiança.” A sugestão para aquelas que têm medo de embarcar num roteiro sem companhia é testar suas­ aptidões em uma viagem mais curta, de um fim de semana, em um destino próximo.

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    Inércia da sociedade

    Foi pensando na necessidade de se exigir o direito de viajar sozinha que a publicitária Joana Mendes e a diretora Paula Reis decidiram fazer um documentário sobre os países mais intimidantes para garotas. “Precisamos expor os problemas para começar a lutar pelo fim deles”, afirma Joana. “A sociedade não diz ao homem que ele não pode assediar e estuprar uma mulher, e aí é a mulher que tem de tomar precauções para não ser estuprada, agredida, assediada… E isso não é só no Brasil, como mostra essa lista.” No filme, Joa­na e Paula vão até os lugares para conversar com moradoras e viajantes sobre as dificuldades de ser mulher naqueles ambientes. “Vamos até fazer aulas de defesa pessoal porque também temos medo.”

    A blogueira Lívia Aguiar, na foto em Bangcoc, fez uma volta ao mundo sozinha.
    A blogueira Lívia Aguiar, na foto em Bangcoc, fez uma volta ao mundo sozinha.

    Blogueira de viagens, Lívia Aguiar, 29 anos, fez diversas viagens sozinha, incluindo uma volta ao mundo, cujas passagens são vendidas em um pacote pelas próprias companhias aé­reas. Pela experiência, dá dicas importantes para as moças que pretendem rodar o mundo. De certa maneira, são orientações básicas para quem já convive diariamente com o perigo de ser mulher. “Meus cuidados são os mesmos que tenho no Brasil: não dar atenção para gente estranha, cuidar dos pertences, ter certeza de que não tem ninguém te seguindo e, se lhe derem uma cantada, retruque, faça cara feia ou fale mais alto para que todas as pessoas ao redor vejam o que está acontecendo.” Lívia também salienta que dificilmente uma pessoa ficará completamente sozinha em uma viagem, a não ser por escolha própria. “Sempre conhecemos muita gente, então companhia é o que não falta.”

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    Novo Site de relacionamentos promete aproximar pessoas maduras e bem de vida de outras que buscam segurança financeira

    20/05/2016

     

    Aos 48 anos, Adriana* é uma executiva bem-sucedida da indústria alimentícia em busca de um rapaz para mimar: pagar jantares e viagens, talvez um curso de idiomas ou uma especialização… “Alguém na faixa dos trinta que me traga paixão, aventura e um vínculo que seja eterno enquanto dure”, diz, direta e sem qualquer constrangimento. Benefícios mútuos. Os caras da mesma idade, acredita, assustam-se com a sua autonomia ou estão procurando por novinhas. Ela foi uma das primeiras mulheres a se inscrever como “Sugar Mommy” na rede de relacionamentos Meu Patrocínio, que conecta amantes patrocinadores a jovens ambiciosos.

    até Abril de 2016, o Site aceitava só tiozões ricos (“Sugar Daddies”),  interessados em bancar garotas bonitonas (“Sugar Babies”)  A novidade surgiu na tentativa de derrubar a acusação de que o site seria machista – por que o poder estava apenas nas mãos deles? Realmente tá ultrapassada a ideia de que os homens são os provedores. A própria Adriana enviou emails pedindo uma versão mais igualitária. Afinal, divorciada e independente financeiramente, ela também desejava uma relação com “cartas na mesa desde o início”.

    Nos últimos cinco anos, Adriana se envolveu com algumas pessoas e chegou a visitar aqueles tradicionais sites de namoro, mas se decepcionou com a falta de franqueza em relação às expectativas. “Muitas vezes o outro não é claro, omite coisas, têm interesses por trás”, conta. Ela não quer só sexo casual. Muito menos um casamento. Está feliz assim, morando sozinha, com uma vida social intensa ao lado das amigas. Espera encontrar um cara “cheio de vitalidade” e de cabeça aberta para manter um tipo de vínculo sentimental. Nenhum romance idealizado, mas também não um contrato de negócios.

    Jennifer Lobo, CEO da rede de relacionamentos que conecta homens e mulheres ricos a jovens ambiciosos (Divulgação / Meu Patrocínio)

    Pergunto se ela não acha que a troca de companhia por dinheiro caracteriza prostituição. Adriana discorda porque procura por uma relação a médio prazo, muito mais que um rosto bonito e um corpinho sarado: “Pode ser que ele nem me peça nada, mas eu queira proporcionar”. Nas últimas duas semanas, essa Sugar Mommy recebeu várias mensagens e está descartando os pretendentes a Sugar Baby de acordo com a compatibilidade de afinidades. Antes de marcar um encontro pessoalmente, quer se certificar que o rapaz tem conteúdo para boas conversas. As amigas estão esperando o desenrolar da empreitada de Adriana para entrarem no site também.

    O cadastro no Meu Patrocínio é gratuito, mas deve atender a uma série de pré-requisitos para ser aprovado. Entre eles, a renda mensal da Sugar Mommy ou do Sugar Daddy (vai pensando que qualquer pé-rapado entra no clubinho…). Então podem navegar pelos perfis de jovens com ajuda de filtros: aparência física, idade, localização e estilo de vida. Para interagir com quem agradar, mulheres como Adriana precisam comprar o pacote premiumno valor de R$ 199 por mês. Do mesmo jeito que já funcionava com os homens patrocinadores. No amor e no sexo, o combinado não sai caro?

    *O sobrenome de Adriana foi omitido para preservar sua identidade.

    Fonte: Yahoo

    Mãe brasileira

    08/05/2016

    Duas em cada três mães consideram rotina difícil, revela pesquisa

    O perfil foi traçado pelo estudo A Nova Mãe Brasileira,do Instituto Qualibest e site Mulheres Incríveis. Foram ouvidas 1.317 mil mães, todas com mais de 18 anos

    Apenas 9% dizem se identificar com a imagem da mãe que aparece na mídia e 70% também afirmaram que se sentem julgadas ou cobradas (Reuters/Joe Skipper )

    Apenas 9% dizem se identificar com a imagem da mãe que aparece na mídia e 70% também afirmaram que se sentem julgadas ou cobradas

    As mães precisam de ajuda e nem todo mundo percebe isso. A rotina é tão cansativa e diferente da mostrada em propagandas que algumas chegam a esquecer os filhos em locais públicos ou permitem que eles durmam em suas camas por falta de energia para fazê-los dormir sozinhos. Elas não querem o rótulo de “mães perfeitas”, que têm dedicação exclusiva às crianças: a mãe brasileira se define como alguém que “ama seus filhos, mas também ama o seu trabalho, seu parceiro e tem outros objetivos na vida”.

    O perfil foi traçado pela pesquisa A Nova Mãe Brasileira, feita pelo Instituto Qualibest e pelo site Mulheres Incríveis. Foram ouvidas 1.317 mil mães, todas com mais de 18 anos – 81% delas têm de um a dois filhos. Dois terços das mães brasileiras consideram a rotina difícil, exaustiva ou impossível. Apenas 9% dizem se identificar com a imagem da mãe que aparece na mídia e 70% também afirmaram que se sentem julgadas ou cobradas.

    “Chamou-nos a atenção que, quando solicitamos às entrevistadas que fizessem um pedido, 40% disseram querer ajuda nas atividades domésticas”, afirma a jornalista Brenda Fucuta, idealizadora da pesquisa. “Ela quer mais ajuda para cuidar da casa do que dos filhos: isso mostra que ser mãe é difícil, mas a grande questão é resolver a administração da casa.” O desafio atual da mãe brasileira parece ser envolver o cônjuge e as crianças nas tarefas domésticas.
    Atitudes. A pesquisa perguntou às mães se elas já tomaram alguma atitude com os filhos que consideram constrangedora ou vergonhosa. “Dei umas palmadas”, responderam 33%. “Deixei ele ficar assistindo TV ou vídeos na internet para eu poder descansar, dormir ou fazer alguma outra atividade do meu interesse” (28%), “Ofereci comida industrializada” (21%), “Já ameacei ir embora de casa e deixá-lo para outros cuidarem” (15%), “Já dei uma surra” (10%), “Já dei remédio para que ele se acalmasse” (3%), “Deixei-o trancado sozinho em casa” (2%), “Esqueci-o numa loja ou na escola” (2%).

    De certa forma, os dados da pesquisa mostram que há uma discrepância entre o discurso-padrão da maternidade sonhada com a vida real enfrentada pelas mães, em que dificuldades se somam aos prazeres. Foi por vivenciar isso na pele que a publicitária Luciana Cattony, de 38 anos, decidiu criar o site Maternidade Real. Ela é mãe de Henrique, de 5 anos. “Quero dar leveza e alegria para as mães, mas ninguém fala sobre o lado difícil da maternidade. Isso também é importante.”

    Desde maio, a cineasta Helen Ramos, de 29 anos, “desromantiza” a maternidade em seu canal Hel Mother, no YouTube. As experiências com o filho Caetano, de 2 anos, estão entre os temas abordados. “Ninguém chegava antigamente e até recentemente para falar que a amamentação será difícil, todomundo só falava que é o maior amor do mundo. Depois que eu tive filho, percebi como foi importante saber a verdade.” Helen diz que é fundamental que mais mulheres falem sobre suas dificuldades e consigam pedir ajuda para as pessoas que estão ao seu redor.

    A designer e ilustradora Thaiz Leão, de 26 anos, mãe de Vicente, de 2, chegou à maternidade com as referências de “mãe ideal” passadas por filmes e propagandas, e se deparou com uma situação completamente diferente. “Eles mentiram para mim, pelo menos em parte. Eu não sabia que iria dormir tão pouco, eu não sabia que um bebê tinha tantas necessidades e que, para algumas delas, eu seria impotente. Eu achava que estaria no controle, mas esquece, não havia controle algum.” Foi assim que ela resolveu fazer ilustrações sobre o tema e criou a página Mãe Solo.

    Realidade. “As famílias que aparecem na mídia para vender margarina trabalham com a imagem da família e mães ideais. Mas a família real não é assim o tempo todo. Existem conflitos, separações e todos os outros sentimentos, porque são seres humanos. Se o meu real está muito longe disso, gera um conflito com consequências diferentes para as diferentes pessoas”, avalia a psicóloga Ceneide Maria de Oliveira Cerveny, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e autora do livro A Família como Modelo.

    Gabriela Malzyner, professora do curso de formação em psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP/SP), diz que as mães não precisam buscar uma fórmula para exercer a maternidade. “A mãe tem de trabalhar, sair com o marido e com os amigos. Essas trocas são importantes, porque o bebê tem de entender que ele não é o único interesse da mãe, isso pode ser nocivo para ambos.”

    Fonte: Correioweb

    A ambição profissional das mulheres aumenta após o nascimento dos filhos

    O maior sonho das mulheres depois que têm filhos é retomar a carreira. Um número grande demais fica só no sonho

    Há 154 anos, a americana Jennie Douglas entrava no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, em Washington – a primeira mulher na história a ser contratada pelo governo americano. A Guerra Civil arrancava os homens dos postos de trabalho. Jennie era uma experiência. Havia dúvidas sobre a capacidade dela para cortar e aparar cédulas recém-impressas, outra novidade naquele momento. Mas, como avaliou o chefe da área, “o primeiro dia de trabalho resolveu o assunto, em favor dela e das mulheres”. O governo contratou mais centenas de funcionárias nos anos seguintes. Terminada a guerra, em 1865, muitas poderiam voltar a se dedicar só à família. Mas a tendência era irreversível. Em 1870, o censo americano registrou pela primeira vez a categoria pequena, mas crescente, das mulheres com empregos formais fora de casa(antes, as mulheres tinham, usualmente, ocupações informais, autônomas e braçais). O censo passou também a dimensionar uma questão em debate até hoje. Como mulheres e homens podem trabalhar fora, obter realização profissional e criar filhos de forma saudável?

     

    Entre as mulheres, em países democráticos, as oportunidades se multiplicam. Mas o avanço não acompanha o ritmo de crescimento das ambições femininas. Uma enquete organizada pela revista Crescer, feita em fevereiro e março, colheu opiniões de mais de 3 mil mães de crianças com até 11 anos de idade. E mostra a largura do fosso entre ambições e realidade. A pesquisa listou e ordenou sonhos e prioridades. Somemos as indicações recebidas por um certo sonho ou uma certa prioridade como “primeiro mais importante” e como “segundo mais importante”. De acordo com a pesquisa, o maior sonho das mulheres após ter filhos é retomar a carreira. Isso vem à frente de viajar o mundo (11%) e muito à frente de ter um bom relacionamento (2%) (leia o quadro abaixo). Sete em cada dez das mães sonham com um trabalho que as realize (71% indicam essa opção como o maior sonho ou o segundo maior sonho). Mas, diante das demandas familiares, apenas uma em cada dez consegue tratar isso como uma prioridade (9% indicam essa opção como a maior prioridade ou a segunda maior prioridade). Além das próprias mulheres, saem perdendo a sociedade e as organizações.

    Uma mudança ainda incipiente vem indicando um rumo interessante. Parte dela é difusa – os parceiros mais atentos atuam pela igualdade de oportunidades para suas mulheres. Durante os três últimos anos, a administradora financeira Ana Paula Santos, de 30 anos, precisou dedicar mais tempo à carreira, na escola de negócios e design Polifonia. Seu marido, Eduardo, é designer de interiores e tem horário flexível no trabalho. Assim, ele consegue arrumar a agenda para trabalhar somente até o horário de buscar na escola o filho de Ana, Caio, de 10 anos. “Meu marido sempre fez tudo. Pega meu filho na escola, dá janta, ajuda na lição de casa. Coisas que não consigo fazer”, diz Ana. O avanço na carreira satisfaz Ana e beneficia a família. “Meu salário aumentou em 70% nos últimos três anos.”

     

    Outra parte da mudança, porém, precisa vir de quem tem poder – empresas e governos. Organizações modernas vêm propondo benefícios para a mulher, o que é ótimo. Mas organizações extremamente modernas, interessadas em participar da solução do problema em grande escala, devem pensar em benefícios não apenas para a mulher, e sim para a família. Isso significa definir sistemas e culturas de trabalho que apoiem todos os funcionários, inclusive os homens, a planejar, ter e cuidar de filhos. Incentivar os homens a dividir meio a meio a responsabilidade parental significa apoiar as ambições femininas. “Muitas empresas e países ainda parecem pensar que a maioria das crianças só tem mãe”, diz a consultora Avivah Wittenberg-Cox, atuante há 20 anos nessa frente e fundadora da Rede de Mulheres Profissionais da Europa. “A cultura da maior parte das empresas é dominada e definida por homens. Essas companhias sofrem uma hemorragia de talentos femininos.”

     

    A mudança apareceu em destaque no Relatório de Tendências do Ambiente de Trabalho de 2015 da Sodexo, uma empresa multinacional de benefícios trabalhistas, presente em 80 países. Uma tendência destacada no ano passado foi a “redefinição do ambiente de trabalho amigável para a família”. As organizações mais sensíveis ao tema perceberam o que as mães já sabiam. “Mães e pais tendem a ter responsabilidades substanciais tanto no trabalho como em casa. Em resposta, as organizações estão implementando ações ‘amigáveis à família’”, afirma o relatório, assinado por um painel de especialistas. As políticas incluem horários flexíveis para mulheres e homens com filhos pequenos. O estudo admite que os resultados ainda não são conclusivos – estamos desbravando território novo. Os governos terão papel fundamental nisso.

     

    A Suécia, que ocupa a quarta posição no índice de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial, foi o primeiro país a adotar a licença-paternidade, em 1974. Atualmente, o casal recebe por lei 480 dias de licença parental, a partir do nascimento da criança, e os dois juntos decidem como dividir esse tempo. Nos primeiros 390 dias, quem optar por ficar em casa recebe 80% do salário, pago pelo Estado. “Na Suécia, os homens (com filhos recém-nascidos) são obrigados a tirar pelo menos oito semanas de licença, ou perdem o benefício”, diz Avivah. A licença parental pode permitir que mãe e pai fiquem em casa, trabalhem meio período ou tenham horários mais flexíveis. Trata-se de um impulso igualitário – e benéfico para todos.

    Maternidade e carreira (Foto: Da redação)

    Fonte: Época

    Cresce número de mulheres que preferem morar sozinhas

    17/04/2016

    A liberdade de estar só

    Longe da idealização romântica que vê na relação com o outro a fórmula da felicidade, muitas mulheres rompem com esse padrão para viver as delícias de morarem sozinhas

    “Que minha solidão me sirva de companhia.” A frase, escrita por Clarice Lispector em Um sopro de vida, é um reflexo do que acontece com 70 milhões de brasileiros. Esse era, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de pessoas que moravam sozinhas em 2014. Mas o que pode soar como uma realidade angustiante, ganha a cada dia nuances mais leves. Para muita gente, não ter que dividir o espaço e/ou a vida com ninguém é sinônimo de liberdade. Com essa inspiração, a ilustradora mexicana Idalia Candelas criou uma série de desenhos, em preto e branco, que mostram as delícias de morar sozinha. As imagens fogem da ideia de que é impossível ser feliz sem companhia, pelo contrário. Revelam as maravilhas por trás dessa condição, que traz a oportunidade do autoconhecimento. Inúmeros motivos podem levar uma pessoa a morar sozinha — divórcio, estudo, trabalho em uma cidade diferente — mas a experiência ganha novas cores quando a vontade de ser livre é a opção. Nesse universo, as mulheres aparecem, cada vez mais, como protagonistas.

    Pesquisa feita pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatísticas), também em 2014, mostrou que 46% das pessoas que moram sozinhas no país são mulheres. Dessas, 31% têm entre 25 e 34 anos. A idade de média em que os brasileiros estão se casando também aumentou, o que interfere diretamente no crescimento dessa taxa. Muita gente prefere experimentar a vida antes de se aventurar na divisão da cama, das contas, das responsabilidades e das decisões. Algumas sequer sonham com isso. Para muitas mulheres, o casamento não é mais obrigação. A maternidade também é apenas uma opção.

    Andrea Guimarães, 51 anos, servidora pública, aos 9 revelou a uma prima o sonho de morar sozinha. O desejo passou. A jovem havia sido criada para se casar, ter filhos. Aos 27, tinha um namorado que amava muito. Ele, porém, precisou mudar de cidade e o relacionamento acabou. O casamento deixou de ser uma opção e, concursada e com boa situação financeira, Andrea viu que o próximo passo a ser dado era justamente sair da casa da mãe. Não estava, no entanto, tão feliz quanto a maioria das pessoas quando compram o primeiro apartamento. “Eu tinha sido criada de uma forma muito tradicional, num romantismo exagerado”, relata.

    Na nova fase, Andrea precisou desconstruir a idealização que a cultura patriarcal impôs a ela. Com o tempo, Andrea percebeu que morar sozinha está longe de ser sozinha. “Eu aprendi a valorizar cada relacionamento que tenho. Não apenas os amorosos. Invisto muito nas amizades”, conta. Não espera convites para fazer nada. Ela mesma convida, e está preparada para ouvir negativas. Tem a vida estruturada para fazer programas sozinha, se for o caso.

    Os amigos a veem como uma pessoa forte. Deles, nunca recebe julgamentos. Um ou outro confidencia uma pontinha de inveja que sente da liberdade que ela tem. Uma única vez que se sentiu agredida por ser sozinha. Uma vizinha descobriu que, quando jovem, Andrea rejeitou um homem que queria se casar com ela. Sem pudor algum, comentou: “Não quis o fulano, acabou sozinha”.

     

    É claro que Andrea teve outros namorados além daquele do início da vida adulta, com quem acreditava que se casaria. Por 12 anos, manteve um relacionamento sério, mas cada um na sua casa. Ele tinha filhos, o que complicava uma possível união. “Nós nos amávamos e tínhamos liberdade”, conta. Por não ter filhos, a servidora pública tinha muito mais disponibilidade, então, conta que precisou se treinar para dar espaço ao outro e não se deixar ser manipulada por conta da condição de estar sempre disponível. A julgar pelo tempo que passaram juntos e o carinho com que Andrea se refere ao ex, é fácil apostar que os dois tiveram uma ligação de muito sucesso.

    A servidora pública não tem problema em dividir espaços. De uma família de cinco irmãos, gosta da casa cheia e morar sozinha não significa estar com o apartamento vazio. Ele é preenchido com a presença de dois cachorros e de fotos que trazem lembranças das inúmeras aventuras que viveu, como de um curso de mergulho.

    Fonte: Correioweb

    Cozinha afetiva

    14/02/2016

    Com amor e com afeto

    Um retrato da herança cultural de receitas de família: a cozinha afetiva ultrapassa gerações e mostra sua força

    A ausência da matriarca Ayaka Miyamoto não é impeditivo para seus herdeiros manterem as tradições que ela tanto cultivou: gastronomia é um verdadeiro ritual na família

    Ao avaliar o prato preparado pelo ratinho Rémy, o crítico gastronômico Anton Ego fez uma verdadeira viagem no tempo, que o remeteu à infância no interior da França. O ratatouille, prato de origem camponesa servido no restaurante Gusteau’s, fez com que o personagem relembrasse a versão preparada por sua mãe. O sentimento transmitido na cena do longametragem de animação Ratatouille, da Pixar, não se limita apenas à ficção e é classificado no universo gastronômico como cozinha afetiva. O termo relaciona pratos e ingredientes a vivências de afeto que influenciam nossas escolhas gastronômicas. A cozinha afetiva permanece em diferentes culturas como um fator fundamental que fortalece o vínculo entre as famílias e ultrapassa gerações.

    As lembranças de pratos nordestinos servidos pela avó em grandes gamelas no sertão baiano impulsionaram a curiosidade da jornalista Sonia Xavier pelas nuances da cozinha afetiva. As experiências das andanças pelo Brasil no extinto Guia Quatro Rodas a influenciaram, junto com a colega de trabalho Alexandra Gonsalez, a escrever o livro digital Cozinha de Afeto – Histórias e Receitas de Doze Mulheres Imigrantes no Brasil. A publicação mapeia receitas de 12 imigrantes que enxergaram na gastronomia uma maneira de perpetuar a cultura alimentar dos países de origem. “Na hora de selecionar os entrevistados, buscamos histórias de imigrantes que apresentassem uma variedade de países, idades e motivações para a mudança para o Brasil”, ressalta Alexandra Gonsalez, que contou histórias de mulheres de países como Angola, Índia, Ucrânia e Colômbia.

    Para Sonia Xavier, a chegada de imigrantes ao país sinaliza a força dos laços afetivos por meio das receitas de família. “São pratos que têm relação com a trajetória de vida dessas mulheres. Nossas histórias se cruzaram e elas trouxeram na bagagem uma cultura gastronômica que tem a força de manter vivo o hábito de inúmeras famílias. A alimentação é um momento dedicado não só ao corpo, mas também à alma.”

    Em busca de histórias que retratem a importância da gastronomia aliada aos laços familiares, Encontro Brasília entrevistou três famílias brasilienses que encontraram entre as panelas uma forma de união e valorização de suas raízes.

    FAMÍLIA MIYAMOTO

    Uma das últimas lembranças que o funcionário público Fernando Miyamoto tem da mãe, Ayaka Miyamoto, está relacionada à gastronomia. Poucos dias antes de a matriarca falecer, o filho cozinhou para ela o udon (caldo preparado com macarrão em cozimento lento que dura aproximadamente cinco horas), um dos pratos mais apreciados pela família. “ela costumava fazer uma observação sobre os pratos que eu preparava, mas nesse dia só disse que estava muito bom. Acho que era uma forma de se despedir de mim”, conta Fernando. Um mês depois da morte da mãe, ele reuniu a família para refazer a receita que recebeu algumas modificações.

    Com o passar do tempo, Fernando começou a preparar pratos antes feitos pela mãe. “De uma forma impensada, comecei a fazer as receitas.” Nos almoços de domingo do clã Miyamoto, há pratos que não podem faltar: caso do mazegohan, popularmente conhecido como risoto japonês.

    MAZEGOHAN

    Ingredientes

    -4 xícaras de gohan (arroz japonês) 1 maço de gobô (raiz conhecida no brasil como bardana)

    -6 cenouras grandes raladas em ralo grosso

    -2 cebolas raladas em ralo fino 500 g de carne moída

    por duas vezes (patinho) 8 ovos

    -4 colheres (sopa) de óleo Sal e shoyu a gosto

    Modo de preparo

    Com uma colher, raspe o gobô até retirar a casca. em seguida, corte-o em pequenas lascas e deposite o gobô fatiado em um refratário com água (para não escurecer). reserve. Faça duas omeletes com quatro ovos cada uma. depois de finalizadas, corte-as em cubos pequenos e reserve. Lave o arroz em água corrente e cozinhe-o apenas na água, sem tempero. Em um recipiente à parte, tempere a carne moída com shoyu. Em outra panela, acrescente o óleo. Depois de quente, adicione a cebola. Assim que ficar transparente, adicione a carne moída e refogue. Junte o gobô e continue refogando. Quando a raiz amolecer, acrescente a cenoura, tempere com shoyu e mexa novamente. Desligue o fogo. Com a ajuda de um garfo, junte, aos poucos, o arroz cozido, a omelete e o refogado de carne, cenoura e gobô. Sirva a seguir.

    O casal Maria da Penha Miziara (de branco, ao centro) e Pedro Felix Filho (azul, ao centro): tradições preservadas nos almoços de família

    FAMÍLIA MIZIARA

    A década de 1940 foi um dos períodos marcados pelo intenso fluxo migratório de sírio-libaneses no Brasil, movimento que incluiu a família Miziara. Mesmo com várias mudanças de cidade, a tradição dos almoços de domingo especiais cercados de pratos típicos libaneses sempre foi fortalecida. Com a mãe, e ao lado das irmãs mais velhas, Maria da Penha aprendeu a fazer pratos como charuto, babaganoush, esfirra e três versões de quibe: frita, assada e crua. “Ela nos chamava até a cozinha e nos ensinava. Enrolávamos esfirra, preparávamos os quibes e fazíamos tudo para manter a tradição”, conta.

    Um dos preparos de Maria ganhou a admiração do então namorado Pedro Félix, que passou a conhecer a diversidade da culinária árabe. “Ela me cativou com o ataif, uma sobremesa feita com nozes e água de flor de laranjeira. A mãe dela não me deixava sair de lá sem comer o quibe cru feito com carne de carneiro e encerrar com essa sobremesa”, afirma Pedro, que se casou com Maria da Penha em 1971 e formou uma família extensa.

    ESFIRRA FECHADA

    Ingredientes

    Massa:

     – 1 colher (sopa) de açúcar

    – 2 cubos de fermento biológico fresco 50 g de manteiga em temperatura ambiente

     – 300 ml de água

     – 1 colher (café) de sal kg de farinha de trigo

    Recheio:

     – ½ kg de carne moída (capa de filé, acém ou patinho)

     – 1 xícara (chá) de cebola picada

     – 2 xícaras de tomates maduroscortados em cubos sem sementes

     – 1 xícara (chá) de sumo de limão

     – 1 colher (café) de sal

     – ½ colher (café) de pimenta-síria

     – 1 colher (sopa) de tahine (pasta de gergelim)

    Modo de preparo

    Recheio:Misture bem todos os ingredientes crus e reserve-os.

    Massa:Em uma vasilha, dissolva o fermento no açúcar. Acrescente a manteiga, a água, o sal e misture os ingredientes. Acrescente aos poucos a farinha (para não empelotar) e mexa até formar uma mistura homogênea. Cubra a massa com um pano e deixe fermentar por aproximadamente 20 minutos. Após o período, divida a massa em 10 esferas e abra cada uma com a ajuda de um rolo. Acrescente o recheio de carne moída no centro de cada massa aberta e feche as pontas em formato triangular. Pincele gema de ovo por cima da massa fechada. Leve as esfirras para uma assadeira preaquecida a 200ºC. Asse por aproximadamente 15 minutos ou até que a massa fique dourada. Retire do forno e sirva a seguir.

    Lambrini Messinis (esq. em pé), Ioulia Messinis, Symeon Messinis e Vasiliki Kokkinoy: reunidos para celebrar tradições à mesa

    FAMÍLIA MESSINIS

    A propaganda do governo de Juscelino Kubitschek sobre a construção da nova capital ultrapassou o Brasil e chegou até a cidade de Korinthos, na Grécia. O casal Stylianos Kokkinos e Ioulia Kokkinoy se empolgou com a promessa e decidiu chegar ao país em 1959, desembarcando no porto de Santos. O primeiro local de moradia da família em Brasília foi o Núcleo Bandeirante, local que recebeu grande parte dos primeiros moradores da cidade. Stylianos, que atuou na Grécia como padeiro, abriu sua primeira padaria, a Glória, em Taguatinga. Depois da morte do marido, Ioulia inaugurou a panificadora Delícia. Em datas festivas, como natal e Páscoa, os doces gregos preparados pela matriarca eram muito requisitados pelos clientes. “Muita gente vinha de longe para comprar esses pratos”, relembra Vasiliki Kokkinoy, que aprendeu a cozinhar com a mãe pratos como o carneiro assado ao forno em papel-manteiga guarnecido de batatas e o spanakopita, um folhado de queijo com espinafre. “Ela fazia esse carneiro todos os domingos. Tenho muita saudade desse tempo e não gostaria que essa tradição acabasse: faço questão de ensinar essas receitas às minhas filhas”, conta.

    Entre tantas vertentes gastronômicas do país mediterrâneo, o moussaká, é um dos preferidos dos herdeiros.

    MOUSSAKÁ

     

    Ingredientes

    Recheio:

    – 8 berinjelas médias cortadas em rodelas de 1 cm de espessura

    – 10 batatas-inglesas descascadas e cortadas em rodelas de 1 cm de espessura

    – 1,2 kg de carne moída (patinho ou acém)

     – 3 cebolas médias picadas

    – 10 dentes de alho picados

     – 6 tomates italianos maduros picados

    – Sal, pimenta-do-reino e canela a gosto

    Molho bechamel:

    – 300 g de manteiga

    – 7 colheres (sopa) de farinha de trigo 1,5 l de leite

    – 2 ovos

    – Sal

    – Noz-moscada ralada

    – 1 xícara (chá) de queijo curado ralado

    Modo de preparo

    Molho bechamel: Em uma panela funda, coloque a manteiga. Quando estiver derretendo, acrescente a farinha de trigo e misture os ingredientes. Adicione aos poucos o leite (para não empelotar). Em um recipiente à parte, quebre os ovos e bata-os com sal e noz-moscada a gosto. Acrescente os ovos batidos aos poucos em fogo baixo para garantir que os ovos se incorporem ao molho. No final, acrescente o queijo e desligue o fogo quando se derreter por completo. Reserve.

    Recheio: De véspera, frite as berinjelas e as batatas e deixe-as descansar forradas no papel-toalha (para deixar a gordura escorrer). Reserve em geladeira. Em uma panela, acrescente óleo e refogue a carne moída. Acrescente a cebola e o alho picados. Acrescente os tomates e deixe o molho apurar. Coloque a pimenta-do-reino e o sal. Deixe cozinhar por aproximadamente 15 minutos (não deixe o molho secar). Reserve. Unte um refratário com uma colher de sopa do caldo da carne. Coloque uma primeira camada de batata, seguida de uma camada de berinjela. Cubra-as com o molho de carne moída. Cubra o molho com uma nova camada de batatas, outra de berinjela e forre com o restante da carne moída. Finalize espalhando o molho bechamel por cima da montagem. Leve a travessa a um forno preaquecido a 180ºC e deixe o moussaká no forno até gratinar.

    Fonte: Correioweb

    Mulheres trabalham mais do que os homens

    08/02/2016

    A mulher trabalha cada vez mais que o homem. Não se trata de opinião ou sentimento, é dado estatisticamente comprovado pelo IBGE. Em uma década, a diferença aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em 2014, a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que reúne informações de mais de 150 mil lares

    Jornada delas em casa é o dobro da dos homens

    Nestes dez anos, os homens viram sua jornada fora de casa cair de 44 horas semanais para 41 horas e 36 minutos, num resultado influenciado tanto pela formalização do mercado de trabalho quanto pelo aumento do número de homens inativos nos últimos anos, explica André Simões, do IBGE. A estagnação econômica de 2014 também ajuda a explicar a situação, com o aumento do desemprego. O tempo extra, no entanto, não se converteu em maior dedicação a afazeres domésticos. A jornada deles dentro de casa permaneceu a mesma de dez anos atrás: dez horas semanais.

    — É um tempo imutável — classifica a economista da UFF Hildete Pereira de Melo, estudiosa das questões de gênero.

    No mesmo período, as mulheres mantiveram seu ritmo de trabalho fora de casa em 35 horas e meia. Dentro de casa, porém, a jornada delas chega a 21 horas e 12 minutos por semana, mais que o dobro da dos homens.

    Só a louça: Aline usa as unhas pintadas para não lavar os pratos, tarefa de Fábio – Ana Branco /  

    A sobrecarga para as mulheres é bem evidente na casa da dentista Aline Costa Guedes, de 35 anos, do vendedor Fábio Resende, de 36 anos, e da filha Catharina, de 4 anos, em Vila da Penha, subúrbio do Rio. Com o argumento “pintei as unhas e não posso estragá-las”, ela consegue fazer o marido, pelo menos, lavar louça. Segundo Aline, o tema é recorrente nas conversas com as amigas, que se admiram ao saber que Fábio “até lava louça”. Ela trabalha duas horas a mais que o marido por semana:

    — O Fábio é um excelente pai, presente, mas é normal que a carga dos filhos venha um pouco para cima da mãe. A logística da casa, desde lembrar que tem de pagar tal conta a comprar material de limpeza, é tudo comigo. Eu tenho vontade de chegar em casa e encontrar tudo direitinho.

    O marido diz, brincando, que a mulher encontra a casa em ordem quando a diarista faz limpeza:

    — Ela só encontra a casa assim às quartas e sextas. Não me nego a fazer nada. Mas se eu vir o cesto cheio de roupa, não vou pôr na máquina.

    A máquina de lavar roupas parece assustar.

    — A nossa máquina é a mesma desde que casamos, há oito anos. E ele faz perguntas até hoje: “É para usar qual botão?”, “Bota amaciante?” — brinca Aline.

    — Mas eu ponho pra bater e penduro — defende-se Fábio.

    ‘PARA MIM, TEM DE ESTAR TUDO AJEITADINHO’

    Na casa da professora de Educação Física Cristiane Lacerda, de 45 anos, e do técnico de vôlei Alexandre Rozenberg, de 41 anos, em Botafogo, Zona Sul do Rio, a situação se repete. Com dois filhos, Breno, de 10 anos e Hanna, de 8 anos, praticamente todo o cuidado das crianças fica com Cristiane. Alexandre leva Hanna para a natação e serve o seu almoço.

    — Sou muito agitada. Ele é mais tranquilo. Ele ajuda, mas se está a fim de ver televisão, vai para a TV. As roupas ficam comigo, as coisas das crianças e a comida, porque nem um ovo ele sabe quebrar. Esses dias comprei alface e pus em cima da pia. Saí, voltei e estava ainda em cima da pia. Eu perguntei: “Não podia ter lavado?”. Ele disse: “Ah, você não falou” — conta Cristiane, que chega a trabalhar 20 horas a mais por semana que o marido.

    Alexandre ouve as reclamações da esposa e diz estar gostando de saber o que a incomoda. Pede que ela fale mais, mas antes, defende-se.

    — Eu nunca lavei alface! Nem sei como faz. Sou do signo de virgem e, para mim, tem de estar tudo ajeitadinho. Fico incomodado com as coisas fora do lugar. Eu não vou mexer na máquina de lavar roupas. Mas, se quiser, eu ponho a mesa, eu dobro e guardo as roupas. Várias vezes ela vê que tem coisa para fazer e eu estou sentado vendo futebol na TV. Daí é a morte — conta em tom de brincadeira.

    Regina Madalozzo, especialista em economia de gênero do Insper, diz que, mesmo quando a mulher trabalha fora, o ritmo é acelerado em casa:

    — Apesar de a mulher ter conquistado seu lugar no mercado de trabalho, ela ainda não se libertou do trabalho doméstico. Isso só pode mudar via educação. O trabalho doméstico é responsabilidade de todos. O problema é a dificuldade de os homens aceitarem uma ocupação que não é remunerada.

    Segundo Simões, do IBGE, apesar de a sociedade estar discutindo a questão, a mudança no comportamento masculino ainda não surgiu nos números.

    — A mulher trabalha mais que o dobro dos homens. Não houve resposta a essas discussões que estão sendo travadas na sociedade. É cultural. O menino não é estimulado a ajudar nas tarefas domésticas. A menina ganha vassoura, fogão, boneca para cuidar e o menino, bola para jogar futebol.

    Neuma Aguiar, socióloga da UFMG, e uma das poucas pesquisadoras no país a tratar do uso do tempo, diz que a ajuda masculina se limita às compras, ao cuidado dos filhos, principalmente no fim de semana e nos momentos de lazer, e o trato dos animais. O trabalho mais pesado de faxina, cozinha e cuidados recai sobre os ombros da mulher:

    — A saída que as mulheres encontraram para dar conta de todo o trabalho é ter menos filhos.

    ‘MEU FILHO É IGUAL A MIM, FICA NO SOFÁ’

    E a desigualdade persiste mesmo entre os casais mais escolarizados. Entre as mulheres que têm ensino superior, a jornada é 4 horas e 12 minutos maior que a do homem. Entre as mulheres que têm ensino fundamental incompleto, a diferença é de 4 horas e 48 minutos em relação ao homem. O estudo faz a mulher trabalhar 36 minutos menos por semana. Neuma crê que a nova geração vai conseguir diminuir essa desigualdade:

    — Eu acho que as mulheres mais jovens podem mudar alguma coisa.

    Cristiane e Alexandre, que desde outubro cortaram a empregada para reduzir gastos, passaram a incluir os filhos nas tarefas.

    — Meu filho é igual a mim quando minha mãe pedia ajuda: continua sentado no sofá — diz o pai.

    Cristiane não perde a esperança:

    — Hanna ajuda mais do que Breno. Mas não quero que esse comportamento se repita no meu filho. Isso vem dos antigos. Parece normal, mas não é.

    Segundo Hildete, as mulheres ficam muito culpadas quando estão no trabalho fora:

    — O trabalho em casa é trabalho não pago, oferecido para sociedade. Ela faz por amor.

    Casamento sobrecarrega mulher

    O casamento faz a mulher trabalhar mais. Estudo da economista do IBGE Cristiane Soares, apresentado em seminário da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), mostra que em qualquer tipo de família, seja com filhos, com idoso, com pessoa doente em casa, a mulher trabalha mais se for casada, indicando que o marido dá trabalho ao invés de poupar a mulher. No caso dos homens, a situação é completamente inversa: o casamento livra o homem das tarefas domésticas. São mais indicadores que mostram a desigualdade de gênero no Brasil, onde a mulher ganhava em média 26% menos que os homens em 2014. Dez anos antes, ganhava 30% menos.

    De acordo com os números apresentados pela pesquisadora, um homem solteiro que tem filhos pequenos e um idoso doente em casa dedica quase 20 horas semanais para o trabalho caseiro. O casamento o livra de mais de nove horas de trabalho: a jornada cai para 10 horas e 42 minutos. A mulher, na mesma composição familiar, dedica 25 horas e 36 minutos quando não tem companheiro. Ao se casar, o tempo dispendido sobe para 26 horas e 6 minutos, jornada meia hora maior ao dividir a vida com um homem.

    — Quando não é casado, o homem costuma terceirizar o serviço doméstico. Quando casa, transfere para a mulher — diz Cristiane.

    ‘UM FOLGADO E UM ENFORCADO’

    Para Regina Madalozzo, especialista em economia de gênero do Insper, o serviço doméstico é considerado responsabilidade feminina:

    — Quando é casada, trabalha ainda mais em casa, pois quando o homem está morando com uma companheira, ele diminui o ritmo de afazeres domésticos. A cultura é que o trabalho doméstico é responsabilidade da mulher. É uma visão até das próprias mulheres. Prova disso é usarmos o termo “ele ajuda em casa”, como se não fosse uma obrigação.

    Essa cultura de serviço faz a mulher reproduzir essa situação fora de casa. Segundo o mesmo estudo, 86% dos trabalhadores domésticos são mulheres. Entre os cuidadores, essa parcela sobe para 88,5%. Essas duas funções empregam 20% das mulheres ocupadas no país.

    — A sociedade aceita essa situação de sobrecarga feminina. A população está envelhecendo, e o trabalho de cuidado de idosos e doentes está sobre os ombros das mulheres. Em 2060, um terço da população será de idosos — afirma Cristiane.

    A economista diz que a sociedade precisa discutir a intensificação do trabalho da mulher:

    — Principalmente no momento em que se discute igualar a idade de aposentadoria. As mulheres vivem mais, porém têm um trabalho mais intenso.

    De acordo com a professora Maria José Tonelli, pesquisadora do Núcleo de Estudos em Organizações e Gestão de Pessoas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, a desigualdade não se restringe ao uso do tempo:

    —Essa condição apenas confirma um traço cultural que é a profunda desigualdade do país: entre pobres e ricos e entre homens e mulheres. O Brasil, assim como outros países latinos, é bastante machista. Romper essa barreira não é fácil, pois muitas vezes ela é quase invisível, de comportamento e valores.

    Thiago de Almeida, psicólogo especialista em relacionamento e professor da USP, aconselha os casais a dividirem as tarefas de acordo com preferências e limitações:

    — A delegação de tarefas deve ser feita de forma pacífica. Tem aquela frase: atrás do folgado tem sempre um enforcado. Então, para que nenhum dos dois seja o enforcado, são necessários acordos.

    Entrevista: Igualdade só daqui a 80 anos, diz ONU

    A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman – Agência Brasil

    A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, defende que a igualdade de gênero é questão de justiça. Para ela, quanto mais tarefas do lar as mulheres assumirem, menos chances têm de se dedicar a outros setores importantes, como a política.

    Por que a desigualdade de jornada aumenta?

    Quanto mais as mulheres se sobrecarregam com cuidados familiares e administração dos lares, menos chances têm de se dedicar a setores da vida que lhes interesse, como a política. Estamos falando de ajustes que precisam ser feitos com base na justiça. O empoderamento das mulheres é viável com a consciência sobre os seus direitos, e com uma sociedade engajada em mudar estruturas que fortalecem o poder dos homens às custas dos sacrifícios e de violações de direitos de gerações de mulheres.

    Por que as mulheres ainda ganham menos do que os homens?

    O mundo do trabalho é outra área em que as desigualdades de gênero e raça são visíveis devido à ocupação de postos de trabalho, oportunidades de ascensão profissional, condições de trabalho, remuneração e administração da vida pessoal. As mulheres ainda recebem cerca de 30% menos que os homens. O racismo e o sexismo geram situações extremamente cruéis para o desenvolvimento de carreiras. Quero chamar a atenção para a responsabilidade das empresas de se colocarem de forma ativa e colaborarem para o fim do racismo e do machismo.

    Como mudar isso?

    Os estudos apontam que, mantidas as condições atuais, levará 80 anos para alcançar a igualdade de gênero. A ONU adotou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para que o mundo faça mudanças rápidas e estruturais até 2030. É preciso identificar onde estão mulheres e homens, como vivem, onde elas estão excluídas, definir ações para corrigir essas distorções e assegurar o equilíbrio para que realmente possam desenvolver o seu potencial e lograr estas mudanças até 2030.

    Como a mulher pode acelerar esse processo?

    A igualdade de gênero é uma questão de justiça. É importante que mulheres e homens façam acordos sobre como administrar as tarefas familiares e de administração da casa. Estamos falando de novos valores sobre a vida, respeito e novas formas de relacionamento. Sem violência, intimidações e funções determinadas. Se todos vivem sob o mesmo teto, por que cabe às mulheres todo o trabalho?

    De que forma a ONU atua para reduzir as diferenças?

    A ONU Mulheres trabalha pela igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres. As Nações Unidas acreditam que é possível promover mudanças estratégicas no mundo até 2030. E as mulheres são decisivas nesse processo. Estamos desenvolvendo a iniciativa “Planeta 50-50: um passo decisivo pela igualdade de gênero” e buscando parcerias para que a igualdade seja uma realidade em 14 anos, beneficiando esta e futuras gerações. Nós, todas e todos, podemos ser a geração que mudará o planeta. Temos de trabalhar para eliminar todas as formas de desigualdades e discriminações.

    Fonte: O Globo

    Mulheres chefes repetem maus hábitos dos homens, diz pesquisa

    Para especialista, sociedade ainda vive os resquícios da patriarcado, o que obriga as profissionais a se dedicarem mais para galgar postos melhores

    O topo do mundo profissional está ficando cada vez mais feminino. Mas isso ainda está longe de resultar em uma mudança de hábitos, e as maiores vítimas são as próprias mulheres. Quando ocupam altos cargos, elas tendem a replicar o comportamento vicioso dos homens em relação a si e aos subordinados.

    Pesquisa da médica Meghan Fitzgeral, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Columbia, mostrou que executivas norte-americanas estão deixando de lado o cuidado com a própria saúde em troca da evolução na carreira. Elas trabalham excessivamente, não têm tempo para fazer exercícios físicos, ou mesmo para ir ao médico ou fazer exames. E se queixam de estar muito acima do peso.
    Embora o estudo não tenha abordado práticas profissionais, o que se vê com frequência em ambientes corporativos são frustrações de subordinados quando veem chefes mulheres replicarem práticas arcaicas do mundo do trabalho. Executivas ouvidas pelo Correio garantem que é possível fazer diferente, mas atestam que sentem, sim, muitos erros sendo repetidos. “Infelizmente, há mulheres que são mais machistas do que homens. É muito triste”, comenta a publicitária Renata D´Avila, vice-presidente da Lew’Lara\TBWA.

    Para Mario Cesar Ferreira, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), as transformações sociais ficaram muito aquém do que as pessoas imaginam, por isso não é surpreendente que muitas mulheres reproduzam antigos modelos para si mesmas nos ambientes em que trabalham. “Em pleno século 21, os resquícios da sociedade patriarcal ainda são muito fortes”, diz. Ele afirma que tanto mulheres quanto homens se veem obrigados a trabalhar excessivamente caso queiram ser promovidos, e mais ainda depois disso. “Desde os anos 1980, com a globalização, isso se intensificou muito. Voltamos a situações da época da Revolução Industrial, em que as pessoas trabalhavam bem mais de 12 horas por dia”, compara.

    Meghan Fitzgerald, da Universidade Columbia, não comparou homens e mulheres — pretende fazer isso em outra etapa da pesquisa. Ela entrevistou 369 executivas das 500 maiores empresas norte-americanas. Metade delas trabalham mais do que 50 horas semanais. E 2,5% ultrapassam as 70 horas — são também as mais bem pagas, que recebem mais de US$ 250 mil (R$ 1 milhão) por ano. Metade das entrevistadas faz exercícios duas vezes por semana ou menos — um quarto não tinha feito qualquer atividade física nos 30 dias anteriores. Do total, 41% afirmaram estar com sobrepeso.

    Fonte: Correioweb

    Misoginia entre os refugiados

    17/01/2016

    Na rota da migração, mulheres se tornam presas fáceis

    Estupros, agressões e abusos revelam panorama sombrio de refugiadas

    Samar, que trabalhava para o Ministérior das Finanças antes de fugir da Síria, conseguiu abrigo em Berlim após ser roubada e ameaçada de estupro na Turquia – DJAMILA GROSSMAN / NYT

    Uma mulher síria que se uniu aos inúmeros refugiados que chegaram à Alemanha foi forçada a pagar a dívida do marido com os traficantes colocando-se à disposição deles para fazer sexo ao longo do caminho. Outra foi espancada até desmaiar por um guarda húngaro, depois de se negar a ceder a seus avanços. Uma terceira, que trabalhava como maquiadora, se vestiu de homem e parou de tomar banho para afastar os homens do seu grupo de refugiados. Agora, em um abrigo emergencial em Berlim, ela ainda dorme vestida e, como muitas outras mulheres no abrigo, bloqueia a porta do quarto com um armário todas as noites.

    “Aqui não há fechaduras nem cadeados”, contou Esraa al-Horani, a maquiadora e uma das poucas mulheres do abrigo que não tinham medo de revelar o próprio nome. Ela teve sorte, afirmou Esraa: só foi espancada e roubada.

    A guerra e a violência em sua terra natal, os traficantes e os mares perigosos no meio do caminho, sem falar na recepção e no futuro incerto em um continente estrangeiro – são alguns dos riscos enfrentados pelas dezenas de milhares de migrantes que continuam a caminhar em direção à Europa vindos do Oriente Médio e além. Mas a cada parada no caminho, os perigos se tornam maiores para as mulheres.

    Entrevistas com inúmeros migrantes, assistentes sociais e psicólogos que cuidam dos traumatizados recém-chegados em toda a Alemanha sugerem que a atual migração em massa foi acompanhada por um aumento drástico na violência contra as mulheres. De casamentos forçados e tráfico sexual à violência doméstica, as mulheres relatam a violência de refugiados, traficantes, homens da família e até de policiais europeus. Não existem estatísticas confiáveis sobre a violência sexual e outros tipos de violência contra as refugiadas.

    Entre os mais de um milhão de imigrantes que chegaram à Europa no ano passado, fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio e além, mais de 75 por cento dos recém-chegados são homens, de acordo com estatísticas da ONU. “Os homens dominam numérica e socialmente”, afirmou Heike Rabe, especialista em gênero do Instituto Alemão de Direitos Humanos.

    Susanne Hohne, principal psicoterapeuta do centro berlinense especializado em tratar mulheres traumatizadas durante a imigração, afirmou que quase todas as 44 mulheres que estão sob seus cuidados – entre as quais algumas que acabam de chegar à idade adulta, outras com mais de 60 anos – sofreram algum tipo de violência sexual. “Fazemos supervisão com nossos terapeutas duas vezes ao mês para podermos lidar com todas as histórias que ouvimos”, afirmou Susanne a respeito de sua equipe de 18 especialistas. Juntos, eles fornecem duas sessões de terapia por semana para cada mulher e mais de sete horas de serviço social, incluindo visitas domiciliares para ajudá-las a se adaptarem à vida na Alemanha.

    Na Grécia, um dos principais pontos de entrada de migrantes na Europa, os centros de recepção quase sempre estão superlotados, não contam com iluminação adequada nem com espaços separados para mulheres solteiras, afirmou William Spindler, da agência de refugiados da ONU. “Homens, mulheres e crianças dormem nas mesmas áreas”, afirmou. Em toda a Europa, acrescentou, “inúmeros casos de violência sexual e violência familiar foram relatados às nossas equipes”.

    Até mesmo na relativa segurança da Alemanha, o sistema enfrenta dificuldades para lidar com a logística de acomodação de quase um milhão de imigrantes em 2015, o que acaba por afetar as medidas básicas de proteção para as mulheres, como a garantia de quartos e banheiros com fechadura.

    “A prioridade é evitar que essas pessoas acabem nas ruas. Mas um ambiente que facilita a violência contra a mulher é um fator de risco. Não podemos permitir que os padrões sejam deixados de lado”, afirmou Heike, a especialista alemã em violência de gênero.

    Mas isso não é tão simples, afirmou Jan Schebaum, gestor de duas casas para exilados na zona leste de Berlim. Existem apenas dois banheiros por andar e os quartos estão cheios.

    Em uma dessas casas fica o abrigo emergencial onde Esraa, a maquiadora, está alojada. Dos 120 adultos no local – em sua maioria de origem síria e afegã –, 80 são homens.

    “As mulheres são dominadas pelos homens. Suas vozes são caladas e isso é um problema”, afirmou Schebaum.

    Nas filas de alimentação, onde os voluntários oferecem sopa quente e frutas frescas, as mulheres costumam ser as últimas da fila. Elas passam boa parte do tempo dentro dos quartos e raramente participam das atividades oferecidas, como visitas a museus e shows. Uma mulher síria não deixou o prédio desde que chegou há dois meses, porque seu marido – que ainda não chegou à Alemanha – a proibiu de sair.

    Na lavanderia, histórias de abuso doméstico circulam em conversas discretas entre as mulheres. No quarto andar há uma marido violentamente ciumento que bateu várias vezes na esposa. Há também uma mulher que apanhou do marido porque eles não conseguem ter filhos. Há alguns meses, dois homens afegãos assediaram uma menina afegã com comentários sexuais e a derrubaram de uma bicicleta antes que outras pessoas interferissem, de acordo com um voluntário. Contudo, poucos incidentes de violência são reportados.

    Agora existe uma noite de bordado e uma aula de aeróbica só para as mulheres. Nas quartas de manhã, pequenos grupos de mulheres vão à casa de uma voluntária para tomar banho, fazer as unhas e arrumar os cabelos.

    Uma vez por semana, assistentes sociais levam as migrantes para um café do outro lado da rua. As paredes estão cobertas de pichações, o ar cheira a cigarro. Mas não importa. Quando Esraa chegou com várias músicas árabes no telefone, o interior se transformou em um mar de mulheres dançando com seus véus.

    Enquanto algumas pintavam as mãos com hena e outras conversavam sobre como estavam frustradas com a demora para conseguir o visto de refugiadas, Samar, uma ex-funcionária de 35 anos do ministério da Fazenda da Síria comentou sobre as dificuldades de ser uma mulher em fuga. Depois de ter sua casa bombardeada em Darayya, um subúrbio de Damasco que no início do conflito ficou conhecido pelos protestos contra o governo, Samar passou 14 meses sozinha com as três filhas de 2, 8 e 13 anos.

    “Não deixei que elas saíssem da minha vista por um segundo”, contou em árabe, com a ajuda de uma intérprete. Ela e outras mães solteiras dormiam em turnos durante a viagem, vigiando as filhas e as companheiras.

    Mas em Izmir, na Turquia, pouco antes de embarcar para a Grécia, Samar foi roubada e ficou sem dinheiro para pagar ao traficante. O homem atarracado que dizia se chamar Omar se ofereceu para levá-las de graça, desde que fizesse sexo com ele. Ela havia ouvido o homem na noite anterior, no albergue onde estava com outras refugiadas, “indo de um quarto ao outro”.

    “Todo mundo sabe que existem duas formas de pagar os traficantes: com dinheiro, ou com seu corpo.”

    Mas ela se negou e Omar ficou nervoso. Naquela noite, ele invadiu o quarto de Samar, ameaçando a ela e às filhas antes que seus gritos o afastassem. Samar ficou na Turquia por quase um ano trabalhando para economizar os quatro mil euros necessários para o restante da jornada.

    Sentada com a filha mais nova no colo, concluiu: “Quase todos os homens do mundo são ruins”.

    Do outro lado da cidade, na zona oeste de Berlim, Susanne entendia seu ponto de vista, mas oferecia uma visão mais ponderada. Não existem soluções fáceis, afirmou. Abrigos só para mulheres não são uma opção viável, já que a maioria das famílias não deseja se separar. Algumas mulheres contam com a proteção dos homens e, além disso, “não podemos nos esquecer que muitos desses homens também estão traumatizados”.

    “Não é uma questão de bem e mal. Se quisermos ajudar as mulheres, também precisamos ajudar os homens.”

    Fonte: O Globo

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