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O número de passageiros transportados no Metrô de São Paulo cresceu quase três vezes mais do que a ampliação da rede nos últimos quatro anos. Dados oficiais indicam que, nesse intervalo, a malha do Metrô aumentou 5,5% (de 74,3 km, em 2011, para 78,4 km, em 2014), e a quantidade de usuários subiu 14,5%, de 1,138 bilhão para 1,304 bilhão. No caso dos trens, a diferença é ainda maior.
Segundo estatísticas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), se ao longo de 2011 foram transportados, ao todo, 700 milhões de passageiros pelas seis linhas do sistema, no ano passado o número foi 18,8% maior, atingindo a marca de 832 milhões de usuários. Ao mesmo tempo, a rede aumentou 2,5% – alcançando 260,8 km – e ganhou três estações. O Metrô, por sua vez, registrou a abertura de quatro paradas entre o fim de 2011 e o mês passado.
O designer Richard Batista, de 29 anos, usa o Metrô e a CPTM diariamente há cinco anos. Morador da região do Tucuruvi, na zona norte da capital paulista, ele trabalha em uma empresa na Barra Funda, na zona oeste. “Está tão cheio que já testemunhei até pessoas se batendo no meio do corredor do trem.” Ele conta que observa mais lotação excessiva até em horários fora dos picos.
O Diretor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Rogério Belda, explica que esse fenômeno é esperado. “Está muito mais cheio nos horários de pico e fora deles também, como no almoço, pois as pessoas têm feito outras coisas. O perfil de São Paulo é de metrópole”, afirma Belda.
Questionado se a extensão da rede é adequada para o tamanho da cidade, o especialista diz que “nunca foi” e que o Metrô começou a ser construído tarde (em 1968). “As administrações ora dão recursos, mais incentivos, ora menos.”
O superintendente da ANTP, Luiz Carlos Mantovani Néspoli, afirma que a própria expansão da rede nos últimos anos, com a inauguração da Linha 4-Amarela em 2010, por exemplo, atraiu mais demanda. “Cria-se atrativos novos, trazendo novas áreas de interesse.”
Em sua avaliação, a expansão da rede, nos próximos anos, não deve tornar o Metrô e a CPTM menos superlotados. “Você ainda tem nas zonas leste e sul grande volume de moradia e pouquíssimos empregos, que ainda estão concentrados nas áreas centrais. É preciso contar com uma rede de corredores de ônibus maior.”
Estações
Embora tenha perdido uma parte de seus passageiros, a Estação Sé, conexão entre as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha no centro da capital paulista, continua na liderança de paradas mais cheias do Metrô. No ano passado, houve uma média de 537 mil usuários por dia naquele ponto, ante 545 mil dois anos atrás.
Na segunda colocação, está Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3-Vermelha, na zona oeste. Por ali, passaram, diariamente, cerca de 220 mil usuários, 10 mil a mais do que em 2013. Na terceira colocação, com 198 mil passageiros transportados, está a Estação Paraíso, que teve média 194 mil passageiros diários no ano retrasado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Yahoo
Ao menos quatro pessoas foram detidas e outras quatro ficaram feridas em 23/1/15, no quarto ato contra a tarifa de transporte público convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) em São Paulo. A manifestação, que ocorreu de forma pacífica até poucos metros do destino final – a Praça da República, no centro da cidade – foi repreendida pela Polícia Militar na esquina da rua Conselheiro Crispiniano com a Avenida São João.
Mesmo debaixo de uma chuva forte, que durou cerca de 40 minutos, a manifestação levou, segundo o MPL, 15.000 pessoas às ruas. A PM afirma que eram 1.200 pessoas -quase uma para cada um dos 1.100 policiais que foram destacados para acompanhar a marcha.
Segundo Luíze Tavares, do movimento, um rojão foi atirado em direção à manifestação, sendo o estopim para a ação da polícia. “O ato estava pacífico, mas quando estávamos passando em frente à ocupação do MSTS [Movimento Sem Teto de São Paulo], alguém atirou um rojão sobre os manifestantes, causando o tumulto”, diz. “Acreditamos que foi alguém infiltrado tentando fazer com que o ato acabasse sob repressão, uma vez que o protesto estava grande, animado e pacífico”. A polícia também afirma que começou a atirar nos manifestantes depois de seus homens serem atingidos por rojões. Segundo a PM, quatro pessoas suspeitas de atirarem os fogos de artifício foram detidas.
Depois de a polícia lançar bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, o ato se dispersou. Grupos de black bloc correram até a praça da República, onde atiraram pedras contra as vidraças de ao menos dois bancos. Durante o confronto, os policiais tiraram suas identificações da farda, uma prática já usual nas manifestações. Ao menos uma viatura da PM circulou pelo centro atirando com armas não-letais em manifestantes de dentro do veículo ainda em movimento. Dois policiais foram flagrados por participantes do ato portando metralhadoras .40 – a PM afirmou em seu Twitter que, apesar de eles estarem ao lado da marcha, não faziam parte do grupo destacado para acompanhá-la.
A reportagem do EL PAÍS presenciou o momento em que um menino foi ferido na boca por estilhaços de bomba. De acordo com o Grupo de Apoio ao Protesto Popular (GAPP), outro participante do ato foi atingido no tórax por um cassetete. Um repórter do jornal O Estado de S. Paulo e um fotógrafo também foram atingidos por balas de borracha, sem gravidade.
A manifestação, que teve início em frente ao Theatro Municipal, por volta das 18h, estava marcada para terminar na Praça da República, a duas quadras de onde o tumulto começou. “Eles [a polícia] podem machucar nossos corpos, mas da rua não sairemos”, disse Luíze. Um novo ato, o quinto desde o início deste ano na cidade de São Paulo, já está marcado para a próxima terça-feira, no Largo da Batata, zona oeste da cidade, a partir das 17h.
Fonte: El País
Manifestação conjunta em BH, Recife, Rio e SP tenta dar viés nacional à reivindicação; Joinville e Salvador têm atos pacíficos
Após protestos com algumas centenas de pessoas em cidades como Joinville (SC) e Salvador nesta semana, movimentos contrários ao aumento das passagens de transporte público realizam, em 9/1/15, manifestações em outras quatro capitais para dar mais visibilidade à revindicação.
“Em 2013 foi assim. Antes dos grandes atos no centro de São Paulo houve vários pequenos”, justifica Andreza Delgado, do Movimento Passe Livre São Paulo (MPL-SP).
Foram convocados protestos em Belo Horizonte (Praça Sete, 17h), Recife (Grande Recife,-São José 7h30) e Rio de Janeiro (Cinelândia, 17h) e São Paulo (Theatro Municipal, 17h) – onde a Polícia Militar espera a presença de 5 mil pessoas.
A coincidência tem por objetivo dar um caráter nacional à pauta – “por isso escolhemos sexta-feira”, diz Letícia Delgado, do Tarifa Zero BH. Os grupos discutem a realização de um novo ato na semana que vem.
O objetivo é forçar o Poder Público a revogar os reajustes nas tarifas de ônibus (e Metrô, em São Paulo) aplicados nas últimas semanas ou, no caso pernambucano, impedir o aumento.
Em São Paulo, no Rio e em Belo Horizonte, as passagens de ônibus subiram respectivamente, 16,7%, 13,3% e 8,8% (no ônibus mais comum), mais do que os aumentos que acabaram revogados após as manifestações de junho de 2013 (6,7%, 7,3% e 5,7%).
No Recife, a Frente de Luta Pelo Transporte Público em Pernambuco visa a impedir uma reunião do Conselho Superior do Transporte Metropolitano (CSTP), que definirá o aumento nesta sexta-feira (9). O Ministério Público local também pediu o adiamento do encontro, mas segundo um representante dos manifestantes, ele está mantido.
“A gente vai estar lá para não deixar que a reunião aconteça”, diz Túlio de Luna, da Frente de Luta Pelo Transporte Público em Pernambuco. “Se o aumento se concretizar, na próxma semana vai ocorrer novo protesto”, afirma.
Segundo levantamento do iG, grupos ligados ou não ao MPL convocaram protestos em 14 cidades contra o aumento de tarifas. Florianópolis, no dia 13, é uma delas.
Polícia paulista é criticada por ONGs de direitos humanos
A Polícia Militar de São Paulo vai usar o “acompanhamento aproximado” durante a manifestação. Segundo o Major Larry de Almeida Saraiva, serão criados cordões de policiais para isolar os manifestantes durante o protesto. “Estaremos em duas colunas nas laterais do grupo que vai se deslocar nas vias”, afirma.
A estratégia, usada em 2013 e 2014, preocupa as organizações de direitos humanos. A Anistia Internacional afirma que, em fevereiro de 2014, documentou a ação de policiais que cercaram os manifestantes e os detiveram arbitrariamente.
“Temos registros em vídeo que mostram que a manifestação estava pacifica quando a polícia decidiu arbitrariamente por encerrá-la, e ficou horas cercando o pessoal no local. Nos preocupamos porque a Polícia Militar de São Paulo tem um histórico de violar o direito à manifestação com o uso abusivo da força”, afirma Renata Neder, assessora de direitos humanos da AI.
A Artigo 19 também critica. “Já vimos o uso dessa tática antes com um número desproporcional da presença da policia. Isso gera um efeito intimidatório e pode aumentar o conflito. Além disso, se tem tumulto, não tem rota de escoamento. Os manifestantes são reféns da PM”, explica Camila Marques, advogada da organização.
Em 7/1/1/5, a Polícia Militar afirmou que a ação visa garantir a segurança das pessoas que não estão participando do ato. Revistas acontecerão nos entornos do local da manifestação apenas para quem tiver algum tipo de comportamento suspeito.
O uso de armas menos letais, como balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo estão autorizados. Segundo o Major, a utilização se dará em último caso, apenas quando for necessário.
“As armas menos letais não são devidamente regulamentas. Existem diversos tipos de balas de borracha com diferentes potenciais de letalidade e isso precisa estar regulamentado: que tipo de bala, como ela deve ser usada, qual o treinamento específico”, diz Renata.
Fonte: IG
Cinquenta e dois dos 53 detidos durante e depois da manifestação convocada pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o reajuste das tarifas de ônibus, trens e metrô para R$ 3,50 em 9/1/1/5 foram liberados em 10/1/15, entre às 2h e 3h. Eles estavam detidos no 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e 78º Distrito Policial (Jardins).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), um jovem de 23 anos segue detido porque foi preso em flagrante por depredação. Com base em imagens do jovem depredando agências bancárias na Avenida Angélica, segundo a secretaria, ele foi indiciado por dano qualificado.
Ao final da manifestação houve tumulto na Rua da Consolação, no Centro de São Paulo. Ao menos três agências bancárias e duas concessionárias de veículos foram depredadas. O SPTV mostrou que funcionários de uma das concessionárias atingidas colocavam tapumes de madeira no local das paredes de vidro na manhã deste sábado.
A concentração do ato começou pacífica por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal. Os participantes votaram o trajeto da passeata e definiram que seguiriam pela Praça da República e Rua da Consolação para chegar até a Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
Em nota no Facebook, o movimento diz ter reunido 30 mil manifestantes ao longo da manifestação. A Polícia Militar afirma que 2 mil pessoas participavam do ato às 18h30.
Começo do tumulto
O tumulto começou quando o grupo subia a Rua da Consolação em direção à Av. Paulista. Repórteres do G1 acompanharam quando a PM tentava impedir que o sentido Centro fosse bloqueado. Uma pedra foi jogada contra um carro da Força Tática.
O ato prosseguiu, mas mascarados que estavam perto da Avenida Paulista jogaram lixo e chutaram portas de lojas. A PM usou bombas de efeito moral para dispersar os grupos. Algumas pessoas correram por ruas que cruzam a Rua da Consolação e depredaram imóveis na região.
Três agências bancárias tiveram vidros e caixas eletrônicos quebrados: uma do Santander na Rua da Consolação, outra do mesmo banco na Avenida Angélica e uma do Banco do Brasil também na Avenida Angélica. Uma concessionária da Toyota e outra da Kia Motors tiveram vidros quebrados na Rua Matias Aires, na esquina com Rua Augusta. Barricadas com lixo queimado foram usadas para bloquear trechos da Avenida Angélica e da Rua Haddock Lobo.
O tumulto começou por volta das 19h20 e se estendeu por mais de uma hora. Por volta das 20h50, cerca de 200 manifestantes encerram o ato perto da esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista. Eles combinaram a realização de outro protesto na próxima semana.
O Movimento Passe Livre (MPL) afirmou, em nota, que a PM reprimiu violentamente a manifestação. “(A PM) lançou bombas de gás, bombas de estilhaço mutilante e atirou com balas de borracha para impedir que a marcha chegasse à Av. Paulista”, diz o grupo. O MPL não aponta agressões contra a PM ou atos de vandalismo. O movimento diz que a prisão de manifestantes foi “repressão brutal”.
Também em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) rebateu o MPL. “As imagens da imprensa e da própria corporação deixam claro que as agressões partiram de vândalos. Por isso, foi necessário o uso de técnicas de dispersão para conter estas práticas criminosas, com a prisão e detenção, até o momento, de cerca de 50 pessoas.”, afirma a SSP.
“A PM lembra que mais de uma vez convidou o MPL para participar das reuniões preparatórias do esquema de segurança da manifestação realizada nesta sexta-feira. Infelizmente, os integrantes do MPL não compareceram.”
Histórico de mobilizações
O MPL iniciou as manifestações que tomaram o país em junho de 2013. À época, o objetivo era impedir o aumento de 20 centavos nos ônibus, trens e Metrô de São Paulo. O protesto desta sexta-feira é novamente contra o aumento das tarifas do transporte público, que subiram de R$ 3 para R$ 3,50 no início deste ano.
A Prefeitura e o governo de São Paulo disseram que a tarifa não era reajustada desde 2011 e que o aumento agora foi abaixo da inflação. A Prefeitura afirmou ainda que implantou o passe livre para estudantes de baixa renda. Também em nota, o governo do estado informou que manifestações pacíficas e democráticas devem ser asseguradas e respeitadas, assim como o direito de ir e vir dos cidadãos e a preservação do patrimônio público.
Reúso, a técnica que poderia diminuir o consumo de água em 50%
A crise hídrica está longe de acabar, e o Brasil precisa avançar na adoção do reúso – que permite levar “a água da privada de volta para a torneira”
Nos últimos meses, o assunto murchou, por assim dizer, nas conversas do dia a dia. Mas o problema da crise hídrica, especialmente em São Paulo, está longe de ser resolvido. As chuvas que caíram na última semana na capital paulista não alteraram o quadro alarmante. Até agosto de 2014, o nível dos principais reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estava em 23,5%. Hoje, chega a no máximo 21,1%. Responsável pelo atendimento de 5 milhões de pessoas, o Sistema Alto Tietê atingiu em agosto o nível mais baixo desde 2003, de 13,8%. No último dia 3 de setembro, o volume útil do maior reservatório que abastece o Estado do Rio de Janeiro, o de Paraibuna, chegou a 0,83%. Um ano atrás, estava em 11%. A conclusão é – para usar um termo incontornável – cristalina: não há como deixar de economizar água.
O aproveitamento da chuva para irrigar jardins ou limpar áreas comuns reduz o consumo em 26%. A instalação de hidrômetros individuais derruba o valor da conta de água em até 56%. Contudo, independentemente dessas estratégias, é imperioso lançar mão de outro recurso: o reúso. É verdade que, a partir da crise, foi disseminada a prática de reutilização da água do banho e da máquina de lavar para alguns fins específicos, como a descarga sanitária. No entanto, uma vez derramada na rede de esgoto, o entendimento é que aquela água havia se tornado inaproveitável. Nada mais equivocado. Com o tratamento adequado do esgoto, um estabelecimento comercial de grande porte, como um shopping center, pode reaproveitar tão bem a água que o consumo tenderá a cair até 50%.
O reúso é largamente empregado, por exemplo no Estado americano da Califórnia, onde a escassez abriu a possibilidade de levar água “da privada para a torneira”, como os técnicos costumam dizer. De acordo com a legislação local, é permitida a chamada potabilização indireta. Funciona da seguinte maneira: a água tratada é misturada com a das bacias subterrâneas e depois passa para o sistema de abastecimento comum. “Escutamos pessoas dizendo que não querem beber água da privada. Depois de passar por três estágios de purificação, porém, ela sai mais limpa do que a água que não é de reúso e chega a sua casa”, comparou o americano Henry Vaux, professor de economia dos recursos da Universidade da Califórnia. Para motivar a população, Bill Gates, fundador da Microsoft, o homem mais rico do mundo, gravou um vídeo no qual aparece bebendo água produzida em uma estação de tratamento de esgoto. A Fundação Bill & Melinda Gates pretende distribuir miniusinas de tratamento por toda a África.
Em dezembro do ano passado, um projeto enviado à Sabesp pelo professor de hidrologia Ivanildo Hespanhol, da Universidade de São Paulo, defendeu o tratamento de esgoto para solucionar a crise hídrica – e, de quebra, despoluir os rios. Com previsão para entrar em operação daqui a dez anos, ao custo de 3 bilhões de reais, o sistema abasteceria 3,5 milhões de pessoas. De qualquer forma, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, no Brasil as ações em torno do reúso de água não levam em conta a possibilidade de consumo. O emprego aqui é mais comum em processos industriais, geração de energia, irrigação, jardinagem, limpeza etc. Diferentemente do que se observa na Califórnia, a legislação brasileira não deixa claro o que é permitido ou não nessa frente. De acordo com o advogado Vinicius Vargas, do escritório Barros Pimentel, a lei de saneamento fala sobre água potável, mas não sobre reciclagem. “O saneamento é um serviço público e por isso deve ser especificado em lei para que os agentes possam seguir a mesma fórmula”, explica ele.
Segundo o engenheiro hídrico Thiago de Oliveira, da fornecedora de água de reúso General Water, a prática, na realidade, já existe no país – “Só não é assumida”. Oliveira afirma que um exemplo claro disso é a Represa Guarapiranga, na região metropolitana de São Paulo, rodeada por esgotos irregulares. “Pouco se fala sobre ela, mas 15% do nível da represa é o próprio esgoto voltando para o tratamento”, garante. O engenheiro diz também que a General Water já produziu água potável. “Nos nossos testes, tivemos o mesmo nível de pureza da água que é distribuída para consumo.” Desde o início da crise, a empresa viu a procura pelo seu serviço crescer 100% e teve 30% de aumento no número de clientes. Entre eles, há até um centro administrativo que, com reúso de água e poços artesianos, se tornou totalmente independente da rede pública. A Aquapolo, parceria entre a Odebrecht e a Sabesp, fornecedora do mesmo serviço, abastece o polo petroquímico da região do ABC Paulista, produzindo um volume equivalente ao necessário para o consumo de uma cidade de 500 000 habitantes. Com isso, as empresas da área de Mauá economizam 50% do valor que pagavam antes por água potável.
Para Thiago de Oliveira, aceitar estações de tratamento de esgoto “é adotar um novo modo, mais consciente, de lidar com os recursos hídricos”. Ele observa que o modelo atual mantém a mentalidade no Império Romano, quando se construíam extensos aquedutos para buscar abastecimento em lugares distantes com nascentes puras. O cenário do momento, entretanto, argumenta Oliveira, “pede que a nossa política para o meio ambiente se espelhe no exemplo de Londres, onde o Rio Tâmisa, cuja despoluição levou 150 anos, hoje é povoado por 125 espécies de peixe e voltou a receber os esportes náuticos”.
Curiosamente, ao mesmo tempo em que, no Brasil, é grande a resistência à reutilização de água, a reciclagem do lixo já faz parte das políticas públicas. Segundo Gabriela Yamaguchi, gerente de campanhas do instituto ambiental Akatu, “a água está em outro capítulo da cultura do brasileiro; a reciclagem ficou restrita à categoria das embalagens, por exemplo”. E conclui: “Pelo menos, ao reciclá-las, também estamos economizando água”. Diante dos números da crise hídrica atual, será prudente não demorar a entrar de vez no próximo capítulo.
Fonte: Veja
A gestão eleitoreira da crise da água em São Paulo agrava a situação de um sistema que já está em colapso, de acordo com o professor aposentado da USP Julio Cerqueira César. “O uso do volume morto jogou o problema da água para depois da eleição”, disse o professor no evento “Crise da água: de quem é a culpa?” promovido por CartaCapitalna terça-feira, 9. “O racionamento foi colocada pela Sabesp como uma solução técnica, e o governador adotou uma solução política”, afirma.
Segundo Cerqueira César, a Sabesp, ainda em janeiro deste ano, apresentou ao governo um plano que previa o racionamento, diante do baixo índice dos reservatórios desde então, mas o governador impediu a ação, sob a justificativa de que seria uma medida irresponsável. O racionamento, pelo menos o anunciado oficialmente, tem sido evitado desde maio com o uso da reserva técnica chamada de volume morto. Na primeira etapa, foram 185 bilhões de litros bombeados desta reserva para o consumo de parte da população paulista. Em agosto, no entanto, mesmo com o implemento inicial, a Sabesp precisou captar uma segunda cota deste volume, de mais 100 bilhões.
Atualmente, o sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de água de parte de São Paulo e de Campinas, opera com 10% da sua capacidade. O nível do Sistema Alto Tietê, complementar ao Cantareira, está em 15%. A gestão dos sistemas cabe à Sabesp. O governo de São Paulo indica o presidente da instituição que, por sua vez, nomeia todos os diretores da empresa. Além disso, o estado é o principal acionista da Sabesp, que lucra 10 bilhões de reais por ano. “Desde de o começo, em janeiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) assumiu o comando da crise. Ele está conduzindo o problema pessoalmente e politicamente. Ele queria passar a Copa do Mundo e as eleições sem racionamento, e é o que está conseguindo fazer”, diz Cerqueira César.
Falta de investimentos
Além dos baixos índices pluviométricos, atribui-se à crise do abastecimento em São Paulo a falta de investimentos no setor, como a construção de novos reservatórios. “A Sabesp é a 4ª companhia de saneamento básico do mundo, e se considerarmos que opera em apenas um país, ela é a maior do mundo. Até os anos 90, a Sabesp chegou a uma situação invejável”, afirma Cerqueira César. “De 1990 pra cá, os governos se preocuparam apenas com os processos eleitorais. A Sabesp aposentou seus engenheiros sanitaristas e passou a ser comandada por economistas e advogados. Parou de se preocupar com seus usuários e passou a se preocupar com seus dividendos.”
Em 2007, a diretoria da Sabesp já previa o colapso do sistema e o governo do Estado passou a planejar novos reservatórios. Um estudo foi encomendado e o prazo de execução foi estabelecido em 180 dias, mas só foi entregue em 2014, sete anos depois. O resultado é a obra do Sistema Produtor São Lourenço, que está prevista para ficar pronta em 2018.
De acordo com Antonio Zuffo, pesquisador e professor da Unicamp, que também estava presente no evento, o Sistema São Lourenço está sendo projetado para acrescentar 4,7 m³ por segundo de vazão de água ao Sistema Cantareira. “Se acontecer a redução da precipitação em 20 a 30%, que é o que está previsto, o Sistema Cantareira perde 7 m³ por segundo de vazão. Ou seja, o São Lourenço não seria suficiente para compensar a perda”, explica o professor.
Outro ponto levantado é o desperdício que ocorre na distribuição da água. Segundo Zuffo, a Sabesp chega a perder 40% da sua produção. “Se conseguíssemos uma redução de 50% do que é perdido hoje no Sistema Cantareira, seria recuperado o equivalente a quatro sistemas parecidos com o São Lourenço. Conseguiríamos um redução da perda em aproximadamente 10 ou 12 m³ por segundo de vazão. Seria como se colocássemos um sistema que produz 12 m³ por segundo”, diz o pesquisador da Unicamp.
As perdas acontecem porque as adutoras não são fixas e, com a variação de pressão, acabam se deslocando e desgastando nas juntas, o que causa os vazamentos, difíceis de detectar, explica Zuffo. Para César, o prejuízo é inadmissível. “A Sabesp é uma indústria de água potável. A matéria-prima é a água. Se uma empresa particular tivesse um sistema como esse, que perde 40% do seu produto, ela estaria falida”, diz o professor da USP.
Sob a justificativa de impedir essa perda na distribuição, a Sabesp tem reduzido a pressão da água nos canos e algumas residências paulistanas já enfrentam uma espécie de racionamento velado. Em julho, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) encaminhou à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), a Geraldo Alckmin e à Sabesp um documento contabilizando uma média de 14 reclamações por dia de corte no abastecimento de água em residências paulistanas.
Ainda que seja um fator importante, a falta de chuvas ou as variações climáticas não explicam, sozinhas, o colapso do sistema, segundo Zuffo. A alegação de que desmatamento na Amazônia, apontado como causador da baixa precipitação na região do Sudeste, é equivocada. “Em 1953 não havia desmatamento na região, nas proporções que temos hoje, e tivemos período de seca em São Paulo”, esclarece o pesquisador da Unicamp.
O evento “Crise da água: de quem é a culpa?” faz parte da série de debates Diálogos Capitais e contou com a mediação do repórter Fabio Serapião.
Fonte: Carta Capital
A pior seca dos últimos 80 anos provocou mudanças no comportamento na Grande São Paulo. A maioria dos moradores fechou as torneiras e conseguiu reduzir o consumo de água.
Por outro lado, tem muita gente que não economizou e ainda aumentou o gasto de água. Tem gente que acha que pode gastar mais porque “está pagando”. Mas, a maioria dos moradores da região metropolitana já percebeu como a crise é grave.
Ao todo, 76% dos moradores abastecidos pela Sabesp na grande São Paulo seguraram o consumo. E economizaram quase 4 mil litros de água por segundo. Mas, a notícia ruim é que 24% dos consumidores gastaram mais. Muita gente economizou porque diz que a água não está chegando. Mas, teve mudança de comportamento.
Depois da festança, a bagunça de sempre. O que mudou no salão é o jeito de limpar. De uns tempos para cá é só com balde com água, rodo e pano. O resultado da mudança é impressionante.
“A primeira conta eu assustei. Eu achei que tinha alguma coisa errada, eu já peguei as contas, já ia ligar pra Sabesp, fiquei com medo de no mês seguinte vir três vezes o valor” conta Charles Lacerda, dono do salão de festas.
Charles assustou porque a conta de água diminuiu demais mesmo. Em agosto de 2013 ele pagava mais de R$ 140. Um ano depois, caiu para menos de R$ 70. E com o bônus para quem economizou, o valor foi lá para baixo: R$ 47.
“É um hábito que tem que se manter. Não tem mais jeito de voltar atrás não”, afirma Charles.
A mudança de habito no salão resultou também em mudança de lugares. A mangueira que antes ficava na frente e era muito lembrada e usada, agora está no depósito dentro do lixo. Ela está lá porque ela não é usada há, pelo menos, seis meses.
O salão de festas do Charles fica no Jaçanã, bairro da zona norte da cidade de São Paulo onde as pessoas mais reduziram o consumo de água em julho, segundo pesquisa da Sabesp.
O mesmo levantamento também deixa claro que os moradores que mais economizaram vivem nos bairros mais distantes: como Perus, Vila Maria, Freguesia do Ó, Vila Nova Cachoeirinha.
A geografia também revela que os que menos reduziram o consumo estão nos locais mais nobres ou mais centrais de São Paulo, por exemplo, na Sé, no Butantã, na Vila Mariana, nos Jardins.
O que tem a ver com a ocupação desses locais, rebate o presidente da Associação dos Moradores dos Jardins.
“Evidentemente, nessa região há um polo comercial muito grande com hospitais, restaurantes, hotéis”, afirma Fernando José da Costa, presidente da AME Jardins.
Em alguns casos a consciência surge por causa da circunstância. A advogada Melina Elias Pereira diz que não lava mais a garagem de jeito nenhum porque simplesmente não tem água para isso. “Está faltando todo dia. Entre 21h e 22h acaba. Só volta às 6 h no dia seguinte, todos os dias. Já faz uns 3 meses que está todo dia”, conta.
Falando em dia a dia, lembra do salão do Charles lá no Jaçanã? A mudança de rotina ali, afetou também o hábito em casa de todo mundo. Dos funcionários, do patrão, da família do patrão.
Bom Dia Brasil: Só falta dizer que está todo mundo tomando banho rápido na sua casa também.
Charles: É, rápido e com hora marcada.
Jéssica Fagundes da Costa, funcionária do salão de festas: Roupa a gente costumava a lavar durante a semana, agora já lava tudo no final de semana, junta tudo para lavar depois.
Bom Dia Brasil: O que você faz com esse dinheirinho que sobra, que não gasta com a conta de água?
Jéssica Fagundes: Dá para comprar alguma coisa para gente, maquiagem, alguma roupa. É um dinheiro que sobra para a gente.
Milhares de paulistanos afirmam que há falta de água em casa toda a noite e sempre, pontualmente, no mesmo horário. Mas, em nota, a Sabesp reafirma que não há racionamento ou restrição de consumo em nenhuma das 364 cidades atendidas pela empresa.
Fonte: Globo
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que não espera racionamento de água neste ano nem em 2015. A declaração foi feita em coletiva de imprensa da Parada Gay.
“Nós esperamos que não tenha nem este ano nem o ano que vem”, afirmou o tucano, depois de ser questionado se haverá o rodízio de água na Região Metropolitana de São Paulo.
Isso, apesar de o reservatório que abastece parte da Grande São Paulo de água não parar de secar. Dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) mostram que o Sistema Cantareira atingiu 10,1% de sua capacidade total neste domingo um novo recorde histórico.
No sábado, 3, o patamar era de 10,3%. Uma semana atrás, o índice era um ponto percentual maior: 11,1%. Já no mesmo dia (4 de maio) do ano passado, o volume armazenado era muito maior, de 62,4%.
O governo do Estado de São Paulo informou que a Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp) aprovou a proposta da multa de 30% para quem elevar o consumo de água na Grande São Paulo. Segundo a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, a medida agora está sendo avaliada pela Procuradoria-Geral do Estado antes de entrar em vigor. A intenção do governo é começar a multar os clientes da Sabesp em junho a partir do consumo medido em maio. De acordo com a secretaria, o cálculo será feito a partir da média do consumo mensal realizado em 2013.
Antes da multa, outras alternativas foram colocadas em prática. Neste ano, a Sabesp intensificou a captação de água em outras fontes já disponíveis, como o Sistema Alto Tietê, e deu andamento a projetos para captar água em regiões mais distantes, como o Sistema São Lourenço, no interior do Estado. Além disso, a companhia anunciou no início deste ano a oferta de um desconto de 30% para clientes que reduzissem em 20% o consumo de água.
O governador Geraldo Alckmin anunciou a construção de dois novos reservatórios de água na Bacia dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari (PCJ) para atender a região metropolitana de Campinas, no interior.
O reservatório Pedreira será construído no Rio Jaguari, entre Pedreira e Campinas, e o Duas Pontes, no Rio Camanducaia, nas cidade de Amparo. O projeto tinha sido anunciado em fevereiro, mas somente agora foi assinado.
A estratégia, segundo Mauro Arce, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, é que com os dois novos reservatórios, que juntos irão armazenar cerca de 67,4 milhões de metros cúbicos de água, a bacia do PCJ não dependa tanto da água do Sistema Cantareira.
O conjunto de reservatórios segue diminuindo e nesta sexta chegou a 10,4% da capacidade. Hoje a região do PCJ capta 3 metros cúbicos por segundo do sistema.
A construção dos dois novos reservatórios ainda depende da elaboração de um projeto executivo que deve ser concluído em 18 meses. Depois disso, serão mais dois anos para a construção
A captação de água do volume morto do Sistema Cantareira ameaça trazer à tona poluentes depositados no fundo das represas, onde se concentram contaminantes que não são tratados por sistemas convencionais para o abastecimento. Três especialistas em biologia e toxicidade em corpos d’água fizeram o alerta ao Ministério Público Estadual (MPE), que abriu inquérito civil para investigar a crise hídrica do sistema responsável pelo abastecimento de 14,3 milhões de habitantes na Grande São Paulo e no interior.
“Quando se cogita fazer o uso do volume morto, por causa das condições emergenciais de necessidades hídricas, antes que esteja disponível para o abastecimento público, deve passar por análise criteriosa e tratamento adequado para atendimento dos padrões normatizados de qualidade de água”, afirmam, em parecer, Dejanira de Franceschi de Angelis e Maria Aparecida Marin Morales, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Silvia Regina Gobbo, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).
O documento embasou o pedido feito pelos promotores do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) para que a Agência Nacional de Águas (ANA), o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e a Companhia do Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informem quais os critérios de uso do volume morto. O MPE exige quais garantias foram pedidas para não haja movimentação do lodo das represas durante a captação e quais exames de qualidade da água serão feitos.
Segundo as pesquisadoras, “quanto mais baixo o nível dos reservatórios, maior é a concentração de poluentes, recomendando maiores cuidados com seus múltiplos usos”. Entre os elementos citados que contaminam os mananciais há compostos inorgânicos (metais e outros agentes tóxicos), orgânicos altamente reativos com os sistemas biológicos (hidrocarbonetos aromáticos, biocidas e fármacos), microbiológicos (bactérias, fungos e protozoários patogênicos) e vírus.
“Muitos dos poluentes que contaminam os rios apresentam potencialidade de alterar o material genético dos organismos expostos, até mesmo do homem, e, consequentemente, desencadear problemas de saúde, como desenvolvimento de doenças crônicas (tais como alterações nas funções da tireoide, do fígado, dos rins), agudas (tais como intoxicações, alergias, diarreias), degenerativas (Parkinson, Alzheimer etc.) e o câncer”, relataram as pesquisadoras da Unesp e da Unimep.
Para os promotores do Gaema, a mortandade de mais de 20 toneladas de peixe no Rio Piracicaba, em fevereiro, provocada pela baixa vazão do manancial, foi “apenas um dos primeiros indicadores visuais da gravidade da situação, que, se persistir, poderá acarretar em impactos gravíssimos, muitas vezes irreversíveis”. Ontem, diante da situação, o MPE negou à ANA e ao DAEE pedido de prorrogação de 30 dias para que eles respondessem quais critérios serão adotados para a retirada da água do volume morto.
Autorizações. A Sabesp informou que apenas se pronunciará sobre os questionamento após ser notificada pelo MPE. No entanto, a empresa afirmou que tem todas as autorizações ambientais para a execução da obra de captação de água do volume morto.
De acordo com a Sabesp, as obras foram iniciadas no dia 17 do mês passado nas Represas Atibainha, em Nazaré Paulista, e Jaguari, em Bragança Paulista. A intervenção vai custar R$ 80 milhões e será concluída em dois meses. “O volume de água que estará à disposição para abastecimento público é de 200 bilhões de litros. A reserva total é de 300 bilhões de litros”, informou a Sabesp.
Fonte: Estadão
A chuva dos últimos dias ajudou a elevar em 0,2 ponto o nível de água armazenado no Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de quase 9 milhões de clientes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na Grande SP. De sexta-feira (28) para sábado (1º/3), o volume de água passou de 16,4% para 16,6% e voltou ao patamar observado na quinta-feira (27), segundo informações do portal da Sabesp. Apesar da pequena elevação, trata-se do primeiro aumento do índice dos reservatórios desde dezembro do ano passado.
De acordo com os dados da Sabesp, choveu somente 73 milímetros em fevereiro, contra uma média histórica de 202,6 milímetros de chuva do mês.
No começo de fevereiro, a Sabesp anunciou uma campanha para estimular a redução no consumo, oferecendo desconto de 30% na conta de quem economizar 20% do seu consumo de água, devido a falta de chuvas. O desconto vale apenas para os consumidores abastecidos pelo Sistema Cantareira.
A Sabesp informou que a economia de água do Sistema Cantareira foi de 500 litros por segundo entre os dias 2 e 9 de fevereiro, primeira semana em vigor do incentivo financeiro, que concede desconto de 30% nas contas de consumidores que reduzirem, pelo menos, 20% o consumo médio em um período de 12 meses: fevereiro de 2013 a janeiro de 2014. De acordo com a Sabesp, os 500 litros por segundo significam uma economia de 302 milhões de litros de água em uma semana. “É o suficiente para encher 120 piscinas olímpicas”, informou a empresa, em nota enviada à imprensa.
A Sabesp comunicou que a redução aconteceu mesmo com um aumento de 2ºC na temperatura na primeira semana de fevereiro e ressaltou que desenvolve estudos de engenharia para determinar a melhor alternativa para a utilização da reserva técnica do Sistema Cantareira, volume de água que está armazenado na represa Jaguari/Jacareí.
A empresa ainda comunicou que passou a abastecer 1,6 milhão de pessoas com o Sistema Alto Tietê. Dessa forma, esses consumidores deixaram de receber água do Sistema Cantareira. “É importante esclarecer que todos os outros sistemas de abastecimento estão em situação normal”.
A estiagem em rios e reservatórios de São Paulo, causada pela seca atípica, já provoca racionamento de água no interior e abre contagem regressiva para que a crise não se repita na Grande São Paulo. Enquanto a cidade de Valinhos, na região de Campinas, já começou a remanejar o fornecimento entre bairros, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou ontem cortes no abastecimento da Região Metropolitana só até o dia 15, quando se espera a volta das chuvas mais constantes e intensas.
O atual cenário já abriu uma disputa entre o comitê que representa as Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pela reserva de água do Sistema Cantareira, que atingiu ontem seu nível mais baixo para o período desde que foi criado, em 1974. As cidades do interior pediram oficialmente aos governos federal e estadual que a Sabesp deixe de usar 6.000 litros de água por segundo do banco de águas (uma reserva estratégica) para garantir o abastecimento da Região Metropolitana.
O pedido foi sugerido pelo Ministério Público Estadual na sexta-feira e aprovado pelo comitê das bacias do PCJ. Ele será analisado hoje pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), gestores dos recursos hídricos da Cantareira. Caso seja aprovado, a Sabesp, que pediu a manutenção da captação, terá de racionar o uso de água para os 8,8 milhões de pessoas da Grande São Paulo abastecidas pelo Cantareira, responsável por 47% da oferta da Região Metropolitana
Oficialmente, o comitê pediu uma quebra na regra de distribuição da água do Cantareira, impedindo que a Sabesp use nos próximos dias água do banco, criado para suprir o abastecimento no período seco de inverno, que vai de abril a setembro. Em períodos normais, esse banco estaria sendo recarregado pelas chuvas de verão. Pela regra de operação, com os níveis atuais dos reservatórios, 30 mil litros de água do Cantareira são enviados para a Grande São Paulo e 3 mil litros por segundo para o interior, em uma área com 5,5 milhões de moradores.
No limite
O engenheiro Francisco Lahoz, do órgão que aprovou o pedido, afirma que a Sabesp tem garantido o fornecimento dos 30 mil litros de água por segundo porque está usando a água reservada do banco. A Sabesp informou que não se pronunciaria sobre a proposta. “A medida tem como objetivo evitar o rebaixamento dos reservatórios para um nível menor do que 20%, que inviabilizaria a transposição de água entre eles e afetaria o fornecimento”, disse.
Ontem, Alckmin disse acreditar que o programa que dá desconto de 30% na conta para quem economizar ao menos 20% será suficiente para evitar o racionamento nesta primeira quinzena do mês. “Entendo que, com essa medida tomada, e se nós tivermos chuvas a partir do dia 15, será suficiente. Claro que isso vai depender da resposta da sociedade, que acho que é positiva. Veja que nós já tivemos isso em 2004 e houve uma boa resposta”, afirmou.
Multa
Enquanto nada é definido, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), determinou que a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento da cidade (Sanasa) estude medidas de incentivo à economia de água nos moldes do programa da Sabesp e já antecipou de julho para este mês o período em que é proibido usar água para lavar calçadas, sob pena de multa equivalente a três vezes o valor da última fatura de água. “Em razão da gravidade do momento, com a falta de chuvas e o calor intenso, decidimos tomar essa medida.”
A dona de casa Maria Ercília Freitas, de 74 anos, conta que o calor faz com que ela use mais água. “Não consigo mais ficar dentro de casa durante a tarde. Para dar uma refrescada, aproveitei para jogar uma água na calçada”, afirma ela, que agora pode ser multada se voltar a praticar a chamada “vassoura hidráulica”, quando é usada água para “varrer” o chão.
A capacidade nos reservatórios de água do Sistema Cantareira caiu abaixo dos 19% nesta quinta-feira (13) e pela primeira vez na história o nível chegou a 18,8%, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo(Sabesp). Para a empresa ligada ao governo de São Paulo, essa é uma situação crítica, mas que ainda não exige racionamento na capital.
Esta semana tem sido marcada por quedas diárias da capacidade dos reservatórios de água. No domingo (9), o nível chegou, pela primeira vez, abaixo dos 20%, a 19,8%. A Sabesp ofereceu 30% de desconto para quem economizar – apenas na capital, estão sendo economizados cerca de 500 litros por segundo, segundo a empresa.
Para a Sabesp, a falta de chuva e o calor recorde são os responsáveis pelo nível tão baixo do Sistema Cantareira. “O mês de dezembro de 2013 foi especialmente ruim: teve 62 milímetros de chuva, quando a média histórica é de 226 milímetros. Foi o pior dezembro desde que a medição começou a ser feita, há 84 anos”, aponta a companhia.
Em janeiro, as chuvas que normalmente chegam a 300 milímetros ficaram em 87,7 milímetros. “Além disso, tivemos o janeiro mais quente da história e, como não chove [o que ajudaria a baixar a temperatura], o consumo de água acaba se mantendo em nível elevado o dia todo”, destaca a Sabesp.
Os vazamentos na rede de abastecimento também prejudicam os reservatórios. O G1 criou um mapa interativo para que o internauta aponte onde esse problema está ocorrendo.
Problema localizado
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), comentou na tarde desta quinta-feira sobre a situação na Cantareira. “É um problema bastante localizado. Não tempos problemas na Guarapiranga, no Alto Cotia e nos demais sistemas de água”, disse.
O governador afirmou que uma reunião com a Sabesp nesta quinta irá discutir soluções para o abastecimento. “A Sabesp está estudando o volume morto da Cantareira. São 400 milhões de metros cúbicos de água que não são utilizados porque não tinha equipamento para chegar a essa profundidade”, afirmou. Ele acrescentou que a empresa na reunião deve apresentar quais equipamentos, qual o custo e o impacto desta retirada.
Histórico
Apesar de que, no dia 9 de fevereiro de 2004, o nível do Sistema Cantareira estava em 5,6%, a Sabesp informa “que os níveis foram revisados e, a partir de agosto daquele ano, uma regulamentação determinou que fossem incorporados volumes que antes eram considerados como reserva técnica”.
Portanto, a empresa não contava na medição os 20% que havia no reservatório. “Assim sendo, naquela época, o índice era de cerca de 25%, maior que o atual”, diz.
O sistema
Formado por quatro represas, o Sistema Cantareira é responsável por abastecer casas de mais de 8 milhões de moradores da Zona Norte, do Centro, de pequena parte da Zona Leste e de 11 municípios da Região Metropolitana de São Paulo (Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba, Santana de Parnaíba, São Caetano do Sul e parte das cidades de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André).
A Sabesp classificou o cenário como “preocupante” e anunciou no dia 1° um desconto de 30% para quem economizar água. Para quem quiser participar, a informação sobre o sistema que abastece a residência está disponível na conta de água.
“Nos demais [sistemas], mantém a tarifa normal, porque choveu na média e os sistemas se recompuseram”, disse a presidente da Sabesp, Dilma Pena, em entrevista coletiva. “Vamos ter um impacto no faturamento que ainda não mensuramos. E faremos a gestão disso.”
O desconto será válido de fevereiro a setembro, exceto para Santana de Parnaíba, onde a política vai de março a setembro, “por uma questão específica do sistema”, segundo Dilma.
A presidente da Sabesp também afastou a possibilidade de racionamento. “Não estamos pensando em racionamento. Ele não está no nosso radar”, disse. Segundo ela, o desconto deve vir já na próxima conta de água recebida pelos consumidores.
A estratégia é similar à usada em 2004, quando já houve desconto na conta para quem economizou água. Desta vez, no entanto, o consumidor pode ter um abatimento ainda maior. Quem diminuir o consumo em cerca de 20% terá 30% de desconto na fatura.
“Como tivemos um índice pluviométrico baixíssimo em janeiro, a Sabesp está adotando um incentivo econômico para que a população poupe água. O consumidor que reduzir 20% de seu consumo, tendo como referência a média dos últimos 12 meses, terá uma redução na tarifa de 30%. Isso tem um impacto significativo na conta de água. Como ele reduz o volume, e a estrutura tarifária é por faixa de consumo, então ele tem uma redução real ainda maior”, afirmou a presidente da Sabesp.
Dilma explicou que a média de consumo diário é de 161 litros por habitante na região metropolitana de São Paulo. A campanha pede que esse valor seja reduzido para 128 litros, ou cerca de 20%.
“É um incentivo econômico para que, nessa situação crítica, a população faça a adesão. Temos certeza que a população vai aderir e acatar o chamamento. Não dá para encher a piscina e tomar um banho de 30 minutos. Mas dá para fazer todas as atividades”, ressaltou.
A presidente da companhia explicou que o desconto real na conta dos consumidores que aderirem à economia pode ser ainda maior que os 30%, já que ele será aplicado sobre o valor já menor. “Com a redução, passa a haver uma tarifa de 30,9%. Mas, por mudar de faixa, a redução real será de 48%.”
A conta do cliente abastecido pelo Sistema Cantareira terá um informe com a meta de redução a ser atingida, segundo a Sabesp.
Saiba como economizar
Para economizar água, a Sabesp recomenda que o consumidor adote algumas atitudes diárias. Veja abaixo:
– Tome banhos rápidos e feche a torneira ao se ensaboar;
– Lave a louça de uma vez e feche a torneira ao ensaboá-la;
– Não lave a calçada nem o quintal, use a vassoura;
– Ao lavar o carro, use um balde;
– Acumule roupas para lavar na máquina de uma vez só;
– Deixe a torneira fechada ao escovar os dentes e fazer a barba.
Outro fator que colabora para o desperdício de água são os vazamentos. A Sabesp oferece um curso gratuito que ensina práticas simples para identificar possíveis problemas em instalações hidráulicas. O programa é aberto ao público em geral e é ministrado nos períodos da manhã e da tarde.
Os participantes recebem uma cartilha explicativa ilustrada e um certificado de conclusão.
Quem se interessar deve procurar a regional da Sabesp mais próxima de sua residência.
O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou um inquérito civil para investigar suspeita de favorecimento de empresas em contratos feitos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no programa de redução de perdas de água. A concessionária investiu cerca de R$ 1,15 bilhão entre 2008 e 2013 para diminuir o desperdício na rede de distribuição, mas não atingiu as metas estabelecidas pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Além da Sabesp, outras 13 empresas são alvo da apuração.
O inquérito foi aberto em abril pelo promotor Marcelo Daneluzzi, do Patrimônio Público e Social, em meio à crise de abastecimento do Sistema Cantareira. Além do índice de perdas de água acima da meta, revelado pelo Estado em fevereiro, o promotor considerou indícios de irregularidades nos contratos e informações obtidas a partir de uma denúncia anônima de um suposto ex-funcionário da empresa. Ontem, a Sabesp informou desconhecer o teor da denúncia (leia abaixo) .
Além da concessionária, as empresas representadas são: BBL Engenharia Construção e Comércio Ltda, Enops Engenharia Ltda, Enorsul Serviços em Saneamento Ltda, Ercon Engenharia Ltda, Etep Estudos Técnicos e Projetos Ltda, Job Engenharia e Serviços Ltda, Opertec Engenharia Ltda, OPH Engenharia e Gerenciamento Ltda, Cia Brasileira de Projetos e Empreendimentos (Cobrape), Restor Comércio e Manutenção de Equipamentos Ltda, Sanit Engenharia Ltda, Sanesi Engenharia e Saneamento Ltda, e VA Saneamento Ambiental Ltda.
A suspeita do promotor é de que tenha havido “direcionamento em favor dessas empresas, mediante exigências de certificação elaboradas por entidade de classe formada pelas próprias empresas” – no caso, a Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi). Para Daneluzzi, “a situação indica possível irregularidade administrativa, noticiando direcionamento contratual e absoluta falta de eficiência administrativa do programa”.
Entre 2008 e 2013, o índice de perdas de água na rede da Sabesp caiu 8,5%, de 34,1% do volume produzido para 31,2%. Apesar da redução, o índice que mede a quantidade de água desperdiçada entre a estação de tratamento e a caixa d’água dos imóveis, ficou acima da meta de 30,5% estabelecida pela Arsesp, que fiscaliza o serviço. A média nacional de desperdício efetivo é de 38,8%. Somente no ano passado foram perdidos 924,8 bilhões de litros, quantidade próxima da capacidade máxima do Cantareira: 981,6 bilhões
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou em nota que precisaria conhecer a origem das informações que deram base à abertura do inquérito pelo Ministério Público Estadual (MPE) para se manifestar a respeito e afirmou que “o índice de perdas físicas (vazamentos) da empresa é de 20,3%”.
“Com os investimentos do Programa de Redução de Perdas, nos últimos dez anos, o índice caiu 8 pontos porcentuais, enquanto a Itália tem índice de 29%, a França tem 26% e o Estado da Filadélfia (EUA) tem 25,6%. Existem também perdas que impactam o faturamento, como hidrômetros danificados, ligações irregulares e furtos”, informou a Sabesp.
A companhia disse que o Programa de Redução de Perdas de Água, criado em 2007, tem recursos previstos de R$ 5,9 bilhões para troca de ligações domiciliares, hidrômetros e redes de água e também serão pesquisados vazamentos não visíveis em 150 mil quilômetros de redes. Além disso, diz que tem contrato com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) para investimentos e transferência de tecnologia.
Em nota, A BBL Engenharia afirmou que os contratos celebrados com a Sabesp “foram executados no estrito rigor do escopo e dos prazos definidos nos instrumentos de contratação e com a alta qualidade que sempre caracterizou os serviços” da empresa e aguardará a oportunidade para esclarecer as questões levantadas.
A Cobrape afirmou ser “empresa com conhecida experiência em saneamento e recursos hídricos, e seus contratos com a Sabesp são diligentemente cumpridos”. Segundo a empresa, a Associação Brasileira de Ensaios não Destrutivos e Inspeção (Abendi) não é associação de classe nem é formada por empresas”, segundo indício levantado pelo Ministério Público.
O advogado da OPH Engenharia, Fabio Menna, afirmou que a empresa “se sente surpresa” com a notícia do inquérito e “se coloca à disposição para eventuais esclarecimentos”. Ele disse que a empresa é “idônea” e que “nunca sofreu qualquer tipo de sanção por irregularidades seja por infrações contratuais ou técnicas”.
O advogado da Enorsul, Marcelo Leonadro, afirmou que a empresa “trabalha exclusivamente na prestação de serviço técnico para idenfitifcar vazamento na rua e foi contratada por pregão eletrônico com preço fixado pela Sabesp”.
O sócio da Ercon Engenharia, Isaac Zingerevitz, afirmou que “nada tem a temer quanto a eventuais investigações referentes a serviços de detecção de vazamentos” e os resultados apresentados pela empresa à Sabesp “sempre foram a contento”. Procuradas pela reportagem, Enops, Etep, Opertec, Job Engenharia, Sanit, Sanesi, Restor e VA Saneamento Ambiental não se manifestaram.
Após relatos de falta d’água em diversos bairros da zona norte de São Paulo, a zona oeste também começou a registrar interrupções no abastecimento. Moradores e comerciantes da Lapa relatam problemas no fornecimento há cerca de três semanas. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), no entanto, nega a ocorrência de racionamento ou rodízio de água.
“Desde o último sábado, estamos com o abastecimento reduzido: apenas uma hora pela manhã e uma hora no fim da tarde. Estou tendo de driblar as caixas para manter os apartamentos com água”, afirma Luís Henrique Oseliero, síndico de um conjunto de duas torres residenciais na Rua George Smith, em que vivem cerca de mil pessoas.
No entanto, o trabalho do síndico não foi suficiente para manter todos os apartamentos abastecidos na manhã de ontem. “Um morador me ligou reclamando que não havia mais água e que ele teria de sair sem escovar os dentes. Mas já ligamos várias vezes para a Sabesp, e eles continuam dizendo que não há racionamento”, relata.
Nas quadras próximas ao condomínio, estabelecimentos comerciais enfrentam o mesmo problema. Em um bar da Rua 12 de Outubro, o abastecimento tem sido interrompido por volta das 18h, de três a quatro vezes por semana, segundo o gerente. “Até as 23h, ficamos com a água armazenada da caixa d’água. Depois, volta durante a madrugada”, diz Paulo Sérgio de Maria.
Ele afirma não ter procurado a Sabesp para saber o que acontece por acreditar que se trata de racionamento. “A gente sabe que é isso. E, como não chegou a faltar água na torneira ainda, não liguei. Mas as moças que trabalham nas lojas aqui perto estão reclamando muito”, relata.
Em uma padaria na Rua Clemente Álvares, o problema começou na semana retrasada. Segundo um dos proprietários do estabelecimento, que prefere não se identificar, o abastecimento costumava ser interrompido à noite, mas na terça-feira faltou água durante o dia. “Quando falta durante o dia, ‘me quebra as pernas’. O que todo mundo está falando é que não tem mais água na Lapa mesmo.”
Morador do Butantã, também na zona oeste, ele contou ainda que a Sabesp tem interrompido o fornecimento na sua casa diariamente, da 0h às 4h.
A companhia diz que, “por causa de manobras técnicas operacionais para a transferência de vazões dos Sistemas Guarapiranga e Alto Tietê para atendimento de alguns bairros, atualmente abastecidos pelo Sistema Cantareira, podem ocorrer eventuais momentos de desabastecimento, especialmente nos pontos altos”.
Previsão.
A Sabesp afirma que, com o uso do volume morto, a partir desta quinta-feira, somado à previsão de que haverá até setembro, período da seca, o mínimo de chuvas dos últimos 80 anos, será possível chegar até outubro, início do período de chuvas, sem a necessidade de decretar o racionamento de água na cidade.
Um aumento de 20 centavos no preço do transporte urbano em São Paulo deflagrou uma onda nacional de protestos que levou 2,5 milhões de pessoas às ruas em 438 municípios. Diante da turbulência do tráfego paulistano, sobretudo na hora do rush, muitos afirmam que a mobilidade é um problema insolúvel na capital.
Essa não é, porém, a opinião de Jorge Wilheim. Arquiteto e urbanista nascido na Itália, mas paulista- no desde 1940, o pesquisador acha que a situação urbana geral melhorou em São Paulo, embora a cidade onde mora e trabalha há 73 anos tenha muitos defeitos, a começar pelo crescimento desordenado.
Até por obrigação profissional – a relação dos cargos públicos que já ocupou inclui a Secretaria Municipal de Planejamento nas gestões dos prefeitos Mário Covas (1983-86) e Marta Suplicy (2001-04) –, Wilheim pensa São Paulo há décadas, sempre buscando respostas para problemas complexos. Em São Paulo: uma interpretação (Editora Senac, São Paulo, 2013), seu mais recente livro, dá um exemplo disso ao descrever a história da cidade, interpretá-la e apontar alternativas para melhorá-la.
No futuro, na década de 2020, Wilheim vislumbra a capital paulista como o centro de uma gigantesca metrópole que se estenderá a Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e São José dos Campos, por onde transitarão 26 milhões de pessoas diariamente. Ele vê com otimismo essa antevisão de megalópole.
As maiores manifestações de massa no Brasil tiveram como estopim um aumento da tarifa do transporte de São Paulo. A questão da mobilidade urbana, sobretudo a de São Paulo, chegou a um limite?
Sempre houve reações mais ou menos violentas quando ocorre um reajuste no custo da passagem, haja vista o “quebra-quebra” que deu origem a essa expressão, após um aumento na passagem do bonde em São Paulo na década de 1940. Não se trata só de atingir um limite, mas do fato de que o transporte atinge a vida de todos os cidadãos. O limite atingido hoje não advém só do custo do transporte. Constitui um índice de insatisfação que abrange e desperta manifestações de rechaço a muitos temas. Há riscos, mas também há oportunidades de mudanças desejáveis.
Há quem compare São Paulo a um paciente próximo de um enfarte.
Cidades não morrem, a não ser por catástrofes telúricas. Elas mudam.
O metrô é a melhor opção em São Paulo, mas sua cobertura é pequena e o serviço de ônibus, precário.
Transporte é um sistema em que se juntam diversos modos: pedestre, ciclista, motociclista, automóvel, ônibus, trólebus, bonde, metrô, trem. É imprescindível o entrosamento dos modais. O ciclista, por exemplo, deve poder estacionar com segurança sua bike no terminal de ônibus ou na estação de metrô. Dentro do sistema, o metrô deve ser implantado sob forma de malha, como uma rede em que os cruzamentos de linhas constituem estações de transferência. O atraso na montagem desse sistema está ligado à ausência de planejamento e à falta de vontade política. O metrô paulistano começou em 1968, graças ao então prefeito Faria Lima. No mesmo ano, a Cidade do México iniciou o seu. Atualmente, há mais de 200 quilômetros implantados lá; aqui, são pouco mais de 60 quilômetros.
Adianta reivindicar melhoras no transporte urbano vandalizando ônibus e estações de metrô?
Nada justifica vandalismo e destruição. Em movimentos de massas, porém, costumam acontecer oportunismos diversos, desde os políticos até os emocionais e os criminosos.
Qual a política necessária para a cobertura vegetal de São Paulo?
É fundamental ter formação de viveiros ou viveiros particulares contratados para selecionar boas mudas. Além disso, plantio adequado, vistorias frequentes e combate aos cupins.
Como lidar com o problema do ar?
A poluição atmosférica de São Paulo é causada sobretudo pela poeira levantada por 7 milhões de veículos. Do ponto de vista do dióxido de carbono, não estamos mal, porque a mistura do álcool na gasolina diminui a presença desse poluente. O diesel usado aqui ainda é de má qualidade, mas sua melhoria já está a caminho. A eletrificação de veículos seria uma medida importante! O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, o IPVA, deveria ser aumentado para veículos com motor a explosão.
Como lidar com as favelas e a falta de moradia?
A principal síndrome do subdesenvolvimento é a heterogeneidade econômica da população, isto é, a manutenção do grande e histórico distanciamento entre ricos e pobres. Embora tenha diminuído no Brasil nos últimos dez anos, essa brecha ainda é grande. Todas as políticas de desenvolvimento devem conter medidas para homogeneizar a renda das famílias e as oportunidades. As favelas são resultado da heterogeneidade da sociedade, da migração para as cidades grandes, pois só lá se encontram empregos e serviços, e do fato de que o migrante é um conquistador que precisa ancorar-se na cidade de qualquer jeito. A falta de recursos o induz a adquirir seu espaço ilegalmente, se acomodando em “áreas sem valor comercial”, várzeas que inundam, encostas que deslizam, áreas verdes que deixam de ser preservadas. O que fazer? Urbanizar as favelas existentes, proporcionar habitação para os que estão em área de risco, pagar melhores salários…
Gerar emprego na periferia para eliminar longas jornadas para o trabalho é utopia?
Muda-se esse quadro equipando com serviços e infraestrutura as periferias, de forma planejada, a fim de atrair empregos e investimentos privados.
O sr. foi um dos autores do Plano Diretor de São Paulo de 2002. Vários artigos não foram regulamentados. Por que não é cumprido?
Discordo. A lei não foi descumprida. Mas há que regulamentar o que deixou de ser feito. Deve-se prosseguir elaborando os Planos de Bairro em cada subprefeitura.
Estão se expandindo condomínios que tentam suprir todas as necessidades dos moradores. Por quê?
A promessa mercadológica de segurança é uma propaganda enganosa, pois o fechamento da área de condomínio resulta em segurança para o assaltante que lá penetra e fica à vontade. Deve-se proibir o fechamento de áreas privadas com altos muros (acima de 1,5 metro), pois criam um paredão, ruas feias e privatizam uma paisagem verde que poderia ser usufruída por todos. O conceito de grande área fechada é uma declaração de guerra à cidade como espaço público. Ele pretende declarar que “o resto” – isto é, as ruas e demais espaços públicos – não é de todos, mas sim de ninguém!
O sr. trabalhou com políticos diversos – Paulo Egydio Martins, Mário Covas, Marta Suplicy e Orestes Quércia. O que aprendeu?
Minha trajetória em cargos públicos foi acidental, porém coerente: militei contra a ditadura, apoiando a abertura (“lenta e gradual”) do período Ernesto Geisel e Paulo Egydio, como membro do MDB. Depois, como apoiador do PMDB (Covas, Quércia e Luiz Antônio Fleury) e por fim apoiando o PT (Marta Suplicy). Nas Nações Unidas, projetei e organizei a Conferência de Istambul sobre o futuro da cidade. Mas sempre fui convidado e nomeado por motivos técnicos. A política é um enorme aprendizado, com muita tensão.
Curitiba é tida como a cidade mais verde da América Latina. Ela tem avançado ou estagnou?
Curitiba foi governada por Jaime Lerner, mas seu Plano Básico foi implantado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, ambos criados em 1964 pela empresa Serete e pela Jorge Wilheim Arquitetos. Parte do verde curitibano é consequência do amplo vale do Rio Iguaçu. No entanto, é verdade – e mérito do Jaime prefeito – que vários parques foram equipados e mantidos. Hoje, o problema é a necessidade de mudança de escala: há uma região urbanizada metropolitana e não dá para deixar de rever alguns conceitos do Plano Diretor que já cumpriram seu papel. É preciso pensar de novo.
O sr. antevê uma macrometrópole integrando São Paulo, Campinas, Sorocaba, Baixada Santista e São José dos Campos, em 2020. O sistema não vai travar?
É preciso implantar o sistema de transporte sobre trilhos: o trem de alta velocidade (TAV ), mais a rede metropolitana da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os parques metropolitanos devem receber preservação e ser adequados ao uso. O saneamento deve considerar essa escala macrometropolitana, mas também deve buscar tecnologias que prescindam da construção de redes coletoras.
Existe um exemplo de macrometrópole funcional que permita bom nível de vida a seus habitantes?
Países que já atingiram uma boa homogeneidade social descentralizam-se com facilidade e têm qualidade de vida bem melhor. Na região da Grande Paris (França), no corredor entre Tóquio e Osaka (Japão) e na faixa entre Boston e Filadélfia (Estados Unidos), a qualidade de vida, em média, é melhor, embora também existam núcleos pobres.
Até que ponto os protestos públicos podem trazer benefícios concretos para as cidades brasileiras?
O que ocorreu e continuará a ocorrer no Brasil também ocorre em outros países: movimentos dos indignados na Espanha, os mais de 100 “Occupy” nos Estados Unidos, etc. Trata-se de sintomas da vontade e da possibilidade de mudança nos formatos existentes das práticas democráticas e da representatividade. São sintomas positivos, embora também possam conter riscos e desvios.
O Movimento Passe Livre (MPL) já marcou um outro protesto para a segunda-feira, 17, às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros. Uma outra manifestação, sendo divulgada no Facebook por três pessoas, foi agendada para esta sexta-feira, 14. O evento informa que a concentração será ás 17h, em frente à Rede Globo, no Itaim Bibi
A Justiça concedeu liberdade provisória a dez dos 13 presos em flagrante na manifestação contra o aumento de tarifas de transportes públicos na última terça-feira, 11, mediante o pagamento de fiança de dois salários mínimos (R$ 755 em São Paulo). O alvará de soltura poderá ser emitido ainda nesta sexta-feira, 14, caso os advogados dos presos provem o pagamento da fiança a partir das 11h. Depois o inquérito deve seguir para o Ministério Público, que decidirá se vai denunciá-los ou não.
Os dez – entre eles a única mulher do grupo, Stephanie Fenselau, de 25 anos, desempregada – foram presos em flagrante no 78ºDP por dano contra o patrimônio, formação de quadrilha e incêndio. “O mais importante da decisão obtida é que o juiz afirmou que não cabe a acusação de formação de quadrilha”, afirmou o advogado Alexandre Pacheco Martins, que defende o jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, de 27 anos.
Já o jornalista Raphael Sanz Casseb, de 26 anos, também preso no 78ºDP, foi preso por dano ao patrimônio e, portanto, tinha direito à fiança. Entretanto, até as 20h desta quinta-feira, ele não havia pagado o valor de R$ 20 mil estipulado pelo delegado do 78º DP, Severino Pereira Vasconcelos, e estava detido no 2º DP.
O Movimento Passe Livre (MPL) disse que já pagou, na tarde da quinta-feira, 12, a fiança de R$ 3 mil a Daniel Silva Pereira, de 20 anos, e Ederson Duda da Silva, de 26 anos, presos por lesão corporal, desacato e dano ao patrimônio no 1º DP. Segundo o MPL, o alvará de soltura chegou até a ser emitido quando os dois estavam presos no Centro de Detenção Provisória Belém 2, mas, antes da chegada do documento, eles foram transferidos para a penitenciária de Tremembé 2, no interior de São Paulo. “Esse fato não invalida o efeito do alvará de soltura, mas atrasa o processo de liberação dos detidos. Esse tipo de manobra é um fato grave e ilegal e o movimento, juntamente com os advogados está estudando que medidas podem ser tomadas para a denúncia”, afirmou o MPL, em nota à imprensa. Até as 20h desta quinta, os dois ainda estavam detidos no presídio de Tremembé 2.
Também foram levados ao Tremembé 2 o estudante Julio Henrique Cardial Camargo, de 21 anos, e o metalúrgico Willian Borges Euzebio, de 20 anos. Segundo a mãe de Camargo, Maria Cecília Fazzini Cardial, a decisão de transferência dos dois foi arbitrária. “Meu filho foi fichados no Presídio de Segurança Tremembé II sem ter sido julgado. Não há provas que comprovem que ele fez parte de uma quadrilha ou provocou um incêndio. Se ele fez algo errado, vai pagar. Mas também quero provas que apontem esses crimes e não há”.
Até as 20h desta quinta, todos os 13 ainda estavam presos. Stephanie Fenselau, de 25 anos, estava no CDP de Franco da Rocha e o autônomo Bruno Lourenço, de 19 anos, O publicitário Clodoaldo Almeida Silva, de 28 anos, o professor Ildefonso Hipólito Penteado, de 43 anos, o professor Rodrigo Cassiano dos Santos, de 24 anos, o estudante Andre Marcos Martins, de 26 anos, o jornalista Pedro Ribeiro Nogueira e o estudante Rafael Pereira Medeiros, de 20 anos, estavam no 2º DP. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM disse que o protesto contra aumento da tarifa em São Paulo está fugiu do controle: “Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer”.
Os manifestantes montaram barricadas de fogo na Consolação e na Rua Rego Freitas. O protesto terminou na Avenida Paulista, lugar que a PM tentou defender, mas os manifestantes chegaram por vias paralelas e não pela Rua da Consolação. As autoridades fizeram um cordão de isolamento e avançam pela via. Confrontos acontecem na esquina da Augusta e próximo ao MASP (Museu de Arte de São Paulo).
Não existe um número confirmado, mas ao menos 20 pessoas estariam feridas por causa dos confrontos com a PM paulistana. Somente a Folha de S. Paulo reportou que sete funcionários tiveram algum tipo de lesão.
Na região das ruas Consolação e Augusta, manifestantes e PM entraram em confronto. As autoridades usaram muitas balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Os populares revidavam aos ataques com pedras e fazendo barricadas.
Mais de 200 pessoas foram detidas pela Polícia Militar, segundo a Secretaria de Segurança. Segundo informações, eles portavam facas e combustível. No entanto, os manifestantes negam estas informações. A reportagem também constatou que pessoas portando vinagre, usado para neutralizar o efeito de bombas de gás lacrimogêneo, também foram detidas. Um policial alegou que os manifestantes foram revistados porque estariam “com um produto estranho”.
Outras pessoas foram detidas pela PM por causa da manifestação, mas os populares apontam para um abuso de poder da autoridade.
Segundo informações, os detidos portavam vinagre, que é usado para neutralizar o efeito do gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar. Na região central de SP, o comércio fechou as portas no começo da noite, momento em que os manifestantes começaram a tomar toda a frente do Teatro Municipal. Grupos menores estão espalhando lixo pelas ruas e ateando fogo, a exemplo do que foi feito após a repressão dos outros atos. Desde o começo da manifestação, a polícia acompanhou o ato com grande contingente e prendendo diversas pessoas.
Em reportagem da Folha de São Paulo, alunos do campus da PUC-SP da Rua da Consolação confirmaram o uso de bombas dentro do campus da faculdade. Segundo os mesmos, os artefatos eram lançados de fora para dentro. E uma repórter da TV Folha foi atingida por uma bala de borracha no olho e é uma das feridas do confronto na região dos Jardins.
No Rio de Janeiro, a manifestação está no centro da capital contra o aumento da passagem do ônibus. A polícia fluminense também age com força para tentar terminar com os protestos, mas sem sucesso. Nesta quinta-feira (13), as duas maiores cidades do país lutam contra a tarifa do transporte público.
Movimento Passe Livre confirma novo protesto para esta sexta-feira
O Movimento Passe Livre (MPL) já marcou um outro protesto para a segunda-feira, 17, às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros. Uma outra manifestação, sendo divulgada no Facebook por três pessoas, foi agendada para esta sexta-feira, 14. O evento informa que a concentração será ás 17h, em frente à Rede Globo, no Itaim Bibi. Apesar de alguns pequenos focos de hostilizada entre grupos reduzidos de manifestantes e a PM, a situação foi controlada pela polícia na região central de São Paulo.
Repórter é baleada no olho com bala de borracha em SP
Uma repórter do jornal Folha de S. Paulo foi baleada no olho com uma bala de borracha na noite desta quinta-feira durante protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo. Segundo Giuliana Vallone, da TV Folha, ela estava em um estacionamento na Rua Augusta quando uma viatura da Rota se aproximou em baixa velocidade e um PM que estava no banco de trás atirou contra ela.
Repórteres do Estado de S. Paulo também presenciaram ações questionáveis da Rota. Dois deles foram alvos de uma ação semelhante, na qual uma viatura se aproximou e disparou bombas de gás lacrimogêneo tentando acertá-los. Não havia conflito e nenhuma concentração de manifestantes na ocasião.
A Avenida Paulista está interditada nos dois sentidos. Policiais avançam em linha, fazendo um cordão de isolamento que ocupa todas as faixas dos dois lados. Confrontos se repetem a todo momento no cruzamento com a Rua Augusta, onde a PM dispersa os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás. A polícia tenta a todo custo evitar que os manifestantes se reagrupem.
A Secretário de Segurança Pública de SP, Fernando Grella, afirmou em nota que determinou que a Corregedoria da Polícia Militar apure episódios envolvendo fotógrafos e cinegrafistas durante a manifestação.
Anistia Internacional divulga nota sobre os ocorridos em São Paulo
“A Anistia Internacional vê com preocupação o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha.
O transporte público acessível é de fundamental importância para que a população possa exercer seu direito de ir e vir, tão importante quanto os demais direitos como educação, saúde, moradia, de expressão etc.
A Anistia Internacional é contra a depredação do patrimônio púbico e atos violentos de ambos os lados e considera urgente o estabelecimento de um canal de diálogo entre governo e manifestantes para que se encontre uma solução pacífica para o impasse.
É fundamental que o direito à manifestação e a realização de protestos pacíficos seja assegurado.” Protesto contra aumento das passagens de ônibus reúne 2 mil no Rio
Ao menos 2 mil pessoas participaram nesta quinta-feira de uma manifestação na avenida Rio Branco, uma das principais avenidas do centro do Rio de Janeiro, para protestar contra o aumento das passagens de ônibus que entrou em vigor há quase duas semanas.
O protesto, que aconteceu de forma pacífica, ocorre há dois dias do início da Copa das Confederações. O Rio é uma das seis cidades-sede do torneio.
Gritando palavras de ordem como “o Rio vai parar se a passagem não baixar”, os manifestantes exigiram a suspensão do aumento das tarifas nos transportes coletivos. No dia 1º de junho, a passagem de ônibus subiu de R$ 2,75 para R$ 2,95.
“Não aguentamos mais essa sucessão de aumentos, enquanto gasta-se bilhões com a Copa do Mundo”, disse a estudante Halux Maranhão, que segurava uma rosa branca.
O ator Gabriel Garcia, de 29 anos, disse que, apesar de a manifestação provocar transtornos à população, é um mal necessário: “quero viver numa cidade melhor, que respeita seus cidadãos”.
A advogada Viviane Villaça, 52 anos, aplaudiu o protesto: “a insatisfação é generalizada”.
O Brasil atravessa um período de tímido crescimento econômico e alta na inflação.
Na última segunda-feira, 10 de junho, outro ato contra o aumento dos ônibus já tinha ocorrido no centro do Rio.
Uma onda de protestos contra os aumentos nas tarifas de transportes coletivos acontece em todo o Brasil. Em São Paulo, onde os preços passaram de R$ 3,00 para R$ 3,20, manifestações reuniram mais de 2 mil pessoas nesta quinta-feira. Outros protestos na cidade esta semana deixaram vários feridos e detidos.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse, em 13/6/13, em Santos, que não vai reduzir as tarifas de transporte público e voltou a criticar as manifestações contra o aumento das passagens. Pela manhã, segundo informou o SPTV, o promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Ribeiro Lopes encaminhou à Prefeitura de São Paulo e ao governo do estado proposta de redução da passagem de ônibus, metrô e trem para R$ 3 durante 45 dias, conforme foi negociado com os manifestantes em reunião ontem.
“O reajuste foi menor que a inflação, tanto no ônibus da Prefeitura quanto no metrô e no trem. O objetivo é que os ganhos de eficiência e produtividade sejam transferidos ao usuário do sistema. Não pretendemos voltar atrás dessa decisão”, afirmou o governador.
Segundo o acordo entre o MP e os manifestantes, uma comissão seria formada por representantes dos governos, Movimento Passe Livre e promotores para discutir a viabilidade de manutenção da tarifa mais baixa. Se for aceita, os manifestantes prometeram não parar a cidade hoje, apenas fazer um ato em frente ao Teatro Municipal, no Centro de São Paulo.
Se depender da mobilização nas redes sociais, o protesto marcado para o fim da tarde desta quinta-feira em São Paulo contra o reajuste das tarifas promete ser ainda maior do que o de terça-feira, que deixou 85 ônibus danificados e uma estação do metrô e uma agência bancária depredados. A página oficial da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo na internet foi invadida na noite de quarta-feira. Hackers colocaram no site convocação para a manifestação de hoje.
O número de pessoas que confirmaram presença no perfil do Movimento Passe Livre (MPL) no Facebook ultrapassou 20 mil no início da manhã de hoje. No último protesto, na terça-feira, cerca de 12 mil pessoas haviam confirmado a presença, e cerca de 5 mil participaram segundo estimativa da Polícia Militar.
Se dependesse da mobilização nas redes sociais, o protesto de 13/6/13 em São Paulo, contra o reajuste das tarifas, promete ser ainda maior do que o de 11/6, que deixou 85 ônibus danificados e uma estação do metrô e uma agência bancária depredados. A página oficial da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo na internet foi invadida na noite de quarta-feira. Hackers colocaram no site convocação para a manifestação de hoje.
“Exigimos a redução da tarifa! Os supostos representantes devem ouvir a vontade do povo. Basta de políticos inócuos. Estamos acordados! Seus dias de fartura estão contados!”, dizia o texto. A secretaria retirou o site do ar. Outra mensagem agora informa que o site está em manutenção.
O número de pessoas que confirmaram presença no perfil do Movimento Passe Livre (MPL) no Facebook ultrapassou 20 mil no início da manhã de hoje. No último protesto, cerca de 12 mil pessoas haviam confirmado a presença, e cerca de 5 mil participaram segundo estimativa da Polícia Militar.
Segundo o site G1, agentes da Polícia Civil de São Paulo vão se infiltrar no protesto e rastrear a web para tentar identificar os manifestantes que depredaram e incendiaram ônibus e estações de Metrô na capital. Ainda de acordo com o G1, 30 manifestantes já foram identificados. Eles poderão ser responsabilizados pelos danos causados ao patrimônio público e privado e também serem enquadrados no crime de formação de quadrilha.
Também está marcado para às 17h de hoje outro protesto no Rio. Na capital fluminense, a concentração será na Cinelândia. Já em São Paulo o movimento terá início em frente ao Teatro Municipal.
A volta para casa em São Paulo também pode ser prejudicada pela greve dos ferroviários que paralisou três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e deixou quase 1 milhão de passageiros sem transporte.
Manifestantes se reuniram com o Ministério Público
Para tentar evitar o risco de mais uma noite violenta, o Ministério Público de São Paulo se reuniu ontem com representantes do MPL e dos governos municipal e estadual, chegando a uma proposta de acordo, com os seguintes termos: as manifestações em vias públicas seriam suspensas, mediante o retorno da tarifa de transporte de R$ 3,20 para R$ 3, por 45 dias.
Neste período, uma comissão formada por representantes dos governos, manifestantes e Ministério Público discutiriam a viabilidade de manutenção da tarifa mais baixa. Prefeitura e governo paulista não se manifestaram até ontem à noite sobre a proposta. Se for aceita, os manifestantes prometem não parar a cidade, apenas fazer um ato em frente ao Teatro Municipal, no Centro de São Paulo. As empresas de ônibus e a prefeitura e o governo de São Paulo ainda não se pronunciaram.
Os confrontos entre polícia e manifestantes que protestam contra o aumento das passagens do transporte público chamaram a atenção da imprensa internacional. O jornal espanhol “El País” relata que um Brasil pouco acostumado a ir às ruas protestar se levantou nas principais cidades do país. Afirma ainda que ônibus foram queimados e, em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin têm sido duros com os manifestantes e com os atos de vandalismo.
Uma repórter do jornal Folha de S. Paulo foi baleada no olho com uma bala de borracha na noite de 13/6/13 durante protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo. Segundo Giuliana Vallone, da TV Folha, ela estava em um estacionamento na Rua Augusta quando uma viatura da Rota se aproximou em baixa velocidade e um PM que estava no banco de trás atirou contra ela.
Repórteres do Estado de S. Paulo também presenciaram ações questionáveis da Rota. Dois deles foram alvos de uma ação semelhante, na qual uma viatura se aproximou e disparou bombas de gás lacrimogêneo tentando acertá-los. Não havia conflito e nenhuma concentração de manifestantes na ocasião.
A Avenida Paulista está interditada nos dois sentidos. Policiais avançam em linha, fazendo um cordão de isolamento que ocupa todas as faixas dos dois lados. Confrontos se repetem a todo momento no cruzamento com a Rua Augusta, onde a PM dispersa os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás. A polícia tenta a todo custo evitar que os manifestantes se reagrupem.
A Secretário de Segurança Pública de SP, Fernando Grella, afirmou em nota que determinou que a Corregedoria da Polícia Militar apure episódios envolvendo fotógrafos e cinegrafistas durante a manifestação.
“As manifestações estão criando um alarme especial. Nem mesmo diante dos grandes escândalos de corrupção política o povo nunca saiu às ruas”, afirma o texto do jornal, divulgado na quarta-feira. “Os preços dos transportes públicos no Brasil são muito altos em relação ao salário mínimo dos trabalhadores”, explica o “El País” ao leitor espanhol.
O jornal explica que as manifestações chegaram em um momento de crise na economia, com inflação alta, bolsa caindo e o dólar alcançando os R$ 2,20. E ressalta a preocupação da presidente Dilma Rousseff com as manifestações.
“A classe média, pouco acostumada no país a manifestações nas ruas, está aplaudindo as autoridades, que pediram mão dura da polícia contra as mobilizações que estão paralisando o tráfefo nas cidades que já são supercongestionadas”, diz o texto em outro trecho.
A situação da economia brasileira foi externada em outros veículos, para contextualizar as manifestações. O jornal inglês Finacial Times disse que as manifestações são um sinal de preocupação do Brasil com os preços. O “The Wall Street Jounal” afirmou que a mais recente série de protestos no Brasil se tornou violenta e lembra que cresce a tensão com o desemprego.
Ao relatar o protesto de terça-feira, o jornal argentino “Clarín” informou nesta quinta que os protestos em São Paulo tiveram seu momento mais violento, com 20 detidos, ônibus queimados, bombas de efeito moral, lixo e vidros espalhados pelas ruas. O jornal destaca ainda que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ordenou uma investigação sobre as manifestações.
A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo divulgou carta aberta ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao prefeito Fernando Haddad (PT) na qual classifica a violência como “inadmissível” e critica a Rota. A ONG de Direitos Humanos Conectas disse que “denunciará o caso aos relatores da ONU”.
A Rede Nossa São Paulo espera que o protesto sirva para melhorar o transporte público. “Estamos discutindo esse problema há anos, mas só o que vemos é a Prefeitura e o governo estadual gastando milhões em pontes e túneis para carros”, diz o coordenador de Democracia Participativa da Rede, Maurício Piragino.
Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace, também vê uma oportunidade real de conseguir mudanças nos transportes. “A tarifa foi apenas o estopim de uma demanda reprimida, que é a necessidade de um transporte coletivo melhor.”
No próximo ato, marcado para segunda-feira, 17, no Largo da Batata, além de criticar o aumento da passagem, os jovens também se posicionarão pelo direito de manifestação e contra a repressão policial. Até a noite de sexta-feira, 14, 122 mil internautas já haviam confirmado participação no protesto.
O comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, admitiu que não sabe “que dimensão e qual magnitude terá a próxima manifestação”. Mas afirmou que manterá a Tropa de Choque como uma “reserva estratégica” para atuar no protesto.
Pro bono
Um grupo de advogados criou um movimento no Facebook para angariar profissionais que possam atuar, pro bono, para entrar com habeas corpus em favor de manifestantes presos nos protestos. Até as 20h desta sexta-feira, 14,, mais de 3 mil advogados e estudantes de Direito já haviam se colocado à disposição das ações.
Os protestos nas ruas do País, que incluem de manifestações por tarifa zero a queixas contra a Copa-14, chamaram a atenção da mídia internacional. Com foco na discussão política e econômica, há uma clara dúvida sobre a motivação dos participantes.
“Dilma ya tiene sus indignados”, destacou o jornal espanhol El País. A análise de Juan Arias assinala que não se trata de uma marcha contra a corrupção política ou a impunidade, mas de uma nova forma de manifestação. O diário espanhol procura medir “o risco de aumentar uma tarifa em 20 centavos” e levanta a hipótese de que os protestos tenham relação com a necessidade das pessoas de se tornarem “protagonistas” do crescimento do País, forjando um futuro menos desigual.
As imagens da manifestação em São Paulo se tornaram um fenômeno. Entre as notícias e imagens internacionais mais compartilhadas do francês Le Monde estavam as do protesto na capital paulista. As cenas de violência policial ganharam os sites e os jornais das grandes redes, como a CNN, e mereceram destaque até em diários políticos, como o inglês Financial Times e o americano The Wall Street Journal. Já a rede BBC destacou uma frase do governador Geraldo Alckmin, ressaltando que a ação dos policiais foi “profissional”.
Papa e Copa. Mas a maior parte dos diários, em papel e em suas versões eletrônicas, preferiu não avançar sobre a motivação das manifestações. A maioria destacou, ao lado das imagens de confronto em São Paulo, o protesto contra a tarifa no Rio – sempre citando o fato de que a capital fluminense receberá neste mês a Copa das Confederações da Fifa e, em 2014, a Copa do Mundo.
O Clarín, da Argentina, por exemplo, destacou que São Paulo teve outra noite de “protestos e violência”, com mais de 240 detidos e dezenas de feridos. O diário informou que “o governo da presidente Dilma Rousseff ofereceu ajuda à polícia de São Paulo por meio do ministro de Justiça, José Eduardo Cardozo”. Por sua vez, o La Nación informou que “a polícia enfrentou com violência milhares de jovens que protestavam contra o aumento das tarifas de transporte, em meio a correria, gás lacrimogêneo, lixo queimado, balas de borracha e uma chuva de pedras”.
Já o jornal uruguaio El País publicou em seu site que a cidade de São Paulo viveu uma “batalha campal” em suas ruas. Na internet, o periódico também frisou a proximidade de grandes eventos. “Os protestos ocorrem quando o Brasil se prepara para a visita do papa Francisco, no mês que vem.”
A mobilização iniciada em torno do aumento da tarifa de ônibus ultrapassou as fronteiras do Brasil. Dezenas de manifestações estão sendo organizadas em outros países, em apoio aos protestos realizados em São Paulo, principalmente depois do ato de quinta-feira, 13, marcado pela ação violenta da Polícia Militar. Há eventos marcados pelo Facebook em pelo menos 27 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.
A organização dos atos é comandada por brasileiros que moram fora e muitos já têm a confirmação online de milhares de pessoas, como é o caso do ato organizado em Dublin, na Irlanda. Marcado para as 13 horas de domingo, 16, o evento tinha, até as 22h50 de sexta-feira, 14, a confirmação de 1.353 pessoas. “Não podemos ficar parados enquanto o Brasil está em luta. Em apoio a todos os brasileiros, vamos sair do Facebook e fazer uma marcha aqui em Dublin”, anota o descritivo do evento.
Uma das organizadoras, a catarinense Andréa Cordeiro, de 32 anos, diz que tem acompanhado as manifestações no Brasil com atenção. “Ficamos chocados com as ações da polícia. É uma junção de coisas: não só o aumento de uma passagem, mas todo um sistema falho”, diz ela sobre os motivos da convocação. Andréa morou em São
Paulo por 22 anos e passa uma temporada em Dublin para aperfeiçoar o inglês.
Essa não é a primeira vez que ela se envolve em manifestações na Irlanda sobre temas polêmicos do País. “Organizamos o movimento contra o (deputado Marco) Feliciano. O cartaz era: não estamos no Brasil, mas Feliciano não nos representa.” O protesto começará no Monumento da Luz e seguirá até o Brazilian Day.
Participantes já planejam carregar cartazes e se vestirem com as cores da bandeira.
Muitas das manifestações convocadas pela rede social estão ligadas ao evento chamado Democracia Não Tem Fronteiras. Em geral, os atos estão marcados para terça-feira, dia 18. Além de Dublin, cidades como Paris (França) Madri (Espanha), Bruxelas (Bélgica), Vancouver (Canadá) e Buenos Aires (Argentina) tiveram atos agendados.
Na Alemanha, das quatro cidades onde estão agendadas manifestações, a maior é a de Berlim. Até sexta-feira, 14, havia 1.206 confirmações. A chamada para o evento compara os acontecimentos de São Paulo com a revolta ocorrida na Turquia.
Pelo menos oito pessoas morreram e cinco ficaram feridas em mais uma noite de
violência na região metropolitana de São Paulo. Entre as vítimas, está uma
criança de um ano.
Estes crimes começaram ao final da noite de
quinta-feira e prolongaram-se pela madrugada num período de 10 horas. Desde
quarta-feira, já morreram 16 pessoas e 17 ficaram feridas no estado de São
Paulo.
Em São Bernardo do Campo, um dos seis tiros disparados contra um
veículo na noite de quinta-feira matou uma criança de um ano. Quando voltava do
supermercado com a mãe e o padrasto, o menino foi ferido no pescoço por um homem
que passava pelo casal num carro.
Na zona leste de São Paulo, um
segurança de 47 anos foi morto a tiro por dois homens que seguiam numa mota.
Segundo a polícia, a vítima foi confundida com um polícia militar quando voltava
para casa depois do trabalho.
Ainda na noite de quinta-feira, um homem
de 34 anos foi esfaqueado e morto, na região central de São Paulo. O homem terá
sido ferido por desconhecidos e entrou a correr na estação de autocarros, onde
caiu numa das plataformas. As pessoas presentes chamaram a Unidade de Suporte
Avançado, mas a vítima já estava morta.
Na zona sul de São Paulo, um
homem morreu durante uma alegada troca de tiros com polícias militares dentro de
uma escola pública. O suspeito terá atirado contra uma viatura e, na tentativa
de fugir à polícia, invadiu o estabelecimento de ensino.
Já na zona
metropolitana de São Paulo, dois homens armados mataram uma pessoa e feriram
outra ao início da noite. As vítimas foram atacadas quando chegavam a casa. Os
homens surgiram de mota, atiraram e fugiram, sem roubar nada.
Desde o
início do ano, pelo menos 92 polícias foram assassinados no estado de São Paulo.
Dessas vítimas, 18 estavam reformados e três estavam em serviço. Além disso, o
estado continua a enfrentar um grande índice de violência. Segundo dados da
Secretaria de Segurança Pública, só na capital houve um crescimento de 102,82%
no número de homicídios no mês de Setembro, em comparação ao mesmo período do
ano passado.
No dia 15 de novembro, os familiares de polícias mortos
manifestaram-se na região central de São Paulo. A manifestação seguiu até ao
cemitério de Araçá, onde fica o mausoléu da Polícia Militar
Para combater a onda de violência em São Paulo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), definiram, em 6/11/12, após encontro no Palácio dos Bandeirantes, seis áreas de cooperação entre as esferas estadual e federal. Uma das principais iniciativas é a criação de uma agência para coordenar, de maneira integrada, as ações de inteligência das polícias estadual e federal no combate ao crime organizado. “As organizações criminosas não tem fronteiras. É fundamental participarmos juntos”, ressaltou o governador. Já o ministro destacou a importância do trabalho conjunto no setor de inteligência: “Não se combate o crime organizado sem inteligência.”
As outras áreas de cooperação entre o governo federal e o de São Paulo envolvem a administração penitenciária – com a possibilidade da transferência de presos para presídios federais -; a contenção do crime organizado por ações empreendidas por vias rodoviária, marítima e aérea; o enfrentamento ao crack; cooperação das polícias científica e pericial, além da criação de um centro de comando dessas ações integradas.
Para detalhar as ações que serão desenvolvidas em conjunto pelos dois governos, uma nova reunião está agendada para a próxima segunda-feira (12), na capital paulista, com representantes do governo estadual e do ministro da Justiça.
José Eduardo Cardozo afirmou que não serão enviadas tropas federais para São Paulo, ressaltando que mais de 130 mil policiais já atuam no Estado. A ação integrada entre as inteligências dos dois governos tem por objetivo a produção de protocolos para “asfixiar financeiramente o crime organizado”, ressaltou o ministro da Justiça. “Juntos, os governos estadual e federal são muito mais fortes no combate ao crime organizado”, emendou o governador.
Além de Cardozo e Alckmin, participaram do encontro desta terça-feira, no Palácio dos Bandeirantes, os secretários Sidney Beraldo (Casa Civil), Antonio Ferreira Pinto (Segurança Pública) e Lourival Gomes (Administração Penitenciária), além de membros da cúpula das polícias Federal, Militar e Civil e representantes do Ministério Público e da Administração Penitenciária.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, levou à reunião de 6/11/12 com o governo de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, um relatório de inteligência da Polícia Federal com raio X do PCC. Cardozo oferecerá ainda 300 vagas em presídios de segurança máxima. Já o Estado pretende usar essas vagas para o envio de criminosos que se envolverem em mortes de agentes públicos – neste ano, já foram assassinados 90 PMs e 3 agentes penitenciários.
Quatro unidades – Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR) – totalizam 832 vagas, das quais 500 estão ocupadas. A unidade com mais vagas disponíveis é Mossoró. É também a mais odiada pelos detentos – nesta época, o calor lá passa dos 35°C e recentemente houve problema de abastecimento de água.
O governo federal espera por uma lista de criminosos que o Estado pretende isolar. A partir daí, será feita a logística da transferência em um prazo mínimo de 48h a 72h. A União também oferecerá apoio logístico e de inteligência, por meio de técnicos da Receita e do Sistema Brasileiro de Inteligência (Abin).
Há expectativa, não confirmada, de que o chefão criminoso Marcos Camacho, o Marcola, seja incluído na lista. Ele comandou em 2006 a última grande onda de violência desencadeada em São Paulo, com a ajuda de outros líderes dentro dos presídios estaduais.
Na ocasião, ele e outros criminosos foram transferidos para presídios de outros Estados, mas a ação resultou em mais violência porque os bandidos continuaram fazendo as ordens chegarem aos comparsas. Caso a transferência ocorra, será a primeira vez que detentos paulistas serão isolados em bloco nos presídios federais. O relatório a ser entregue pelo governo federal mostra o modo de atuação do grupo hoje, como ele faz circular seus recursos e um perfil dos seus principais líderes dentro e fora das prisões.
Estrutura
Dotados de modernos equipamentos de vigilância e controle, os presídios federais são considerados fortalezas quase inexpugnáveis. Até agora, não houve nem sequer um caso de fuga ou rebelião nem registro de detento comandando ações de dentro da cela.
Nesses presídios, os detentos só têm contato com advogados, nos parlatórios, e com o cônjuge, nas visitas íntimas.
A revista e o controle são tão rigorosos que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez queixa formal ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra juízes que têm autorizado a interceptação do contato de advogados com clientes. Há câmeras espalhadas por todo o espaço penitenciário e até os contatos de agentes carcerários e presos são gravados.
Nesta terça-feira, ocorrerá a primeira reunião entre autoridades federais e estaduais após o bate-boca público entre Cardozo, que diz ter oferecido ajuda federal a São Paulo em reunião em junho, e o secretário de Estado da Segurança paulista, Antônio Ferreira Pinto, que alega que a visita foi só de cortesia.
A troca de farpas só terminou com a intervenção da presidente Dilma Rousseff, que telefonou para Alckmin e combinou com ele a articulação de um plano de segurança, com tropas federais e estaduais juntas, como ocorreu no Rio e em Alagoas.
Diante da gravidade da situação, Cardozo mobilizou toda a cúpula do ministério para a reunião. O diretor-geral da PF, Leandro Coimbra, teve de cancelar participação no encontro anual da Interpol, em Roma, para estar em São Paulo. Também foram convocados os diretores da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice do Nascimento, e do Departamento Penitenciário, Augusto Rossini, além da secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki. As informações são do jornal
No início da madrugada de 6/11/12, na Rua Alberto Buriti, na Favela do Jardim Carumbé, região da Vila Brasilândia, dois homens em uma moto abriram fogo contra um grupo de pessoas reunido em frente a um bar. Parte das vítimas foi socorrida por testemunhas; as demais, por policiais militares. Duas foram encaminhadas para o pronto-socorro do Hospital Geral de Taipas, onde morreram. Para o Hospital de Vila Penteado foram levadas as outras duas. Apenas uma sobreviveu. Com esse crime, registrado no 72º Distrito Policial, da Vila Penteado, sobe para 13 o número de chacinas ocorridas na Região Metropolitana de São Paulo neste ano, com um total de 41 mortos.
Ainda na mesma região, cerca de três horas antes, três pessoas foram feridas a tiros na Rua Antonio de Almeida Viana. Atendidas no pronto-socorro João Paulo, duas delas morreram. Uma das vítimas seria o filho de um ex-policial militar, porém a informação ainda não foi confirmada. Um adolescente 17 anos é o único sobrevivente e passou por cirurgia no Hospital de Vila Penteado. O duplo homicídio também foi registrado na delegacia de Vila Penteado.
Uma hora depois, na altura do nº 1.600 da Rua Joaquim Afonso de Souza, na Vila Cachoeirinha, zona norte da cidade, dois jovens, ambos filhos de um ex-policial militar das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), foram perseguidos e baleados por ocupantes de um veículo, cujas placas e modelo não foram anotados. Tiago de Souza Ferrão, de 27 anos, e Diego de Souza Ferrão, 22, e um amigo deles, que saiu ileso, ocupavam um Corsa preto. Tiago e Diego foram atendidos no pronto-socorro Santana, mas apenas o segundo sobreviveu e foi transferido para o pronto-socorro do Mandaqui. Os dados da ocorrência foram registrados também no 72ºDP.
Por volta das 21h, testemunhas ligaram para a Polícia Militar informando que vários tiros haviam sido disparados na Rua Porto Seguro, no Bom Retiro, região central da cidade. Ao chegarem no local, os policiais encontraram dois homens caídos na rua em frente ao imóvel nº 98. Ambos foram levados pelos policiais para o pronto-socorro Santana. Segundo a Polícia Civil, até ao final da madrugada, ambas as vítimas permaneciam internadas, mas o estado de saúde delas não foi informado. O caso foi registrado no 8º Distrito Policial, do Brás/Belém.
Um agente penitenciário de 47 anos foi morto a tiros na noite de 4/11/12, em Guarulhos, na Grande São Paulo, segundo a polícia. O irmão dele também foi baleado. Além do agente e de seu irmão, pelo menos 13 pessoas foram baleadas – três delas morreram – em casos registrados entre a noite deste domingo e a madrugada desta segunda-feira, 5, na capital e na região metropolitana de São Paulo.
O homem estava com o irmão e a cunhada no cruzamento da Rua Sarutaia com a Avenida Brigadeiro Faria Lima e teve o carro fechado por homens em duas motos por volta das 21h, de acordo com a 1º Delegacia Policial de Guarulhos. O irmão também foi atingido por disparos, mas foi socorrido e não corre risco de morte. A cunhada não foi atingida, ainda segundo a polícia.
Mais violência
Um policial à paisana foi ferido a tiros na noite deste domingo na Avenida Belmira Marin, no Grajaú, Zona Sul de São Paulo. De acordo com policiais da 4ª Companhia do 27º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento da área, o policial estava de folga e teria tentado impedir um assalto quando foi atingido. Ele foi socorrido ao Hospital do Grajaú para ser submetido a cirurgia e transferido para o Hospital Militar, segundo os policiais.
De acordo com a 47ª Delegacia Policial, no Capão Redondo, três homens levaram disparos de dois suspeitos que estavam em uma moto na região do Jardim São Luiz, Zona Sul da capital, no fim da noite do domingo. As vítimas, de 17, 19 e 24 anos, não têm passagem pela polícia e foram transferidos para dois hospitais da região. A polícia ainda não sabe a motivação do crime.
Outras quatro pessoas foram baleadas na Rua General Syzeno Sarmento, no Rio Pequeno, Zona Oeste de São Paulo. Todas as vítimas foram levadas para o hospital universitário. Uma delas não resistiu.
Na Vila Medeiros, na Zona Norte, dois homens de 19 e 22 anos passavam pela Rua Igaraí quando foram baleados. O criminoso estava em um carro e fugiu. Até o início da manhã desta segunda-feira, não havia informações sobre o estado de saúde das vítimas.
Na região do Ipiranga, na Zona Sul, uma menina de 10 anos e um suspeito morreram em uma tentativa de assalto na Avenida das Juntas Provisórias, na noite deste domingo. Um vigilante que passava de moto pelo local ficou ferido. A garota estava no carro com os pais quando foi atingida por uma bala perdida no tiroteio entre os criminosos e um policial militar que presenciou uma tentativa de assalto. O caso foi registrado na 26º Distrito Policial, no Sacomã, e passado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Pelo menos 10 pessoas foram mortas e nove ficaram feridas entre a noite do dia 2 e a madrugada do dia 3. Entre os feridos está um policial militar, que estava de moto e foi atingido por tiros na Avenida Dr Zuquim, na Zona Norte. Ele estava fardado. Segundo a PM, ele foi socorrido ao Hospital da Polícia Militar. Os criminosos fugiram.
Em São Bernardo do Campo, dois homens e uma mulher foram baleados na Rua Alvarenga Peixoto, por volta de meia noite. Os dois homens morreram. Pouco antes, no bairro Alves Dias, um homem foi morto a tiros na Rua Campina Grande. Às 2h30m, cinco pessoas que estavam num bar foram baleadas e ficaram feridas.
Três homens foram mortos em confronto com a Polícia Militar na Rua Japão, por volta de 21h. Segundo os policiais, eles estavam em um carro roubado e não atenderam a ordem de parada. Foram apreendidos dois revólveres e uma metralhadora.
Na capital, na Vila Carmosina, na Zona Leste, um prédio onde moram policiais militares foi alvo de tiros. Uma pessoa que estava no condomínio foi baleada e morreu. No bairro do Campo Limpo, na Zona Sul, um homem também foi ferido a tiros
No Embu, os corpos de dois homens foram encontrados na Rua Guaíba. Eles também foram executados. Em Santo André, um homem e um menor foram baleados Vila Guiomar. O adulto morreu.
Desde janeiro passado, 89 policiais militares foram mortos em São Paulo.
Nesta sexta-feira, o governador Geraldo Alckmin anunciou a ampliação da Operação Saturação, da Polícia Militar, nas periferias da capital, que consiste em colocar um grande efetivo de policiais dentro de comunidades.
– A Operação Saturação continua. Começamos em Paraisópolis, com prisão em flagrante de quase 20 criminosos, armamento pesado e drogas. Depois fizemos Campo Limpo, Capão Redondo e São Remo. Essas operações vão continuar – afirmou o governador.
A primeira área a ser ocupada foi a favela de Paraisópolis, a segunda maior da capital e considerada o ponto mais rentável do tráfico de drogas em São Paulo, por estar encravada no Morumbi, bairro nobre da cidade.
A última vez em que governos federal e estadual fizeram uma parceria na área de segurança pública foi em 2006, quando a facção criminosa que controla as penitenciárias paulistas realizou uma série de ataques contra policiais e civis em São Paulo.
Com isso, o número de homicídios na cidade de São Paulo cresceu 95,65% em setembro deste ano na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foram 135 ocorrências no mês passado ante as 69 registradas em setembro de 2011. As estatísticas criminais fazem parte do balanço divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo.
O registro de crimes desse tipo vem crescendo na capital nos últimos três meses. Houve um amento de 46,7% no número de homicídios na comparação entre julho (92 casos) e setembro deste ano (135). Em agosto, que registrou 106 casos do tipo, na comparação com julho, o índice havia crescido 15,2%.
A cidade de São Paulo também teve considerado aumento no número de latrocínios, o roubo seguido de morte. Foram quatro ocorrências em agosto contra 13 em setembro deste ano, uma elevação de 225%. Em setembro do ano passado também foram registrados quatro casos de latrocínio.
Em todo o estado, os latrocínios cresceram 14,78% nos primeiros nove meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2011. Foram registradas 264 ocorrências desse tipo de crime em 2012, ante as 230 no ano passado. Os homicídios dolosos no estado, no mesmo período, subiram de 3.069 no ano passado para 3.329 este ano, um crescimento de 8,47%.
A divulgação do aumento da violência em todo o estado ocorre numa semana em que a Grande São Paulo registrou pelo menos 14 assassinatos, sete deles somente nesta madrugada – um contra um PM. Além de mortes nas zonas Leste, Norte e Sul da capital, foi registrado de quarta para quinta-feira também um assassinato em Itaquaquecetuba, na região metropolitana. Um PM reagiu e matou um suspeito que o perseguia. Outras onze pessoas ficaram feridas a tiros nesta madrugada.
Do início do ano até agora, 85 PMs foram mortos em todo o estado; 64 estavam de folga. A última morte de um PM aconteceu em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, nesta madrugada. A vítima, que estava de folga, foi assassinada por dois homens que chegaram disparando em uma moto, no momento em que parou em um bar para tomar um refrigerante.
– Você tem momentos de maior tensão, de enfrentamento. O que o governo não vai fazer é omissão. Tem reação, vamos enfrentar a reação – disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que acrescentou que a polícia prendeu 117 suspeitos de ataque contra alvos policiais.
Alckmin tentou, ainda, explicar a escalada da violência e disse que a política é de “tolerância zero”.
– Você tem casos de briga de quadrilhas, você tem acertos de contas, briga por ponto de droga. O governo investiga. Tolerância zero, não há nenhuma hipótese de tolerância com desvio de conduta – disse.
Dois moradores de rua em São Paulo, um homem e uma mulher, encontraram sacos plásticos com R$ 20 mil em dinheiro numa calçada durante a madrugada do dia 9/7 e os entregaram à Polícia Militar. O caso está sendo registrado no 30º Distrito Policial, no Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista. A informação foi divulgada nesta segunda pelo Bom Dia São Paulo.
Segundo a PM, os moradores de rua passavam pela Radial Leste quando ouviram o alarme de uma empresa de ferragens disparar. Em seguida, foram verificar do que se tratava e encontraram um malote e um saco plástico de lixo repletos de envelopes com dinheiro. Eram cerca de R$ 17 mil em notas e R$ 3 mil em moedas.
De posse do dinheiro, os moradores de rua procuraram um segurança da empresa e pediram para ele chamar a PM. “Quando chegamos, os moradores nos entregaram o dinheiro. Verificamos que pode se tratar de dinheiro que foi roubado de um restaurante japonês, na semana passada”, disse ao G1 o tenente Bruno dos Santos Pedro, do 8º Batalhão da PM.
O morador de rua que junto com a esposa encontrou a quantia contou que se lembrou da mãe ao decidir acionar a polícia para devolver o dinheiro. “A única coisa em que eu pensei foi ficar ali e acionar o 190. Quando os policiais chegaram e viram a quantia não acreditaram que eu estava devolvendo o dinheiro. Eu parei para pensar no que minha mãe falou para mim, para nunca roubar nada que é dos outros”, disse ao Bom Dia São Paulo.
Em seus dez anos de profissão como policial militar, o tenente disse à equipe de reportagem que nunca havia presenciado a devolução de tanto dinheiro. “Os moradores de rua, que passam dificuldades financeiras, tiveram oportunidade de se evadir com dinheiro, mas chamaram segurança e pediram para chamar a Polícia Militar. O que eles fizeram é plenamente louvável. É o que se gostaria de poder esperar de todo cidadão, mas não é o que geralmente acontece”, disse Santos Pedro.
O morador de rua afirmou ao Bom Dia São Paulo que pediu para o segurança chamar a polícia porque a mãe dele ensinou que ele nunca deve ficar com algo que não é dele.
Com a crise na zona do euro, aumentou em 80% o número de europeus presos no Estado. Quem puxa as estatísticas para cima são, na maioria, desempregados que aceitaram propostas de quadrilhas para vir ao Brasil e voltar para casa carregando cocaína. Pelo trabalho de “mula” do tráfico, receberiam quantias em torno de 10 mil euros (R$ 23 mil). A viagem acaba sendo só de ida para os que são flagrados no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
“Anteriormente, havia muitos presos de países mais pobres, mas ultimamente há um grande número de pessoas de países desenvolvidos”, observa o procurador da República Vicente Mandetta, que atua em Guarulhos.
Em dezembro de 2008, antes de estourar a crise na Europa, havia 264 detentos europeus no Estado. Em 29 de fevereiro deste ano, eram 476, segundo a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária. O número de “mulas” de passagem por Guarulhos pode ser bem maior, avalia o procurador. “Se continuam vindo, apesar de tantas prisões, é porque ainda é lucrativo e muitos outros devem passar”, afirma.
No esquema do tráfico, o alto valor da cocaína na Europa compensa eventuais perdas com a prisão de algumas pessoas. O quilo da droga, que sai a 1.500 euros na Bolívia, chega a 40 mil euros do outro lado do Atlântico.
Com índice geral de desemprego de 23% e taxa de cerca de 50% entre os jovens, a Espanha é o país europeu que mais tem presos no Estado, um total de 115. O segundo lugar na lista é dos portugueses, com 74 detentos. Segundo a Polícia Federal, os dois países ibéricos são a principal porta de entrada para a cocaína transportada diretamente do Brasil para a Europa.
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