Em busca da alma gêmea
por Maria Silvia Orlovas

Fico impressionada com os sacrifícios que as pessoas fazem em
nome do amor. Também eu já fui obstinada na busca do meu parceiro. Queria um
amor ideal, até porque já tinha sofrido tanto no primeiro casamento que achava
natural não querer mais sofrer. Aliás, quem quer sofrer?

Mas quando
falamos em relacionamento sempre pensamos em karma, e em resolver nosso karma
para sermos felizes. O que acho natural. O que não acho natural é abrir mão
daquilo que acreditamos em busca de se dar bem com alguém.

Nesta semana,
recebi duas mulheres e um rapaz com a mesma dor de amor, o que me chamou atenção
para este assunto tão importante e polêmico que é o encontro de almas. Eram
pessoas jovens, bonitas, dinâmicas, inteligentes, mas emocionalmente abaladas
por causa dos desencontros. A primeira se apaixonou, largou a família e foi
viver a vida do namorado; o segundo era um rapaz fugindo de uma relação
complicada com uma mulher casada, casou-se com outra, mas não esqueceu o
primeiro amor e, a ultima, fazia de tudo para cuidar do namorado. O que havia em
comum nessas histórias e pessoas diferentes era o desejo de encontrar a alma
gêmea e a disponibilidade de fazer qualquer sacrifício por amor e, ao mesmo
tempo, o desejo de fugir do sofrimento. E todos estavam muito sofridos
exatamente por terem se rebaixado demais, correndo atrás de satisfazer qualquer
capricho do outro… e cada um estava do seu jeito, tentando dar certo.

O
que pergunto a você, amigo leitor, é até que ponto podemos abrir mão das nossas
crenças por amor? Até que ponto podemos deixar de fazer coisas, ou fazer coisas
para agradar o outro passando por cima de nós mesmos?

Claro que o amor
exige concessões. Como em qualquer associação, temos muito o que aprender,
trocar, ajudar e compartilhar com o outro, mas não podemos apenas dar. E não
devemos criar dependências, porque enquanto estivermos presos em relações
complicadas, cheias de carências e mágoas, estaremos longe da nossa alma
gêmea.

Aliás alma gêmea deve significar também alguém semelhante a nós,
companheiros na jornada, e não apenas um encontro romântico. Acredito, sim, em
alma gêmeas, assim como acredito também em evolução, em aprimoramento, em
crescimento espiritual. Tudo isso nós podemos e devemos fazer por nós mesmos
para nos preparar para um encontro mais luminoso.

Tenho certeza que
quando nos cuidamos, aprendemos, evoluímos naturalmente estaremos atraindo
alguém que também está trilhando esse caminho. Acredito também que temos vários
possíveis parceiros na caminhada, e que, ao longo da vida e da mudança da nossa
vibração, essas pessoas são trazidas para nós. Assim podemos encontrar uma alma
companheira vibrando num amigo, numa amiga, num irmão, e também numa parceria
romântica, mas não apenas no romance. Assim se sacrificar demais pelo bem do
outro, ou fugir dos conflitos emocionais, para ficar bem, não funciona, da mesma
forma que cuidar demais também não funciona. Para encontrar essa cara-metade
precisamos primeiro nos encontrar, nos amar, limpar a mente e o coração. Não
podemos ter medo e evitar o lado escuro da alma, as carências na tentativa de
não sofrer por amor, porque, afinal, as experiências negativas nos ajudam
crescer.

Hoje agradeço profundamente às dores de amor que enfrentei.
Agradeço, inclusive, os relacionamentos que não deram certo, porque foi por
conta de tantas tentativas e erros que melhorei meu jeito de ser, me lapidei
para encontrar o amor. Depois de cada dor, de cada decepção se usarmos os
aprendizados a nosso favor, nos tornamos pessoas mais fáceis de conviver,
aprendemos a ouvir, como falar, e quando calar. E foi justamente abordando essa
visão de aprimoramento que sugeri a todos que vieram me procurar naquele dia, a
prática da meditação, do perdão, e da abertura para aceitar as experiências da
vida. Pois quanto mais nos abrimos para acatar os desafios da vida, mais
próximos estaremos da beleza luminosa do nosso ser, e mais atraentes ao amor
também seremos.

Muita luz para você, ame-se, invista no seu crescimento
espiritual e boa sorte, porque sem se encontrar a si mesma como encontrar
alguém?

Fonte: Site Vidanova