37 milhões pediram seguro-desemprego nos EUA, e apenas 1,5 milhão no BR

Para entender essa diferença, é preciso ter em mente as características do mercado de trabalho em cada país.

Programa de redução de salário preserva 11,7 milhões de empregos

O setor da economia que mais recorreu à suspensão e à redução de jornada com compensação parcial da renda foram os serviços.

Programa de redução de salário preserva 11,7 milhões de empregos

O programa de redução temporária de salários e de suspensão de contratos de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19) ajudou a preservar 11.698.243 empregos, divulgou hoje (29) a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Segundo o órgão, os valores a serem pagos de complementação de renda totalizam R$ 17,4 bilhões.

Os números referem-se até a última sexta-feira (26). Segundo o Ministério da Economia, 1.348.733 empregadores aderiram ao programa, dos quais pouco mais da metade empresas de pequeno porte.

Segundo a Secretaria de Trabalho, 50,4% dos acordos (5.899.841) referem-se a trabalhadores de micro e de pequenas empresas, que faturam até R$ 4,8 milhões por ano. As médias e grandes empresas, com faturamento superior a esse valor, respondem por 46,3% dos acordos (5.421.678). Os empregados domésticos e trabalhadores intermitentes totalizam 3,3% dos acordos (376.724).

Os acordos de suspensão de contratos representam 46,4% do total, o que equivale a 5.423.172 empregos. Em relação aos casos de redução de jornada, 19,3% dos acordos (2.256.368) estabelecem redução de 70% dos salários com o recebimento de 70% do seguro-desemprego, e 18,3% dos acordos (2.144.886) foram fechados para reduzir o salário em 50% com a complementação de 50% do seguro-desemprego.

Um total de 14,6% (1.706.748) dos acordos preveem a redução de 25% dos salários com o pagamento de 25% de seguro-desemprego. Os casos de trabalhadores intermitentes, que recebem R$ 600 por três meses quando o contrato estiver “inativo”, correspondem a 1,4%, o equivalente a 167.069 empregados.

O setor da economia que mais recorreu à suspensão e à redução de jornada com compensação parcial da renda foram os serviços, com 5.353.412 acordos fechados, o equivalente a 45,8% do total. Em seguida, vêm o comércio, com 25,4% dos acordos (2.966.199); a indústria, com 23,6% (2.758.327), e a construção civil, com 2,6% (299.019)

Segundo as estatísticas do Ministério da Economia, os estados que registraram o maior número de benefícios emergenciais foram São Paulo (3.810.012 acordos), Rio de Janeiro (1.135.735), Minas Gerais (1.051.952), Rio Grande do Sul (698.616) e Paraná (603.508). A pasta prevê que o programa custará R$ 51,2 bilhões.

Equivalente a uma parte do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito se fosse demitido sem justa causa, o benefício emergencial (BEm) é concedido a trabalhadores que tiverem jornada reduzida ou contrato suspenso. Nos acordos individuais, o percentual do seguro-desemprego equivale à redução salarial proposta pelo empregador. Os trabalhadores intermitentes recebem uma ajuda de R$ 600. Fonte: Notícias ao Minuto

’Desemprego já deve estar acima de 17%’, diz Sergio Vale

Economista-chefe da MB Associados afirma que as pessoas saíram do mercado e não voltaram a procurar trabalhoCássia Almeida14/06/2020 – 04:30

Sergio Vale, economista-chefe da MB associados Foto: Agência O Globo
Sergio Vale, economista-chefe da MB associados Foto: Agência O Globo

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que as pessoas saíram do mercado e não voltaram a procurar trabalho, o que distorceu a taxa de desemprego, que considera somente quem toma providência para achar uma vaga.

Como ficará o mercado de trabalho nos próximos meses?

A taxa de desemprego deve estar acima de 17%, se incluir quem saiu do mercado e deixou de procurar. Há uma incerteza grande, com reflexos no consumo. Consequentemente, as empresas vão entrar em recuperação judicial ou falência. Os números do mercado vão continuar piorando mês a mês, com uma dificuldade muito concreta de retomar a normalidade.

Quais os reflexos para a atividade econômica?

Em 2021, vamos ter muita dificuldade de sair da crise econômica e política no Brasil. Por isso, estamos prevendo alta de 2% no ano que vem, depois de queda de 8% este ano. Houve ainda uma quebra da imagem do Brasil lá fora, o que vai tornar a retomada mais lenta.

A instabilidade política vai agravar o quadro?

Isso afasta investimentos nos próximos anos. Estamos discutindo impeachment do terceiro presidente seguido. Isso mostra um ambiente conturbado e instável. Houve mudança radical na imagem do Brasil na questão do meio ambiente, viramos um pária internacional na questão da Covid-19. O investidor quer investir num país ambientalmente correto, que segue regras internacionais. Lutamos tanto para mostrar que o desmatamento na Amazônia estava diminuindo. Essa situação torna o crescimento frágil. Há impacto de longo prazo que não pode ser desconsiderado, não é só a questão fiscal, tem a imagem negativa

Vamos demorar para absorver esses novos desempregados?

Uma economia que não cresce não consegue absorver minimamente essa massa da população. Vai aumentar informalidade, com as pessoas sem conseguirem se reinserir. Só se houver um espírito reformista que aumente de forma radical a produtividade.

E a questão fiscal?

Vamos chegar a um déficit primário de 10%, com a dívida atingindo 95% do PIB. O ajuste deve vir por aumento de impostos. Fonte: O Globo

37 milhões pediram seguro-desemprego nos EUA, e apenas 1,5 milhão no BR

Brasil já passa por depressão econômica, diz Armínio Fraga

O ex-presidente do BC vê com preocupação a situação das contas públicas no Brasil

Brasil já passa por depressão econômica, diz Armínio Fraga
Fonte: Notícias ao minuto

O ex-presidente do Banco Central e sócio fundador da Gávea Investimentos, Armínio Fraga, vê com preocupação a situação das contas públicas no Brasil. Segundo ele, o País já passa por uma depressão econômica. “Em termos de tamanho e de profundidade da recessão, sim. Eu diria que isso é uma depressão, embora não seja comparável à Grande Depressão da década de 1930”, diz Fraga em entrevista ao jornal Valor Econômico.

A combinação das crises econômica, política e sanitária gera um quadro paralisante, de acordo com Fraga. Ele cita que, com a chegada da pandemia e suas consequências no emprego, uma saída deve ser pensada de forma coordenada, como resposta a todas as frentes, como tem sido feito no mundo todo.

Segundo ele, porém, o Brasil é um ponto fora da curva. “O que nós temos é diferente: são várias semanas seguidas de crescimento no número de casos sem, ainda, um sinal claro de reversão, mas já com muita pressão para reabrir a economia”.

De acordo com ele, o governo também deve ficar atento com sua capacidade de aumentar os gastos em decorrência da pandemia. “O governo não pode se acomodar achando que o Brasil é um Japão ou os Estados Unidos, que podem sair gastando sem grandes consequências”, argumenta o economista, que acrescenta: “De meia-sola em meia-sola o buraco vai aumentando e, agora, nós estamos batendo na porta de uma dívida de 100% do PIB e uma máquina do crescimento absolutamente avariada.”

Fraga também não esconde seu receio do risco de solvência da dívida, que começaria, diz, com o encurtamento dos prazos dos títulos e, portanto, do prazo médio da dívida. Se nesse intervalo o governo não fizer um ajuste fiscal permanente, a dívida vira uma quase moeda, com prazos muito curtos de vencimento e em valor superior às reservas cambiais, o que provocaria uma fuga para outros ativos e moedas, explica o ex-presidente do BC. Este cenário, segundo Fraga, deixaria apenas duas opções “intragáveis”: uma inflação muito alta ou um default, ou seja, um calote nos detentores dos papéis.

Para o economista, nem a indexação da dívida à taxa de câmbio seria suficiente para evitar o roteiro traçado por ele. “Pode indexar ao câmbio, à inflação ou à Selic, mas no limite não haveria saída sem que se encarasse o buraco fiscal. E no fundo há um outro buraco: a escassez de gastos adequados na área social”, diz Fraga. Ele argumenta que, com as desigualdades “extremas” do Brasil, sempre haverá demanda pelo gasto em áreas como saúde, educação e previdência.

Enquanto nos EUA 37 milhões de pessoas solicitaram o seguro-desemprego em março e abril deste ano, no Brasil o número foi bem menor: 1,5 milhão no mesmo período.

Para entender essa diferença, é preciso ter em mente as características do mercado de trabalho em cada país, bem como os instrumentos adotados para o combate à crise do coronavírus.

Enquanto nos EUA o seguro-desemprego é o principal instrumento assistencial para quem fica sem trabalho, neste momento existem no Brasil, além do seguro-desemprego, o auxílio emergencial, para informais, bem como a suspensão de contrato e o corte de jornada e salário para quem tem carteira assinada.

Segundo balanço mais recente, 57 milhões de brasileiros estão recebendo o auxílio emergencial para informais ou tiveram contrato de trabalho suspenso ou jornada e salários reduzidos. É preciso considerar também que os critérios para a concessão do seguro-desemprego não são os mesmos.

Os EUA tinham 156,5 milhões de pessoas empregadas no final de abril, praticamente todas aptas a receber o seguro, inclusive trabalhadores de aplicativos de transporte.

No Brasil, apenas trabalhadores formais, com carteira assinada, podem ter acesso (exceto em casos específicos, com pescadores artesanais). No final de março, 33,6 milhões possuíam empregos formais no mercado de trabalho brasileiro.

Ter carteira assinada é apenas um dos requisitos para ter acesso ao seguro-desemprego. É necessário ainda cumprir carências que variam de 6 a 12 meses de trabalho e não possuir outra fonte de renda.

Outra diferença está nos custos de demissões e contratações, bem maiores no caso brasileiro. Isso torna vantajoso, em muitos casos, utilizar as hipóteses previstas na Medida Provisória 936, que trata da suspensão de contratos e redução de salários para trabalhadores formais.

Segundo dados do Ministério da Economia, até 11 de maio, 4 milhões de trabalhadores estavam com o contrato de trabalho suspenso e 3,2 milhões, com jornada e salário reduzido. O governo estima que esse total de 7,2 milhões deve chegar a 24,5 milhões nos próximos meses (cerca de 70% dos trabalhadores formais).

Eles vão receber do governo uma complementação de salário que corresponde a um percentual do seguro-desemprego, mas que não será paga com recursos deste programa. Ou seja, não será contabilizada como desembolso de seguro-desemprego.

Nos EUA, 18,1 milhões dos 23,1 milhões de desempregados estão desligados temporariamente (aumento de dez vezes em um mês). Todos poderão receber o seguro-desemprego.

“O Brasil tem um mercado informal muito grande. Basicamente metade das ocupações não tem acesso a seguro-desemprego. Outro fator é que os EUA são um país com mercado muito mais flexível, onde é muito barato contratar e demitir pessoas. No Brasil, há mais lentidão na contratação e também na demissão”, afirma Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV-Ibre.

Em relação aos informais, ainda não há dados atualizados que permitam saber quantos já deixaram de trabalhar no Brasil.

Os dados PNAD Contínua do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) para o trimestre encerrado em março de 2020 mostram uma perda de 2,3 milhões de postos de trabalho no total, em relação ao trimestre anterior. Desses, 1,6 milhão são trabalhadores por conta própria ou sem carteira. Ainda não há dados para abril, primeiro mês completo de quarentena, e não se sabe quando o IBGE conseguirá divulgar a pesquisa do período.

O único dado disponível sobre a situação de trabalhadores informais é o do auxílio emergencial de R$ 600 ou R$ 1.200. Até o final de abril, 20,5 milhões de pessoas que se cadastraram no app da Caixa para receber o chamado “coronavoucher” foram consideradas aptas para o benefício. O governo também selecionou mais 30 milhões pessoas que estavam no Cadastro Único (dois terços delas já faziam parte do Bolsa Família).

Não é possível saber, no entanto, se essas pessoas estão desempregadas, uma vez que o benefício emergencial pode ser pago a quem tem renda per capita de até meio salário-mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar total de até R$ 3.135,00. Outra exigência é que não sejam trabalhadores com carteira, nem pessoas que recebam seguro-desemprego.

“Como esse programa adotou caráter muito universalista, pode ter muita gente pedindo o auxílio que não estava efetivamente no mercado de trabalho antes. Pode não ser um termômetro muito adequado”, afirma Duque, do Ibre FGV.

No total, já são 59 milhões os brasileiros que pediram seguro-desemprego, tiveram contrato suspenso ou jornada reduzida temporariamente ou foram aprovados para receber o auxílio emergencial para informais.

Desses, 50 milhões já estão recebendo o auxílio para informais, segundo dados da Caixa e da Dataprev, número que deve chegar a pelo menos 80 milhões nos próximos meses, segundo estimativas da IFI (Instituição Fiscal Independente).Regras do seguro-desemprego no Brasil

O trabalhador deverá comprovar ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada da seguinte forma:

– Ao solicitar o benefício pela primeira vez: O trabalhador deverá ter recebido pelo menos 12 salários nos últimos 18 meses imediatamente anteriores à data de dispensa.

– Ao solicitar o benefício pela segunda vez: O trabalhador deverá ter recebido pelo menos 9 salários nos últimos 12 meses imediatamente anteriores à data de dispensa.

O trabalhador no período que estiver recebendo o seguro-desemprego, não pode possuir outra fonte de renda de qualquer natureza. Também não poderá acumular qualquer outro benefício previdenciário de prestação continuada.

– Ao solicitar o benefício pela terceira vez ou mais: O trabalhador deverá ter recebido ao menos 6 salários nos meses imediatamente anteriores à data da dispensa.

Primeiro mês de isolamento destruiu 8,6 milhões de empregos

Em abril houve um encolhimento inédito de 9% na população ocupada, segundo dados isolados para abril da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC)

Primeiro mês de isolamento destruiu 8,6 milhões de empregos

No primeiro mês completo de isolamento social imposto pela Covid-19, 8,6 milhões de pessoas deixaram de trabalhar em empregos formais e informais, na comparação com igual período do ano passado.

Em abril houve um encolhimento inédito de 9% na população ocupada, segundo dados isolados para abril da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC).

A Pnad Contínua, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mede a desocupação por trimestres móveis -e havia apontado fechamento de 4,9 milhões de vagas no trimestre encerrado em abril.

Com base no dado oficial, pesquisadores do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) estimaram a eliminação mensal de empregos na pandemia.Em março, mês apenas parcialmente afetado pelo isolamento, a destruição de postos de trabalho havia atingido 2,3 milhões de pessoas na comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com o Ibre.

Tanto em março quanto em abril, os principais afetados dentro da população ocupada foram os trabalhadores informais e os chamados por conta própria, geralmente os que ganham menos no mercado.

Em maio, outro mês completo de isolamento, a expectativa é que os cortes sejam aprofundados, atingindo mais severamente desta vez os empregados formais e de remuneração mais elevada.Os trabalhadores com carteira assinada vinham sendo parcialmente protegidos por um programa do governo que permitiu a redução de jornada e salário ou suspensão temporária dos contratos -cerca de 8 milhões de trabalhadores foram incluídos no programa, segundo dados mais recentes do Ministério da Economia.

O pesquisador do Ibre/FGV Daniel Duque qualifica como dramática a inflexão no mercado de trabalho, que mostrava uma relativa melhora até fevereiro, antes de a pandemia obrigar as pessoas a ficarem em casa.”A partir de maio e em junho, os formais é que devem ser afetados com mais força. A expectativa é que haja alguma recuperação no mercado de trabalho só no quarto trimestre”, diz Duque.Olhando os efeitos do isolamento no trimestre terminado em abril, na comparação como os três meses encerrados em janeiro, quase todos os segmentos foram atingidos -a exceção foi a administração pública.

Outros dados do IBGE relativos ao primeiro trimestre também trouxeram resultados bastante negativos, sobretudo para os que ganham menos. Esse detalhamento de renda para o trimestre até abril só será conhecido nas próximas semanas.

Entre janeiro e março, a metade mais pobre do país perdeu 6,3% de sua renda na comparação com o último trimestre de 2019. Já os 10% mais ricos ganharam 0,8% -e os 40% “do meio”, entre a metade mais pobre e os 10% no topo, perderam 0,9%.”Essas diferenças levaram a uma piora na distribuição de renda”, diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social.”Depois de crescer por 18 trimestres consecutivos e registrar uma pequena melhora no final de 2019, a desigualdade de renda no mercado de trabalho voltou a subir.”

Os dados do primeiro trimestre mostraram ainda uma importante reversão de tendência na renda das mulheres, por uma combinação de perda salarial e menor ocupação.Após registrar ganhos sistemáticos entre 2014 e 2019, as trabalhadoras perderam 2,8% no primeiro trimestre. Já o rendimento dos homens recuou 0,25%. Regionalmente, o Sudeste foi menos afetado.Em termos de aumento da pobreza, o auxílio emergencial deve servir de amortecedor.”Será uma espécie de anestesia para a dor causada pelo mercado de trabalho”, afirma Neri. Em média, 70% da renda das famílias vêm do trabalho.

Para Duque, além de o emprego formal ter sido afetado com mais força a partir de maio, o que causará mais impacto sobre a renda, algumas atividades demorarão mais tempo para ser retomadas.

A expectativa do pesquisador é que possa levar até dois anos para que o mercado de trabalho se recupere.

6 números mostram o dramático impacto do coronavírus na economia

A pandemia de covid-19 tem sido devastadora para a economia mundial, e o Brasil está sendo duramente afetado, como mostram estes seis números

Fonte: Exame

Indústria: a queda na produção industrial é um dos indícios de que o Brasil está entrando numa recessão (Napat_Polchoke/Getty Images)

Em apenas dois meses, a pandemia de Covid19 liquidou as esperanças dos brasileiros de uma recuperação rápida da economia. Antes do coronavírus, o país vinha gradualmente deixando a recessão para trás e assumindo uma trajetória econômica positiva, mas isso mudou com impressionante rapidez.

Investimentos foram cancelados, empregos foram perdidos e empresas ameaçam fechar as portas, gerando mais desemprego. Para muitas organizações e pessoas, os planos de crescimento transformaram-se em luta pela sobrevivência. Veja seis números que dão uma ideia do tamanho da crise desencadeada pelo coronavírus.

O PIB brasileiro pode cair 7,7% em 2020

Sistemas de saúde precários, pouca margem para estímulos fiscais e alto grau de informalidade tornam a América Latina particularmente vulnerável aos efeitos econômicos devastadores da pandemia de coronavírus. Quem diz isso é o Bank of America (BofA), num relatório publicado nesta semana. O banco prevê que o PIB brasileiro deve cair 7,7% neste ano como consequência da pandemia. Se esse número se confirmar, será a pior recessão da história

O dólar caminha para além dos R$ 6

O real já acumula uma desvalorização de 45% em relação ao dólar neste ano e há indícios de que essa trajetória de baixa vai continuar. No mercado financeiro, a pergunta não é “se” o dólar superar R$6,00 , mas apenas “quando” isso vai acontecer. A moeda até chegou a bater nesse valor durante a última semana, mas recuou por causa das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. Na última sexta-feira (15 de maio), o dólar comercial terminou o dia cotado a 5,84 reais. Já o dólar turismo ficou em 6,15 reais.

Outras moedas de países emergentes também têm se desvalorizado. Além da pandemia de covid-19, a guerra comercial entre Estados Unidos e China tem contribuído para esse efeito. Um real fraco ajuda os exportadores, mas encarece inúmeros produtos que são importados, dependem de insumos importados ou têm seus preços atrelados a mercados internacionais.

Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram 39%

Dados do IBGE apontam que já houve alguma alta no desemprego no primeiro trimestre. A taxa de desemprego no país foi de 12,2%, contra 11,0% no quarto trimestre de 2019. Ela aumentou em 12 dos 27 estados. Não é uma mudança dramática, mas é certo que um aumento maior vai ser revelado quando se divulgarem os números do segundo trimestre, em que o país está sendo mais duramente atingido pela pandemia de coronavírus.

Um indício disso está no número de pessoas que pediram seguro-desemprego em abril, que aumentou 39% em relação ao número de março, segundo o Ministério da Economia. O Ministério também divulgou que 6,2 milhões de pessoas aderiram à medida provisória que permite a redução de salário e a suspensão do contrato de trabalho — uma forma de evitar a extinção de mais empregos.

Outro indício de que o desemprego está aumentando está no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), da FGV, que monitora os rumos do mercado de trabalho no Brasil. Ele despencou de 82,6 pontos, em março, para 39,7 pontos, em abril. É o menor nível desde 2008, quando a FGV iniciou a série histórica da pesquisa.

A produção industrial encolheu 9,1% em março

Pela primeira vez desde que o IBGE começou a monitorar a produção industrial no país, em 2012, ela encolheu nos 15 locais em que essa pesquisa é feita. Em São Paulo, maior parque industrial do país, a redução foi de 5,4%. As quedas mais intensas ocorreram no Ceará (-21,8%), no Rio Grande do Sul (-20,1%) e em Santa Catarina (-17,9%). Considerando-se o país inteiro, a produção encolheu 9,1%, aponta o IBGE em sua Pesquisa Industrial Mensal. É mais um indicador sinalizando que estamos entrando numa recessão.

O risco-país foi de 95 para mais de 400 pontos

Aos olhos dos investidores internacionais, o Brasil se tornou um país mais arriscado para investir neste ano. O CDS Credit Default Swap) do país já aumentou 255% no ano, indicando que os investidores internacionais veem risco crescente de o Brasil dar um calote em sua dívida externa. A situação do país é pior que a de outros emergentes. O CDS do México, por exemplo, avançou 175%; o do Chile, 140%; e o da África do Sul, 137% (Argentina e Venezuela não contam por já estarem em situação de calote).

Antes da crise do coronavírus e da piora do ambiente político, investidores viam o Brasil com chance de retomar o grau de investimento, o selo de bom pagador concedido pelas agências de avaliação de risco. No começo de janeiro, o CDS brasileiro estava em 95 pontos, o menor nível em dez anos. Em abril, as taxas chegaram a superar 400 pontos, mesmo nível que o Brasil tinha no começo de 2016, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff. Com isso, a sonhada volta ao grau de investimento, que traria mais investimentos estrangeiros para o Brasil, ficou muito mais distante.

O custo global da pandemia pode chegar a US$ 8,8 trilhões

Um estudo divulgado nesta semana pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês) estima que o custo da pandemia pode chegar a US$ 8,8 trilhões, dependendo da evolução do surto e do alcance das respostas dos governos. Esse número equivale a quase 10% do PIB global. O ADB ainda calcula que entre 158 milhões e 242 milhões de empregos podem ser eliminados globalmente, sendo 70% deles na Ásia e no Pacífico. Na China, até 95 milhões de empregos podem desaparecer, diz o banco.

Esse é o pior cenário previsto pelo banco. O impacto da covid pode ser mais brando se os governos agirem com eficácia para mitigá-lo. Mas não há dúvida de que o mundo está ficando mais pobre por causa da pandemia.

7 milhões de empregos foram preservados com medidas trabalhistas

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia reiterou que o auxílio emergencial foi desenhado para durar no máximo três ou quatro meses.

7 milhões de empregos foram preservados com medidas trabalhistas

Osecretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, atualizou nesta segunda-feira, 18, o número de pessoas atingidas pelas medidas trabalhistas criadas pelo governo para preservar empregos durante a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, já são 7 milhões de empregos preservados.

Sachsida, contudo, reiterou que a área do crédito é a única na qual o governo precisa melhorar, de todas as frentes econômicas durante o combate à pandemia do novo coronavírus.

Ele espera que a situação avance com o início do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequena Porte (Pronampe), previsto para começar nesta semana.

Auxílio emergencial

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia reiterou que o auxílio emergencial criado durante a pandemia do novo coronavírus foi desenhado para durar no máximo três ou quatro meses. “Depois de três meses, esse programa tem de ser abandonado”, disse o secretário, em live organizada pela Nova Futura Investimentos.

Segundo Sachsida, após esse período, será o momento de o País “parar de transferir dinheiro do pobre para o rico”.

O secretário acredita que será necessário fortalecer os programas sociais que já existem. “Vamos remanejar o dinheiro dentro do orçamento, tirando daqueles que não são eficientes e transferindo para os que são eficientes.”

Consumo das famílias, carro-chefe da economia, registra queda histórica

A economia teve retração no patamar inédito de 5,3% no primeiro mês de distanciamento social do país, em comparação a fevereiro, com queda de 6,5% no consumo das famílias brasileiras

Consumo das famílias, carro-chefe da economia, registra queda histórica

A pandemia de coronavírus derrubou o principal pilar de sustentação da economia brasileira, o consumo das famílias, que registrou queda inédita em março, segundo dados do Monitor do PIB, indicador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) divulgado nesta segunda-feira (18).

A economia teve retração no patamar inédito de 5,3% no primeiro mês de distanciamento social do país, em comparação a fevereiro, com queda de 6,5% no consumo das famílias brasileiras. Responsável por cerca de dois terços do PIB, o consumo vinha crescendo 2% ao ano e sustentando a fraca recuperação da economia desde o final de recessão de 2014-2016.

Nos três últimos anos, o país cresceu pouco mais de 1%.Os dados do Monitor do PIB também contrariam o discurso do Ministério da Economia de que o PIB brasileiro estava decolando quando o mundo foi atingido por um “meteoro”, em uma referência à pandemia de coronavírus.

Segundo a FGV, a economia já vinha com resultados fracos em janeiro (+0,6%) e em fevereiro (+0,2%). Com isso, no primeiro trimestre do ano, o indicador teve queda de 1%, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2015, auge da recessão mais recente no país. Os dados oficiais do PIB para o primeiro trimestre serão divulgados pelo IBGE no próximo dia 29, mas trazendo números para o período fechado de três meses, sem resultados mensais. Os dados do monitor também apontam para uma mudança no perfil de consumo das famílias.

Todas as modalidades tiveram queda em março, com exceção dos bens não duráveis (principalmente produtos alimentares e farmacêuticos).Os produtos semiduráveis, como vestuário e calçados, e os duráveis, que dependem de crédito (como automóveis, elétricos e eletrônicos, entre outros), tiveram queda superior a 20%.

Os serviços tiveram retração de 5%. “Esta deverá ser a nova configuração do consumo durante o período do isolamento social: fortemente baseada em bens não duráveis e serviços”, dizem os pesquisadores Claudio Considera, Juliana Trece e Elisa Andrade, do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre.”Com o retorno do comércio, haverá recuperação dos semiduráveis.

Os duráveis, só após a redução das incertezas. Essa nova configuração não será muito modificada nos primeiros momentos da abertura, pois a redução da renda das famílias, seu endividamento, o aumento do desemprego e a consequente elevação da incerteza perdurarão por um longo período”, afirmam os pesquisadores.

Outro componente do PIB, o investimento público e privado, também não deve ajudar na recuperação. Em março, mostrou retração de 5,8%. No trimestre, queda de 0,5%. O consumo do governo segue estagnado.As exportações recuam, apesar do câmbio mais favorável.

Assim como no Brasil, a demanda mundial por produtos industriais segue baixa, e as vendas que crescem são as de commodities.Claudio Considera, do Ibre, afirma que os números de abril e maio vão mostrar um quadro ainda pior e que os resultados futuros vão depender do que acontecer com o controle da pandemia.Mesmo se houver uma reabertura das atividades, a retomada da economia não será imediata (a chamada recuperação em “V”), pois deverá haver perdas permanentes de postos de trabalho e o fechamento de empresas.

“Não vejo uma saída de crise em ‘V’, infelizmente. A economia vai retomar aos poucos. Não estava decolando nos meses de janeiro e fevereiro, não estava crescendo a 3%. Os dados já mostravam que a gente poderia repetir a mediocridade dos três últimos anos”, afirma Considera.”As pequenas empresas estão quebrando. Estamos prevendo entre 17 milhões e 21 milhões de desempregados. Agora, teremos de cuidar primeiro da pandemia e, depois, tentar livrar a gente de uma depressão”, diz o pesquisador.

Fonte: Notícias ao minuto

A fortuna dos bilionários americanos aumentou 15% nos dois meses transcorridos desde o início da pandemia do novo, com o fundador e presidente da Amazon, Jeff Bezzo, e o diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, liderando a lista, revelou um estudo.

Os mais de 600 bilionários americanos ficaram ainda mais ricos à medida que as ações das empresas de tecnologia subiram durante o lockdown provocado pelo avanço da Covid-19, segundo uma análise de dados de dois grupos de especialistas.

Entre 18 de março e  o dia 19 deste mês, o patrimônio líquido total  desses bilionários aumentou em US$ 434 bilhões, enquanto a pandemia de coronavírus causou perda de empregos e agonia econômica para dezenas de milhões de americanos.

A fortuna de Bezos cresceu mais de 30%, para US$ 147,6 bilhões, enquanto a de Zuckerberg aumentou mais de 45%, somando US$ 80 bilhões, de acordo com pesquisa do Americans for Tax Fairness e do Programa de Desigualdade do Institute for Political Studies. A análise foi baseada em dados da lista de bilionários publicada pela revista Forbes.

Bill Gates, da Microsoft, e Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, apresentaram ganhos significativamente menores, de 8,2% e 0,8%, respectivamente, de acordo com o relatório.

As ações da Amazon e do Facebook aumentaram após novos anúncios de programas que impulsionaram seus negócios em um momento em que muitos consumidores estão trancados em casa.

A perda de empregos nos Estados Unidos ultrapassou 36,8 milhões desde o início do fechamento de negócios em meados de março. Na semana passada, mais de 2 milhões de americanos deram entrada em pedidos de seguro-desemprego, um sinal de que os postos de trabalho continuam a ser fechados dois meses depois que a pandemia do novo coronavírus obrigou empresas a cerrarem suas portas.

Outros dados mostraram um colapso nas vendas de casas nos EUA e um declínio na atividade da indústria.

Fonte: O Globo

Avianca Brasil pede falência sem pagar funcionários e credores

A companhia aérea está inoperante há mais de um ano

Avianca Brasil pede falência sem pagar funcionários e credores

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Avianca Brasil pediu na última sexta-feira (3) que o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) decrete a falência da empresa, que está em recuperação judicial desde dezembro de 2018. A companhia aérea está inoperante desde maio do ano passado.

Credores e sindicatos ouvidos pela Folha já esperavam a falência há meses, e pretendem cobrar dos acionistas o pagamento das dívidas da empresa, que superam R$ 2,7 bilhões.

A aérea não quitou nem mesmo os créditos trabalhistas, que têm pagamento preferencial no plano de recuperação judicial. A Avianca Brasil chegou a ter mais de 5.300 funcionários, segundo o sindicato dos aeroviários (trabalhadores em solo) de São Paulo.

A empresa entrou em crise em 2018 e deixou de pagar contratos de arrendamento de aeronaves e motores de sua frota, que chegou a ter mais de 50 aviões, todos alugados. As companhias de leasing donas dos equipamentos entraram na Justiça para retomar os bens, conforme antecipado peal Folha, o que levou a Avianca Brasil a pedir a recuperação judicial em dezembro de 2018.

O mercado já previa que o caminho da empresa seria a falência pelo menos desde maio do ano passado, quando a Anac suspendeu o certificado de homologação de transporte aéreo da Avianca Brasil por razões de segurança operacional. À época, a companhia já havia operava apenas com cinco aviões e em apenas quatro aeroportos (Santos Dumont, Congonhas, Brasília e Salvador).

Segundo Reginaldo Mandú, presidente da entidade, a Avianca Brasil deixa de existir oficialmente sem pagar praticamente nenhum de seus ex-funcionários.

“Não pagou praticamente nada das dívidas trabalhistas. Vamos entrar na Justiça para que os bens dos donos, os [irmãos Gérman e José] Efromovich sejam usados para quitar as dívidas”, afirma ele.

Ondino Dutra, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, diz que a entidade já têm processos nos quais pede que administradores e acionistas da Avianca Brasil paguem o passivo trabalhista.

Operadores portuários e companhias de leasing, em sua maioria, já desistiram de tentar receber a parte que lhes cabe, segundo pessoas familiarizadas com o caso. Há credores maiores, no entanto, que avaliam a possibilidade de rastrear ativos de José Efromovich, que controlava a Avianca Brasil.

Em seu pedido de falência, a Avianca Brasil afirma que a Anac e decisões judiciais que suspenderam o leilão de seus slots (horários de pousos e decolagens) tornaram impossível o cumprimento de seu plano de recuperação judicial.

O plano, aprovado em abril do ano passado, previa o leilão de slots da companhia em três lotes em maio.

O certame foi questionado na Justiça por credores da Avianca e pela própria Anac, que entendiam que os ativos não poderiam ser leiloados por serem concessões.

O leilão foi adiado pela Justiça e só foi realizado em julho, com a participação de Gol e Latam, que arremataram dois lotes por US$ 147 milhões.

O evento foi inócuo, no entanto, porque a Anac distribuiu os slots da Avianca segundo seus critérios. Em Congonhas, Azul, Passaredo e MAP levaram os horários.

Gol e Latam disputaram os ativos da Avianca Brasil com a Azul, que chegou a fazer um acordo para a compra dos ativos por US$ 105 milhões. A concorrente também fez empréstimos à Avianca e cobrou na Justiça R$ 61,7 milhões referente ao negócio.

“Óbvio que se o leilão tivesse ocorrido na data inicialmente prevista (7/5/2019), a recuperanda [Avianca Brasil] não teria perdido o direito ao uso dos slots até a efetiva transferência das UPI’s [Unidades produtivas isoladas, que incluem ativos, mas não dívidas] às arrematantes”, diz a petição da Avianca.

Com a redistribuição dos ativos pela Anac, segundo a empresa, “o plano aprovado se tornou inexequível”, o que justificaria o pedido da falência. No texto, a Avianca Brasil pede à Justiça 60 dias para apresentar a relação de seus ativos.

A Avianca Brasil chegou a ser a quarta maior companhia aérea do país, com cerca de 11% de participação de mercado em 2018.

Apesar de ter o mesmo nome e de também estar em recuperação judicial, a Avianca Holdings, colombiana, não tem relações com a Avianca Brasil. As empresas são irmãs na origem e por anos tiveram os mesmos controladores, a família colombiana Efromovich, mas sempre tiveram as operações separadas.

Além disso, em maio do ano passado uma cobrança judicial acabou afastando os Efromovich do controle efetivo da holding colombiana.

O maior acionista da Avianca Holdings, com 51,53% do capital da empresa, é a BRW Aviation, holding dos Efromovich, mas eles perderam o poder de voto na empresa após deixarem de pagar US$ 456 milhões à United. Hoje, a empresa colombiana é controlada pela acionsta minoritária Kingsland.

União tem em 2019 patrimônio líquido negativo recorde

A queda foi impulsionada por fatores como o déficit nas contas públicas e decisões judiciais desfavoráveis

União tem em 2019 patrimônio líquido negativo recorde

O patrimônio líquido da União representa a diferença entre os ativos e direitos do país (como dinheiro em caixa, receitas a receber, participação em estatais e imóveis) menos as contas que precisa pagar (como dívidas, aposentadorias e passivos decorrentes de decisões da Justiça).

O indicador ficou no vermelho pela primeira vez em 2015 depois que o Tesouro Nacional aderiu a normas internacionais de contabilidade, e desde então tem se agravado de forma contínua.

Heriberto Vilela do Nascimento, coordenador-geral de contabilidade da União, diz ser comum o indicador ficar no negativo também em outros países, mas que o tamanho do número chama atenção no caso brasileiro.

“É esperado que fique negativo, mas o volume está muito grande e isso gera uma necessidade de eu ter que reverter essa tendência, pois o que estou deixando para as gerações futuras é dívida”, afirma Nascimento.

Diversos fatores levaram à piora nos números. O Tesouro elenca itens como as diversas destinações carimbadas da receita obtida (o que dificulta a administração financeira), o fato de a União ter que se endividar até para atividades operacionais e a inadimplência de estados e municípios.

Também estão na lista o alto volume de créditos tributários e de dívida ativa a receber (R$ 4,253 trilhões) enquanto a expectativa média de recuperação é baixa (em torno de 15%).

Outro fator relevante é o aumento expressivo das provisões para perdas judiciais e administrativas (de R$ 169,9 bilhões em 2018 para R$ 681,2 bilhões em 2019). Esse aumento se deve a uma mudança de metodologia do Tesouro para classificar riscos judiciais e também a diferentes decisões desfavoráveis ao longo do ano.

A principal decisão é do STF (Supremo Tribunal Federal), que retirou o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, que gerou impacto de R$ 246 bilhões nas contas.

Também há perdas registradas em ações ligadas à lei Kandir (que concede recursos da União a estados exportadores), a imunidade em variações cambiais na exportação e até a reajuste para servidores da Receita.

A modelagem de certas políticas também acabou gerando provisões, como o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). Nesse caso, a União tem a receber R$ 91 bilhões e as perdas estimadas são de aproximadamente R$ 20 bilhões.

Os números nos próximos relatórios devem ser ainda piores considerando o rombo histórico de mais de R$ 828 bilhões do setor público de 2020 e ainda o déficit da Previdência.

A projeção do déficit do regime geral de Previdência social para 2020 é de 3,04% e poderá chegar a 7,65% em 2060 (antes da reforma da Previdência, projetava-se um déficit de 11,64% para o mesmo ano). A avaliação do Tesouro é que a mudança de regras amenizou, mas não conteve o crescimento do déficit projetado.

Não está nas contas de 2019 um ajuste feito para incorporar os passivos com aposentadorias e pensões ligados a militares (que antes não eram considerados). Só nesse caso, são mais de R$ 500 bilhões em passivos.

Para Nascimento, o país precisará buscar medidas e reformas que amenizem o déficit nas contas públicas como a desvinculação de receitas, a maior na recuperação de créditos tributários e a privatização de ativos como estatais.

As medidas listas pelo coordenador estão na pauta da equipe econômica, mas ficaram em segundo plano durante a implementação de medidas para minimizar o impacto econômico da pandemia.

Fonte: Notícias ao Minuto