Quase 100% das vagas criadas no setor privado são informais, diz IBGE

Cerca de 1,7 milhão dos postos de trabalho gerados em 2017 são voltados para a informalidade

Quase 100% das vagas criadas no setor privado são informais, diz IBGE

Quase 100% das vagas geradas no setor privado neste ano foram informais, segundo análise do IBGE baseada nos dados extraídos da pesquisa Pnad Contínua, divulgada nesta quinta-feira (30) pelo instituto.Os cálculos de Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, são aproximados e demonstram a tendência de informalidade verificada na geração de emprego recente no país.

A Pnad Contínua mostra que cerca de 2,3 milhões de postos foram criados em 2017, desde o trimestre iniciado em fevereiro.

Destas, Azeredo avalia que cerca de 1,7 milhão são postos voltados para a informalidade, ou seja, é possível afirmar que 76% das vagas geradas dentro do ano têm características informais. O restante foi serviço público (511 mil).

São vagas geradas no trabalho sem carteira (721 mil), empregadores (187 mil), trabalhadores domésticos (159 mil) e por conta própria (676 mil) -modalidades consideradas de menor qualidade em relação aos postos com carteira assinada, protegidos pela lei trabalhista. É o trabalhador que perdeu o emprego formal na construção e passou a atuar com pedreiro independente em pequenas obras, contratando ajudantes, o que o coloca na categoria de empregador. Também pode ser aquele que passou revender comida feita em casa ou cosméticos, por exemplo, encaixando-se na modalidade do conta própria.

Os empregos com carteira ficaram em 17 mil no período, um número considerado pequeno do ponto de vista estatístico.

“É possível fazer essa aproximação porque, no momento em que o trabalho por conta própria está aumentando, parte expressiva das vagas de empregadores também têm grandes chances de serem informais”, diz Azeredo.

A conta é aproximada. Dentro do grupo de trabalhadores por conta própria e empregadores pode haver uma minoria de pessoas que não estão em características informais.

Tamanha informalidade se explica pela crise. “Tem uma crise econômica e um cenário político conturbado que, de certa forma, inibe o processo de empreender e, consequentemente, cresce a informalidade. As pessoas estão entrando no mercado através de alimentação, comércio, uma construção de baixa qualidade”, diz o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

“O que se vê é uma aumento através da informalidade. Há crescimento na construção, no serviço doméstico, ambulantes, serviços de beleza, salão de cabeleireiro, manicure”, afirma Cimar Azeredo.

Segundo ele, esse processo não alterou o rendimento do trabalhador individualmente, mas trouxe um aumento da massa de rendimento no país, deixando a esperança de que a economia se movimente para a vinda de uma retomada de postos de trabalho formais no futuro próximo.

“Essa entrada expressiva de pessoas no mercado de trabalho trouxe um aumento da massa de rendimento. E esse aumento é importante, ainda que venha através da informalidade, porque movimenta a economia”, afirma.Com informações da Folhapress.

Fonte: Notícias ao minuto

1,5 milhão de servidores estaduais correm o risco de não receber o 13º

Cerca de 1,5 milhão de servidores estaduais correm o risco de não receber o 13.º salário até o fim do ano. Em situação fiscal delicada, os Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Minas Gerais já enfrentam dificuldades mensalmente para levantar recursos para arcar com a folha de pagamento e seus funcionários devem penar para receber o salário extra. No Piauí, os servidores públicos já receberam 50% do 13.º, mas o governo ainda não sabe como fazer para pagar a segunda parcela.

No Rio Grande do Sul, será o terceiro ano consecutivo em que os funcionários não receberão no prazo. O 13.º de 2015 foi pago aos trabalhadores apenas em junho do ano seguinte, com correção de 13,67% – o valor médio cobrado por empréstimos bancários tomados pelos servidores à época.

O salário extra do ano passado foi parcelado em dez vezes e, agora, não há definição em relação ao de 2017. “Não temos nenhuma previsão (de quando o pagamento será feito)”, disse o secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes.

municipal--protesto: Alvo. Protesto dos servidores do Theatro Municipal, no Rio© FABIO MOTTA/ESTADÃO-31/10/2017 Alvo. Protesto dos servidores do Theatro Municipal, no Rio

De acordo com ele, o 13.º dos servidores depende da recuperação da economia do Estado – que permitirá uma arrecadação maior –, da operação de venda de ações do Banrisul e da assinatura do regime de recuperação fiscal com o governo federal. “Esperamos fechar com o governo e concluir a operação do Banrisul em dezembro. Disso depende não só o pagamento (do salário extra), mas todo o Rio Grande do Sul.”

No Estado, há quase dois anos, o salário mensal dos 342 mil funcionários, aposentados e pensionistas é pago com atraso – de duas semanas, em média. A folha de pagamento soma cerca de R$ 1,4 bilhão, mas R$ 800 milhões costumam faltar todos os meses.

No Rio de Janeiro, que fechou acordo de recuperação fiscal com o governo federal em setembro, as perspectivas também são bastante ruins para os servidores públicos: quase metade dos 470 mil trabalhadores ainda não receberam nem o 13.º do ano passado, e 15 mil deles não viram o pagamento de agosto.

Com uma folha mensal de R$ 1,7 bilhão, o Estado aguarda empréstimo de R$ 2,9 bilhões – que faz parte do pacote de resgate financeiro – para pagar os trabalhadores, informou, em nota, a Secretaria da Fazenda.
Com 99 mil servidores e uma folha de R$ 365 milhões, o Piauí já pagou aproximadamente R$ 180 milhões em 13.º salário neste ano – os funcionários recebem a primeira parcela no mês de aniversário. Para quitar o restante, porém, ainda não há recursos disponíveis.

“Estamos pagando só as despesas essenciais para tentarmos cumprir o prazo (de pagamento), que é 20 de dezembro”, diz o superintendente do Tesouro, Emílio Júnior.

Todos os anos, o Estado precisa levantar recursos extraordinários para arcar com o salário extra, de acordo com Júnior. Neste ano, o governo espera levantar recursos com o Refis, que permitirá que os contribuintes parcelem suas dívidas. “Essa é a luz no fim do túnel”, acrescenta.

Sem previsão. Em Minas Gerais e Rio Grande do Norte, que também integram a lista de Estados em situação fiscal complicada, os governos têm pago, desde 2016, os trabalhadores de forma escalonada: primeiro recebem os que têm salários mais baixos e, conforme entram recursos, os demais. A Secretaria de Fazenda de Minas informou que não há definição sobre o pagamento do 13.º. Já a secretaria do Rio Grande do Norte afirmou que pretende pagar o salário ainda em dezembro.

Para a economista Ana Carla Abrão Costa, que foi secretária da Fazenda de Goiás no governo de Marconi Perillo (PSDB), é natural que os Estados tenham dificuldade para pagar o 13.º, pois a maioria deles compromete mais de 60% das receitas com salários. “A despesa com folha de pagamentos está fora da lei (superando o limite de 60% da arrecadação), e a receita dos Estados não tem 13.º”, destaca.

Ana Carla afirma que os Estados que pagam o salário extra ao longo do ano – no mês de aniversário de cada servidor, por exemplo – acabam diluindo a despesa e costumam ter menos problemas em dezembro. A situação fiscal dos Estados, acrescenta, piorou a partir de 2011, quando eles aceleraram o endividamento, e se agravou ainda mais com a crise econômica, que reduziu a arrecadação.

Fonte: MSN

União cobrará alíquota de 14% de mais de 700 mil servidores

Contribuição maior entra em vigor a partir de fevereiro

 O aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14% que a União vai implementar atingirá 711.446 servidores federais. Os números foram informados pelo Ministério do Planejamento, a pedido da Coluna. Desse total, 472.597 são da ativa e 238.849 aposentados. A cobrança será implementada por medida provisória, assinada ontem pelo presidente Michel Temer, e que será publicada hoje.
Temer assinou ontem MPs que serão publicadas hoje; textos têm que ser aprovados pelo CongressoMarcelo Camargo / ABR

Essa medida abrangerá quem ganha mais de R$ 5.531,31 (que é o teto do INSS) e valerá a partir de fevereiro, pois como se trata de contribuição social, a eficácia é após 90 dias da publicação da MP. A elevação da contribuição é mais uma das ações de ajustes do governo federal para o Orçamento de 2018, com déficit de R$ 159 bilhões.

Segundo o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, o impacto no Orçamento para 2018 com a elevação da contribuição previdenciária será de R$ 2,2 bilhões, acima do valor de R$ 1,9 bilhão previsto inicialmente. Oliveira também confirmou que a cobrança valerá em fevereiro, conforme a Coluna informou no último dia 19.

Ampliação da alíquota

Na prática, haverá uma ampliação da alíquota para quem ganha acima de R$ 5.531,31. “Para aqueles que recebem mais que o teto do RGPS (Regime Geral de Previdência Social), a parcela superior ao teto será tributada em 14%”, explicou Oliveira.

O ministro deu um exemplo, arredondando (para baixo) o valor de R$ 5.531,31 para R$ 5.000: “Assim, um cidadão que ganha R$ 5.001 vai pagar 11% sobre R$ 5.000 e os 14% serão tributados sobre o R$ 1 (um real) naquela mesma sistemática do Imposto de Renda”.

Outra medida provisória assinada ontem pelo presidente e que afetará diversas categorias é a de adiamento de reajustes. Segundo Oliveira, o impacto, com mais esse ajuste, será de R$ 5 bilhões. “O adiamento vale para aquelas categorias mais bem remuneradas e que tinham anteriormente feito acordo de reajustes por um período de quatro anos”, disse.

O funcionalismo prometeu reagir a essa medida. Entre as carreiras afetadas estão as de auditores fiscais do Ministério do Trabalho, auditores fiscais da Receita Federal, analistas tributários da Receita Federal, analistas e especialistas em Infraestrutura, oficiais de chancelaria do serviço exterior brasileiro, policiais rodoviários federais, servidores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), auditores fiscais agropecuários, e outras.

Concursos mantidos em 2018

Outras medidas referentes ao funcionalismo que já haviam sido lançadas por Temer também estão na conta para o Orçamento de 2018. São elas: a de Programa de Demissão Voluntária (PDV), licença sem remuneração e redução de jornada de trabalho.

Mas apesar de estimular a saída de servidores de alguns órgãos, a União prevê a contratação de outros na mesma quantidade, o que significa a possibilidade de novos concursos para o ano que vem. Dyogo Oliveira garantiu que essas reposições serão limitadas ao número de vagas que ficarem em aberto, seja por demissões ou por aposentadoria. O impacto dessas contratações nas despesas deve ser de R$ 600 milhões.

Já outras ações que foram prometidas não devem sair agora: a readequação das carreiras, com a limitação dos salários iniciais a R$ 5 mil, não foi enviado ao Congresso ainda porque não teria impacto no Orçamento. Segundo Dyogo, essa medida será enviada ao Congresso por projeto de lei.

 Fonte: O Dia

Ipea: Mesmo com retomada econômica, desemprego deve demorar a cair

Jovens continuam sendo as principais vítimas do desemprego

Ipea: Mesmo com retomada econômica, desemprego deve demorar a cair

 

Apesar da retomada do nível de atividade econômica no país, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avalia que ainda é prematuro falar em tendência à queda da taxa de desemprego. A informação consta da 63ª edição do Boletim Mercado de Trabalho, divulgado nesta terça-feira (31) pelo instituto.

No trimestre encerrado em setembro, a desocupação atingiu o índice mais baixo do ano, de 12,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o que representa um recuo de 0,6 ponto percentual em comparação com o segundo trimestre, finalizado em junho.

De acordo com os técnicos do Ipea, a efetiva redução do desemprego é prejudicada por ao menos dois motivos. Primeiro, porque a maior oferta de vagas de trabalho está concentrada no setor informal. Segundo, porque é normal que os efeitos da recuperação econômica demorem a se refletir no mercado de trabalho.

Com base na taxa média de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, o boletim do Ipea aponta que a taxa de desemprego aumentou 2,3 pontos percentuais (p.p.) no primeiro semestre de 2017, em comparação ao mesmo período de 2016, passando de uma média de 11,1% para 13,4%. Enquanto o primeiro semestre do ano registrou uma média de 89,6 milhões de pessoas ocupadas, no mesmo período de 2016 a taxa era de 90,7 milhões de trabalhadores ocupados.

Conforme já registrado nas duas últimas edições do boletim, os jovens entre 14 e 24 anos são as principais vítimas do desemprego. A taxa de desocupação nesse grupo, atingiu 30,4% no primeiro semestre deste ano, um aumento de 3,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2016.

Entre os adultos de 25 a 59 anos e entre os idosos (acima de 60 anos), também foi constatada elevação no valor médio das taxas de desemprego entre os primeiros semestres de 2016 e de 2017. Para o primeiro grupo, a variação média entre os dois períodos foi de 2 pontos percentuais. Já para a população acima dos 60 anos, a taxa de desemprego aumentou, em média, 1 ponto percentual.

Regionalmente, o Nordeste apresentou a maior variação da taxa média de desemprego durante o primeiro semestre de 2017 em comparação ao mesmo período do ano anterior, com um crescimento de 3,1 ponto percentual. Comparando o segundo trimestre deste ano – quando são identificados indicadores condizentes com um eventual início de recuperação do mercado de trabalho – com os três meses anteriores, as regiões Norte e Centro-Oeste registraram as maiores quedas na taxa de desemprego.

Considerando o quesito gênero, o aumento no valor médio das taxas de desemprego foi praticamente o mesmo para homens (2,1 p.p.) e mulheres (2,4 p.p.) quando comparados os resultados de janeiro a junho deste ano e o mesmo período de 2016. Os trabalhadores com ensino fundamental completo e que ainda não concluíram o ensino médio foram os mais impactados por esse aumento na taxa média de desemprego durante o primeiro semestre do ano.

A partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho, o boletim destaca que, no segundo trimestre de 2017, o número de contratações superou o de demissões pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2014. Além disso, os resultados dos dois primeiros trimestres de 2017 se aproximaram muito dos registrados nos dois primeiros trimestres de 2016, sinalizando uma interrupção na trajetória de quedas.

Melhora no rendimento médio

Além disso, o Ipea aponta que, no primeiro semestre deste ano, o rendimento médio dos trabalhadores foi de R$ 2.054,62, valor 2,5% superior ao calculado para o mesmo período do ano passado. No boletim divulgado hoje, os técnicos afirmam que este foi o indicador a apresentar o melhor resultado comparativo.

“Nos últimos anos, os principais indicadores vinham registrando uma trajetória de deterioração das condições do mercado de trabalho, no Brasil”, concluem os técnicos do Ipea. “Entretanto, os dados mais recentes para o segundo trimestre mostram uma série de movimentos que interrompem essas trajetórias negativas […] podendo indicar o início de um processo de recuperação”. Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Notícias ao Minuto

Após tentar revogar trabalho escravo, governo Temer publica lista de empresas que exploram trabalhador

Imagem de 2003 mostra trabalhadores submetidos a condições análogas a trabalho escravo na fazenda Bom Jesus, na Amazônia.© Reuters Photographer / Reuters Imagem de 2003 mostra trabalhadores submetidos a condições análogas a trabalho escravo na fazenda Bom Jesus, na Amazônia.

Na esteira da portaria que torna flexível o conceito de trabalho escravo no Brasil, o governo Michel Temer voltou a atualizar o cadastro de empregadores que submetem seus trabalhadores a condições análogas à de escravos. O Ministério do Trabalho publicou a chamada “lista suja” do trabalho escravo nesta sexta-feira (27).

No total, são 131 estabelecimentos que exploram os trabalhadores, entre fazendas, carvoarias, construtoras, oficinas de costura etc.

Nesta semana, a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu a regra que limita a fiscalização de trabalho escravo.

De acordo com a portaria nº 1.129, de 2017, para ser considerada condição análoga à de escravo é preciso que o trabalhador esteja em condição de submissão “sob ameaça de punição, com uso de coação, realizado de maneira involuntária”.

Outra exigência é o cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho em razão de dívida contraída com o empregador.

Para caracterizar a violação é preciso que haja manutenção de segurança armada com o fim de reter o trabalhador no local de trabalho em razão de dívida contraída com o empregador e retenção de documentação pessoal do trabalhador.

O texto define ainda trabalho forçado, jornada exaustiva e condição degradante, que inclui violação de direitos fundamentais, cerceamento da liberdade de ir e vir e privação da dignidade.

Antes, os fiscais usavam conceitos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Código Penal para determinar o que é trabalho escravo.

Assim, com as novas regras do governo, barradas no STF, situações a seguir não poderiam ser alvo de atuação do Ministério Público do Trabalho:

– Dormir em cima de fezes de animais;

– Dividir o celeiro com porcos;

– Viver embaixo de uma lona preta;

– Não ter comida, água ou ambientes próprios para higiene;

– Jornadas de trabalho que alcançam 200 dias seguidos.

A decisão de Rosa Weber, que tem caráter provisório, foi uma resposta ao pedido da Rede Sustentabilidade, que pediu a anulação dos efeitos da portaria do governo Temer. Com a liminar, a nova regra fica suspensa até que o STF tome uma decisão definitiva sobre o assunto.

Fonte: MSN

Portaria do governo dificulta comprovação de trabalho escravo

trabalhoescravoagenciabrasilmarcellocasaljr: A portaria também altera a norma que criou o cadastro de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão, a ‘lista suja'© Agência Brasil A portaria também altera a norma que criou o cadastro de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão, a ‘lista suja’

Ministério do Trabalho publicou no Diário Oficial da União (DOU) a Portaria 1129/17, que regulamenta a concessão de seguro-desemprego a pessoas resgatadas de trabalho análogo à escravidão no país. Esse benefício já é concedido desde 2003.

A portaria define quatro situações que configuram regime de trabalho forçado ou análogo ao de escravo e que devem ser observadas pelos fiscais na inspeção de propriedades e documentadas para comprovar as condições de trabalho das vítimas.

As exigências valem para o enquadramento dos casos no crime e permitir a inclusão dos empregadores na chamada “lista suja do trabalho escravo”. Os empregadores incluídos nessa lista terão assegurados o exercício do contraditório e de ampla defesa.

A portaria também altera a norma que criou o cadastro de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão, a ‘lista suja’.

Na prática, a portaria dificulta a punição de flagrantes situações degradantes. Diz a definição de condição análoga à de escravo: “A submissão do trabalhador a trabalho exigido sob ameaça de punição, com uso de coação, realizado de maneira involuntária; o cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto, caracterizando isolamento geográfico; a manutenção de segurança armada com o fim de reter o trabalhador no local de trabalho em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto; a retenção de documentação pessoal do trabalhador, com o fim de reter o trabalhador no local de trabalho”. A portaria ainda define trabalho forçado, jornada exaustiva e condição degradante.

A portaria foi publicada uma semana depois da exoneração do chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho, André Esposito Roston. A exoneração dele foi repudiada por entidades, como Comissão Pastoral da Terra, Ministério Público do Trabalho, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, entre outras.

“A fiscalização é a base do sistema de combate a esse crime. E, sem uma fiscalização confiável, não há como produzir informação para subsidiar as ações da sociedade civil e do setor empresarial. […] Estamos convictos de que a exoneração compromete a erradicação dessa violação aos direitos humanos e revela a inexistência de vontade política e o descompromisso do atual governo com o enfrentamento do problema”, diz a nota de repúdio.

As entidades mencionam informações dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, de que Roston foi dispensado porque desagradou ao governo ao informar a falta de recursos para o combate ao trabalho escravo em audiência pública realizada no Senado Federal.

O Ministério do Trabalho negou que a exoneração de Roston vá prejudicar as ações de combate ao trabalho escravo. Sobre a Portaria, a pasta informa  que “o combate ao trabalho escravo é uma política pública permanente de Estado, que vem recebendo todo o apoio administrativo desta pasta, com resultados positivos concretos relativamente ao número de resgatados, e na inibição de práticas delituosas dessa natureza, que ofendem os mais básicos princípios da dignidade da pessoa humana”.

“Reitera-se, ainda, que o Cadastro de Empregadores que submeteram trabalhadores à condição análoga a de escravo é um valioso instrumento de coerção estatal, e deve coexistir com os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório”, afirma a nota.

O vice-coordenador da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, do Ministério Público do Trabalho, Maurício Ferreira Brito , disse que o governo usa uma portaria para modificar o conceito de trabalho análogo ao de escravo previsto no artigo nº 149 do Código Penal, “fazendo-se substituir pelo legislador ordinário”.

“O Ministério Público do Trabalho não ficará inerte diante de mais uma ilegalidade e está reunido, junto com outras entidades, públicas e privadas, para a adoção das medidas judiciais e extrajudiciais na sua esfera de atuação”, afirmou ele.

Comprovação

Para que o auto de infração seja emitido, a portaria exige uma série de comprovantes, como existência de segurança armada diversa da proteção ao imóvel; impedimento de deslocamento do trabalhador; servidão por dívida; e existência de trabalho forçado e involuntário pelo trabalhador.

Segundo a portaria, ao final do processo administrativo, se comprovada a procedência do auto de infração ou do conjunto de autos, a determinação da inscrição do empregador na “lista suja” será do ministro do Trabalho.

Batalha judicial

A publicação da ‘lista suja’ foi alvo de uma batalha judicial e de uma denúncia contra o Brasil na ONU. A lista foi publicada neste ano com atraso.

A publicação da lista havia sido suspensa em 2014 por liminar concedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski para a Associação Brasileira de Incorporadora Imobiliárias. Em 2016, uma decisão liberou a publicação da lista.

Mesmo assim, a divulgação do nome das empresas que submetem seus funcionários a condições análogas à escravidão continuou paralisada. Um dos argumentos utilizados pelo governo para brecar a divulgação era a de que as empresas não teriam direito de se defender e isso poderia prejudicá-las.

Neste ano, após três sentenças judiciais que determinavam o fim do sigilo do cadastro, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) aceitou pedido apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender a divulgação dos nomes de empresas e pessoas físicas flagradas nas operações de combate ao trabalho forçado. A decisão do presidente do TST, Ives Gandra Martins, foi derrubada por outro ministro da Corte.

A lista deste ano trazia a relação de 68 empregadores flagrados por fiscais do trabalho submetendo seus empregados a situação análoga à escravidão. A maior parte das irregularidades foi registrada em fazendas, 45 no total.

De 2011 até o fim do ano passado, 503 trabalhadores estavam em situação de trabalho degradante.

Fonte: MSN

Servidor: Projetos que afetam funcionalismo chegam em breve ao Congresso

Governo aguarda votação de denúncia contra Temer. Uma das propostas eleva alíquota previdenciária

 O governo federal tenta enviar ao Congresso Nacional em breve — após a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer pela Câmara, no fim deste mês — as propostas que afetam ‘em cheio’ o funcionalismo. Entre elas, a que aumenta a alíquota previdenciária de 11% para 14%, a que altera estrutura de carreiras, e a de adiamento de reajustes de algumas áreas. Os projetos, porém, vão provocar uma resposta dos servidores, que já se organizam para freá-los.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, durante divulgação do relatório de receitas e despesas do governo no quarto bimestreDivulgação

Todas as medidas estão sendo levadas em conta na nova Proposta de Lei Orçamentária (PLOA) de 2018 da União, com um déficit de até R$ 159 bilhões acima dos R$ 129 bilhões previstos inicialmente , que ainda tem que ser submetida ao Parlamento. Na última quarta, inclusive, haveria reunião do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, com a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso. O encontro acabou sendo adiado, pois se ocorresse, começaria a contar o prazo para enviar o texto ao Legislativo, conforme prevê a constituição.

Ao todo, são nove projetos referentes aos servidores, sendo que três já foram lançados por medidas provisórias (MPs): o Programa de Demissão Voluntária (PDV), a redução da jornada e licença sem remuneração. Com isso, há possibilidade de alguns dos outros seis serem lançados também por MPs e outros por textos que tenham de passar pelo aval do Parlamento.

As outras seis medidas são a de aumento da contribuição previdenciária; extinção de cargos; cancelamento de reajuste de cargos comissionados; redução da ajuda de custo e do auxílio-moradia; reestruturação de carreiras; adiamento de reajustes de diversas categorias; além da proposta do Senado que trata do teto remuneratório e que tem apoio do governo.

Reação de servidores

O funcionalismo classifica as medidas como “desmonte do serviço público” e promete forte reação ao governo. Segundo o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, as categorias organizam cronograma de ações.

“Nos dias 19 e 20, o funcionalismo federal, estadual e municipal discutirá estratégias de enfrentamento. Os projetos são equivocados, pois estão na contramão da legalidade. E se tentarem alguma brecha, vamos questionar (cortes de direitos) na Justiça”, disse.

No Senado: demissão por desempenho

Outra proposta tem provocado ‘dor de cabeça’ aos funcionários públicos do país: o projeto do Senado que permite demissão de servidor estável por “insuficiência de desempenho”. Da senadora Maria do Carmo (DEM-SE), o texto regulamenta artigo da Constituição Federal e recebeu alterações no substitutivo de Lasier Martins (PSD-RS) na CCJ.

Agora, o projeto será discutido pela Comissão de Assuntos Sociais e depois seguirá para as comissões de Direitos Humanos e Legislação e a de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor.

Segundo o texto, a avaliação do servidor será feita por comissão formada pela chefia do avaliado e mais dois servidores estáveis (um escolhido pelo setor de RH e o outro por sorteio entre os funcionários da unidade). Ele será avaliado por um ano e, no fim, ele receberá um conceito, com possibilidade de melhorar sua nota na avaliação seguinte. Se ele ‘não passar’, entrará em processo de exoneração, podendo recorrer.

Onde se encontra cada medida proposta pela União

PDV: Publicada pela Medida Provisória (MP) 792/2017 e regulamentada em portaria de 12/09/2017.

Licença sem remuneração: MP 792/2017, regulamentada em portaria de 12/09/2017.

Jornada de Trabalho Reduzida: MP 792/2017, regulamentada em 12/09/2017.

Teto Remuneratório: PL 6726/2016 em tramitação na Câmara dos Deputados (governo apoia o PLS da comissão extrateto).

Aumento da alíquota previdenciária: minuta do ato legal está na Casa Civil.

Extinção de cargos: minuta do ato legal está na Casa Civil.

Cancelamento de reajuste de cargos comissionados: minuta do ato legal na Casa Civil.

Limitação da ajuda de custo e do auxílio moradia: minuta do ato legal na Casa Civil.

Reestruturação de Carreiras: em análise no Ministério do Planejamento. Segundo a pasta, a elaboração “do ato legal é complexa pois envolve a elaboração de mais de 900 tabelas”. O trabalho pode ser concluído no fim deste mês.

Adiamento de reajustes: minuta do ato legal na Casa Civil.

Fonte: O Dia

Governo contrata em 6 meses mais servidores do que estima desligar com PDV

De acordo com Ministério do Planejamento, União contratou 7.089 servidores entre fevereiro e julho. Expectativa de adesão a plano de demissão é de 5 mil. Para ministério, não há incoerência.

Embora tenha anunciado a abertura de um PDV com expectativa de adesão de cerca de 5 mil servidores, o governo federal contratou 7.089 servidores a mais do que desligou entre o final de janeiro e o final de julho deste ano, segundo dados do Ministério do Planejamento, que não vê incoerência em relação ao ajuste fiscal do governo (leia mais abaixo).

De acordo com o Painel Estatístico de Pessoal (PEP), do Ministério do Planejamento, ao final de janeiro o governo contava com um total de 581.098 servidores. Ao final de julho, eram 588.187 – diferença, para mais, de 7.089.

Além da meta de corte com o PDV, o número de novos contratados também supera os 4.184 cargos comissionados que o governo diz ter cortado nos últimos meses, e que teriam gerado economia de R$ 202 milhões por ano.

Página do governo mostra total de servidores ao final de janeiro de 2017 (Foto: Ministério do Planejamento)Página do governo mostra total de servidores ao final de janeiro de 2017 (Foto: Ministério do Planejamento)

Página do governo mostra total de servidores ao final de janeiro de 2017 (Foto: Ministério do Planejamento)

Página do governo mostra total de servidores ao final de julho de 2017 (Foto: Ministério do Planejamento)Página do governo mostra total de servidores ao final de julho de 2017 (Foto: Ministério do Planejamento)

Página do governo mostra total de servidores ao final de julho de 2017 (Foto: Ministério do Planejamento)

 

Planejamento não vê incoerência

 

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério do Planejamento informou que não vê incoerência na contratação de novos servidores e na adoção de um PDV.

“O aumento da força de trabalho acontece em função de concursos que foram realizados antes da suspensão de novos certames, não caracterizando, assim, uma medida que vai na contramão do ajuste fiscal e nem dos anúncios dos PDVs que estão sendo feitos. Cabe destacar que os concursos permanecem suspensos como medida de contenção de gastos”, informou a pasta.

Segundo o Planejamento, houve contratações, por meio de processo seletivo, de profissionais para médicos residentes, residência multiprofissional, programa Mais Médicos, agentes para os censos do IBGE, professores temporários. Por meio de concursos, as contratações foram de docentes e técnicos de universidades, além de servidores de “carreiras variadas”, como Seguro Social (INSS), e do IBGE.

 

Jornada reduzida e outras medidas

 

Além do PDV, o governo propôs outras medidas para reduzir o gasto com o pagamento de servidores.

Uma delas é a implementação da jornada de trabalho reduzida, que permite que os servidores optar por trabalhar menos horas e ter o salário cortado na mesma proporção. Outra é a licença não remunerada.

PDV, jornada reduzida, licença não remunerada (Foto: Arte/G1)PDV, jornada reduzida, licença não remunerada (Foto: Arte/G1)

PDV, jornada reduzida, licença não remunerada (Foto: Arte/G1)

Para reduzir os gastos com servidores, o governo também propôs várias medidas, que ainda têm de ser aprovadas pelo Congresso Nacional para ter validade:

 

  • Instituição de um teto salarial, limitado ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, englobando “todas as verbas” recebidas pelos servidores;
  • Alterações na carreira dos servidores públicos;
  • Aumento da contribuição previdenciária dos servidores públicos, de 11% para 14%;
  • Adiamento de reajustes dos servidores por 12 meses;
  • Extinção de 60 mil cargos que não atendem mais a demandas do trabalho no governo, entre eles de datilógrafos;

 

 

Gastos com servidores

 

Os gastos da União com o pagamento de servidores aumentaram nos últimos três anos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB):

 

  • 2014: R$ 222,37 bilhões (3,8% do PIB)
  • 2015: R$ 238,49 bilhões (4% do PIB)
  • 2016: R$ 257,87 bilhões (4,1% do PIB)

 

Segundo o Ministério do Planejamento, o aumento proporcional decorre, principalmente, da recessão na economia, que gerou queda do PIB nos últimos anos e aumentou o peso dos gastos com pessoal.

De acordo com o Ministério do Planejamento, com o programa de demissão voluntária (PDV), será possível economizar cerca de R$ 1 bilhão por ano.

Pelo texto da medida provisória, o servidor que aderir ao PDV receberá, a título de incentivo financeiro, indenização correspondente a 1,25 da remuneração mensal por ano trabalhado no Poder Executivo.

Fonte: G1

Mesmo com cortes, há mais de 800 vagas abertas para servidores federais

Dados do Ministério do Planejamento apontam que há cinco concursos autorizados este ano, que aguardam a publicação do edital; concursos aprovados não serão afetados pelo corte de gastos.

O corte de gastos do governo para cobrir o rombo nas contas públicas atingiu em cheio os servidores públicos.

A equipe econômica anunciou em 15/8/17 o corte de sessenta mil vagas  e disse que não prevê ampliação de quadro de servidores federais, apenas reposição de vagas. Apesar disso, há ainda vagas efetivas para preencher e concursos a serem realizados este ano.

Levantamento do G1 nos dados do Ministério do Planejamento mostra que existem 815 vagas abertas no serviço público federal. Elas se referem a concursos já autorizados pelo órgão, à espera da publicação dos editais.

Em 2017, o Ministério do Planejamento aprovou a abertura de 2.089 vagas. Destas, 1.374 já tiveram as nomeações realizadas. Ainda restam 715 vagas, que se referem a três concursos que foram autorizados e ainda não tiveram os editais divulgados.

Na lista do Planejamento não constam, entretanto, as 100 vagas autorizadas em julho deste ano para a Advocacia Geral da União (AGU). Também não está na lista o concurso autorizado para os Correios em maio, que ainda não tem o número de vagas definido.

O governo ainda tem 357 vagas para preencher de concursos que foram realizados no ano passado, mas os aprovados ainda não foram nomeados.

Vagas abertas para servidores federais

Órgão Situação do concurso Vagas a preencher
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas 78
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas 150
Instituto Nacional do Câncer (Inca) Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas 27
Secretaria Especial da Saúde Indígena do Ministério da Saúde Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas 102
Associação Brasileira de Inteligência (Abin) Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital 300
Ministério da Agricultura Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital 300
Ministério da Defesa Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital 115
Advocacia Geral da União (AGU) Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital 100
Correios Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital indefinido
Fonte: Ministério do Planejamento

Segundo o Ministério do Planejamento, os concursos em andamento e já autorizados são assegurados. No entanto, essa garantia se refere somente a nomeações dentro do número de vagas estabelecidos nos editais e durante o período de validade de cada seleção. Ele pode variar de 6 meses a 2 anos, podendo ser prorrogado por igual período.

 

Enxugamento da folha

 

Ao anunciar o aumento da meta fiscal para déficit de R$ 159 bilhões em 2017 e 2018, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que não haverá corte de concursos já previstos. As seleções, no entanto, serão realizadas apenas para repor funcionários, sem o objetivo de aumentar o quadro de servidores nos próximos anos.

A suspensão de concursos públicos vem ocorrendo desde 2016 como uma das medidas de ajuste nas contas públicas. Em 2015, ao anunciar a suspensão para o ano seguinte, o governo informou que o congelamento das seleções abrangeria 40389 cargos com o objetivo de economizar R$ 1,5 bilhão.

 

Órgãos livres do corte

 

O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão é responsável somente pelas autorizações dos concursos públicos do Poder Executivo Federal. Ele não interfere em contratações, por exemplo, nos poderes Legislativo e Judiciário e em alguns cargos federais.

Pela legislação atual, alguns cargos federais não dependem da aprovação do ministério de Planejamento para a realização de concursos. São eles:

 

  • advogado da União, procurador da Fazenda Nacional e procurador federal
  • defensor público da União
  • diplomata
  • policial federal

 

Segundo o ministério, a mesma regra dá autonomia para universidades públicas federais e bancos públicos para realizar novos concursos públicos. Veja a relação de órgãos que não precisam do aval do Planejamento para contratar:

 

  • universidades federais
  • Banco do Brasil
  • Caixa Econômica Federal
  • Petrobras
  • Infraero

 

O Planejamento diz ainda que não interfere nos poderes Legislativo e Judiciário em relação à contratação de pessoal. Portanto, concursos para Senado, Câmara, Tribunais, Ministérios Públicos, Defensorias e Procuradorias não são afetados pelo corte.

Os cargos militares das Forças Armadas também estão fora do contingenciamento – ficam sujeitos às restrições somente os cargos civis dentro da Marinha, Exército e Aeronáutica, como médicos e engenheiros.

Fonte: G1

Corte de gastos atinge benefícios de servidor público

Além de baixar os salários de início de carreira e adiar reajustes, o governo quer reduzir ou extinguir vantagens concedidas a funcionários, como auxílio-moradia e ajuda de custo para mudança, e agilizar projeto que limita remunerações no serviço público

Temer se encontrou com a equipe econômica para afinar o discurso de revisão da meta fiscal

O governo prepara uma série de medidas que afetarão a vida de concurseiros e de servidores da ativa. Além de adiar de 2018 para 2019 reajustes salariais para diversas categorias e definir os salários iniciais para as carreiras de nível médio e superior, vários benefícios serão revisados para gerar economia aos cofres públicos.

As propostas, que serão anunciadas amanhã, se limitarão ao Poder Executivo. Entretanto, a ideia é de que o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União adotem normas semelhantes, já que 80% dos orçamentos se destinam à folha de pessoal.

O assunto foi discutido ontem em reunião do presidente Michel Temer com ministros, no Palácio do Planalto. Técnicos ainda estudam se as propostas serão encaminhadas ao Congresso por meio de projetos de lei ou por medida provisória, que teria eficácia imediata. O adiamento dos reajustes no próximo ano resultará em economia de R$ 9,7 bilhões. As demais medidas têm potencial para reduzir os gastos públicos em R$ 70 bilhões.

A primeira delas é fixar remuneração de entrada no serviço público de R$ 2,8 mil para cargos de nível médio e de R$ 5 mil para postos que exigem ensino superior. A ideia do Executivo é de que as carreiras passem a ter 30 níveis e revisões salariais anuais. Com isso, o servidor chegaria ao topo ao longo de 30 anos. “A regra valerá para os novos concursos em 2018. Os editais publicados não serão afetados”, disse um auxiliar de Temer.

Discrepâncias

Estudos da equipe econômica indicam que o nível de remuneração das carreiras federais está acima dos valores de mercado. Em média, um servidor de nível fundamental ganha 3,5 vezes mais do que um trabalhador do setor privado com a mesma escolaridade. Os de nível médio têm salário 2,8 vezes maior e os de nível superior, 2,1 vezes. Em alguns casos, as discrepâncias são ainda mais gritantes.

Um advogado recém-formado recebe, em média, R$ 4,4 mil no setor privado. Já um advogado da União inicia a carreira com salário de R$ 19,2 mil, 4,3 vezes superior. As diferenças também são semelhantes nas carreiras que compõem o ciclo de gestão. Os economistas, que no setor privado ganham R$ 6,4 mil, os administradores, que têm salário  de R$ 4,6 mil, e os contadores, de R$ 4,2 mil, garantem, no setor público, contracheque de R$ 16,9 mil. “Os mais jovens não têm motivação para progredir, não querem assumir cargos e se comprometer”, explica um técnico do Executivo.

Outro problema é a baixa amplitude para a progressão funcional. Muitos servidores chegam aos níveis mais altos da carreira em até 15 anos de trabalho. No caso da Advocacia-Geral da União (AGU), a progressão se dá em até seis anos de serviço e o salário chega a R$ 24,9 mil. Técnicos da equipe econômica argumentam que, mesmo com a fixação de um salário inicial de R$ 5 mil, trabalhadores com essa faixa de renda se enquadram entre os 10% mais ricos da população, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As mudanças não param por aí. O auxílio-moradia, que chega a engordar os contracheques em até R$ 4,3 mil, será pago por, no máximo, quatro anos, e o valor, reduzido anualmente em 25%, até zerar. Outra regalia que será revisada é a ajuda de custo para mudança. Quando é transferido para outra cidade, o servidor recebe até três salários cheios, sem incidência de Imposto de Renda, tanto na ida quanto na volta. Pela proposta do Executivo, somente um salário será pago quando o servidor se mudar e outro, quando voltar para a cidade em que tem domicílio próprio.

Além dessas medidas, o governo quer desbloquear a tramitação, na Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei nº 6.726, de 2016, que regulamenta o teto constitucional para todos os Poderes. A proposta, já aprovada pelo Senado, está engavetada na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público e aguarda designação de relator. Pelo texto, os rendimentos não poderão exceder o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal,  de R$ 33,7 mil.

Efeitos

O limite será aplicado ao somatório das verbas recebidas pelo servidor, ainda que tenham origem em mais de um cargo, aposentadoria ou pensão, inclusive quando originados de fontes pagadoras distintas. O projeto de lei determina que integram o teto os vencimentos, salários e soldos ou subsídios, verbas de representação, parcelas de equivalência ou isonomia, abonos, prêmios e adicionais, entre outros. No extrateto estão as parcelas de indenização, previstas em lei, não sujeitas aos limites de rendimento e que não se incorporam à remuneração. É o caso da ajuda de custo na mudança de sede e das diárias em viagens.

O especialista em finanças públicas da Tendências Consultoria, Fábio Klein, avalia que parte das medidas é positiva, mas avisa que os efeitos só virão a médio e longo prazos. Para ele, o ideal é que, além de reduzir salários iniciais, nem todas as vagas abertas sejam repostas. “Estão propondo um tratamento mais próximo ao do setor privado. Mas, adiar o reajuste dos servidores é empurrar uma despesa permanente. Não entendo como querem postergar as revisões e elevar a previsão de deficit. Isso precisa ser melhor detalhado”, destacou.

Temer define ajuste fiscal

A pressão dos partidos do centrão sobre o presidente Michel  Temer após bancarem o arquivamento da denúncia contra ele no mês passado, na Câmara dos Deputados, resultará em uma série de trocas de cargos no segundo escalão do governo a partir de amanhã. O Diário Oficial da União deve anunciar demissões como forma de retaliação aos partidos infiéis, como o PSDB, que se dividiu na votação. Os demitidos serão substituídos por integrantes do Centrão, como PP, PR e PSD, que exigem mais espaço no governo após a demonstração de fidelidade.

O assunto foi discutido ontem no Palácio do Planalto, onde, durante a tarde, Temer se encontrou com a equipe econômica para afinar o discurso de revisão da meta fiscal, que também pode ser anunciada nesta segunda-feira. O presidente passou a tarde com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles; do Planejamento, Dyogo Oliveira; e da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, responsável pela articulação política do governo. Mais cedo, o chefe do Executivo esteve com os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen.

A expectativa de rombo para este ano deve aumentar em R$ 20 bilhões, dos R$ 139 bilhões previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para R$ 159 bilhões, como propõe a Fazenda. A meta para 2018, de R$ 129 bilhões, também deve ser atualizada. A possibilidade de flexibilização tem sido criticada por parte da base política do governo, que se reuniu na semana passada com a equipe econômica. Outra medida discutida é a postergação, para 2019, do reajuste dos salários dos servidores federais.

 Fonte: Correioweb

Para reduzir rombo, governo quer limitar salário inicial de servidor a R$ 5 mil

Rombo recorde nas contas públicas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rombo recorde nas contas públicas Foto: Pixabay
 

 

 

 

 

 

 

 

 

O governo bateu o martelo e vai revisar as metas fiscais de 2017 e 2018. O rombo deste ano subirá de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões. Já o déficit primário do ano que vem passará de R$ 129 bilhões para R$ 149 bilhões.

Para conseguir o resultado, o governo vai apertar o funcionalismo público. Serão encaminhadas ao Congresso propostas para adiar o reajuste dos servidores de 2018 para 2019 (o que resulta numa redução de gastos de R$ 9 bilhões) e para acabar com o auxílio reclusão, pago a famílias de detentos (dando uma economia de R$ 600 milhões).

O governo quer ainda limitar os salários iniciais do funcionalismo a R$ 5 mil. Segundo integrantes da equipe econômica, existem hoje carreiras em que o funcionário ingressa no serviço público ganhando quase R$ 20 mil, o que faz com que ele atinja o teto muito cedo.

A equipe econômica chegou a propor ao presidente Michel Temer acabar com o auxílio funeral, mas a ideia acabou vetada.

Embora aumentem o rombo fiscal, as novas metas são ousadas, segundo interlocutores do governo. O potencial de frustração de receitas é superior a R$ 20 bilhões em 2017. E para 2018, o déficit detectado internamente varia entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões. Isso significa que o governo terá que apertar muito os cintos para chegar aos novos números.

Com rombo de R$ 56 bilhões, contas do governo têm pior 1º semestre em 21 anos

Informações foram divulgadas pela Secretaria do Tesouro Nacional. Mercado financeiro avalia que governo não cumprirá meta fiscal de 2017, que é de déficit de até R$ 139 bilhões.

 As contas do governo registraram um déficit primário de R$ 56,09 bilhões no primeiro semestre deste ano, informou a Secretaria do Tesouro Nacional nesta quarta-feira (26).

Foi o pior resultado para o primeiro semestre desde o início da série histórica, em 1997, ou seja, em 21 anos. Até então, o maior déficit para esse período havia sido registrado em 2016 – quando o rombo somou R$ 36,47 bilhões no primeiro semestre.

É o terceiro ano seguido em que as contas ficam no vermelho neste período. O resultado primário considera apenas as receitas e despesas e não leva em conta os gastos do governo federal com o pagamento dos juros da dívida pública.

De acordo com o Tesouro, as receitas totais recuaram 1,2% em termos reais (após o abatimento da inflação). As despesas, porém, aumentaram 0,5% na comparação com os seis primeiros meses do ano passado, para R$ 604,27 bilhões (veja mais abaixo nesta reportagem).

Segundo o Tesouro Nacional, houve uma antecipação, em maio e junho de 2017, do pagamento de precatórios que normalmente aconteceria no fim do ano.

Sem esse efeito, informou o governo, as contas do governo teriam registrado um rombo menor, de R$ 38 bilhões no primeiro semestre. Ainda assim seria o pior resultado da série histórica.

O fraco resultado das contas públicas acontece em um ambiente de baixo nível de atividade, que tem se refletido na arrecadação de impostos e contribuições federais.

Embora apareçam alguns sinais de melhora no ritmo da economia, como na produção industrial, o desemprego ainda segue alto. Tensões políticas recentes também impactam o nível de confiança do empresariado.

Apesar do descrédito do mercado com a meta fiscal (veja no fim dessa reportagem), a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, afirmou que o compromisso da equipe econômica com a meta fiscal deste ano é “pleno”.

“Não temos discussão sobre mudança de meta. Não negamos que ela é desafiadora, mas estamos demonstrando todo nosso engajamento com ela, com ações concretas”, disse ela.

Segundo ela, a melhora das contas públicas, ainda que “gradual”, é que traz condições de permitir uma recuperação da economia brasileira, com geração de empregos, juros mais baixos e inflação menor.

“É isso que mais beneficia os mais pobres. Estamos firmes e coesos nesse caminho”, disse ela, ao ser questionada sobre o impacto dos cortes de gastos nos serviços públicos.

 

Resultado de junho

 

Somente no mês de junho, de acordo com dados oficiais, as contas do governo registraram um déficit primário (sem contar juros da dívida pública) de R$ 19,79 bilhões.

Esse foi o segundo mês seguido com as contas no vermelho e, também, o pior resultado para meses de junho. No mesmo período de 2016, as contas do governo tiveram déficit de R$ 9,79 bilhões.

Sem a antecipação do pagamento de precatórios, o Tesouro informou que o rombo do mês passado seria de R$ 11,3 bilhões. Neste caso, também seria o pior da série histórica, que tem início em 1997.

 

Receitas caem e despesas sobem

 

De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, as receitas totais recuaram 1,2% em termos reais (após o abatimento da inflação) de janeiro a junho deste ano, na comparação com igual período de 2016, para R$ 664,8 bilhões.

As despesas totais, ao contrário, avançaram 0,5% em termos reais, na comparação com os seis primeiros meses do ano passado, para R$ 604,27 bilhões. O governo argumenta que a maior parte das despesas são obrigatórias, diminuindo sua margem de manobra para sua retenção.

A Secretaria do Tesouro Nacional informou que o rombo da Previdência Social (sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado) avançou de R$ 60,44 bilhões, nos seis primeiros meses de 2016, para R$ 82,86 bilhões no mesmo período deste ano, um aumento de 37,1%.

Para 2017, a expectativa do governo é de que o INSS registre novo resultado negativo, de R$ 185,7 bilhões.

O Congresso discute proposta do governo Michel Temer para a reforma da Previdência. De acordo com o governo, o objetivo da medida é frear o crescimento do déficit do INSS.

 

Concessões, dividendos e investimentos

 

Nos seis primeiros meses deste ano, ainda de acordo com os dados oficiais, as receitas com concessões registraram forte queda, para R$ 2,6 bilhões, contra R$ 18,59 bilhões no mesmo período do ano passado.

Por outro lado, houve um aumento no recebimento de dividendos, que totalizaram R$ 4,3 bilhões nos seis primeiros meses deste ano, em comparação com R$ 1 bilhão no mesmo período de 2016.

Os dados oficiais mostram que o governo também diminuiu fortemente o pagamento de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida, para R$ 10,33 bilhões, de janeiro a junho deste ano. No mesmo período de 2016, os gastos esses investimentos somaram R$ 19,1 bilhões.

 

Descrédito com a meta fiscal

 

A meta fiscal do governo federal para este ano é de déficit primário (despesas maiores do que receitas, sem contar os juros da dívida pública) de até R$ 139 bilhões.

Neste começo de 2017, as receitas com impostos foram menores que as previstas, o que levou a equipe econômica a anunciar, no mês retrasado, uma série de medidas para tentar atingir a meta, entre elas um corte de R$ 42,1 bilhões em gastos e aumento da tributação sobre a folha de pagamento.

No mês passado, porém, o governo liberou R$ 3,1 bilhões em gastos e diminuiu o valor do bloqueio na peça orçamentária deste ano.

Mais recentemente, o governo bloqueou mais R$ 5,9 bilhões em despesas – elevando o contingenciamento total para cerca de R$ 45 bilhões – e anunciou a alta da tributação sobre os combustíveis, que está suspensa pela justiça.

Com o orçamento apertado e os gastos limitados pela regra do teto, que começou a valer neste ano, o governo já reduziu investimentos e sofre para manter alguns serviços.

A Polícia Federal chegou a suspender a emissão de passaportes. Já a Polícia Rodoviária Federal reduziu o policiamento nas estradas.

Os economistas das instituições financeiras estimam que o rombo das contas do governo ficará em 145,26 bilhões. O valor está acima da meta fiscal fixada para 2017, que é de um resultado negativo de até R$ 139 bilhões.

Segundo números oficiais, o rombo fiscal somou R$ 154,2 bilhões no ano passado, o maior em 20 anos. Em 2015, o déficit fiscal totalizou R$ 115 bilhões. A consequência de as contas públicas registrarem déficits fiscais seguidos é a piora da dívida pública e pressões inflacionárias.

Fonte: G1

Com aperto no Orçamento, órgãos públicos correm risco de paralisia total a partir desta semana

Sem receitas para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2017, de déficit primário de R$ 139 bi, equipe econômica já foi obrigada a contingenciar quase R$ 45 bi

Agência do INSS no Rio – Ana Branco / Agência O Globo

 

Na Educação, as universidades federais tiveram o orçamento deste ano reduzido em 11,4% em relação a 2016, de R$ 7,9 bilhões para R$ 7 bilhões, sendo que os gastos ainda foram contingenciados em R$ 2,4 bilhões. Nos cálculos de grande parte das 67 instituições de ensino superior custeadas pelo MEC, os recursos disponíveis só bancam despesas até agosto. Como já não se conta mais com praticamente nenhum investimento, o custeio virou o alvo da tesoura do Executivo, provocando atrasos no funcionamento da máquina e até cortes no fornecimento de luz.

Nem mesmo a operação de distribuição de água para municípios afetados pela seca no Nordeste por meio da contratação de 6 mil carros-pipa foi poupada. Segundo responsáveis pelo programa, a dotação orçamentária acabou em julho. Para não paralisar totalmente o serviço, o Ministério do Planejamento prometeu que uma parte dos R$ 2,250 bilhões que serão remanejados do Orçamento ao longo de agosto para atender a despesas mais emergenciais irá para os carros-pipa. Isso, contudo, não resolve o problema até o fim de 2017.

Maia defende manutenção da meta

Nos Transportes, o quadro não é melhor. Segundo integrantes da pasta, se uma parte dos cortes não for liberada entre agosto e setembro, 70% da malha federal ficarão sem cobertura. Isso significa que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não terá dinheiro nem mesmo para realizar operações tapa-buraco. Do total de R$ 3,7 bilhões que foram liberados para o serviço, 90% já foram gastos. Para resolver a questão, dizem os técnicos, é preciso liberar mais R$ 1,5 bilhão.

Problemas em série
O que pode ser afetado pela crise fiscal
 
CARTEIRA DE TRABALHO
No Ministério do Trabalho, falta de recursos pode prejudicar fiscalização do trabalho escravo, emissão de carteiras de trabalho e atendimento a trabalhadores
 
MONITORAMENTO DE FRONTEIRA
Programas estratégicos já tiveram o cronograma afetado, como
o Sistema de Monitoramento
de Fronteira e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos
POSTOS DO INSS
Para não fechar postos do INSS, Ministério do Desenvolvimento Social conta com promessa de
R$ 600 milhões de devolução de benefícios pagos a pessoas que já morreram
 
TAPA-BURACO
Nos transportes, 70% da malha federal rodoviária ficarão sem cobertura. Isso significa que não haverá dinheiro nem mesmo para realizar operações tapa-buraco
 
DIA A DIA DA UNIVERSIDADE
Nas universidades federais, falta dinheiro para gastos do dia a dia, como energia, limpeza e segurança. Instituições já abandonam obras por falta de dinheiro
FISCALIZAÇÃO DA RECEITA
Fiscalização da Receita pode ser afetada porque 40% do
orçamento foram contingenciados, o que afeta o deslocamento dos auditores e o trabalho de tecnologia

Esses interlocutores lembram que as rodovias dos estados do Sul estão em estado crítico. Com as enchentes na região, o Dnit já foi obrigado a fazer obras emergenciais. Também há problemas sérios em Minas Gerais, Bahia e Rondônia. A única forma de não abandonar as operações tapa-buracos sem dinheiro adicional seria suspender contratações já feitas para a realização de novas obras, o que provocaria prejuízos à União por causa da rescisão desses contratos.

As Forças Armadas têm recursos para custeio somente até agosto, segundo uma fonte graduada. A Aeronáutica vai começar a racionar combustível de aeronaves e cortar horas de voo. A tesourada atingiu R$ 3,8 bilhões dos gastos das três Forças, mais R$ 1,7 bilhão em investimentos.

Os programas estratégicos já estão com os cronogramas prejudicados. Os mais afetados são o Sistema de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), do Exército, que prevê a aquisição de equipamentos modernos que permitem fiscalizar a faixa de fronteira com dez países sul-americanos; o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub, com propulsão nuclear) da Marinha, que fica no complexo industrial de Itaguaí (Rio), e a aquisição dos caças Gripen-NG pela Aeronáutica.

O pesquisador do Ibre/FGV e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Manoel Pires, diz que o governo não conseguirá resolver esses problemas de maneira simples. Mesmo com um aperto de quase R$ 45 bilhões nas despesas, a equipe econômica conta com receitas incertas para fechar as contas do ano. Para ele, isso indica que uma mudança na meta para aumentar o rombo fiscal de 2017 pode ser inevitável.

O assunto já está sendo discutido nos bastidores. Uma das principais incertezas deste ano é que o governo conta com R$ 11 bilhões decorrentes de leilões de usinas hidrelétricas que foram retomadas da Cemig e que agora são alvo de uma disputa entre a União e o governo de Minas Gerais. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiou a publicação do edital do leilão das usinas da Cemig.

— Acho que sim (ficou inevitável mudar a meta). O governo vai ter que manter esse quase shutdown mesmo que as receitas esperadas se realizem. Elas serão suficientes para cumprir a meta de R$ 139 bilhões de déficit, mas não para liberar despesas. Não haverá solução fácil — alerta Pires.

Ele destaca que o quadro de paralisia da máquina também pode ser explicado porque grande parte do Orçamento está comprometida com despesas obrigatórias, como folha e Previdência. Diante disso, o governo corta investimentos e depois o restante. Como os investimentos já estão “no osso”, o passo seguinte é o custeio.

Para tentar fechar a conta deste ano, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi encolhido. A Lei Orçamentária de 2017 previa um total de R$ 36,071 bilhões para o programa. Agora, no entanto, ele foi reduzido para R$ 19,7 bilhões.

Apesar da dificuldade para fechar as contas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliou-se publicamente à ala do governo que defende a manutenção da meta fiscal, em mensagem publicada ontem no Twitter. “A minha posição é que a meta fiscal fique onde está. Não é correto gerar mais 30, 40, 50 bilhões de gastos para a população pagar. Todo mundo tem seu orçamento e precisa viver dentro do seu orçamento. A União, os estados e municípios também. Se nós não temos condição de cumprir a meta, que se construam as soluções, mas não aumentando os gastos”, escreveu.

No Ministério do Trabalho, a falta de recursos poderá prejudicar não só a fiscalização de trabalho escravo, mas a emissão de carteiras de trabalho (como já ocorreu com os passaportes) e o atendimento aos trabalhadores em postos. O Orçamento da pasta, de R$ 814 milhões em 2017, caiu para R$ 445 milhões com o primeiro contingenciamento do ano. E deve ficar ainda maior com o novo aperto de R$ 5,9 bilhões que foi anunciado na última quinta-feira.

— Estamos fazendo um verdadeiro estica e puxa para evitar que serviços essenciais sejam prejudicados. Mas, sem recursos extras, vai começar a pipocar problema — disse um técnico da pasta.

Falta de transporte e alimentação

Para não fechar postos de atendimento do INSS, o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, arrancou do Ministério do Planejamento a promessa de que R$ 600 milhões que o governo vai conseguir com a edição de uma medida provisória (MP) pela qual o governo vai cobrar a devolução de benefícios pagos indevidamente a pessoas que já morreram serão destinados à pasta. O INSS tem 1.563 agências de atendimento em todo o país.

A Fiscalização da Receita Federal corre riscos a partir de agosto. Segundo integrantes do Fisco, 40% do orçamento do órgão foram contingenciados, o que afeta não só o deslocamento de auditores para fazer investigações nas fronteiras e nos estados em geral, mas também o trabalho de tecnologia. O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), cujos clientes são 98% órgãos públicos, enfrenta atrasos. A dívida dos órgãos de governo junto ao Serpro chega hoje a R$ 109 milhões.

O Ministério da Agricultura já fez cortes em todas as áreas. Os serviços mais afetados são os prestados por empresas terceirizadas, como segurança e limpeza. Mesmo com a tesourada, que atingiu até a fiscalização de alimentos de origem animal e vegetal, alguns programas do ministério correm o risco de ficar sem recursos até o fim do ano, se o dinheiro não for desbloqueado. Entre esses programas, os principais alvos dos cortes são as ações voltadas a pequenos e médios produtores rurais.

Totalmente dependente de recursos do Orçamento, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma das áreas mais afetadas na Agricultura. A empresa já diminuiu serviços de terceirizados. Agora, pesquisadores e funcionários relatam que algumas unidades podem ficar sem dinheiro para contas básicas a partir de agosto, como energia elétrica. Até a alimentação de pesquisadores que ficam em campo pode ser prejudicada, segundo representantes dos funcionários.

O presidente do sindicato dos trabalhadores da Embrapa (Sinpaf), Carlos Henrique Garcia, disse que a unidade da Embrapa Agroindústria no Rio já desfez o contrato com a empresa que fazia o transporte dos funcionários. Essa medida pode ser adotada em outras unidades, em um movimento que afeta a principal função da empresa, a pesquisa.

Dependente de recursos do Orçamento, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) afirma que o corte nos gastos determinado pelo governo “implicou severas restrições às atividades de operação e manutenção” do órgão, mas que, “até o momento, não há risco de paralisação dos serviços”. Para evitar um colapso nos equipamentos, a EPE começou a pedir doações de computadores, servidores e materiais eletrônicos. Até agora, a empresa recebeu 19 equipamentos de informática.

Temer define regras de programa de demissão voluntária de servidores

Terão preferência os servidores com menos tempo no cargo ou que já estão em licença

© Reuters / Ueslei Marcelino

O presidente Michel Temer assinou nesta quarta-feira (26) a medida provisória com as regras do PDV (programa de demissão voluntária) do Poder Executivo. Por ela, terão preferência os servidores com menos tempo no cargo ou que já estão em licença.

Essa foi a saída do governo para evitar a adesão dos melhores funcionários e que dividia opiniões de integrantes da equipe de Temer.

Quem aderir ao PDV ganhará 1,25 salário por ano trabalhado e não terá de pagar Imposto de Renda sobre as indenizações. Os planos de previdência em fundações fechadas poderão ser mantidos mas revistos porque a União deixará de ter ônus com os servidores desligados.

Além de funcionários da administração pública direta, como os ministérios, foram incluídas fundações e autarquias, órgãos da administração indireta -inclusive de ex-territórios. A decisão inclui as agências reguladoras, por exemplo.

A medida também define a redução de jornada de 8 para 6 ou 4 horas diárias com um bônus de uma hora diária para o cálculo do novo salário. Outra opção será a licença temporária de até três anos incentivada com três meses de salário como bônus.

Ficam impedidos de optar por qualquer uma das três possibilidades os servidores que estejam respondendo a sindicância ou processo administrativo. No caso do PDV, está vedada a participação daqueles que já cumpriram as exigências legais para a aposentadoria.

Para a redução de jornada, terão preferência os funcionários com filhos de até seis anos ou que sejam responsáveis por cuidar de pessoas idosas, doentes ou portadoras de necessidades especiais.

A redução da jornada será concedida pelo órgão a que se vincula o servidor e poderá ser revertida, a qualquer momento.

Quem optar pela licença incentivada poderá exercer outra atividade, na esfera pública ou privada, desde que o novo trabalho não crie situações de conflito de interesse. Contratos temporários, cargos de confiança ou empregos em empresas públicas ou de sociedade mista, como a Petrobras, estão vedados. É permitido participar de conselhos fiscais e de administração de companhias.

A licença de três anos poderá ser renovada pelo mesmo período uma vez e o prêmio de três salários poderá ser pago em parcelas. Esse pagamento também será feito livre de IR.

CORTE DE GASTOS

A medida foi tomada para reduzir despesas do governo e sinalizar com enxugamento da máquina pública. O último PDV foi feito na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1996, e teve adesão de cerca de 5.000 servidores.

O ministro Dyogo Oliveira (Planejamento) considera que a adesão será baixa, menos de 1% dos servidores, o que deve gerar uma economia de até R$ 1 bilhão por ano.

A medida provisória estabelece que, por decisão do Ministério do Planejamento, o PDV poderá ser reaberto caso a política de enxugamento da máquina não seja atingida inicialmente. A ideia era de que o programa ficasse aberto até 2022, mas esse prazo ainda será definido.

FGTS

O presidente Temer assinou um decreto nesta segunda (26) que estende o prazo para o saque de contas inativas até 31 de dezembro de 2018. Pelo cronograma original, as retiradas só poderiam ser feitas até 31 de julho.

A nova regra, no entanto, só valerá para quem comprovar que não fez o saque por questões de saúde ou qualquer outro tipo de impedimento. Para esse grupo, a Caixa Econômica Federal definirá um novo cronograma. Com informações da Folhapress

TRF derruba liminar que suspendeu aumento de tributo nos combustíveis

Em 25/7/17, uma decisão do juiz substituto Renato Borelli, da 20ª Vara Federal do DF, havia revogado o anúncio feito pelo governo na semana passada

© Foto: José Cruz/Agência Brasil

O TRF-1 (Tribunal Regional Federal) derrubou, nesta quarta-feira (26), a decisão judicial que tinha barrado o aumento de tributos nos combustíveis.

Foi mantida, portanto, a validade do decreto presidencial que elevou os tributos.

Em 25/7/17, uma decisão do juiz substituto Renato Borelli, da 20ª Vara Federal do DF, havia revogado o anúncio feito pelo governo na semana passada. A liminar da terça foi revertida no fim da tarde desta quarta pelo TRF-1.

A AGU (Advocacia-Geral da União) ingressou com recurso na noite de terça e teve a decisão de Borelli revista pelo TRF.

Na peça, apresentada ao TRF-1ª Região (Tribunal Regional Federal), a AGU rebateu os argumentos apresentados por Borelli, que falou em “ilegalidades” devido ao não cumprimento da “noventena”, prazo de 90 dias entre a edição da norma e sua entrada em vigor. O magistrado afirmou ainda que a elevação das contribuições deveria ter sido feita por lei, e não por decreto.

A decisão de Borelli era provisória (liminar), e suspendia os efeitos do decreto que determinou o aumento de PIS/Cofins sobre gasolina e etanol. O despacho do magistrado não chegou a ter efeitos práticos sobre o preço dos combustíveis, já que a União ainda não foi notificada sobre o caso. Para que os preços fossem alterados, era necessário um comunicado à AGU e, posteriormente, ao Ministério da Fazenda.

Ao pedir que a liminar fosse suspensa, a AGU utilizou argumentos econômicos. Para o órgão, a tributação dos combustíveis é “imprescindível” para viabilizar a arrecadação de R$ 10,4 bilhões entre julho e dezembro deste ano.Pelos cálculos do governo, a concessão da liminar representa prejuízo diário de R$ 78 milhões.

“Não há dúvidas na jurisprudência nacional de que impedir o recolhimento de cifra milionária em favor de ente federado causa grave lesão à economia”, escreveu a AGU na peça.

O documento da AGU diz ainda que a suspensão da tributação pode resultar em contingenciamento em outras áreas.

“A consequência imediata da não suspensão dessa decisão é a necessidade de se aprofundar o contingenciamento do orçamento da União em montante semelhante, com gravíssimas consequências para a prestação dos serviços públicos.” Com informações da Folhapress.

Fonte: Notícias ao minuto