Crédito bancário recua 0,9% no 1º semestre, mas BC espera recuperação

Expectativa do Banco Central é de que o crédito bancário tenha aumento de 1% em todo ano de 2017.

 

O volume total do crédito bancário registrou queda de 0,9% no primeiro semestre deste ano, informou o Banco Central nesta quinta-feira (27). No fim do ano passado, o estoque de empréstimos dos bancos estava em R$ 3,1 trilhões. Ao final de junho, caiu para R$ 3,07 trilhões

“A trajetória do crédito vinha sendo de redução. Não só no ano de 2017, mas também nos anos anteriores. E essa redução está de acordo com o nível da atividade econômica”, avaliou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha.

Ele observou que o setor bancário tem “reforçado os seus parâmetros prudenciais nas operações de crédito”, ou seja, aumentando o controle na concessão de crédito por conta da inadimplência. Isso também influenciou o resultado do crédito bancário no primeiro semestre.

“Mesmo com a redução do crédito, em decorrência da atividade econômica no ano passado e no começo deste ano, temos visto que a inadimplência, embora tenha crescido especialmente a pessoa física no crédito livre [sem contar rural, BNDES e imobiliário], se manteve em níveis contidos e em junho houve importante redução nos indicadores de inadimplência”, declarou.

Apesar da queda do crédito bancário no primeiro semestre, a autoridade monetária espera recuperação nos próximos meses. Para todo ano de 2017, a previsão do BC é de uma alta de 1% no volume do crédito ofertado pelas instituições financeiras neste ano, na comparação com 2016.

Fernando Rocha, do BC, informou que, em junho, já foi registrado crescimento do crédito bancário, que avançou 0,4% na comparação com o mês anterior.

“O segundo semestre vai ser melhor no mercado de crédito. Temos em junho, ainda que seja uma informação favorável nesse sentido. Ainda temos de aguardar se se confirma nos próximos meses. Em junho, tivemos uma recuperação significativa de pessoas jurídicas. Mas o saldo de pessoas jurídicas cresceu 0,3% e concessões 14,6%”, declarou ele.

Juro do cartão de crédito rotativo volta a subir em junho, para 378% ao ano

Os juros do cheque especial, porém, registraram queda de 2,5 pontos no mês passado, para 322% ao ano, segundo o Banco Central. Taxa de inadimplência recuou em junho.

 

Após cair em maio, a taxa média de juros do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas voltou a registrar aumento em junho deste ano, quando somou 378,3% ao ano, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (27). No mês anterior, o juro do cartão rotativo estava em 377,9% ao ano.

Junho foi o terceiro mês de vigência das novas regras do cartão de crédito, pelas quais o rotativo só pode ser usado até o vencimento da fatura seguinte. Se na data do vencimento o cliente não tiver feito o pagamento total do valor da fatura, o restante terá que ser parcelado ou quitado.

Já os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial registraram pequena queda, passando de 325,1% ao ano, em maio, para 322,6% ao ano, em junho.

A modalidade de crédito do cartão rotativo, e também do cheque especial, de acordo com especialistas, só deve ser utilizada em momentos de emergência e por um prazo curto de tempo – devido ao seu alto custo.

No caso do cartão de crédito, a recomendação dos economistas é que os clientes bancários paguem toda a fatura no vencimento para não deixar saldo devedor e evitar pagar juros.

 

Juro bancário médio em queda

 

A taxa média de juros das operações de crédito das instituições financeiras, com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) recuou 1,2 ponto percentual em junho nas operações com pessoas físicas, para 63,3% ao ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Esse foi o quarto mês seguido de redução.

Também recuou, em junho, a taxa média de todas as operações (pessoas físicas e jurídicas), para 46,1% ao ano, contra 47,3% ao ano em maio. No caso dos empréstimos para as empresas, também com recursos livres, a taxa somou 24,8% ao ano em junho, com queda de 1,3 ponto percentual na comparação com o mês anterior (26,1% ao ano).

A queda dos juros bancários acontece em momento de recuo da Selic, a taxa básica de juros da economia, fixada pelo Banco Central, que influencia a chamada “taxa de captação” dos bancos, ou seja, quanto eles pagam pelos recursos.

Em sua última reunião, realizada nesta quarta-feira (26), Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic de 10,25% para 9,25% ao ano. Foi o sétimo corte seguido nos juros básicos da economia.

 

‘Spread’ bancário

 

O chamado “spread bancário” – ou seja, a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes – recuou em junho para 36,5 pontos percentuais, contra 37,7 pontos percentuais em maio.

No caso das operações com pessoas físicas, o “spread” caiu de 54,7 pontos percentuais em maio para 53,5 pontos percentuais em junho deste ano. Esse índice ainda é elevado quando comparado à média praticada pelos bancos em outros países.

O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

 

Taxa de inadimplência

 

Dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência recuou em junho deste ano. No mês passado, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nas operações com recursos livres (exclui crédito imobiliário, rural e do BNDES), caiu para 5,8%, contra 5,9% no mês anterior.

Considerando a inadimplência com recursos livres para pessoas físicas e jurídicas, também houve recuo no mês passado, de 5,9% (teto de série histórica) para 5,6%. No caso das operações com empresas, a taxa de inadimplência caiu de 6% em maio para 5,3% em junho.

Fonte: G1

 

Uma saída para socorrer os endividados

Bancos vão facilitar negociação com desempregados e divorciados para evitar calote

Quem está endividado, seja por conta do desemprego – que no Rio de Janeiro atinge 1,3 milhão de pessoas, segundo o IBGE – ou devido à a crise econômica que assola o país, deve ter um alento no começo do próximo ano. É quando passarão a valer novas regras bancárias para melhorar a negociação com clientes inadimplentes. Casos de desempregados, divorciados, doenças ou morte na família terão tratamento especial por parte das instituições financeiras. Pelo menos essa é a orientação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que divulgou novas normas para facilitar a negociação de dívidas e evitar calotes.

A expectativa, segundo a Febraban, é reduzir as perdas e as disputas judiciais com devedores, além de evitar que os clientes se afundem ainda mais em dívidas e entrem na legião de inadimplentes. Pesquisa do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que são hoje mais de 59,4 milhões de endividados com alguma conta em atraso.

Expectativa é reduzir perdas e disputas judiciais com devedoresArte O Dia

“Não é uma padronização. Cada banco terá liberdade para estabelecer procedimentos, prazos e taxas. A ideia é que as instituições que ainda não possuem política de negociação de dívidas com os clientes, inclusive os adimplentes (que devem, mas pagam em dia), passem a tê-la, seguindo recomendações da norma da Febraban”, afirma Amaury Oliva, diretor de autorregulação da entidade.

Ao todo, 18 bancos devem aderir às medidas, entre eles os cinco maiores: Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander, que terão 180 dias para se adaptar às medidas.

As instituições também deverão ficar de olho nos clientes que ainda pagam as contas em dia, mas estão com tantas prestações que passar a inadimplentes a qualquer momento. A meta com as novas normas é resolver questões ligadas ao endividamento antes que cheguem às entidades de defesa do consumidor e à Justiça.

Economista do Ibmec e da Fundação D. Cabral, Gilberto Braga vê a iniciativa de forma positiva. Segundo ele ajudará o endividado antes que fique em situação difícil.”É uma mudança conceitual. Dessa vez a ideia é fidelizá-lo e mantê-lo como parceiro para o resto da vida”, avalia.

Fonte: O Dia