Mundo vive maior crise humanitária desde 1945, diz ONU

Em Mogadishu, Somália, crianças em centro de distribuição de alimentos: crianca-centro-distribuicao-alimento-somalia-20110315-original.jpeg© image/jpeg crianca-centro-distribuicao-alimento-somalia-20110315-original.jpeg

As Nações Unidas alertaram que o mundo sofre hoje com a maior crise humanitária desde 1945, final da II Guerra Mundial, com o risco de que 20 milhões de habitantes de quatro países sofram com fome e desnutrição. Iêmen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria, afetados por conflitos armados, foram citados pelo subsecretário-geral e chefe das operações humanitárias da ONU, Stephen O’Brien, ante o Conselho de Segurança após uma visita a esses países. O’Brien fez na sexta-feira um chamado urgente à mobilização, pedindo 4,4 bilhões de dólares à comunidade internacional até julho para “evitar uma catástrofe”.

“As Nações Unidas lançam um alerta, o mundo enfrenta sua maior crise humanitária desde o final da II Guerra Mundial, com mais de 20 milhões de pessoas que enfrentam a fome e a inanição em quatro países”, declarou. “Do contrário, muita gente vai morrer de fome, perder seus meios de subsistência, e as conquistas políticas dos últimos anos serão revertidas.”

Segundo O’Brien, “sem esforços coletivos e coordenados globalmente, as pessoas simplesmente morrerão de fome. Muitos mais sofrerão e morrerão de doenças”, disse.

Fome e destruição

No Iêmen, dois terços dos seus 18,8 milhões de habitantes precisam de assistência e mais de sete milhões “não sabem de onde virá seu próximo alimento”, indicou o O’Brien, lembrando os deslocamentos maciços da população devido aos combates entre forças do governo e rebeldes xiitas huthis. O conflito já deixou mais de 7.400 mortos e 40.000 feridos desde março de 2015, segundo a ONU.

No Sudão do Sul, O’Brien encontrou “a situação pior do que nunca” devido à guerra civil que atinge o país desde dezembro de 2013, e responsabilizou as partes beligerantes pela fome no país. Mais de 7,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária neste país, que tem 3,4 milhões de deslocados.

Na Somália, mais da metade dos seus 6,2 milhões de habitantes requerem assistência e proteção, incluindo 2,9 milhões de ameaçados pela fome. Cerca de um milhão de crianças menores de cinco anos sofrerão desnutrição grave neste ano, acrescentou O’Brien. O país vive há três décadas uma situação de caos e violência, causada por milícias de clãs, grupos criminosos e a insurreição de islamistas do grupo Al-Shabaab.

O Nordeste da Nigéria, foco de uma insurreição dos extremistas do Boko Haram desde 2009, é golpeado pelo aquecimento global e pela má governança. Mais de 20.000 pessoas foram mortas e 2,6 milhões de pessoas deixaram suas casas devido ao conflito com o grupo. Segundo a ONU, a desnutrição nessa região do país é tão severa que alguns adultos mal têm forças para caminhar e algumas comunidades perderam todas as crianças.

Mais de 10 milhões de pessoas requerem ajuda humanitária, das quais 7,1 milhões enfrentam uma “grave precariedade alimentar”, apontou O’Brien.

Fonte: MSN

Fome afeta metade da população do sul de Madagáscar

 

FAO quer distribuir sementes e mudas de plantas a cerca de 170 mil famílias em dezembro; programa de alívio do PMA prevê a entrega de alimentos ou dinheiro a agregados das áreas mais críticas.

Região sul do Madagáscar tem sido atingida por secas consecutivas. Foto: FAO/Luc Genot

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Metade da população do sul de Madagáscar enfrenta fome e precisa de assistência humanitária urgente.

O alerta lançado pelo Programa Mundial de Alimentação, PMA, e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, indica que cerca de 850 mil pessoas enfrentam a situação.

Estratégias

As agências revelam que as famílias optam por estratégias de sobrevivência como comer menos refeições, consumir sementes e vender recursos como animais, meios de produção agrícola e porções de terra.

A previsão é que a segurança alimentar e nutricional piore nos próximos meses se a ação humanitária não aumentar.

Estima-se que 1,4 milhões de pessoas não tenham o que comer até 2017 em três regiões do sul.

A nota revela que os agricultores da região são afetados pela grave seca há três anos. Daí a necessidade urgente de mais apoio para que estas possam semear a tempo nas temporadas entre dezembro e janeiro.

Sementes  

O plano da FAO é começar a distribuir sementes e mudas de plantas para cerca de 170 mil famílias de agricultores em áreas do sul mais afetadas pela insegurança alimentar.

As famílias devem receber alimentos ou dinheiro como parte de um programa de alívio do PMA para ajudar no seu sustento até ao período da colheita, prevista para março e abril.

Este ano foi marcado pela queda da produção de arroz, milho e mandioca  devido à falta de chuvas. O poder de compra continua a baixar com o aumento dos preços que coloca mais riscos à segurança alimentar dos mais vulneráveis.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

Fonte: ONU