Trump promete expulsar dois a três milhões de imigrantes

Donald Trump está preparado para expulsar imediatamente dos Estados Unidos dois a três milhões de imigrantes sem documentos. A revelação foi feita pelo Presidente eleito dos EUA, numa entrevista que vai ser emitida neste domingo pela CBS News.

O Presidente-eleito norte-americano diz ainda que o muro que pretende construir na fronteira com o México pode ser parcialmente uma vedação, como foi sugerido por alguns congressistas republicanos. “Em algumas áreas sim, mas noutras é mais apropriado construir um muro”, afirmou Trump, ao programa 60 Minutes. “Sou bom nesta área, chama-se construção”, disse o empresário do sector do imobiliário e construção civil, citado pela CBS News.

No entanto, Newt Gingrich, o antigo speaker republicano da Câmara dos Representantes e agora próximo de Donald Trump, citado como um dos nomes possíveis para ocupar o posto de secretário de Estado, sugeriu que o muro não seria pago pelo México. Essa ideia foi uma “super ferramenta de campanha”, disse.

Trump chegou a ameaçar taxar as remessas dos imigrantes mexicanos, o dinheiro que mandam para casa, para financiar a construção do muro entre os EUA e o México para controlar a imigração.

Quanto aos cerca de 11 milhões de migrantes que vivem nos Estados Unidos sem documentos de residência legais – e que foram parte central da sua campanha para a presidência – prometeu agir rapidamente contra os que tiverem cadastro, contra os “bad hombres”.

“O que vamos fazer é apanhar as que tenham registo criminal, os membros de gangues, os traficantes de droga. Provavelmente dois milhões, podem ser até três milhões, destas pessoas vão ser deportadas, ou presas”, afirmou. “Vamos tirá-las do nosso país, estão cá ilegalmente”, prometeu.

“Depois de a fronteira ficar segura”, disse, “os serviços de imigração vão começar a determinar” o que fazer com os restantes imigrantes sem documentos que estão nos EUA. “É muito importante, vamos garantir a segurança da nossa fronteira.”

Fonte: O Público

EUA têm novos protestos contra Donald Trump neste sábado

Manifestantes marcharam até as Trump Towers em Chicago e Nova York.
Cineasta Michael Moore estava entre a multidão.

Imagem publicada no Twitter mostra manifestação contra Trump na 5ª Avenida (Foto: Reprodução/Twitter/Brian Oliver)Imagem publicada no Twitter mostra manifestação contra Trump na 5ª Avenida (Foto: Reprodução/Twitter/Brian Oliver)

Um novo protesto contra Donald Trump acontece na tarde deste sábado  (12) em Nova York. Os manifestantes caminharam pela famosa 5ª Avenida. A polícia divulgou um alerta para que motoristas evitem a área. O documentarista Michael Moore aparecia em fotos nas redes sociais em meio ao protesto. Pelo menos em Chicago e Los Angeles também há manifestações.

Em Los Angeles, mais de 8.000 pessoas tomaram as ruas m uma passeata organizada por organizações imigrantes locais para expressar sua rejeição à eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Em Nova York, o cineasta Michael Moore entrou no edifício Trump Tower de Manhattan para tentar falar com o presidente eleito, Donald Trump, mas agentes do serviço secreto lhe impediram de subir até os escritórios do magnata nova-iorquino.

“Senhor Trump, estou aqui, quero falar com o senhor”, escreveu o polêmico diretor em uma breve nota que conseguiu entregar ao porteiro do edifício, durante um protesto do qual participaram centenas de pessoas em frente ao arranha-céu do empresário.

A noite de sexta já havia sido agitada nos EUA, quando milhares de manifestantes levaram às ruas suas frustrações com Trump como novo presidente.

Pela terceira noite consecutiva, os protestos ocorreram em diversas cidades, incluindo Portland, no Oregon, onde uma pessoa foi baleada. 

Michael Moore chega à Trump tower de Nova York neste sábado (12) (Foto: Eduardo Munoz/Reuters)Michael Moore chega à Trump tower de Nova York neste sábado (12) (Foto: Eduardo Munoz/Reuters)

Também fora do território americano houve protesto neste sábado: pessoas reuniram-se em frente à embaixada dos Estados Unidos em Berlim, para protestar contra Trump, e seu propósito de erguer um muro na fronteira com o México, à imagem do que dividiu a capital alemã durante a Guerra Fria.

Manifestantes protestam contra eleição de Donald Trump neste sábado (12) em Los Angeles (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)Manifestantes protestam contra eleição de Donald Trump neste sábado (12) em Los Angeles (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)

A concentração tinha sido convocada pelas redes sociais sob o lema de “Berlin against Trump” (“Berlim contra Trump”) e se seguiu a um ato de protesto espontâneo que aconteceu na quarta-feira passada nesse mesmo lugar, após a confirmação da vitória do candidato republicano.

Manifestantes protestam contra eleição de Donald Trump neste sábado (12) em Los Angeles (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)Manifestantes protestam contra eleição de Donald Trump neste sábado (12) em Los Angeles (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)

 

 

Protesto se encaminha para a Trump Tower de Chicago neste sábado (12) (Foto: Nova Safo/AFP)Protesto se encaminha para a Trump Tower de Chicago nest

Como serão os primeiros dias do governo Trump?

Republicano deve dedicar seus primeiros dias na Casa Branca à avaliação sobre rompimento ou renegociação de acordos e compromissos internacionais e a reverter decretos de Obama.

Caso cumpra as promessas feitas durante a campanha, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deve dedicar seus primeiros dias no Salão Oval da Casa Branca à avaliação sobre o rompimento e renegociação de acordos e compromissos internacionais, bem como a reverter decretos presidenciais de Barack Obama.

“No primeiro dia, irei (…) cancelar todas as ações executivas inconstitucionais, memorandos e ordens emitidas pelo presidente Obama”, prometeu o então candidato em seu plano para os primeiros 100 dias de governo, divulgado no fim de outubro – menos de um mês antes do pleito de terça-feira, em que derrotou a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton.

Durante seus oito anos na Casa Branca, Obama assinou 235 decretos presidenciais que permitiram implementar medidas sem aprovação do Congresso, já que seu partido, o Democrata, não tinha maioria no Senado ou na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) nos anos finais do segundo mandato, iniciado em 2012.

 

Entre as medidas estão iniciativas para endurecer o controle sobre a venda de armas, proteger de deportação imigrantes que chegaram aos EUA quando crianças ou reduzir emissões de usinas de energia.

Porém, a partir de 20 de janeiro, quando tomará posse em Washington, Trump poderá cancelar muitos desses decretos. O novo presidente também pode romper ou renegociar compromissos internacionais – como o acordo nuclear firmado com o Irã em julho do ano passado, em conjunto com Alemanha, Reino Unido, União Europeia, França, Rússia e China.

Também deverá buscar reverter algumas leis, neste caso com a aprovação do Congresso. Entre elas, a reforma da saúde, conhecida como Obamacare, alvo de críticas de seu partido, o Republicano.

Na quinta-feira, Trump e sua mulher, Melania, foram recebidos na Casa Branca por Obama e pela primeira-dama, Michelle, para discutir detalhes da transição.

“Minha prioridade número um nos próximos dois meses é tentar facilitar uma transição que assegure que nosso presidente eleito seja bem-sucedido”, disse Obama ao fim da reunião, que durou cerca de uma hora e meia.

Trump disse que o encontro foi “uma grande honra” e observou que o presidente “explicou algumas das dificuldades” e “algumas das grandes conquistas”. O republicano também se reuniu com líderes do Congresso.

Congresso favorável
Trump não deverá ter muitos problemas no Legislativo, já que a eleição de terça-feira manteve sob controle dos republicanos tanto a Câmara dos Representantes qundo o Senado.

“(A reforma da saúde) Está no topo da nossa agenda”, disse na quarta-feira, em entrevista coletiva, o presidente do Senado, Mitch McConnell.

Trump não forneceu detalhes específicos sobre como subsituiria o Obamacare, que ampliou o acesso universal à saúde, mas também aumentou os preços de planos para quem não recebe assistência do governo. Quando candidato, Trump anunciou que pretendia trazer um sistema baseado no livre mercado, mas não explicou como isso seria implementado.

No entanto, o Wall Street Journal publicou na sexta-feira uma entrevista com oempresário em que ele se disse aberto a manter o que chamou de “pontos-chave” do pacote de Obama: a proibição de que planos de saúde neguem cobertura para condições médicas pré-existentes em novos segurados e a permissão a jovens adultos sejam cobertos pelas apólices dos pais.

Como os republicanos continuam com o controle das duas casas, será fácil reverter alguns aspectos da lei, como os subsídios que ajudam milhões a pagar planos de saúde. A substituição completa é mais difícil, já que os republicanos não chegam a 60 das 100 cadeiras no Senado, maioria necessária para impedir que os democratas tentem obstruir algumas votações.

Formação de gabinete
Outra das primeiras medidas que podem ser tomadas por Trump é a definição de um nome para a Suprema Corte, a mais alta instância da Justiça americana e responsável por decisões sobre grandes temas, como aborto, liberdade de imprensa, pena de morte ou porte de armas.

A vaga aberta com a morte do juiz Antonin Scalia, em fevereiro, ainda não foi preenchida porque congressistas republicanos se recusaram a avaliar o candidato apontado por Obama.

Além de escolher o substituto de Scalia, Trump poderá fazer novas indicações futuras, já que três juízes estão perto dos 80 anos de idade e da aposentadoria compulsória. Isso consolidaria uma maioria conservadora entre os nove integrantes do tribunal.

A equipe de transição de Trump, liderada pelo governador de Nova Jersey, Chris Christie, está trabalhando desde 1º de agosto.

Christie, um dos primeiros ex-adversários nas primárias a aderir à campanha de Trump, poderá integrar o novo gabinete.

Outros aliados que se mantiveram fiéis enquanto parte do Partido Republicano rejeitava Trump ou evitava manifestar apoio expressivo também devem ser recompensados com cargos no alto escalão.

Há rumores de que o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani seria o novo procurador-geral (o equivalente a ministro da Justiça). Newt Gingrich, que foi presidente da Câmara nos anos 1990, é mencionado como possível secretário de Estado.

Imigração
Ainda não está claro quantas das promessas Trump realmente levará adiante, uma incerteza agravada pelo fato de que, em muitos casos, ele mudou de ideia várias vezes durante a campanha e não detalhou como pretende implementar as mudanças.

Um dos principais temas da campanha foi imigração. Trump disse que, no primeiro dia de governo, começará a deportar “mais de 2 milhões de imigrantes ilegais criminosos” e cancelar vistos de países que se recusem a recebê-los de volta.

O então candidato chegou a prometer proibir a entrada de muçulmanos no país e deportar todos os 11 milhões de imigrantes atualmente sem documentos, mas depois afirmou que se concentraria apenas naqueles com condenação criminal.

Ele afirmou ainda que iria construir um muro na fronteira com o México (onde já existe uma barreira cobrindo cerca de um terço da extensão) e obrigar o governo mexicano a pagar pela obra. Mas muitos analistas – e mesmo eleitores – não acreditam que Trump cumprirá essas promessas.

O México já avisou que não vai pagar pelo muro, cuja construção, dizem críticos, seria mais simbólica do que eficaz para deter a imigração ilegal. Deportações em massa exigiriam altos gastos e desafios logísticos, além de ter impacto negativo sobre a economia, especialmente em setores como a agricultura, altamente dependente da mão de obra migratória.

Mas, mesmo que não leve adiante medidas mais drásticas, Trump deverá reverter muitas das iniciativas de Obama para proteger imigrantes.

“Trump poderia simplesmente cancelar programas lançados por Obama, como o Daca (que beneficia imigrantes que chegaram ao país ainda crianças) e o Dapa (para imigrantes cujos filhos são cidadãos americanos), porque eles não foram aprovados pelo Congresso”, disse à BBC Brasil a especialista em imigração Silvia Pedraza, professora de sociologia e cultura americana da Universidade de Michigan.

“Ele também pode assinar uma ordem executiva dizendo que o país não vai mais receber refugiados do Oriente Médio”, observa.

Clima e comércio
Outras promessas de Trump para seu primeiro dia como presidente são anunciar a retirada dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), acordo comercial assinado em 2015 com outros 11 países e ainda não ratificado pelo Congresso, e renegociar o Nafta (acordo de live comérico entre EUA, México e Canadá).

Disse também que, em sua estreia, irá propor uma emenda constitucional para impor limites a mandatos de congressistas e congelar contratações de funcionários públicos federais.

Outras medidas iniciais serão levantar restrições à produção e exploração de petróleo e gás, além de “cancelar bilhões em pagamentos a programas da ONU sobre mudanças climáticas e usar o dinheiro para consertar a infraestrutura ambiental e de água dos EUA”.

Mas o especialista Nathan Hultman, do centro de pesquisas Brookings Institution, lembrou, em artigo publicado na quarta-feira, que muitas das políticas climáticas adotadas por Obama foram medidas regulatórias, e não apenas decretos, o que torna mais difícil revertê-las.

Mesmo assim, a posição do republicano, que chegou a dizer que rejeitaria o Acordo de Paris sobre o clima, preocupa especialistas.

“A eleição de Donald Trump levanta questões sobre os EUA continuarem a serem líderes em mudanças climáticas e energia limpa”, diz Hultman.

Fonte: O Globo