China revisa PIB de 2014 para baixo

Economia cresceu 7,3% em vez de 7,4% no ano passado. Em agosto, reservas do país em moeda estrangeira têm maior perda mensal


Investidores acompanham o desempenho dos mercados chineses – ALY SONG / REUTERS
No momento em que o mundo acompanha com preocupação a desaceleração da segunda maior economia mundial, a China anunciou uma revisão para baixo do PIB de 2014. Em vez de 7,4%, a economia chinesa cresceu 7,3% no ano passado, de acordo com dado do Escritório Nacional de Estatística divulgado nesta segunda-feira. O número final só será anunciado em janeiro de 2016.

No mesmo dia, o governo anunciou que as reservas do país em moeda estrangeira registrara, sua maior queda mensal em agosto, refletindo as tentativas de Pequim para conter uma depreciação do yuan e para estabilizar a os mercados financeiros depois da decisão de surpresa de desvalorizar a divisa no mês passado.

O PIB ficou em 63,6 trilhões de yuans (US$ 10 trilhões) no ano passado, o que representa uma queda de 32,4 bilhões de yuans em relação à estimativa inicial, disse o escritório em comunicado em seu site. O órgão revisou a expansão do setor de serviços em 2014 em 0,3 ponto percentual, para 7,8%, o que contribuiu para a queda na taxa de crescimento do PIB estimado. O setor primário, o agrícola, cresceu 4,1% no ano passado, enquanto a expansão do setor secundário, que inclui manufatura e construção, subiu 7,3%.

A expansão de 7,4% na atividade econômica já representava o pior resultado desde 1990. Os 7,3%, que representam a revisão de uma “confirmação preliminar”, também. E a meta das autoridades chinesas é que o desempenho econômico de 2015 fica na casa de 7%, mas mutos analistas temem que esse número não seja alcançado.De acordo com a AFP, o banco ANZ prevê que p PIB desacelere para 6,4% no terceiro trimestre e feche os últimos três meses do ano em 6,8% . Assim, a taxa anual ficaria abaixo dos 7% esperados pelas autoridades chinesas.

A desaceleração da economia e os temores de que o enfraquecimento seja maior do que o previsto provocaram pânico nas Bolsas chinesas no mês passado, afetando, consequentemente, outros mercados do mundo. Nesta segunda-feira, as Bolsas chinesas voltaram a fechar em baixa. A de Xangai recuou 2,5%, assim como a de Shenzen. O mercado de Hong Kong fechou em queda de 1,23%, já o de Tóquio, no Japão, subiu 0,38%.

As reservas cambiais da China, as maiores do mundo, diminuíram em US$ 93,9 bilhões no mês passado, a US$ 3,557 trilhões, segundo dados do banco central publicados nesta segunda-feira. A queda deixou os observadores do se perguntando se os esforços da China para apoiar o yuan são sustentáveis, na medida em que sai capital do país por causa dos temores de uma desaceleração econômica e perspectivas de alta nas taxas de juros nos Estados Unidos.

Por outro lado, houve um certo alívio com o fato de a queda nas reservas não ter sido ainda maior, uma vez que havia especulações de que a perda pudesse ter chegado a US$ 200 bilhões. A queda nas reservas se acelerou após a desvalorização do yuan de quase 2% em 11 de agosto, que provocou novas preocupações sobre a economia e venda generalizada da moeda.

Wendy Chen, analista en Nomura International, disse à AFP que “a correção do PIB do ano passado se deve sobretudo ao setor de serviços, que cresceu menos do que o anunciado pelos números iniciais”. O desenvolvimento do setor de serviços é central na estratégia do governo para um novo modelo, mais centrado no consumo interno que nos investimentos públicos e nas exportações.

— Isso dignifica que a estrutura econômica da China não evoluiu também como se espetava — afirmou Chen à AFP.

Dois índices publicados na semana passada mostraram forte contração na atividade manufatureira em agosto, o que deixou os investidores com medo de que o país esteja se preparando para um “pouso forçado”. Esses dados se unem à piora no comércio exterior chinês em julho, quando houve uma clara queda nas exportações (-8,3%) e nas importações (-8,1%), além da desvalorização do yuan pelas autoridades chinesas em meados do mês passado.

A China representam 13 do PIB mundial e os mercados temem um contágio da desaceleração do país. Mas Qian Qimin, analista do grupo Shenwan Hongyuan, disse à AFP que “a correção do número do PIB do ano passado tem pouco impacto no mercado”.

— É um número do ano passado, e de qualquer forma todo o mundo sabe que a economia não está bem. O mercado continua flutuando, mas as ações das pequenas empresas estão se recuperando depois das fortes perdas sofridas — acrescentou o analista.

No acumulado em 12 meses encerrados em junho, as Bolsas chinesas registraram uma valorização de 150%. A partir de então, os investidores já amargam uma queda de 40%. E neste cenário, o país aprovou um documento que esboça uma reforma de suas empresas estatais.

Fonte: O Globo