Polícia prende 49 pessoas acusadas de corrupção na Receita do Paraná
Segundo investigações, fiscais identificavam empresas que deviam impostos e depois exigiam dinheiro para anular ou reduzir o valor das multas.
Na segunda etapa da Operação Publicano, a polícia do Paraná prendeu, nesta quarta-feira (10), 49 acusados de corrupção na Receita Estadual. O ex-coordenador geral do órgão é um dos presos.
Um a um, os presos em Curitiba entraram numa van com destino a Londrina, norte do estado, sede das investigações. Ao todo, a polícia prendeu 49 pessoas em dez cidades do Paraná: auditores, empresários, contadores e um advogado. Um ônibus lotado levou todos para a penitenciária.
Entre os presos estão José Aparecido Valêncio da Silva, que até o mês passado era coordenador-geral da Receita Estadual e o ex-inspetor chefe da Receita, Márcio de Albuquerque Lima, apontado pelos promotores como chefe da quadrilha. Ele foi preso no início da operação e estava em liberdade graças a um habeas corpus.
Outras dez pessoas estão foragidas: o empresário Luiz Abi Antoun, primo distante do governador Beto Richa, do PSDB, é um dos procurados pela polícia. Todos são acusados de participar de um esquema fraudulento na Receita Estadual.
De acordo com as investigações, fiscais identificavam empresas que deviam impostos para o estado e, depois, exigiam dinheiro para anular ou reduzir o valor das multas.
Em delação premiada, o auditor Luiz Antônio de Souza preso em janeiro, disse que parte da propina ia para partidos e políticos do Paraná. Segundo ele, R$ 2 milhões teriam sido usados na campanha de reeleição do governador.
Segundo as investigações, os auditores cobravam das empresas propinas que variavam de R$ 100 mil a R$ 150 mil. Depois, esses valores eram divididos entre os integrantes do esquema. O Ministério Público já sabe que essas cobranças vinham sendo feitas há muito tempo, e em outras delegacias, mas ainda não calculou o dinheiro movimentado pela quadrilha.
“Isso é uma situação endêmica na Receita, ou pelo menos as informações são de que esse fato já perdura há anos, e por isso não há como estimar”, disse Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Combate ao Crime Organizado.
O governador Beto Richa, do PSDB, disse que o governo é o maior interessado no esclarecimento dos fatos e que se houver culpados eles devem ser punidos.
O advogado de José Aparecido Valêncio da Silva, ex-coordenador geral da Receita, disse que ficou surpreso com a prisão e que ainda vai analisar os próximos passos.
As defesas de Luiz Abi Antoun, que está foragido, e do ex-inspetor chefe da Receita Márcio Albuquerque Lima não quiseram se manifestar.
Fonte: Rede Globo
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