Brasil está em atoleiro, diz Economist em manchete de capa
A revista The Economist volta a dedicar a capa para o Brasil. Na edição latino-americana que chega às bancas, uma passista de escola de samba está em um pântano coberta de gosma verde com o título “O atoleiro do Brasil”. Em editorial, a revista diz que a antiga estrela da América Latina “está na maior bagunça desde o começo dos anos 1990”. A capa da edição da Economist para o restante do mundo não tem o País como tema principal e dá destaque a outro assunto: o avanço dos telefones celulares.
A Economist diz em editorial que, durante a campanha, Dilma Rousseff “pintou um quadro rosa” sobre o Brasil e a campanha teve o discurso de que conquistas como o emprego, aumento da renda e benefícios sociais seriam ameaçados pela “oposição neoliberal”. “Apenas dois meses do novo mandato, os brasileiros estão percebendo que foi vendida uma falsa promessa”.
Para a revista, “a economia do Brasil está em uma bagunça, com problemas muito maiores do que o governo admite ou investidores parecem perceber”. Além da ameaça de recessão e da alta inflação, a revista cita como grandes problemas o fraco investimento, o escândalo de corrupção na Petrobras e a desvalorização cambial que aumenta a dívida externa em real das empresas brasileiras.
“Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando”, diz a revista.
A Economist nota que boa parte dos problemas brasileiros foram gerados pelo próprio governo que adotou uma estratégia de “capitalismo de Estado” no primeiro mandato. Isso gerou fracos resultados nas contas públicas e minou a política industrial e a competitividade, diz o editorial. A revista cita que Dilma Rousseff reconheceu parte desses erros ao convidar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. “No entanto, o fracasso do Brasil em lidar rapidamente com distorções macroeconômicas deixou o senhor Levy com uma armadilha de recessão”.
Entre as medidas para que o Brasil retome o caminho do crescimento sustentado, a revista diz que “pode ser muito esperar uma reforma das arcaicas leis trabalhistas”. “Mas ela deve pelo menos tentar simplificar os impostos e reduzir a burocracia sem sentido”, diz o texto, ao citar que há sinais de que o Brasil pode se abrir mais ao comércio exterior.
O editorial termina com a lembrança de que o Brasil não é o único dos BRICS em apuros e a Rússia está em situação pior ainda. “Mesmo com todos os seus problemas, o Brasil não está em uma confusão tão grande como a Rússia. O Brasil tem um grande e diversificado setor privado e instituições democráticas robustas. Mas seus problemas podem ir mais fundo do que muitos imaginam. O tempo para reagir é agora”.
Fonte: The Economist
O Brasil está em meio a uma crise causada pelo próprio País e, antes de melhorar, a situação vai piorar. Esse é o resumo do principal editorial publicado ontem pelo jornal britânico Financial Times.
Apesar da situação negativa, o editorial reconhece que o Brasil está longe do quadro de hiperinflação. “Melhor ainda, as instituições estão se segurando, especialmente o Judiciário.”
“O Brasil está em crise. No início deste mês, mais de um milhão de manifestantes foram às ruas para expressar seu descontentamento. Grande parte do País sofre racionamento de água após um longo período de seca”, diz o editorial com o título “A queda do encanto do Brasil é de sua própria autoria”.
Fonte: Financial Times
“A Petrobras está envolvida em um escândalo de corrupção épico que viu até US$ 10 bilhões desviados. A economia deverá encolher este ano e talvez também no próximo ano, o que seria o pior desempenho desde 1931”, informa o texto.
“Os índices de aprovação de Dilma Rousseff já caíram para 13%. Parece que foi ontem que o País festejava boas novas. Portanto, a queda foi espetacular. Infelizmente, a situação está suscetível a piorar ainda mais.”
Esteroides. Para o FT, parte do boom dos últimos anos foi resultado de “esteroides”, como o superciclo das commodities e o boom do crédito. Esses benefícios foram aproveitados sem disciplina, diz o FT. “Agora, o processo está acontecendo em marcha à ré.”
O editorial afirma que o colapso do real é uma “reprecificação dramática” da economia. “Mas a taxa de câmbio real ponderada pelo comércio ajustada pela inflação ainda é maior do que a média de 20 anos. Os custos unitários do trabalho também são maiores em dólar do que em 2010. Assim, é possível que a moeda se enfraqueça ainda mais.”
“O governo, que está há 12 anos no poder, culpou fatores externos. Mas a confusão é em grande parte de autoria do próprio Brasil. Para um contraponto é só olhar para os vizinhos orientados aos mercados voltados para o Pacífico, como o Chile, Colômbia e Peru. Eles aproveitaram boom de crédito e commodities semelhante, mas sem essa ressaca. Essas economias ainda estão crescendo rápido”, diz o FT.
Apesar da série de problemas na economia e política, o FT diz que “tudo não é totalmente ruim para o Brasil”. “O País está longe de cair de volta no caminho da hiperinflação. Melhor ainda são as instituições que estão se segurando, especialmente o Judiciário”, diz o texto ao lembrar que vários políticos de alto escalão envolvidos no mensalão foram condenados. Agora, outros nomes tão importantes estão sendo investigados pelo escândalo na Petrobras. Além disso, o editorial cita que Eike Batista pode ir para a cadeia. “Isso teria sido impensável há alguns anos, quando a impunidade reinava.”
“Então, a crise no Brasil é ruim e provavelmente vai piorar antes de melhorar. No entanto, poderia ter sido ainda pior. É uma espécie de progresso para o ‘País do futuro’, como diz o clichê. Acima de tudo, isso significa que o Brasil ainda tem um.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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