Entre 1,2 milhão e 1,6 milhão de pessoas realizaram em Paris na tarde de 11/1/15 uma manifestação histórica pela liberdade e pela democracia após os atentados terroristas registrados na França nesta semana. A passeata também homenageou os 17 mortos em três ataques diferentes nos últimos dias – entre eles as 12 pessoas que morreram em um atentado contra a sede do jornal “Charlie Hebdo”. Manifestações também foram realizadas em outras cidades da França, somando 3,7 milhões de pessoas nas ruas em todo o país.
Uma verdadeira maré humana tomou conta das ruas de Paris. A multidão, reunida sob um frio sol de inverno, alternava slogans como “Viva a França”, “Eu sou Charlie” e sua variação mais abrangente “Eu sou Charlie, judeu, policial”.
“Paris hoje é a capital do mundo”, afirmou o presidente francês François Hollande aos membros de seu gabinete reunidos no palácio do Eliseu, antes de se dirigir para a manifestação.
Outras cidades francesas também reuniram milhares de pessoas nas ruas. Entre 150 mil e 200 mil pessoas marcharam em Lyon (centro), 115 mil em Rennes (oeste), 100 mil em Bordeaux (sudoeste) e 60 mil em Marsella (sul), segundo a France Presse.
A passeata de Paris começou pouco antes das 15h30 locais (12h30 de Brasília) na Praça da República, liderada pelas famílias e parentes de vítimas dos ataques, seguidos por políticos, lideranças sindicais e religiosas. Atrás deles, uma multidão de anônimos seguia vagarosamente, por haver muitas pessoas no local.
A marcha deste domingo teve escala “sem precedentes”, disse o Ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, à France Presse. “Os manifestantes se dispersaram em um perímetro muito maior do que estava previsto”, afirmou.
Foram mobilizados 5.500 homens, entre policiais e soldados, inclusive 2.200 agentes encarregados de proteger a manifestação diretamente e os militares encarregados do restante da aglomeração parisiense, no âmbito do plano antiterrorista Vigipirate.
“Foram adotadas todas as medidas para que esta manifestação possa transcorrer em um clima de recolhimento, respeito e segurança. Todos os dispositivos estão adotados para garantir a segurança da grande marcha convocada após o massacre no jornal ‘Charlie Hebdo'”, disse o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.
O presidente François Hollande e outros líderes mundiais, além de seu antecessor, Nicolas Sarkozy, caminharam por cerca de 200 metros em um trajeto paralelo ao principal da marcha. Eles fizeram um minuto de silêncio.
Chefes de Estado
Ao lado do presidente, participaram a chanceler alemã, Angela Merkel; os chefes de governo italiano, Matteo Renzi; espanhol, Mariano Rajoy; e britânico, David Cameron. O ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi recebido pelo atual chefe de Estado.
O chanceler russo, Serguei Lavrov; e os primeiros-ministros israelense, Benjamin Netanyahu; e turco, Ahmed Davutoglu; e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmmud Abbas, também participaram, entre outros.
Em seguida, eles se dispersaram e apenas alguns políticos franceses prosseguiram na marcha. Antes de retornar ao palácio do Eliseu, Hollande cumprimentou alguns familiares das vítimas. O presidente também abraçou um dos colaboradores do jornal “Charlie Hebdo”, o médico Patrick Pelloux, que chegou ao jornal pouco depois do ataque à redação.
O ministro marroquino das Relações Exteriores, Salaheddine Mezouar, não compareceu à marcha em Paris “em razão da presença de charges blasfematórias” do profeta no evento, segundo comunicado oficial divulgado pela embaixada marroquina.
A manifestação contou, inclusive, com a presença da líder da extrema direita Marine Le Pen, depois de ter afirmado que não recebeu um convite oficial do governo e que a união nacional é fictícia. Le Pen foi ovacionada por cerca de mil pessoas reunidas em Beaucaire.
“Obrigada por estarem aqui para lembrar dos valores da liberdade”, disse a presidente da Frente Nacional, em uma breve declaração da varanda do hotel da cidade.
O premiê britânico David Cameron afirmou que participou da marcha deste domingo em Paris para mostrar “solidariedade” com a França. “Foi uma demonstração de solidariedade, as pessoas em todo o país, jovens e velhos, brancos e negros, dizendo que nós estamos com as vítimas”, disse Cameron à agência da rede BBC. Também disse: “Nós vivemos em uma democracia livre e aberta. Você não pode ter certeza de que sempre vai ocorrer prevenção de ataques como esse”.
Na véspera, uma maré humana de 700 mil pessoas foi às ruas de várias cidades francesas.

Primeiro-ministros dão os braços em Paris. Da esquerda para direitoa, o grego Antonis Samaras, o espanhol Mariano Rajoy, o britânico David Cameron, a dinamarquesa Helle Torning Schmidt e a polonesa Ewa Kopacz (Foto: REUTERS/Yves Herman)

Marcha em homenagem às vítimas do atentados jihadistas reuniu de 1,2 a 1,6 milhão nas ruas da capital francesa, segundo um dos organizadores (Foto: AP Photo/Thibault Camus)
Milhares de pessoas se reuniram na Praça da República, de onde marcharam pelas ruas de Paris (Foto: AP Photo/Peter Dejong)
Marcha pela liberdade e pela República toma conta das ruas de Paris no domingo (11) (Foto: Martin Bureau/AFP)



Fonte: G1
Marchas em memória de vítimas de atentado reúnem milhares na França
Mais de 200 mil pessoas foram às ruas de diversas cidades.

Centenas de milhares de pessoas foram às ruas de cidades francesas neste sábado (10) para participar de marchas em memória das vítimas dos ataques terroristas realizados nos últimos dias na França. Segundo a polícia francesa, mais de 200 mil pessoas participaram dos protestos em diversas cidades do país.
Em Toulouse, foram registradas 80 mil pessoas na marcha. Em Nice, no litoral francês, a polícia informou que cerca de 23 mil pessoas participaram da passeata, segundo o jornal “Le Figaro”.
A marcha lembra especialmente os 12 mortos no ataque à redação do jornal “Charlie Hebdo”, ocorrido na última quarta-feira (7) em Paris. Entre as vítimas estão dois policiais e quatro renomados cartunistas. No dia seguinte, uma policial morreu em um ataque que a polícia disse ser relacionado.
Nesta sexta-feira (9), operações simultâneas encerraram dois cercos policiais que estavam em andamento na França, matando os irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos do massacre no jornal “Charlie Hebdo”, e Amedy Coulibaly, um sequestrador que mantinha reféns em um mercado em Paris.
Outros protestos em homenagem às vítimas também foram realizados no município de Pau, onde 30 mil pessoas se reuniram – a cidade tem 80 mil habitantes, segundo o “Le Monde”
Em Orleans, 22 mil pessoas foram às ruas, também de acordo com informações policiais. A concentração principal foi no entorno de uma estátua de Joana d’Arc.

Além dos protestos deste sábado, uma grande marcha pela República, a favor da liberdade de expressão e em memória das vítimas dos atentados foi convocada para as 15h deste domingo (11) em Paris.
Diversas autoridades francesas e também de outros países europeus confirmaram sua presença.

Segurança
Para garantir a segurança na marcha, a França anunciou o envio adicional de 500 militares à região de Paris como parte do reforço da operação antiterrorista Vigipirate, que foi mantida em alerta máximo.
A medida ocorrerá em duas etapas, segundo o Ministério da Defesa. No domingo, 1.350 militares participarão da segurança na cidade, de acordo com a France Presse.
Segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que participou em uma reunião da célula de emergência do governo neste sábado, o plano de alerta antiterrorismo na região parisiense, elevado na quarta-feira passada, será mantido nas próximas semanas e será reforçado ainda mais, depois dos ataques dos últimos dias.
“Dado o contexto, estamos expostos a riscos. É importante, portanto, que o plano Vigipirata (de alerta), que foi aumentado na região de Paris e que foi alvo de medidas particulares no resto do país, seja reforçado no curso das próximas semanas”, afirmou o ministro ao final de uma reunião de crise no palácio presidencial.
Ele também confirmou que a França adotou todas as medidas necessárias para garantir a segurança nas manifestações pela liberdade de expressão previstas para este domingo.
“Foram adotadas todas as medidas para que esta manifestação possa acontecer em um clima de recolhimento, respeito e segurança. Todas as disposições estão adotadas para garantir esta segurança”, enfatizou.

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