Só a Argentina e a Venezuela crescerão menos que o Brasil em 2013 na América do Sul. Dados divulgados nesta em 16/1/13 pela ONU apontam que o Brasil crescerá abaixo da média dos emergentes neste ano e adverte que uma desaceleração da China teria impacto mais profundo na economia brasileira que uma crise na zona do euro ou uma recessão nos EUA.

Segundo um informe da ONU, um aprofundamento da crise da dívida na Europa tiraria, em 2013, mais 0,1 ponto porcentual do PIB brasileiro. Os cálculos indicam que a volta de uma crise nos EUA por causa do abismo fiscal também tiraria 0,1 ponto do PIB brasileiro no ano. Já uma desaceleração ainda maior da China, o maior destino das exportações nacionais, teria o potencial de fazer o PIB do Brasil recuar 0,4 ponto neste ano. Se esse cenário for mantido, a queda em 2014 seria de 1,1% e de 1,7% em 2015.

Os dados, segundo os analistas, revelam a dependência do Brasil em relação à China. Na média mundial, o cenário seria um pouco diferente. O PIB mundial perderia 0,3 ponto com a crise na zona do euro, ante 0,4 com uma desaceleração da China. Mas o abismo fiscal americano retiraria 1,2 ponto do PIB global.

Considerando, entretanto, um cenário de recuperação, os dados indicam que a economia brasileira vai crescer 4% em 2013. O índice representa uma revisão para baixo em comparação com as estimativas de junho de 2012, que apontavam crescimento do PIB de 4,5%.

Davos

O baixo crescimento do Brasil preocupa o Fórum Econômico de Davos e seu fundador, Klaus Schwab, se diz “intrigado” com o desempenho do PIB brasileiro. Na próxima semana, o Fórum abre suas portas na Suíça. Mas, sem a participação da presidente Dilma Rousseff e uma presença das mais fracas do governo brasileiro nos últimos anos, o tema “Brasil” estará marginalizado no encontro. “Há uma preocupação com países que foram pegos em uma armadilha de renda”, disse Schwab, fazendo referência ao fenômeno de estagnação da renda de um país, depois que ele atinge um certo patamar. O Brasil seria um desses casos. As informações são do jornal

Na China, a segunda economia mundial, registrou-se em 2012 seu menor crescimento em 13 anos, 7,8%, já que a demanda interna não pôde compensar a desaceleração das exportações em um contexto de crise financeira mundial.

A alta do Produto Interno Bruto (PIB) do gigante asiático tinha sido de 10,4% em 2010 e de 9,3% em 2011. Durante sete trimestres consecutivos houve uma desaceleração no crescimento até cair a 7,4% no verão passado, quando teve início uma recuperação no último trimestre de 2012 (+ 7,9% na comparação anual), informou nesta sexta-feira o governo chinês.

Apesar da taxa de crescimento de 2012 (+7,8%) ser a mais baixa na China desde 1999, o crescimento da economia chinesa no quarto trimestre foi bem recebido pela Bolsa de Xangai, que encerrou a sessão desta sexta-feira em alta de 1,41%.

Esse aumento deverá permitir, além disso, uma recuperação da economia chinesa em 2013, que segundo os analistas não será nem muito longa nem muito intensa.

“O cenário econômico internacional continua sendo difícil este ano e a economia chinesa ainda tem desequilíbrios” admitiu o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Ma Jiantang, em coletiva de imprensa.

“Esperamos que o aumento do PIB seja de em torno de 8,3% no primeiro semestre (de 2013) antes de desacelerar a 8% no segundo”, projetou Lu Ting, do Bank of America-Merrill Lynch.

Os analistas consultados pela AFP preveem 8% de crescimento em média em 2013.

A economia chinesa continua sendo muito dependente dos investimentos, apesar da vontade de Pequim de reorientar a economia para dar mais importância ao consumo interno.

Os investimentos em capital fixo subiram no ano passado a 36,4 trilhões de yuanes (5,8 trilhões de dólares), um aumento de 20,6% em relação ao ano anterior. Esta cifra representa 70,2% do Produto Interno Bruto da China, que aumentou em 2012 a 51,9 trilhões de yuanes (8,3 trilhões de dólares).

“Na próxima fase, devemos […] nos concentrar em uma mudança de modelo de crescimento e melhorar a qualidade e a eficácia do crescimento econômico”, segundo um comunicado do escritório de estatísticas.

Para apoiar a atividade durante a transição política em curso na China — marcada pela chegada de novos dirigentes à cúpula do poder, pela primeira vez em uma década — o governo lançou, desde meados de 2012, grandes obras de infraestrutura, especialmente no setor ferroviário.

Esses investimentos às vezes são criticados pelos economistas por sua pouca rentabilidade. Além disso, acabam gerando inflação, como fez o programa de recuperação após a crise financeira mundial de 2008.

A desaceleração da economia chinesa se deve em boa parte ao freio no crescimento do comércio exterior, que passou de 22,5% em 2011 a 6,2% no ano passado, segundo as últimas cifras oficiais divulgadas na semana passada pelas alfândegas do país.

Também pesaram fatores internos, em especial, a desaceleração da produção industrial, que cresceu 10% em 2012, contra 13,9% no ano anterior. O ritmo de crescimento das vendas no varejo caiu para 14,3% em 2012, contra 17,1% em 2011.

Fonte O Estado de S. Paulo e Isto É Dinheiro