A alteração do peso dos itens para o cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), anunciada no início deste ano, reflete a mudança social vista no Brasil nos últimos anos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável pelo cálculo do indicador.

“O índice passa a refletir mudanças nos hábitos de consumo proporcionadas pelo aumento da renda do brasileiro”, disse a gerente do IPCA, Eulina Nunes.

O IBGE reduziu o peso de cinco entre os nove grupos que compõem o índice, de acordo com as mudanças de hábitos de consumidores percebidas pela POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) entre 2002 e 2003. Antes, eram adotadas as estimativas de rendimentos obtidas da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Aumento do poder aquisitivo
Os grupos Habitação, Transportes, Saúde e Cuidados Pessoais e Artigos de Residência ganharam peso com a nova ponderação. “O aumento do poder aquisitivo levou a população a comprar bens duráveis, como TV, computador, que passaram a pesar mais nos índices”, aponta Eulina. “Milhões de pessoas engrossaram as taxas iniciais de rendimento do IPCA, que cobre até 40 salários mínimos”, continuou.

Já Alimentação e Bebidas, Vestuário, Despesas Pessoais, Educação e Comunicação perderam participação no índice. “O item educação foi o que mais perdeu importância. Com a ascensão social de muitas famílias, o gasto total aumentou, mas a participação relativa da educação diminuiu no todo. Essas pessoas tinham condições de comprar TV, microcomputador, mas permaneceram na rede pública, onde já estavam”, afirma a gerente do IPCA.

Confira os novos pesos para o cálculo do índice:

Grupo Peso atual Peso anterior
Alimentação e Bebidas 23,12% 23,46%
Transportes 20,54% 18,69%
Habitação 14,61% 13,25%
Saúde e Cuidados Pessoais 11,09% 10,76%
Despesas Pessoais 9,94% 10,54%
Vestuário 6,66% 6,94%
Comunicação 4,96% 5,25%
Artigos de Residência 4,67% 3,90%
Educação 4,37%