O Presidente Barak Obama dependeu de o Congresso elevar o limite de endividamento em U$2,5 trilhões para evitar que os Estados Unidos deem calote, sobretudo na China, seu maior credor, deixando de pagar os juros de suas dívidas. Os mercados, com isso, estão sob tensão, pois as agências de rating ameaçam rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos, que hoje é “AAA”.
Todavia, houve impasse ainda quanto ao corte de gastos que seria necessário fazer, pois Obama defende o aumento dos tributos para grandes empresas e pessoas físicas, a que se opõem os Republicanos. O impasse já dura semanas.
Em 29 de Julho, o projeto foi rejeitado pelo Congresso.
Para refletirmos sobre o início da crise nos Estados Unidos, relembre esta matéria:
domingo, 15 de março de 2009
Crise obriga milhares de famílias americanas a viver em tendas de campanha
San Francisco (EUA), 15 mar (EFE).- Até há pouco tempo trabalhadores de classe média viviam em casas com jardim, mas a recessão está empurrando milhares de famílias nos Estados Unidos para o inimaginável: viver em tendas de campanha, quartos ou motéis baratos de estrada.
Em Sacramento, capital do estado da Califórnia e uma das regiões do país onde a crise imobiliária bateu com mais força, um acampamento para gente sem lar já abriga centenas de pessoas e cresce a um ritmo de 50 novos residentes por dia.
Este assentamento de tendas de campanha sem serviços de nenhum tipo atraiu a atenção da imprensa e das ONGs, que alertam para as más condições higiênicas e do risco de que doenças como o cólera comecem a se propagar.
Os moradores da “tent city”, como estes acampamentos são conhecidos nos EUA, não são apenas vagabundos e alcoólatras, mas também várias famílias que perderam seus trabalhos e suas casas por não poder arcar os pagamentos da hipoteca.
“Há entre 300 e 400 pessoas vivendo aqui, é difícil de dizer porque seu número cresce a cada dia”, disse à Efe um porta-voz da organização humanitária Loaves and Fishes, que atende as necessidades das pessoas sem lar.
“Estamos preocupados com as condições sanitárias”, acrescentou. “Não há saneamentos, não há água, só latas de lixo”.
Sua organização apoia a proposta do prefeito de Sacramento, Kevin Johnson, de transformar o acampamento em um assentamento permanente. “Se não é possível dar a estas pessoas uma casa, que pelo menos tenham um lugar para viver com os serviços adequados”, disse.
Johnson, uma antiga estrela da equipe de basquete Phoenix Suns, conseguiu atrair a atenção dos meios de comunicação para “tent city” de Sacramento que, embora não seja a única do país, se transformou em um símbolo da recessão.
“Durante anos tentamos colocar os “sem-teto” debaixo do tapete”, reconheceu Johnson em entrevista esta semana. “Apoiamo-nos nos bons samaritanos e nas ONG’s, mas agora o problema nos supera”.
Johnson propôs a criação de um assentamento permanente para estas famílias com a ajuda de parte dos US$ 2,3 bilhões que o programa de estímulo econômico do presidente Obama dedica para resolver os problemas do povo sem lar.
A organização Loaves and Fishes denuncia que o número de pessoas sem casa cresceu na região 26% no último ano e que estão se encontrando com famílias em situações dramáticas.
Segundo uma pesquisa do Centro Nacional Para Famílias sem Lar, cerca de 1,5 milhão de crianças nos EUA, uma em cada 50, carecem de casa, mas a própria organização reconhece que os números estão defasados.
“Estes números crescerão à medida que as execuções de (embargos de) casas continuarem aumentando”, disse Ellen Bassuk, presidente do centro, em comunicado.
Em Orange County, ao sul da Califórnia, a imprensa alertou de um triste fenômeno: cada vez mais famílias vivem em quartos de motel durante meses, ou inclusive, anos, após perder seus lares ou trabalhos.
A região é conhecida pelos altos preços dos aluguéis, a escassez de casas subsidiadas pelo Estado e a abundância de motéis vazios que em outros tempos alojavam os turistas da Disneylândia.
Em seus quartos vivem hoje, segundo as organizações humanitárias da região, mais de mil famílias, que pagam em torno de 800 dólares semanais pelo alojamento, mas que não têm economias para enfrentar o depósito de um aluguel nem acesso a créditos para a compra de uma casa.
É necessário que tenhamos em mente que a crise dos Estados Unidos, em que, além do endividamento, há o passivo ainda de 2009, com a dificuldade de geração de empregos, é, apenas, um das faces do sistema financeiro atual, em que outras delas são a incapacidade de a União Europeia consolidar-se como bloco econômico sustentável, com destaque para a fragilidade da Grécia, Portugal, Irlanda e, agora, da Itália e Espanha, além da dificuldade de potências emergentes controlarem a inflação advinda das altas taxas de crescimento e, consequentemente, da expansão do consumo.
Na Espanha, por exemplo, a dívida é de 60% do PIB, enquanto, na Grécia, é de 140% deste. Aquele país perdeu competitividade externa, assim como Portugal, e também viveu “bolha” imobiliária, como Estados Unidos e Irlanda, graças ao crédito fácil e ao juro baixo. Todavia, só ela possui 22% da População Economicamente Ativa (PEA) desempregados, assim como só lá permanecem alguns direitos trabalhistas da época do Ditador Franco, como 16 o. salário, expediente de 6h durante o verão, 30 minutos para o café da manhã e a “siesta” após o almoço, por exemplo. Em caso de desemprego, o espanhol tem direito a 45 dias de remmuneração para cada ano trabalhado, além de o governo, durante quatro meses, pagar-lhes 3/4 do salário. Apenas o funcionalismo público espanhol está imune ao desemprego, mesmo o Primeiro-Ministro Zapatero tentando implantar medidas de contenção do gasto público, como a redução do salário de alguns deles e o aumento da idade de aposentadoria de 65 para 67 anos
Nos Estados Unidos, de fato, nos últmos 60 anos, nunca foi tão difícil conseguir emprego, ainda que a crise de 2009, oficialmente, já tenha acabado. São cerca de 13 milhões de americanos em busca de trabalho, sendo um terço deles, há mais de um ano, o que gera preconceito pelos empregadores, que acreditam que eles estejam desempregados ou não queiram trabalhar. Estima-se que a economia teria de crescer 3% ao ano para abrir vagas para os desempregados, além daqueles que estão ingressando no mercado de trabalho, mas, em 2010, ela só cresceu 0,9%. A política macroeconômica que poderia reativar a economia americana seria mediante o aumento do gasto público, mas a crise da dívida americana impede Obama de fazê-la.
Em 9 de Agosto, o Governo Americano anunciou que a taxa de juro passa a ser zero, visando ao estímulo da economia. De qualquer modo, a demora desse País em elevar o teto de seu endividamento, causando, inclusive, seu rebaixamento na classificação efetuada por agência de rating, implicou, em 8 de Agosto, muita perda de recursos pelos investidores, nas bolsas de todo mundo.
E a União Europeia já começou a fazer os ajustes necessários para sobreviver, demitindo funcionários, congelando salários, aumentando a idade da aposentadoria e cortando benefícios sociais, por exemplo. Só que sua fragilidade mostrou ao mundo que o Bloco não tem condições de substituir os já cambaleantes Estados Unidos à frente das potências mundiais
O Brasil, por outro lado, vem se protegendo da crise global. O crédito vinha crescendo muito rápido, assim como o gasto público e a inflação até 2010, mas, neste ano, iniciaram-se medidas de contenção, que, graças ao forte mercado interno, além do bom preço das commodities, exportadas pelo País, não frearam a economia. Outros fatores importantes são o fato de o sistema financeiro estar regulado e a atração do capital externo para cá.
Além dos Estados Unidos, em Agosto, o Japão teve seu rating rebaixado, devido ao pujante endividamento desde a crise de 2009.
Leia esta matéria sobre manifestação ocorrida em Outubro de 2011.
Manifestantes que ocupam Wall Street conseguem evitar expulsão
Local está ocupado há 28 dias. Grupo protesta contra o capitalismo e a ganância de instituições financeiras
Manifestantes reunidos no centro financeiro de Nova York conseguiram evitar que fossem expulsos da praça que ocupam há 28 dias.
Eram 6h da manhã quando a Prefeitura de Nova York desistiu de fazer a limpeza programada para esta sexta-feira (14) na praça perto de Wall Street. “Era um pretexto para nos tirar daqui e quase conseguiram”, disse um homem.
Centenas de pessoas lotaram a praça em apoio ao protesto. Uma mulher dirigiu seis horas, da Virginia até Nova York. Um professor de economia assumiu a liderança do batuque. “Eu tenho dois mestrados, família e não consigo emprego há dois anos”, reclamou ele.
A praça é particular e os proprietários têm reclamado da sujeira. A comida doada é farta. Uma pizzaria divulgou o número de telefone em redes sociais da internet e tem recebido pedidos até da Europa para entregar pizzas na praça.
À tarde, a praça ficou ainda mais cheia. Operários que trabalham na construção do novo World Trade Center aproveitaram o intervalo no trabalho e também foram protestar. Confrontos entre manifestantes e a polícia resultaram na prisão de 14 pessoas.
Em 15 de Outubro, ocorreu manifestação contra o sistema financeiro mundial em 951 cidades de 82 países, entre elas, Washington, Nova York, Miami e Chicago, nos Estados Unidos, da qual resultou a detenção de 175 pessoas que não queriam desocupar parque, sendo 92 delas, só em Nova York. Trata-se de mais um episódio do “Movimento dos Indignados”.
Em Novembro, o mercado de trabalho americano continua enfraquecido, em que pese a perspectiva de crescimento de 3% em relação a 2010. Assim, como o seguro desemprego só dura até 99 semanas, boa parte dos desempregados do País está vivendo sem o auxílio do Governo. Por outro lado, 15% da população ou cerca de 45 milhões de americanos utilizam os “vale-comida” do Governo. Estima-se que haja hoje 13,9 milhões de desempregados nos Estados Unidos. Também ocorreu o rebaixamento das notas dos principais bancos americanos, juntamente com os europeus, bem como, a concordata da American Airlines.
Fonte: Rede Globo
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