A Polícia Federal deflagrou, em 19/6/15, mais uma fase da Operação Lava Jato. Os alvos são a Construtora Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez – duas das maiores empreiteiras do País, suspeitas de corrupção e cartel. Presidente da empresa, Marcelo Odebrecht foi detido ao lado dos executivos Márcio Farias e Rogério Araújo. O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, também foi preso.

Eles estão sob suspeita desde setembro de 2014 quando foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras como responsáveis pelo pagamento de US$ 23 milhões de propina da Odebrecht para uma conta aberta na Suíça.

Batizada da Operação Erga Omnes, a nova fase cumpre 59 mandados judiciais em quatro Estados – 38 mandados de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária. Cerca de 220 policiais federais participam da operação. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição da Justiça Federal.

Um dos locais é a sede da Odebrecht, em São Paulo. No fim de maio, a maior empreiteira do País afirmou à Polícia Federal, em petição, que “não participa de esquemas ilícitos, menos ainda com a finalidade de pagar vantagens indevidas a servidores públicos ou executivos de empresas estatais”. A empresa rechaçou com veemência suspeitas sobre contratos com a Petrobras.

Em depoimento, o doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, afirmou que, além de operar propinas da empreiteira Andrade Gutierrez no esquema de desvios na Petrobras, também operou US$ 600 mil do Caixa 2 da empresa às vésperas de ser pego na operação.

Segundo o delator, a movimentação teria sido realizada no final de 2013 e início de 2014 e atendido inclusive a um pedido da diretoria da empreiteira na Venezuela. “Foi uma operação de US$ 300 mil que mandei para a DGX (conta utilizada pelo doleiro no exterior) e duas operações de US$ 150 mil, que não têm nada a ver com a Petrobras”, relatou.

Fonte: Yahoo

 

Marcelo Odebrecht ameaça derrubar a República

“Terão de construir mais 3 celas: para mim, Lula e Dilma”, dizia Emilio Odebrecht, sobre possível prisão do filho. O presidente da Odebrecht, Marcelo, foi preso nesta sexta

Desde que o avançar inexorável das investigações da Lava Jato expôs ao Brasil o desfecho que, cedo ou tarde, certamente viria, o mercurial empresário Emilio Odebrecht, patriarca da família que ergueu a maior empreiteira da América Latina, começou a ter acessos de raiva. Nesses episódios, segundo pessoas próximas do empresário, a raiva – interpretada como ódio por algumas delas – recaía sobre os dois principais líderes do PT: a presidente Dilma e o ex-presidente Lula . A exemplo dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, outros dois poderosos alvos dos procuradores e delegados da Lava Jato, Emilio Odebrecht acredita, sem evidências, que o governo do PT está por trás das investigações lideradas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Se prenderem o Marcelo (Odebrecht, filho de Emilio e atual presidente da empresa), terão de arrumar mais três celas”, costuma repetir o patriarca, de acordo com esses relatos. “Uma para mim, outra para o Lula e outra ainda para a Dilma.”

Na manhã da sexta-feira, 19 de junho de 2015, 459 dias após o início da Operação Lava Jato, prenderam Marcelo. Ele estava em sua casa, no Morumbi, em São Paulo, quando agentes e delegados da Polícia Federal chegaram com o mandado de prisão preventiva, decretada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal da Justiça Federal do Paraná, responsável pelas investigações do petrolão na primeira instância. Estava na rua a 14ª fase da Lava Jato, preparada meticulosamente, há meses, pelos procuradores e delegados do Paraná, em parceria com a PGR. Quando ainda era um plano, chamava-se “Operação Apocalipse”. Para não assustar tanto, optou-se por batizá-la de Erga Omnes, expressão em latim, um jargão jurídico usado para expressar que uma regra vale para todos – ou seja, que ninguém, nem mesmo um dos donos da quinta maior empresa do Brasil, está acima da lei. Era uma operação contra a Odebrecht e, também, contra a Andrade Gutierrez, a segunda maior empreiteira do país. Eram as empresas, precisamente as maiores e mais poderosas, que ainda faltavam no cartel do petrolão. Um cartel que, segundo a força-tarefa da Lava Jato, fraudou licitações da Petrobras, desviou bilhões da estatal e pagou propina a executivos da empresa e políticos do PT, do PMDB e do PP, durante os mandatos de Lula e Dilma.

Os comentários de Emilio Odebrecht eram apenas bravata, um desabafo de pai preocupado, fazendo de tudo para proteger o filho e o patrimônio de uma família? Ou eram uma ameaça real a Dilma e a Lula? Os interlocutores não sabem dizer. Mas o patriarca tem temperamento forte, volátil e não tolera ser contrariado. Também repetia constantemente que o filho não “tinha condições psicológicas de aguentar uma prisão”. Marcelo Odebrecht parece muito com o pai. Nas últimas semanas, segundo fontes ouvidas por ÉPOCA, teve encontros secretos com petistas e advogados próximos a Dilma e a Lula. Transmitiu o mesmo recado: não cairia sozinho. Ao menos uma dessas mensagens foi repassada diretamente à presidente da República. Que nada fez.

Quando os policiais amanheceram em sua casa, Marcelo Odebrecht se descontrolou. Por mais que a iminência da prisão dele fosse comentada amiúde em Brasília, o empresário agia como se fosse intocável. Desde maio do ano passado, quando ÉPOCA revelara as primeiras evidências, o empresário dedicava-se a desancar o trabalho dos procuradores. Conforme as provas se acumulavam, mais virulentas eram as respostas do empresário e da Odebrecht. Antes de ser levado pela PF, ele fez três ligações. Uma delas para um amigo que tem interlocução com Dilma e Lula – e influência nos tribunais superiores em Brasília. “É para resolver essa lambança”, disse Marcelo ao interlocutor, determinando que o recado chegasse à cúpula de todos os poderes. “Ou não haverá República na segunda-feira.”

Antes mesmo de chegar à carceragem em Curitiba, Marcelo Odebrecht estava “agitado, revoltado”, nas palavras de quem o acompanhava. Era um comportamento bem diferente de outro preso ilustre: o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Otávio Azevedo, como o clã Odebrecht, floresceu esplendorosamente nos governos de Lula e Dilma. Tem uma relação muito próxima com eles – e com o governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel, também investigado por corrupção, embora em outra operação da PF. Otávio Azevedo se tornou compadre de Pimentel quando o petista era ministro do Desenvolvimento e, como tal, presidia o BNDES.

Não há como determinar com certeza se o patriarca dos Odebrechts ou seu filho levarão a cabo as ameaças contra Lula e Dilma. Mas elas metem medo nos petistas por uma razão simples: a Odebrecht se transformou numa empresa de R$ 100 bilhões graças, em parte, às boas relações que criou com ambos. Se executivos da empresa cometeram atos de corrupção na Petrobras e, talvez, em outros contratos estatais, é razoável supor que eles tenham o que contar contra Lula e Dilma.

A prisão de Marcelo Odebrecht encerra um ciclo – talvez o maior deles – da Lava Jato. Desde o começo, a investigação que revelou o maior esquema de corrupção já descoberto no Brasil mostrou que, em 2015, é finalmente possível sonhar com um país com menos impunidade. Pela primeira vez, suspeitos de ser corruptores foram presos – os executivos das empreiteiras. Antes, apenas corruptos, como políticos e burocratas, eram julgados e condenados. E foi precisamente esse lento acúmulo de prisões, e as delações premiadas associadas a elas, que permitiu a descoberta de evidências de corrupção contra Marcelo Odebrecht, o empreiteiro que melhor representa a era Lula. Foram necessárias seis delações premiadas, dezenas de buscas e apreensão em escritórios de empresas e doleiros e até a colaboração de paraísos fiscais para que o dia 19 de junho fosse, enfim, possível.

As provas contra a Odebrecht

Os documentos obtidos pela Lava Jato mostram como a empreiteira seguiu o roteiro de obras superfaturadas e obteve informações privilegiadas para acertar contratos com a Petrobras

E-mail do assessor de Marcelo Odebrecht fala em superfaturamento (Foto: Reprodução)
Diretor da Odebrecht Rogério Araújo avisa que sabia de orçamento interno da Petrobras (Foto: Reprodução)
A Polícia Federal anexou na investigação mensagens de outro empreiteiro, Léo Pinheiro, da OAS.  (Foto: Reprodução)


Revista ÉPOCA - capa edição 889 - Ele ameaça derrubar a República (Foto: Revista ÉPOCA/Divulgação)
Fonte: Epoca

Sigilo no BNDES: Dilma decretou porque, se libera, é acusada de gestão fraudulenta

 

 

Vejamos os números: o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) concedeu financiamentos de R$ 2,4 bilhões para as nove empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato, entre 2003 e junho de 2014. Ao longo dos anos, foram 2.481 operações realizadas, sendo que 2.471, ou R$ 1,6 bilhão,  “financiamentos indiretos automáticos” (geralmente concedidos às micro, pequenas e médias empresas).

Tais operações não precisam passar por avaliação prévia do BNDES e possuem limite máximo de R$ 20 milhões em crédito. A empreiteira mais beneficiada por este tipo de financiamento foi a Camargo Corrêa, que conquistou R$ 502,5 milhões por meio de 857 operações, ou seja, média de R$ 586,3 mil por empréstimo.

A Odebrecht também conseguiu crédito alto: R$ 449,4 milhões em 412 empréstimos. Se considerada a média por operação, os financiamentos concedidos para a empreiteira foram os mais generosos, de R$ 1,1 milhão. Em seguida, no ranking, estão a Queiroz Galvão – a quem o banco concedeu R$ 401,2 milhões em 619 operações, média de R$ 648,2 mil por operação – e a UTC, que contraiu financiamentos com o banco no valor de R$ 134,2 milhões por meio de 410 operações, média de R$ 327,3 mil.

Concentração: Odebrecht e Embraer

Nos últimos cinco anos, apenas duas empresas concentraram os empréstimos com dinheiro público para financiar suas exportações. A verba vem do BNDES.

São elas a construtora Norberto Odebrecht e a fábrica de aviões Embraer. Sozinhas, as duas ficaram com 81% dos US$ 12,29 bilhões (R$ 27,2 bilhões) emprestados entre 2009 e o primeiro trimestre de 2014.

Esses dados foram investigados pelo jornalista Eduardo Militão, do Congresso em Foco. Segundo Militão, os valores foram desembolsados para financiar vendas de 83 empresas brasileiras no exterior, mas a maioria ficou com valores pequenos em relação às duas gigantes e mais três empreiteiras.

Segundo Militão, a Odebrecht lidera o ranking dos empréstimos captados no período, com US$ 5 bilhões, abocanhando 41% do bolo, para financiar suas exportações a governos e empresas estrangeiras. É seguida da Embraer, com US$ 4,9 bilhões (40%). Atrás, três construtoras: Andrade Gutierrez (US$ 802 milhões, ou 7%), Queiroz Galvão (US$ 254 milhões, ou 2,1%) e Camargo Corrêa (US$ 216 milhões, ou 1,8%).

A mamata

Até 2014, o BNDES amealhou R$ 323 bilhões em seu caixa. Juntados a outros R$ 165 bilhões (gerados do retorno da carteira de contratos) perfazem-se R$ 488 bilhões.

Essa grana vem da taxas de juros, face medidas provisórias, que legitimam o emprego de tilintantes do Tesouro Nacional para financiamentos tuletados pela União.

Como nossa grana foi parar nas mãos de empreiteiras fulminadas pela Lava Jato ?  Porque o decreto nº 6.322, de 21 de dezembro de 2007 teve uma alteraçãozinha: pela qual o BNDES poderia financiar investimentos de empreiteiras brazucas no exterior.

Depois desse ardil, o BNDES emprestou U$ 8,6 bilhões de 2003 a 2013. Dos U$ 8,6 bilhões emprestados pelo BNDES, Angola levou 33%, Argentina 22%, Venezuela 14% e Cuba 7%, perfazendo 76% do montante.

Dilma Roussef mentiu ao dizer que a Odebrecht dá garantias e lastro para essa grana. Por isso ela se nega a mostar publicamente esses dados.

Vou te explicar

No dia 21 passado foi sancionada a lei (13.126/15) que autoriza a União a injetar R$ 30 bi no BNDES. Da norma, oriunda da MP 661/14, foram vetados vários dispositivos, entre eles, o que visava acabar com sigilo das operações do BNDES.

O art. 6º da lei, que alterava a redação do art. 3º-A da lei 12.096/09, dispunha: “não poderá ser alegado sigilo ou definidas como secretas as operações de apoio financeiro do BNDES, ou de suas subsidiárias, qualquer que seja o beneficiário ou interessado, direta ou indiretamente, incluindo nações estrangeiras”.

Na mensagem de veto, a presidente Dilma ressaltou que o BNDES já divulga em transparência ativa diversas informações a respeito de suas operações.

Dilma afirmou que a divulgação ampla e irrestrita das demais informações das operações de apoio financeiro da instituição, conforme previsto no dispositivo, “feriria sigilos bancários e empresarias e prejudicaria a competitividade das empresas brasileiras no mercado global de bens e serviços, já que evidenciaria aspectos privativos e confidenciais da política de preços praticada pelos exportadores brasileiros em seus negócios internacionais”.

Além disso, Dilma afirmou que o referido artigo incorreria ainda em vício de inconstitucionalidade formal, “pois o sigilo das operações de instituições financeiras é matéria de lei complementar”.

Saiba porque Dilma vetou

Porque ela não quer tornar público que as empreiteiras não dão garantias sobre esses emprétimos. Se Dilma torna a operação transparente, ela é derrubada do poder.

Como? Na Lei do Colarinho Branco, que está aqui.

Em que parte da lei? No artigo Quarto:

        Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:

        Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

        Parágrafo único. Se a gestão é temerária:

        Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Está provado como Dilma faz gestão fraudulenta. Está explicado o sigilo por ela decretado

Post Scriptum: É prevista para esta terça-feira a retirada do selo de “sigiloso” que limita a divulgação de informações em contratos de financiamentos do BNDES a exportações brasileiras de engenharia para Cuba e Angola. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, é quem deve anunciar a abertura de dados, colocados sob sigilo pelo então ministro Fernando Pimentel, sob a alegação de se tratar de exigência dos países financiados.
Com isso, devem ser disponibilizadas no site do banco de investimento informações restritas de todos os contratos de financiamentos celebrados pela instituição, exceto os chamados repasses automáticos, operados por bancos privados
.

O problema não é abrir ou não abrir os contratos desse ou daquele país: é revelar que as construtoras não dão garantias ou lastro sobre os empréstimos tomados ao BNDES!!!

Fonte: Yahoo

Postalis aumenta em 6 vezes desconto de funcionários dos Correios para cobrir romboa

O Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, um dos maiores do país, com 130 mil associados, teve de aumentar em mais de seis vezes, de 3,94% para 25,98%, o desconto mensal pago por aposentados e trabalhadores da ativa para cobrir um rombo estimado em R$ 5,6 bilhões. O aumento, de 559%, vale a partir de abril e incide diretamente sobre os benefícios e pensões pagos aos aposentados e pensionistas da instituição. Os funcionários na ativa pagarão o percentual sobre o valor do benefício futuro, ou Benefício Proporcional Saldado (BPS).

O novo percentual, aprovado em 5 de março, terá de ser pago pelos funcionários e aposentados pelos próximos 15 anos, até 2030. Segundo o Postalis, o impacto médio do aumento da contribuição sobre os salários dos funcionários na ativa será de 3,89%.

O forte reajuste das contribuições, segundo o Postalis, foi necessário para cobrir as perdas com investimentos e pela decisão da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de não arcar com um pagamento relativo à Reserva Técnica de Serviço Anterior (RTSA) relativo a 2008. O aumento está sendo contestado pelos funcionários, que anunciaram que vão entrar com pelo menos duas ações contra a decisão.

Ações conta a ECT

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), a entidade deverá entrar com uma ação contra a ECT para que ela reconheça o valor que deve ao fundo relativo ao RTSA e retire a quantia do cálculo do déficit, e outra para que a empresa assuma o pagamento do déficit integralmente, se responsabilizando pela má gestão do fundo.

O novo reajuste, diz a Federação, “é mais um golpe para os trabalhadores”. Primeiro, porque reduz o salário, já comprometido, do funcionário. Segundo, porque embutido no cálculo do déficit, estaria a obrigação de a empresa pagar R$ 1,150 bilhões. A suspensão dos pagamentos da ECT ocorreu em 2014, o que teria ajudado a empresa a melhorar seu balanço artificialmente, segundo a Federação, que diz que não aceitará que os “desmandos de dirigentes ‘incompetentes’, colocados na direção do Postalis, sejam debitados na conta dos trabalhadores”.

Resultados insuficientes de investimentos

Já a Postalis diz que o rombo do fundo foi provocado por “resultados insuficientes dos investimentos” (prejuízos) de 2011 a 2014, “grande parte em decorrência de provisionamentos para perdas e desvalorização de cotas de investimentos feitos em períodos anteriores a 2012″. Houve também o impacto da redução da taxa de juros que é usada no cálculo do rendimento necessário para atingir as metas atuarias, que reduz a previsão de ganhos das aplicações do fundo, e também o efeito da suspensão dos pagamentos do RTSA pela empresa a partir de março de 2014, por ordem do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais.

Eike Batista

Entre as perdas do fundo com investimento estão investimentos no Grupo EBX, de Eike Batista. Segundo o Postalis, essas perdas, “representavam 1,6% dos investimentos em renda variável do Instituto”, que hoje não tem mais nenhum ativo do grupo em carteira.

Papéis da Argentina e Venezuela

Outra perda foi provocada por um fundo de investimento em papéis da dívida externa brasileira, o Brasil Sovereign II, que recebeu R$ 384 milhões de recursos do Postalis. Montado por uma gestora independente desconhecida, a Atlântica, o fundo contrariou a regulamentação, comprando papéis de outros países, e  ainda por cima adquiriu títulos da Argentina e da estatal do petróleo da Venezuela, a PDVSA, que perderam seu valor. Os papéis da Argentina, que suspendeu os pagamentos da dívida externa no fim do ano passado, deram um prejuízo estimado em R$ 197 milhões em agosto e mais R$ 53 milhões em setembro de 2014. Os da PDVSA, por conta da forte queda do petróleo e das dificuldades econômicas da Venezuela, de mais R$ 20 milhões em janeiro deste ano. No dia 19, o fundo tinha patrimônio de R$ 135 milhões, beneficiado pela alta do dólar, que valoriza suas aplicações no exterior.

Gestor fugiu

O gestor do fundo, Fabrizio Neves, selecionado pelo Postalis junto com a gestora, fugiu do país após a descoberta das irregularidades. Investigações da Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM americana) descobriram que Fabrizio era amigo de um dirigente do Postalis. O fundo de pensão processou o administrador da carteira, o banco americano BNY Mellon, alegando que a instituição deveria ter impedido a compra dos papéis. Em setembro, o fundo conseguiu bloquear R$ 198 milhões de contas do BNY Mellon por causa das perdas nesse fundo e em outros administrados pelo banco americano.

Perdas em bancos pequenos e Trendbank

Além desse fundo, o Postalis perdeu dinheiro em aplicações em papéis de bancos como o Cruzeiro do Sul e BVA e na financeira Oboé, que quebraram. Somente no BVA, a perda do fundo é estimada em R$ 350 milhões. O Postalis investiu também R$ 50 milhões em um fundo de recebíveis de crédito (Fidc) do Trendbank Banco de Fomento Comercial, que também se encontra em dificuldades. Em janeiro deste ano, o Trendbank tinha provisionado R$ 405 milhões dos seus R$ 434 bilhões em ativos para cobrir perdas.

Fonte: Blog do AFR

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), saiu em defesa do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT-SC), após a Polícia Federal pedir a abertura de inquérito sobre ele no Supremo Tribunal Federal. Questionado sobre a situação do colega de Esplanada por causa das suspeitas de irregularidades, Cardozo afirmou que uma eventual investigação não o torna culpado.

“A Polícia Federal cumpre seu papel nos termos da lei. A Constituição é muito clara quando diz que ninguém é culpado sem prévia sentença judicial. O fato de haver uma investigação não atinge em momento algum a situação de qualquer cidadão brasileiro”, disse Cardozo.

A Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, pediu no dia 25 de fevereiro a abertura de inquérito no STF por ver indícios da participação de Dias em suposto esquema para empregar militantes do PDT como funcionários “fantasmas” de uma entidade que recebia recursos da pasta. O pedido foi feito em relatório enviado à Justiça Federal em Santa Catarina. Por terem foro privilegiado, ministros só podem ser investigados com autorização do STF.

As apurações da Polícia Federal partiram de uma entrevista de um ex-dirigente do PDT ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada em setembro do ano passado. Ex-presidente da Juventude do partido em Santa Catarina, John Sievers Dias contou que, em 2008, a mando de Dias, recebia pagamentos mensais da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim (ADRVale), comandada por pedetistas. Na prática, porém, Sievers prestava serviços à Universidade Leonel Brizola, braço da legenda para a formação política da militância.

Desde o ano passado, a administração de Dias no Ministério do Trabalho é alvo de suspeitas de irregularidades. Mas o Planalto o mantém no cargo visando a uma eventual aliança com o PDT para apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff este ano. O partido tomará uma decisão nos próximos meses.

Nos primeiros 14 meses de seu governo, a presidente Dilma Rousseff afastou sete ministros por suspeita de irregularidades, sem haver sentença judicial contra eles. Entre os que perderam o cargo nessas condições está o padrinho político de Dias, Carlos Lupi (PDT-RJ).

Fonte: Yahoo

“Levei R$ 200 mil  para o  ministro Lupi”

A empresária Ana Cristina Aquino diz que pagou propina para o ex-ministro Carlos Lupi e que esquema para criação de sindicatos no Ministério do Trabalho permanece na gestão de Manoel Dias

A empresária mineira Ana Cristina Aquino, 40 anos, é uma conhecedora dos meandros da corrupção no Ministério do Trabalho e desde dezembro do ano passado vem contando ao Ministério Público Federal tudo o que sabe. As revelações feitas por ela tanto aos procuradores como à ISTOÉ mostram os detalhes da atuação de uma máfia que age na criação de sindicatos – setor que movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano – e que, segundo a empresária, envolve diretamente o ex-ministro e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e o atual ministro, Manoel Dias. “Levei R$ 200 mil para o ministro Lupi numa mochilinha da Louis Vuitton”, diz a empresária. De acordo com ela, o ministro Manoel Dias faz parte do mesmo esquema.

Ana Cristina é dona de duas transportadoras, a AG Log e a AGX Log Transportes, e durante três anos fez parte da máfia que agora denuncia. A Polícia Federal em Minas Gerais já tem indícios de que suas empresas serviam como passagem para o dinheiro usado no pagamento das propinas para a criação de sindicatos. Em apenas 24 meses, entre 2010 e 2012, a empresária trocou as dificuldades de uma vida simples pelo luxo de ter avião particular, helicóptero, uma mansão em Betim (MG) e até cinco carros importados na garagem. Para ela, o esquema começou a ruir depois que ISTOÉ revelou, em outubro do ano passado, que seu enriquecimento era alvo de uma investigação da PF. “Os antigos parceiros me abandonaram. Estou sendo ameaçada, mas não vou pagar essa conta sozinha”, diz Ana Cristina.

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O advogado João Graça, assessor especial do ministro Manoel Dias e homem de confiança do ex-ministro Carlos Lupi, foi por dois anos sócio da AG Log e deixou a empresa depois de a investigação da PF ser instalada. Segundo Ana Cristina, era ele o elo entre as suas empresas e a máfia dos sindicatos no Ministério do Trabalho. Procurado por ISTOÉ, Graça disse que as acusações “fazem parte de uma briga de mercado” e que se manifestará apenas quando “conhecer todos os detalhes da denúncia.” A empresária afirma que Graça estava com ela quando foram entregues os R$ 200 mil ao então ministro Lupi. O Ministério Público tenta localizar as imagens da portaria do Ministério para confirmar a informação. “Usamos o elevador do ministro. O doutor João Graça manda naquele Ministério”, disse Ana Cristina. Em seguida, ela lembra que, depois de receber o dinheiro, Lupi chegou a perguntar, em tom de brincadeira, se estava sendo gravado. Na quinta-feira 23, Lupi disse à ISTOÉ que só vai se manifestar quando tiver acesso aos documentos que Ana Cristina diz ter entregue ao Ministério Público.

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O enredo de corrupção narrado pela empresária começa no segundo semestre de 2011, quando ela e seu grupo decidiram montar o Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe) para tentar abocanhar contratos milionários com montadoras que iriam se instalar no Nordeste. Em outubro daquele ano, Ana Cristina protocolou o documento no Ministério do Trabalho pedindo a expedição da carta sindical. Nessa época, o advogado Graça já havia se transformado em um parceiro de negócios da AG Log, por indicação do empresário Sérgio Gabardo, que, segundo Ana Cristina, era o verdadeiro dono da transportadora e o responsável por todo o aporte milionário de recursos para bancar as propinas. Segundo o relato da empresária, assim que o registro foi pedido, o encontro no gabinete do então ministro do Trabalho foi marcado pelo próprio Graça. De acordo com a empresária, Lupi afirmou que o dinheiro pago naquele dia era apenas a entrada e que a aprovação do registro sindical custaria R$ 3 milhões. Mais ainda: no dia seguinte, como disse Ana Cristina, Lupi mandou o amigo João Graça avisá-la que, se o sindicato desse certo e conseguisse arrecadação e bons contratos, ele também deveria participar do negócio sendo dono de uma parte da frota do grupo AG.

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Depois de receber R$ 200 mil e prometer aos representantes da AG Log que o Sincepe seria criado em um prazo recorde de 40 dias, Lupi foi varrido do cargo durante a faxina que a presidenta Dilma Rousseff  começava a fazer no seu governo. Ele foi  demitido por envolvimento em denúncias de corrupção, que incluíam exatamente os processos irregulares de criação de sindicatos. Ana Cristina diz que o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que assumiu no lugar de Lupi, tentou colocar um freio na indústria dos sindicatos. Durante sua gestão, os trâmites para a oficialização do sindicato pleiteado por Ana travaram. Mas Brizola Neto acabou perdendo o apoio de seu próprio partido e foi afastado do Ministério 11 meses depois de assumir. Em seu lugar tomou posse o atual ministro Manoel Dias, indicado por Lupi e leal às práticas do PDT. A tramitação da expedição da carta sindical do Sincepe no Ministério do Trabalho, obtida por ISTOÉ, mostra que na gestão de Manoel Dias o processo voltou a correr. “Esse aí (o ministro Manoel Dias) ia liberar. Só não liberou por causa da reportagem de ISTOÉ”, disse a empresária. Segundo ela, depois de publicada a reportagem na revista, o advogado João Graça marcou um encontro no Hotel Mercury, em São Paulo, e afirmou: “Fique calma, esse ministro é nosso também”. Ana Cristina afirma que a conversa teria prosseguido em uma espécie de monólogo de João Graça, em uma tentativa de acalmá-la e evitar que ela denunciasse o esquema, como decidiu fazer. A estratégia do grupo era convencê-la a assumir a culpa e, em troca, viabilizar para ela e para a família o comando de um sindicato com amplos poderes e muito dinheiro. O Sindicato de Cegonheiros de Pernambuco arrecadaria um percentual do lucro bilionário do setor, além de acumular influência para interferir nos contratos com montadoras que se instalassem na região. No caso do Sincepe, a ideia era garantir que a Fiat fechasse um negócio bilionário com a AG Log.

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Agora, as denúncias de Ana Cristina deverão virar um inquérito formal no Ministério Público Federal. Aos procuradores, além de depoimento, a empresária diz ter entregue uma série de documentos. No meio da papelada estão extratos bancários, contratos sociais e páginas de uma agenda manuscrita, em que estariam relacionados os destinatários das propinas e os valores pagos.

“Esse ministro (Manoel Dias) é nosso também”

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Nas duas últimas semanas, a empresária Ana Cristina Aquino conversou com ISTOÉ por cerca de duas horas. Dona de um forte sotaque mineiro, ela autorizou que os encontros mantidos num restaurante em Brasília fossem gravados e divulgados como entrevista. Disse estar endividada e abandonada pelo grupo ao qual se associou em 2010 e que desde então opera nos meandros do Ministério do Trabalho. Por causa disso é que ela diz ter recorrido ao Ministério Público e avalia que tornar públicas suas acusações é a melhor maneira de se proteger. Leia a seguir trechos dessas conversas:

ISTOÉ – A sra. está tentando criar um sindicato?
Ana Cristina Aquino –
Desde 2011. Essa carta sindical iria sair na época do Carlos Lupi no Ministério do Trabalho. O advogado João Graça, que é do PDT, foi contratado pela nossa empresa justamente porque tinha ligações com o Lupi. Ele era a nossa garantia de que
o sindicato seria aprovado rapidamente.

ISTOÉ – O então ministro Carlos Lupi recebeu dinheiro para viabilizar esse sindicato?
Ana –
Recebeu, recebeu sim. Levei R$ 200 mil para ele. Carregando uma bolsa nas costas, fui direto para o gabinete dele. Segurando uma mochilinha da Louis Vuitton. Não tem aquelas compridinhas? Foi daquelas. Ele mandou desligar o telefone assim que eu entrei. Disse: “Não está gravando não, né?” Eles são espertos!

ISTOÉ – Como a sra. passou pela segurança na portaria do Ministério carregando tanto dinheiro  em uma mochila?
Ana –
João Graça passava por tudo que é lado!!! O doutor João mandava naquele Ministério.

ISTOÉ – Então a sra. entrou direto, sem passar pela segurança?
Ana –
Direto. Usamos o elevador do ministro.

ISTOÉ – Qual a origem do dinheiro que foi entregue ao ministro?
Ana –
O Sérgio Gabardo (empresário acusado por Ana Cristina de ser o verdadeiro dono da AG Log) me entregou o dinheiro e falou: “Esse aqui é para o ministro, para ajudar nas obras sociais dele”. A gente riu.

ISTOÉ – Isso foi quando?
Ana – I
sso foi dois dias depois de sair o pedido de registro, lá para 2011.
O próprio Lupi me disse, na minha cara, que colocava o sindicato para sair em 40 dias. Brincou que seria o código sindical mais rápido do Brasil.

ISTOÉ – O registro iria custar os R$ 200 mil entregues ao Lupi?
Ana –
Não iam ser só R$ 200 mil, não. Essa carta sindical custaria R$ 3 milhões. Ele encheu o olho porque se tratava de um sindicato cegonheiro e todo mundo já sabe que cegonha dá muito dinheiro mesmo. Eles fantasiam uma coisa na cabeça deles. É uma coisa em que todos acham que rola muita grana. Na época, o Lupi ainda falou para o João Graça, que me contou, que, se desse certo de a gente pegar qualquer serviço em Pernambuco, ele queria o direito a ter frotas na empresa. Ocultamente. Claro que não seria no nome dele. Um ministro não poderia ter frotas em uma cegonha de forma aberta.

ISTOÉ – Por que o sindicato não saiu na gestão do ministro Brizola Neto?
Ana –
Acho que foi uma passagem rápida dele por lá. Não saiu porque ele não passou muito tempo. E o João Graça não tinha ligação direta com o Brizola Neto como tem com o Lupi.

ISTOÉ –  E como está a questão, atualmente, com o ministro Manoel Dias?
Ana –
Esse aí (o ministro Manoel Dias) era o que ia liberar esse código, agora! Era ele! Só não liberou por causa da reportagem de ISTOÉ. Quando saiu a reportagem, o João Graça foi encontrar comigo no hotel Mercury, em São Paulo. Chegou lá e disse para eu ficar calada porque o registro sindical sairia de qualquer jeito. Sentamos na primeira mesa do restaurante, ele olhou para mim e disse: “Fique calma, esse ministro é nosso também”. Ele disse que o Manoel Dias era só de fachada e quem dá as canetadas no Ministério ainda é o Lupi. Foram exatamente essas as palavras que ele usou lá no hotel.

ISTOÉ – Por que a sra. resolveu dar dinheiro para criar o sindicato?
Ana –
Se a gente não dá dinheiro a esse pessoal, não sai sindicato. Desconheço algum registro que tenha saído sem gastar com propina.

Fotos: MARCUS DESIMONI / NITRO, MARCUS DESIMONI/NITRO; Ueslei Marcelino/REUTERS,Sergio Lima/Folhapress

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, reuniu-se com o secretariado do ministério para fazer um levantamento sobre os convênios firmados com a pasta. A reunião ocorre devido às investigações da Operação Esopo, da Polícia Federal (PF), que apura convênios do Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip).

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/batismo-de-fogo/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/batismo-de-fogo/">Os nomes “inusitados“das operações policiais&

A operação foi iniciada há dois dias pela PF para apurar o desvio de R$ 400 milhões em recursos públicos por fraudes em licitações para prestação de serviços, construção de cisternas e produção de eventos turísticos e artísticos em 10 Estados e no Distrito Federal, a partir de recursos repassados pelo ministério. Os beneficiados pela fraude superfaturavam ou não prestavam os serviços contratados.

A principal investigada pela PF é a Oscip IMDC. Na terça-feira, o ministério anunciou que vai pedir a aos Estados e municípios a suspensão de convênio com a Oscip. Manoel Dias chegou a admitir que a fiscalização do ministério é deficiente e que a pasta não tem estrutura para detectar todas as falhas em contratos.

No Diário Oficial da União de hoje, foi publicada a exoneração do então secretário executivo do ministério, Paulo Roberto dos Santos Pinto, um dos investigados pela operação. Ele foi substituído interinamente pelo subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do ministério, Nilton Fraiberg Machado. De acordo com o ministro, a perspectiva é que o cargo seja ocupado definitivamente por alguém de perfil técnico.

Lobo em pele de cordeiro
O nome da operação da PF faz referência ao escritor grego Esopo, autor da fábula “lobo em pele de cordeiro”. Segundo a PF, a história do fabulista, que prega a moral de conduta, resume os atos da organização investigada.

A Oscip teria usado a justificativa de atuar em parceria com o poder público para desviar verba pública. Segundo a PF, a organização “deveria pautar sua atuação no interesse social”, mas atuou “como verdadeiro lobo em pele de cordeiro”.

O secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paulo Roberto Pinto, pediu exoneração do cargo em 10/9/13, um dia após a Polícia Federal (PF) apontar o suposto envolvimento dele em esquema de desvio de verbas de convênios com uma entidade sem fins lucrativos. A informação foi confirmada pela pasta, que não deu detalhes sobre o pedido de Paulo Pinto, número 2 na hierarquia do MTE.

O ministro Manoel Dias (PDT) dará entrevista nesta terça às 17h30 sobre as denúncias envolvendo alguns de seus principais assessores. A Operação Esopo, deflagrada nesta segunda-feira, 9, pela PF, desbaratou suposto esquema para fraudar parcerias da Pasta com o Instituto Mundial o Instituto Mundial de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC), baseado em Minas Gerais, mas com atuação em diversos Estados. Segundo a PF, os envolvidos assediavam funcionários públicos para obter convênios, cujos serviços eram superfaturados ou nem sequer prestados. Há suspeita de que R$ 400 milhões possam ter sido desviados.

Segundo o inquérito, Paulo Pinto teria favorecido o IMDC ao determinar à Controladoria-Geral da União (CGU) que o retirasse da lista de entidades proibidas de receber recursos federais, embora inúmeras irregularidades já tivessem sido atribuídas ao instituto. O secretário-executivo foi conduzido pela PF a prestar depoimento, e liberado em seguida. Assessor de Manoel Dias, Anderson Brito foi preso. A PF diz que ele recebeu propina para favorecer o IMDC no Trabalho, fazendo gestões para que recebesse verba pública.

Investigação da Polícia Federal indica que 169 pessoas se beneficiaram de uma fraude contra a Previdência Social em São Paulo. “O rombo até agora é em torno de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões”, diz ao Fantástico o delegado da Polícia Federal Ulisses Francisco Mendes. O esquema envolveria o repasse de auxílio-doença para pessoas que pagassem propinas a servidores do INSS.

O jogador de futebol Andrei Frascarelli, 40 anos, estaria entre os beneficiados. Andrei, que já jogou no Palmeiras, Flamengo e Santos, e teve passagens por equipes da Argentina, Espanha e Alemanha, recebia auxílio-doença de quase R$ 3 mil por mês devido a problemas no joelho. O atleta, contudo, participou do torneio Rio-São Paulo de showbol, transmitido pela TV, em 2012, quando já recebia o benefício.

Gravações exibidas pela reportagem mostram os supostos golpistas reclamando da aparição do jogador em uma partida transmitida pela TV. “Eu estava assistindo ele jogando. É duro, né? (…) Os caras não sabem as consequências”, diz um suposto golpista em uma gravação.

A quadrilha falsificava os exames que eram apresentados na perícia do INSS em um centro médico em Carapicuíba, Grande São Paulo, que hoje está fechado. Servidores e peritos da Previdência Social também participariam do esquema. Um deles, Adrian Ortega, receberia diversos tipos de propinas, segundo a TV, para conceder os benefícios como, por exemplo, uma viagem a Cancún.

“(A viagem foi) com tudo pago pela quadrilha. Um pacote de cerca de R$ 30 mil. E também recebeu o uso gratuito por parte do Marcos Agopian, de um veículo Pajero e uma Land Rover”, diz Fabiana Rodrigues Bortz, procuradora da República, ao Fantástico.

A advogada do perito afirma que os valores recebidos são relativos a “relações empresariais e comerciais entre eles que não tinham nada a ver com as funções que ele exercia no INSS”. Ortega foi preso em junho e responde ao processo em liberdade.

A advogada de Andrei afirma que ele passou por cirurgia no joelho e precisa do benefício. A participação no showbol, afirma a advogada, foi um equívoco e rendeu mais problema para o joelho do jogador. Os irmãos Marcos e Vanderlei Agopian, supostos líderes da quadrilha, estão foragidos.

Fonte: Fantástico

A última edição da revista Época traz uma denúncia sobre um esquema de corrupção na Petrobras para favorecer parlamentares do PMDB e a campanha presidencial de Dilma Rousseff, do PT, em 2010. Os dois partidos negaram participação.

A reportagem afirma que as acusações foram feitas pelo engenheiro de carreira da Petrobras e ex-diretor da BR Distribuidora João Augusto Rezende Henrique. Segundo a revista Época, ele afirmou que todos os contratos na área internacional da estatal tinham que passar por ele, que cobrava pedágio dos empresários interessados.

De acordo com a reportagem, ele disse que de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários eram repassados ao PMDB, principalmente à bancada mineira do partido na Câmara.

Segundo a revista, João Augusto contou que a maior parte era destinada a dez parlamentares, entre eles, o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, João Magalhães.

O ministro não quis comentar as denúncias.  E o deputado, por meio do advogado, negou participação.

A revista diz ainda que o secretário de Finanças do PT, João Vaccari, recebeu US$ 8 milhões, repassados durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010.

Ainda de acordo com a revista, o dinheiro para a campanha foi pago pela construtora Odebrecht, a partir de um contrato fechado com a área internacional da Petrobras. João Augusto admite que ficou com parte do dinheiro e repassou ao PMDB entre US$ 10 milhões e US$ 11 milhões.

Em nota, o PT diz que, em 2010, Vaccari não foi tesoureiro da campanha de Dilma e que todas as doações do partido foram feitas dentro da lei.

A presidência diz que não vai se pronunciar sobre as denúncias.

A Odebrecht nega qualquer irregularidade nos contratos com a Petrobras. A construtora diz, ainda, que não tem contrato com João Augusto.

A revista diz também que o engenheiro contou ter fechado um outro contrato: para que a Petrobras alugasse um navio-sonda. Ele teria recebido uma comissão de US$ 14,5 milhões e repassado US$ 10 milhões ao PMDB.

Em nota, o partido diz que jamais recebeu os recursos mencionados. O PMDB nega, ainda, a doação da construtora Odebrecht e afirma que João Augusto não tinha autorização para falar ou atuar em nome do partido ou para buscar recursos de campanha.

A revista diz que João Augusto chegou a ser cotado para assumir a diretoria internacional da Petrobras, mas teve o nome vetado. Isso porque, segundo a revista, ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União a pagar R$ 500 mil por irregularidades cometidas quando ele era diretor da BR Distribuidora.

A reportagem afirma que ainda são necessárias investigações oficiais para apurar todas as denúncias feitas por João Augusto.

Em nota divulgada depois da publicação da denúncia, o engenheiro João Augusto negou ter exercido qualquer influência na área internacional da Petrobras e afirmou que nunca repassou recursos a pessoas ou a partidos.

A revista Época informou que mantém as informações publicadas e que possui a gravação da conversa com o engenheiro.

A Petrobras declarou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

Documentos obtidos pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro trazem detalhes das finanças da quadrilha acusada de tráfico de influência e venda de pareceres técnicos por órgãos públicos.

A Justiça soltou em 30/11/12 os irmãos Paulo Rodrigues Vieira e Rubens Carlos Vieira, presos há uma semana pela operação da Polícia Federal e apontados como peças-chave do esquema.

Pouco antes das 21h, o carro levando Paulo Vieira deixou o 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar. O homem apontado pela polícia como o chefe da quadrilha que negociava pareceres jurídicos oferecendo propina e favores a servidores públicos vai ter que atender algumas exigências da Justiça.

Paulo Vieira terá que se apresentar a cada 15 dias à Justiça Federal em São Paulo e está proibido de deixar o país. O irmão de Paulo, Rubens Vieira, deixou o presídio da Papuda, em Brasília, minutos depois de Paulo sair da prisão em São Paulo.

Nesta sexta-feira (30), a Secretaria do Patrimônio da União suspendeu a concessão da ilha de Bagres. O projeto de construir um porto privado no valor de R$ 2 bilhões foi alvo da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. As obras estavam marcadas para começar ano que vem.

A investigação apontou que houve pagamento de propina para funcionários públicos federais responsáveis pela liberação da obra. Agora, a União deve pedir a reintegração de posse da ilha, que fica no canal do porto de Santos.

Segundo as investigações, há indícios de que a quadrilha pagou para conseguir pareceres da Advocacia-Geral da União e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, a Antaq, para que o empreendimento se transformasse em realidade.

Novos e-mails mostram como os irmãos Paulo Vieira e Rubens Vieira tentavam burlar os mecanismos de vigilância do sistema financeiro. Em 3 de agosto de 2011, Paulo orienta a mulher dele, Andreia, e um dos irmãos, Marcelo Vieira.

– Seguem abaixo os dados para o depósito dos recursos. Peço-lhe fazer em parcelas de até nove mil reais.

No mesmo dia, a conta recebeu oito depósitos de R$ 9 mil. Cinco dias depois, mais três depósitos. No fim do mês, outros seis. A conta pertence à empresa P1, que está em nome da mãe e do cunhado de Paulo Vieira. A empresa tem sede em Condeúba, na Bahia, cidade natal de Paulo.

O valor de cada depósito era sempre menor do que R$ 10 mil. Acima desse valor, o banco é obrigado a informar o Coaf, Conselho de Controle de Atividades Financeiras. A conta, aberta em julho de 2011 em uma agência da cidade de Cruzeiro, interior de São Paulo, operou por quase quatro meses. Em novembro, o banco mandou uma carta para a empresa em que diz:

– Informamos que, por desinteresse comercial, iniciaremos o processo de encerramento de sua conta.

Nos meses em que ficou aberta, a conta movimentou R$ 2.650.000. Os advogados de Paulo e Rubens Vieira dizem que os clientes não negociaram pareceres e que são inocentes de todas as acusações. “São totalmente equivocadas todas as acusações feitas contra ele”, afirma Bruno Rodrigues, advogado de Rubens.

“Nós estamos avaliando todos os e-mails, todas as interceptações, para que a gente tenha efetivamente, para que ele possa explicar e esclarecer todos esses fatos. Mas, certamente, ele, reiteradas vezes disse isso, ele não é chefe de quadrilha alguma”, diz Pierpaolo Cruz Bottini, advogado de Paulo.

Na quinta-feira (29), o Jornal Nacional mostrou uma troca de e-mails entre os irmãos Vieira e Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo. Os documentos mostram que Rosemary disse a Paulo e a Rubens que usaria a proximidade funcional com o então presidente Lula para influenciar a nomeação de ambos.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho negou que a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, traga complicações para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Carvalho, integrante do quadro histórico do PT e amigo pessoal de Lula, foi chefe de gabinete do ex-presidente durante seus dois mandatos.

“Não tem nenhuma complicação para o presidente Lula”, afirmou Gilberto na manhã desta sexta-feira. Ele conversou rapidamente com jornalistas antes de participar de uma reunião no Ministério da Previdência Social.

Gilberto Carvalho também negou que tenha sido ele a pessoa que avisou Lula sobre a operação. O ex-presidente estava em uma viagem à Índia quando a Polícia Federal deflagrou a Porto Seguro.

A assessoria de imprensa de Lula afirmou que não vai se manifestar sobre o assunto.

Documentos obtidos com exclusividade pelo Jornal Nacional mostram que entre 2009 e 2010 – período em que Carvalho chefiava o gabinete em Brasília – a então chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, disse aos irmãos Paulo e Rubens Vieira que usaria a proximidade funcional com o presidente à época, Lula, para influenciar na nomeação de ambos para diretorias de duas agências reguladoras.

Paulo e Rubens Vieira foram presos pela PF na última sexta (23), durante a deflagração da operação, acusados de integrar um esquema de corrupção e tráfico de influência em órgãos públicos. Rosemary foi exonerada do cargo a pedido da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Os e-mails estão em 11 volumes de documentos que reúnem todos os detalhes da investigação da PF. As mensagens são resultado da interceptação, com autorização da Justiça, dos e-mails trocados por Rosemary. Ela não teve o sigilo telefônico quebrado. Os documentos obtidos pelo Jornal Nacional não revelam nenhum contato, por e-mail nem por telefone, entre Rosemary e o ex-presidente Lula.

O advogado de Rosemary Noronha disse que ela repudia todas as acusações que têm sido divulgadas pela imprensa e que tem certeza que sua inocência será provada em juízo. Por meio de nota, Rosemary também disse que enquanto trabalhou para o PT ou para a Presidência da República nunca fez nada ilegal, imoral ou irregular.

Arte quem é quem operação Porto Seguro (Foto: Editoria de Arte / G1)

A assessoria do ex-presidente Lula e o advogado de Paulo Vieira não quiseram comentar o assunto.

Teor dos e-mails
A troca de e-mails mostra, segundo a PF, como foi a articulação entre Rosemary e Rubens Vieira, preso na Operação Porto Seguro, para conseguir a nomeação dele para o cargo de diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Em 20 de janeiro de 2009, Rosemary recebe um email de Rubens, em que ele se oferece para o cargo. “Cara Rose, eu preencho todos os requisitos para o cargo. Sou o corregedor-geral da agência desde agosto de 2006, nomeado pelo presidente da República. (…) Fui professor na Universidade Federal de Rondônia (…) publiquei diversos artigos em jornais de grande circulação.”

Rosemary responde: “Oi, Rubens. Vou tentar falar com o PR na próxima terça-feira na sua vinda a São Paulo. Me envie seu currículo atualizado e os artigos que o Paulo falou. Se você estiver aqui em São Paulo, posso te colocar no evento na terça-feira à tarde. Pelo menos você cumprimenta só para ele lembrar de você. Aí, eu ataco! Beijocas”, afirma na mensagem. A expressão “PR” é usada para se referir ao cargo de presidente da República.

Na resposta ao e-mail, Rubens permite concluir que “PR” é mesmo o presidente Lula. Ele diz: “Rose, seguem meus artigos publicados e meu currículo. Acredito que outro argumento que podemos levar ao presidente é que, como o corregedor tem como função fiscalizar a atividade institucional da agência, ele tem uma ampla visão do seu funcionamento.”

Rubens também trocou correspondências com o irmão Paulo Vieira, apontado pela Polícia Federal como chefe do suposto esquema de corrupção, que negociava pareceres jurídicos oferecendo propina e favores a servidores públicos.

Em 21 de janeiro, de acordo com uma das mensagens, Paulo Vieira demonstra interesse em um cargo no “turismo”. Ele explica as razões, mas pede calma ao irmão: “Lembre-se que o Turismo pode ser um lugar muito bom para os nossos planos de poder na Bahia e em São Paulo, no tocante à liberação de recursos. Mas a prioridade no momento é a diretoria da Anac.”

O advogado de Rubens Vieira afirmou que o fato de seu cliente manifestar interesse em ocupar o cargo de diretor da Anac é perfeitamente legal e ético.

A nomeação de Rubens Vieira para a Anac levou mais de um ano e meio para sair. Em agosto de 2010, foi publicada no “Diário Oficial”. O salário de Rubens era de R$ 23.107,44.

ANA
Antes mesmo que a nomeação saísse, Paulo Vieira escreveu a Rosemary pedindo emprego na Agência Nacional de Águas (ANA).

Num e-mail datado de 6 de abril de 2009, ele diz: “Prezada Rose, estou enviando o meu currículo com as informações que eu considerei mais pertinentes ao cargo da ANA, apesar de sabermos que o currículo não é fator primordial. Eu penso que o líder do PT também talvez possa ajudar. Desde já, grato.”

Uma semana depois, em outro e-mail, Rose diz a Paulo: “Ok, já estou agendando a conversa com o JD. A agenda com o deputado Vacarezza vai ficar para o dia 24. Te aviso a hora”. A Polícia Federal não esclarece nos documentos quem é JD.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT) disse que nunca se reuniu com Paulo Vieira ou teve encontro político com Rosemary. Ele acrescentou que não participou da indicação de nenhum diretor da Agência Nacional de Águas.

A nomeação de Paulo Vieira para o cargo de diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas levou um ano e um mês para ser publicado no “Diário Oficial”. O salário: R$ 23.890,30.

Filha na Anac
Com Paulo e Rubens já nomeados para duas diretorias de agência reguladoras, Rosemary pede a Paulo Vieira, em outro e-mail, que interceda junto a Rubens Vieira para que a filha dela, Mirelle, seja empregada na Anac.

A mensagem foi enviada por Rosemary em 8 de novembro de 2010, quando ela participava de uma viagem na comitiva do então presidente Lula. Eles estavam em Maputo, capital de Moçambique, onde Lula, entre outros compromissos, visitou uma universidade.

Em um e-mail, Rose diz: “Bom dia, Paulo. A Mirelle já enviou os documentos? Peço a gentileza de só nomeá-la depois que eu confirmar com o PR. Estou em Maputo. Embarco para Seul na quarta-feira com ele. Aí, após conversar, te aviso. Obrigada. Abraços, Rosemary.”

Em outro email, Paulo diz: “Prezada Rose, saudações. A Mirelle me entregou o currículo no domingo. Quando fui verificar, estava sem assinatura. Vou ligar pra ela e ver como podemos pegar a assinatura, pois vou a São Paulo nesta terça-feira. Abraço.”

Em 1º de dezembro do mesmo ano, o “Diário Oficial” publicou a nomeação da filha de Rosemary como assessora da Diretoria da Anac. O salário dela: R$ 8.625,61.

FONTE: REDE GLOBO e Isto é