Uma manifestação por conta do assassinato de Douglas Rodrigues,17, anos durante uma abordagem policial, na tarde do dia 27/10/13, terminou em vandalismo na Vila Medeiros (zona norte de São Paulo), no início da noite. O policial militar que efetuou o disparo ao atender uma ocorrência de som alto foi, segundo a PM, “autuado em flagrante delito por homicídio culposo (sem intenção de matar)”. Ele foi preso e encaminhado ao presídio militar Romão Gomes, onde responderá a processo criminal.
Até as 6h, segundo a PM, os manifestantes haviam ateado fogo em pelo menos três ônibus de transporte coletivo, além de um veículo Gol em ruas do bairro. Lixeiras também foram incendiadas, e barricadas com lixo foram feitas nas vias públicas.
Ainda segundo a PM, há relatos também de depredação a lojas da região.
Em nota, a assessoria de imprensa da polícia informou que dois PMs “atendiam ocorrência de perturbação do sossego, quando suspeitaram de dois indivíduos e decidiram fiscalizá-los.”
“Ao sair da viatura para realizar a abordagem, por motivo a esclarecer, houve disparo acidental, que atingiu um adolescente, de 17 anos, no tórax. O fato se deu na rua Bacurizinho, esquina com a avenida Mendes da Rocha, por volta das 14 horas. A vítima foi imediatamente socorrida ao hospital Jaçanã, mas faleceu”, diz a nota da PM.
O jovem chegou a ser encaminhado ao Pronto Socorro do Jaçanã, também na zona norte, mas não resistiu ao tiro que atingiu o tórax.
Uma testemunha, moradora do bairro, confirmou ao UOL que a abordagem da PM ocorreu por conta de som alto. “Nesta abordagem o policial ao sair do veículo acabou baleando um motorista”, relatou, sob a condição de anonimato.
Além de equipes da PM, que, de acordo com a testemunha, usaram bombas de gás para conter os manifestantes, também foram encaminhados ao local um helicóptero Águia, da PM, e homens do Corpo de Bombeiros.
O caso é investigado no 73º DP (Jaçanã).
A Polícia Militar de São Paulo informou que “cerca de 90 pessoas” foram presas durante protesto de moradores de Jaçanã, na zona norte de São Paulo, que interditou a rodovia Fernão Dias. Segundo a PM, os detidos foram levados para o 73º DP (Jaçanã), e o número exato de presos e os crimes pelos quais são acusados estão sendo apurados. Este é o segundo dia de protestos na região contra a morte de um jovem alvejado por um policial militar da Vila Medeiros, no domingo.
De acordo com a PM, uma pessoa também foi baleada durante um saque a uma loja na avenida Milton Rocha, na Vila Medeiros. Segundo a corporação, alguns participantes do protesto estavam armados e efetuaram disparos de arma de fogo. Um pedestre que passava pelo local no momento foi ferido por um tiro e socorrido por policiais militares da Força Tática ao Hospital São Luis Gonzaga (PS Jaçanã). O estado de saúde dele não foi informado.
A polícia informou também que seis ônibus e três caminhões foram incendiados durante o protesto na rodovia. O protesto, conforme a PM, começou depois do enterro do jovem. Pelo menos quatro ônibus lotados levaram familiares e amigos ao velório. No entanto, segundo a corporação, a manifestação no Jaçanã foi iniciada por outro grupo, que não compareceu ao sepultamento.
Um dos agressores do coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi,
comandante do policiamento da área do centro da capital, que teve a clavícula
quebrada e muitas escoriações na região da face e outras áreas da cabeça,
durante uma manifestação em 25 de Outubro de 2013, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e associação criminosa.
Paulo Henrique Santiago dos Santos, de 22 anos, foi levado ao 1º Distrito
Policial e posteriormente será transferido para o Centro de Detenção Provisória
do Belém, na zona leste. Rafael Martins Matar, também suspeito de ter
participado da agressão ao coronel, será investigado.
Em Entrevista com representantes da Polícia Civil e da PM , em 26 de Outubro, na
Secretaria de Segurança Pública (SSP), foi divulgado um balanço de 92 pessoas
detidas durante a manifestação que foram levadas a quatro distritos policiais.
Continuam presas sete pessoas, todas autuadas em flagrante por associação
criminosa e arremesso de explosivos. Além disso, mais três menores de idade
foram apreendidos para a Fundação Casa.
Segundo cruzamento de dados feitos pelas polícias civil e militar, dos 92
detidos, pelo menos 30 já haviam participado antes de manifestações. “Esses
indivíduos vão se complicando cada vez mais”, disse Domingos Paulo Neto, diretor
do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
O coronel Reynaldo, socorrido ontem no Hospital das Clínicas, já está em casa
e se recupera bem apesar de estar um pouco abalado, informou o major da PM,
Mauro Lopes. “Foi um ataque covarde”, disse ele. “A PM defende o direito de
manifestação. Nós já mudamos esse país de cara limpa, mas quem vai de rosto
coberto não tem boas intenções”, acrescentou.
O major informou que Reynaldo tem um perfil de conciliador e que,
provavelmente, buscava o diálogo com os manifestantes. “Não se esperava uma
agressão tão covarde”, declarou Mauro Lopes. A Policia Civil informou ainda que,
desde que a onda de manifestações teve início em São Paulo, 106 pessoas foram
presas.
Os responsáveis por vandalismos e depredações estão sendo identificados e as
informações direcionadas para o Departamento Estadual de Investigações Criminais
(Deic), onde existe um inquérito por associação criminosa que busca
individualizar condutas dos suspeitos. Uma Força Tarefa da Polícia Militar, da
Polícia Civil e do Ministério Público acompanha o trabalho do Deic. “As polícias
estão cansadas de serem prejudicadas por uma minoria que se aproveita de
manifestações legitimas”, disse o major.
O protesto de ontem, organizado pelo Movimento Passe Livre, teve confronto
entre manifestantes e policiais. Foram depredados bancos, ônibus, caixas
eletrônicos e instalações do terminal de ônibus Dom Pedro II, além do prédio da
subprefeitura da Sé
Protesto organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) terminou com invasão do Terminal Parque Dom Pedro II, vandalismo contra ônibus e um coronel da Polícia Militar (PM) agredido e roubado. Agências bancárias de ruas do Centro também foram depredadas. A Tropa de Choque agiu para conter o tumulto e ao menos 78 pessoas foram detidas e encaminhadas para o 2º distrito policial, no Bom Retiro, e para o 78º DP, nos Jardins.
O ato convocado pelo MPL foi o encerramento de uma semana de protestos para pedir tarifa zero no transporte públicos e a volta de linhas de ônibus extintas na periferia. O MPL disse que o ato que fechava a “Semana de Luta por Transporte Público” reuniu 4 mil pessoas. No começo do ato, a PM estimou em 600 o total de participantes.
Desde o fim da tarde, o grupo se concentrou inicialmente na escadaria do Theatro Municipal. Quando começou a se deslocar pelo Centro, a PM disse que, entre os manifestantes, havia 100 mascarados.
Após andar por ruas do Centro, o grupo chegou ao Terminal Parque Dom Pedro II, onde mascarados danificaram 15 caixas eletrônicos, colocaram fogo em um ônibus e destruíram os vidros de outro. Vários coletivos foram pichados e grades e bilheterias foram quebradas.
Tumulto e correria
Houve tumulto e correria entre passageiros. Muitos funcionários e usuários do Terminal ficaram assustados. O segurança Domingos Silva chorou de nervoso. Ele tinha ido ao terminal para tirar dinheiro em um caixa eletrônico.
Andreia da Silva Lima, de 30 anos, trabalhava em uma cabine na entrada do Terminal Parque Dom Pedro II que acabou destruída por vândalos. Ela contou que estava dentro da cabine, onde vende cartões telefônicos, quando dois mascarados se aproximaram e começaram a bater.
Segundo a mulher, eles disseram: “passa todo o dinheiro, senão você vai se machucar”. Os mascarados levaram R$ 1,5 mil e o celular dela. “É assustador, impressionante, nunca tinha visto nada parecido.”
Coronel roubado e agredido
Segundo a polícia, o coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante da região central da capital, foi atingido na cabeça por manifestante no momento que uma pessoa era detida nas imediações do Terminal.Devido ao sangramento, o coronel foi levado para o hospital. Os manifestantes ainda roubaram a arma do policial agredido.
Por meio de nota, a Polícia Militar confirmou que o “a clavícula quebrada e muitas escoriações na região da face e cabeça, sendo socorrido ao Hospital das Clínicas, juntamente com seu auxiliar, soldado da PM que teve ferimentos e passa por atendimento médico”.
Após o tumulto no terminal, o grupo saiu em caminhada por ruas do Centro. A polícia usou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar os manifestantes na Praça da Sé, por volta das 21h. Quatro bancos foram depredados apenas na Rua Boa Vista: Safra, Itaú, HSBC e Santander.
Dos 78 detidos, 54 foram presos na Avenida do Estado, na Ligação Leste-Oeste. O restante foi detido em outras vias no Centro com coquetéis molotov, segundo a PM.
Caminhada
Antes do tumulto, o protesto fechou Avenida São João, o Corredor Norte-Sul, a Avenida Prestes Maia, a Rua Capitão-Mor Jerônimo Leitão, a Rua Brigadeiro Tobias, o Vale do Anhangabaú e o Corredor Norte-Sul. Nestes pontos, não foram verificados tumultos.
Em diversos pontos da cidade, os manifestantes queimaram esculturas de catracas em sinal de protesto contra o transporte público. A principal bandeira do Movimento Passe Livre é o transporte público de graça. Eles também picharam a entrada do túnel do Anhangabaú pedindo “tarifa zero”.
Zona Leste
Na Zona Lese da cidade, um grupo de manifestantes protestou contra a proibição de estacionar na faixa de ônibus da via. Por volta das 18h, o grupo se dividiu em dois. Parte bloqueou os dois sentidos da Avenida Conselheiro Carrão.
A polícia apagou o fogo nos pneus que os manifestantes usaram para fechar a via. Na Avenida João XXIII, 60 pessoas interditaram a pista. O ato foi encerrado sem confronto com a polícia por volta das 19h30.
Fonte: G1