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Autismo: os avanços científicos por trás de um grande enigma
Transtorno afeta 1 em cada 68 crianças. Em breve, uma tecnologia que ajuda na detecção precoce do transtorno estará disponível nos consultórios pediátricos
“O início foi muito difícil. Suspeitei que houvesse algo errado quando ele era ainda muito pequeno, com 1 ano e 6 meses. O Fred não falava. A pediatra, a fonoaudióloga e os professores na escola afirmavam que estava tudo bem. Comentei com meu terapeuta: ‘Acho que estou me sabotando, coloco defeito no meu filho e todos dizem que ele é perfeito’. Foi quando ele me aconselhou a procurar ajuda. O Fred foi diagnosticado com 2 anos e 3 meses por um neuropediatra. No começo, tive de me sacrificar financeiramente. Vendi tudo, mas valeu a pena. Comemorei cada avanço: as primeiras três palavras na mesma frase; as sete primeiras, que me pareceram um discurso. O irmão mais novo, o Eduardo, ajudou muito na evolução dele, na comunicação. Outro dia, eu estava no carro e o Fred falava tanto que eu quase virei para trás para pedir que ficasse quieto. Você imagina isso? Ele fala pelos cotovelos. Até pouco tempo atrás, eu não conseguia dizer a frase ‘meu filho é autista’ sem cair em prantos. Hoje, vibro e, com orgulho, lembro de tudo o que ele conseguiu sendo autista.”
Em 9 de setembro de 1930, nasceu Donald Triplett, no Mississipi, Estados Unidos. Ele foi a primeira pessoa que recebeu o diagnóstico oficial de autismo. O garoto tinha 4 anos quando, em uma carta de 33 páginas, o pai, Beamon, relatava o comportamento peculiar, desconectado dos familiares, com indícios de uma inteligência fora do padrão e alta capacidade de memorização de seu filho ao psiquiatra Leo Kanner, chefe do departamento de psiquiatria infantil do Hospital Johns Hopkins, um dos mais respeitados especialistas daquele tempo. “Ele nunca demonstra alegria quando vê o pai ou a mãe. Parece fechado em sua concha e vive dentro de si”, escreveu. Algum tempo depois, Kanner apontava para um distúrbio até então desconhecido, caracterizando uma síndrome específica. As crianças observadas, segundo ele, tinham “lampejos de brilhantismo”, “uso distintivo de linguagem” e “desejo básico de solidão e mesmice”. Era o transtorno do espectro autista, como é chamado atualmente pelos cientistas.
Calcula-se que, nos Estados Unidos, uma a cada 68 crianças tem autismo, com proporção de uma menina para quatro meninos. Desde que o ‘caso 1’ foi descrito, em 1943, o conhecimento sobre o transtorno, ainda misterioso, avançou muito. Na área da prevenção, uma tecnologia conhecida como rastreamento ocular (eye-tracking) deverá estar disponível nos consultórios pediátricos em breve. O equipamento será capaz de verificar a direção do olhar da criança e observar mais de perto se há risco para o desenvolvimento do autismo. A ferramenta será tão essencial quanto a balança para acompanhar o ganho de peso ou a régua para medir o crescimento infantil. Hoje, o diagnóstico do distúrbio é clínico, feito a partir de questionários e observação do comportamento do paciente. Os principais sintomas são dificuldade de comunicação e interação, além de padrões restritivos e repetitivos de comportamento. Os sinais surgem até os três anos de idade, sendo que podem ser detectados a partir dos 18 meses de vida.
Diz Guilherme Polanczyk , psiquiatra da infância e adolescência da USP: “O reconhecimento da doença e a intervenção precoce podem fazer a diferença na vida de uma criança com autismo”. Durante os primeiros anos de vida, o cérebro é ainda um órgão de enorme plasticidade. Tem a capacidade de se adaptar a novos mecanismos de funcionamento mediante os estímulos recebidos. Portanto, as terapias têm potencial de melhorar a comunicação, estimular o relacionamento afetivo e reduzir os comportamentos repetitivos.
Caso você não o conheça, vou apresentá-lo. André Mehmari é um dos maiores pianistas do Brasil atualmente, um músico/arranjador/compositor/multiinstrumentista que tem como principal qualidade, além de sua técnica primorosa, o trânsito fácil e livre que consegue estabelecer entre os universos da música erudita e da música popular brasileira e o jazz. Ele chegou a vencer um Prêmio Visa de MPB Instrumental e vários concursos de composição erudita, já tocou ao lado de grandes cantoras como Ná Ozzetti e Mônica Salmaso, e tem seis discos lançados, todos excelentes. Você pode assistir abaixo dois exemplos desta competência instrumental:
Bem, feitas as apresentações, vamos ao motivo que me levou a escrever a respeito dele hoje, mais precisamente, a uma terrível experiência pela qual ele passou e que dá bem a medida dos tempos em que vivemos hoje. Peço permissão para colocar abaixo o texto que ele escreveu em sua página no Facebook. Leia com atenção, por favor…
“Há uns dias participei como convidado especial de um projeto musical educacional, para jovens de escolas públicas, de 10 a 12 anos, aqui perto de São Paulo. Levaram uma ótima banda, fizeram um roteiro bem bolado e caprichado com atores de primeira, e na segunda parte, a pedido da produção, entrei no palco, feliz da vida para falar de (Ernesto) Nazareth e anunciar as canções que se seguiriam.
Ao som de berros e injustificáveis vaias irracionais, ouvi toda sorte de grosseria: ‘sai daí, filho da puta!’ ‘Vai tomar no …!’, Vai se f….!’
Fiquei um tanto cabisbaixo, mas segui quase firme. Com muito orgulho, falei um pouco desta música. Acompanhado por um supermúsico amigo – o percussionista e compositor Caito Marcondes -, toquei desconcentrado e ainda estupefato uma suíte de maxixes ‘nazarethianos’ abraçando uma ária de opera. É, eu queria falar para eles desta coisa bonita da Musica, de não ter fronteiras, a não ser na cabeça de medíocres e preconceituosos.
Mas a fronteira ali estava tão antes de qualquer pensamento, de qualquer diálogo. Tudo tão aquém de qualquer desenvolvimento, que abaixei a cabeça e levei mecanicamente a apresentação até o final, acreditando que se tocasse para um único par de ouvidos férteis naquela plateia de 600 jovens pessoas já teria valido meu esforço, minha confiança na vida.
Sei bem que educação é sempre desafio e que o Brasil encontra-se muito longe de ter estrutura e pessoal adequado.
Meu apelo aqui fica para os pais, que acreditam que a educação de um filho se dá na escola. Ela se dá principalmente em casa, neste nível fundamental da formação do caráter de um ser humano. Não coloquem filhos no mundo se não estão aptos e dispostos a dar uma formação cuidadosa e apaixonada a estes novos seres.
E estou farto deste discurso politicamente ‘soft-new-age-correto’ e praticamente inefetivo, de aceitar tudo e botar panos quentes em tudo que um jovem faz e diz. Acredito que ele tem consciência de seus atos e cabe aos mais experientes apontar problemas, olhar esta turma como nossos semelhantes que, em poucos anos, estarão ocupando importantes cargos e funções.
Educação é invariavelmente feita com amor e dedicação e estas são responsabilidades primordiais dos pais, depois da escola e da experiência. De qualquer maneira agradeço a oportunidade de tocar para aqueles jovens, mesmo tendo sofrido agressões que me ofenderam. Sei que aqueles que ouviram saberão me agradecer no futuro. E estarei plenamente recompensado e tranquilo!”
Quem acompanha o que escrevo neste honrado espaço sabe bem o que penso a respeito desta molecada nos dias atuais. Para quem não sabe, vou repetir numa boa: salvo raríssimas exceções, toda uma geração de adolescentes brasileiros se transformou em uma manada de asnos!
É isto mesmo o que você acabou de ler. Sem tintas douradas ou palavras suaves. A realidade nua e crua é exatamente esta. Quem é pai ou mãe sabe exatamente o que quero dizer. Nos dias atuais, professores se transformaram em seres com nervos em frangalhos, com o espírito esgotado e abalado por terem que lidar com pequenos bucéfalos, precocemente empurrados para a vala da ignorância por causa do meio em que vivem, seja a família, os amigos e até mesmo a própria escola.
Meninos e meninas são capazes de sugar o bom humor de quem quer que seja, tão rapidamente quanto as palavras ásperas, os gritos e a violência verbal que emanam de suas bocas sujas e cérebros já necrosados. Conversando com professores, a opinião é unânime: sala de aula é hoje um lugar onde reina a insanidade. Capacidade de cognição e momentos de sensibilidade por parte destes adolescentes é visto como um autêntico milagre de natureza divina.
E quero deixar claro: isto não tem nada a ver com classe social e poder aquisitivo! Há uma horda de adolescentes cretinos milionários, ricos, pobres e miseráveis. A burrice e a falta de educação não fazem distinção.
O que aconteceu com o talentoso pianista André Mehmari em um teatro municipal de Campinas, mais precisamente no bairro da Vila Industrial, é sintomático da total falta de educação e bons modos de toda uma geração. Basta dar uma olhada no meu perfil do Twitter para ver a quantidade de ofensas pesadas – e que se multiplicam como moscas – toda vez que escrevo a respeito de ídolos musicais desta garotada sem cérebro. Palavrões cabeludíssimos escritos por meninas que sequer tiveram a sua primeira menstruação e meninos que nem conhecem o significado do termo “punheta”. Dá vontade de fazer vasectomia no dia seguinte…
Infelizmente, a escola não é mais capaz de propiciar aquela camada de civilização que complementava a educação familiar. Basta ver a quantidade de vídeos que inundam o You Tube com cenas de violência contra professores, colegas de classe e funcionários para sacar que toda uma geração de jovens já encara o seu semelhante como um rival, um adversário a ser derrotado de qualquer maneira, nem que seja preciso ir armado para as aulas. O fato de nenhum destes pequeninos monstros não reconhecer a autoridade no ambiente escolar é o retrato inequívoco da falta de autoridade dentro de casa. Não reconhecer isto é negar a existência de qualquer parâmetro de civilidade.
E há outro problema, tão sério quanto este: a superficialidade imediatista que vê sendo imposta a todos nós diariamente pelos meios de comunicação. Em um País que teoricamente prima pela “diversidade”, cada vez mais somos esbofeteados por estratégias de marketing desenfreadas, que tentam nos obrigar a tomar a cerveja “X”, vestir a roupa “Y” e comprar o carro “Z” para que ninguém se sinta… diferente! É o fim da picada!
Precisamos acabar com este papo de que “povo não gosta de cultura e arte”, que vem nivelando a programação das emissoras de TV e rádio a níveis abaixo do rasteiro. Temos que acabar com esta conversa de que “tudo é arte”, disseminada por pseudointelectuais de padaria, que defendem a ideia de que as classes menos favorecidas intelectualmente produzam a sua própria “cultura” e deixem de olhar para o passado ou para outras vertentes de informação e conhecimento. Para estes palhaços com pinta de sociólogos da PUC, tudo bem que isto resulte nos “Naldos”, “Lek Leks” e “quadradinhos de oito” da vida, pois é “cultura de um povo”. Cultura uma ova!
Ah, o nome do tal projeto do qual André participava chama-se Ouvir Para Crescer. Que ironia nauseante, não?
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