A França divulgou nesta 3m 2/9/13 provas da responsabilidade do que, segundo ela, foi um ataque com armas químicas do regime sírio em 21 de agosto, enquanto o presidente Bashar al-Assad alertou para o risco de uma “guerra regional”.

O presidente francês, François Hollande, “mantém seu trabalho de persuasão para formar dentro dos melhores prazos (esta) coalizão”, declarou o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, depois dos recuos americano e britânico.

“Não há chance de a França agir sozinha”, insistiu, confirmando que um debate será realizado no Parlamento na quarta-feira “sem votação”, contrariamente aos procedimentos nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.

O presidente Assad alertou novamente o Ocidente para as consequências de um ataque contra o seu regime.

“O Oriente Médio é um barril de pólvora e o fogo se aproxima hoje”, disse o líder sírio ao jornal Le Figaro, em uma rara entrevista concedida a um veículo da imprensa ocidental.

“O risco de uma guerra regional existe”, acrescentou, ameaçando Paris com “repercussões negativas (…) sobre os interesses da França” em caso de ataque.

Paris divulgou na internet uma “nota nacional de inteligência”, segundo a qual, “no dia 21 de agosto de 2013 o regime sírio lançou um ataque em alguns bairros do subúrbio de Damasco em poder de unidades da oposição, associando meios convencionais e o uso massivo de agentes químicos”.

“O ataque de 21 de agosto pode ter sido ordenado e praticado apenas pelo regime”, acrescenta o governo nesse relatório, que cita “o uso massivo e coordenado de agentes químicos contra a população civil”.

Uma operação como essa requer “um nível de sofisticação que pertence unicamente ao regime”, indicou uma fonte do governo francês, ressaltando que o ataque químico tinha sido efetuado a partir de zonas “mantidas pelo regime” contra áreas “totalmente em poder dos rebeldes”.

“Com base em uma análise metódica de 47 vídeos originais dos eventos de 21 de agosto(…) foram registradas pelo menos 281 mortes”, segundo a nota de síntese nacional de inteligência.

Embora o governo francês não descarte que o registro seja superior, essa avaliação é bem inferior à apresentada pelos Estados Unidos, que haviam estimado na sexta-feira em 1.429 mortos, incluindo 426 crianças, o registro desse ataque.

Washington e Paris tentam convencer sua opinião pública da necessidade de atacar o regime sírio.

— Guerra de palavras e advertências —

O presidente americano, Barack Obama, multiplicou os contatos com membros da Câmara de Representantes e do Senado para tentar convencer a classe política.

O Congresso deve se pronunciar sobre uma intervenção na Síria a partir do fim do recesso parlamentar, no dia 9 de setembro.

O secretário de Estado, John Kerry, afirmou que os Estados Unidos tinham recebido e analisado amostras provando a utilização de gás sarín no ataque de 21 de agosto, que o governo americano atribuiu ao regime de Damas.

Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, seguiu o mesmo caminho, dizendo-se “convencido de que não apenas um ataque químico ocorreu (…), mas que o regime sírio é responsável”.

Ele disse ter tido acesso a informações “concretas” confidenciais de países membros da Aliança.

A Liga Árabe reunida domingo no Cairo havia pedido que a comunidade internacional tomasse as medidas de “dissuasão” necessárias contra o regime sírio, que ela considera que “tem a responsabilidade” pelo “crime odioso” do ataque químico de 21 de agosto.

Enquanto isso, os grandes aliados do regime de Damasco organizam sua oposição.

No Líbano, os combatentes do Hezbollah, aliado do regime sírio, se distribuíram em posições mantida em segredo, diante de um eventual ataque contra a Síria, indicaram testemunhas nesta segunda-feira.

A três dias da cúpula do G20 de São Petersburgo – durante a qual nenhum encontro está previsto entre Vladimir Putin e Barack Obama – a Rússia reiterou a sua oposição a um ataque contra o aliado sírio.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira que uma intervenção contra Damasco pode “adiar por muito tempo, ou para nunca, as perspectivas” de uma conferência de paz por uma solução para o conflito sírio, que já deixou mais de 110.000 mortos.

A Rússia enviou um navio de reconhecimento e de vigilância eletrônica para a costa síria no Mediterrâneo Oriental, enquanto a China se declarou nesta segunda “fortemente preocupada” com a eventualidade de “ações militares unilaterais” contra o regime de

 

Mais de 100 mil pessoas já morreram desde o início do conflito na Síria, há mais de dois anos, afirmou nesta quarta-feira o Observatório Sírio para Direitos Humanos, baseado em Londres. Segundo o grupo, um total de 100.191 pessoas morreram nos 27 meses de conflito. Desse número, 36.661 são civis.

 

No lado do governo, 25.407 são membros das forças armadas do presidente Bashar Assad, 17.311 são combatentes pró-governo e 169 são militantes do grupo libanês Hezbollah, que têm lutado ao lado das tropas do Exército. Entre os oponentes de Assad, morreram 13.539 rebeldes, 2.015 desertores do Exército e 2.518 combatentes estrangeiros.

 

No início do mês, a Organização das Nações Unidas afirmou que o número de mortos nos conflitos estava em 93 mil entre março de 2011 até o fim de abril deste ano.

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Os tumultos no país começaram no dia 3 de julho, dia em que Morsi foi deposto, e um ano após ele ter sido eleito.

Para ajudar na compreensão do que está acontecendo no país, a BBC fez uma lista de perguntas e respostas.

O que aconteceu nos acampamentos pró-Morsi?

No início da manhã do dia 14 de agosto, as forças de segurança do Egito agiram para remover dois acampamentos ocupados por apoiadores de Morsi localizados na Praça Nahde e do lado de fora da mesquita Rabaa al-Adawiva, no oeste do Cairo.

Gás lacrimogêneo foi usado para dispersar os manifestantes, e rajadas de metralhadora também foram ouvidas. Escavadeiras foram utilizadas para remover os acampamentos e barricadas de pedra.

Acredita-se que dezenas de pessoas foram mortas na operação, mas a Irmandade Mulçumana, que apoia as manifestações, diz que esse número é muito maior.

Os manifestantes querem a volta de Morsi, e desafiaram os avisos das autoridades sobre o fim dos acampamentos.

O que aconteceu para o Presidente Morsi ser deposto?

Durante o primeiro ano do presidente islamita Mohammed Morsi no cargo, ele se desentendeu com as instituições e setores da sociedade, e muitos egípcios achavam que ele estava fazendo pouco para resolver os problemas econômicos e sociais do país.

O Egito ficou dividido entre apoiadores de Morsi e seus opositores, que incluíam esquerdistas, liberais e secularistas.

No dia 30 de junho de 2013, milhares de pessoas foram às ruas para protestar diante do primeiro aniversário de posse de Morsi, em manifestação organizada pelo Movimento Tamarod, oposicionista.

No dia 1º de julho, o exército alertou o presidente Morsi de que, caso ele não atendesse às demandas do público em 48 horas, militares iriam intervir e impor seu próprio “roteiro”.

Com a aproximação do ultimato, Morsi insistiu que ele era o líder legítimo do Egito. E avisou que qualquer iniciativa para depô-lo à força poderia lançar o país no caos.

No entanto, no dia 3 de julho, o chefe das forças armadas, o general Abdul Fattah al-Sisi, anunciou que a constituição havia sido suspensa e que o líder da Suprema Corte, Adly Mansour, comandaria um governo interino formado por tecnocratas até que eleições presidenciais e parlamentares fossem convocadas.

A mais alta autoridade islâmica do país, o grã-xeque de Al-Azhar, o líder da Igreja Copta, bem como o principal nome da oposição, Mohammed ElBaradei, aprovaram a deposição.

Soldados, apoiados por veículos blindados, tomaram locais importantes da capital, Cairo, enquanto centenas de milhares de manifestantes de oposição e partidários de Morsi foram às ruas.

 

Quem é Mohammed Morsi e o que aconteceu com ele?

Mohammed Morsi ganhou força dentro da Irmandade Muçulmana do Egito, um movimento islâmico proibido durante décadas, e tornou-se presidente de seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça.

Morsi ganhou as eleições presidenciais em junho de 2012, e tornou-se o primeiro presidente democraticamente eleito do Egito. A eleição, considerada livre e justa, aconteceu após um período turbulento da ditadura militar, que viu seu líder de longa data, Hosni Mubarak, ser deposto em fevereiro de 2011, também após protestos de massa.

Desde que ele foi deposto, Morsi está preso em um local não revelado.

Outras figuras importantes da Irmandade Muçulmana também foram detidas, incluindo o poderoso vice-líder Khairat al-Shater, que é acusado de incitar a violência.

O que aconteceu desde o golpe militar?

Partidários de Morsi realizaram comícios quase diários exigindo seu restabelecimento na presidência. A sede da Guarda Presidencial, no Cairo, foi um dos principais locais de manifestação, já que muitos acreditam ser o lugar onde Morsi está preso.

Falando depois de pelo menos 51 pessoas terem sido mortas do lado de fora da sede da Guarda Presidencial em 8 de julho, o Partido Liberdade e Justiça pediu “uma revolta” contra “aqueles que tentam roubar sua revolução com tanques”.

No dia 27 de julho, mais de 70 pessoas foram mortas em confrontos com as forças de segurança no acampamento ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya. As forças de segurança foram acusadas de usar força letal desnecessária. O Ministério do Interior acusou os manifestantes de usar armas de fogo.

Manifestantes anti-Morsi também foram às ruas. O general Sisi os encorajou a ocupar as ruas no dia 26 de julho para dar ao exército um “mandato para enfrentar possíveis ações de violência e terrorismo”.

Segundo a mídia egípcia e fontes oficiais, cerca de 160 pessoas foram mortas em manifestações e confrontos com as forças de segurança antes da ação para dispersar os acampamentos.

O que vai acontecer agora?

O general Sisi disse que Mansour comandaria um “governo interino até que um novo presidente seja eleito”.

Mansour traçou planos para a transição, incluindo uma revisão da Constituição apoiada por Morsi, e novas eleições parlamentares no início de 2014. O plano foi rejeitado pela Irmandade Muçulmana e também criticado pelos partidos de esquerda e liberal.

Sisi prometeu “não excluir ninguém ou qualquer movimento”, e pediu medidas para “capacitar os jovens e integrá-los nas instituições do Estado”.

No entanto, ele não definiu a duração do período de transição, ou qual será o papel dos militares.

O exército é a mais poderosa entidade governamental, e muitos dizem que funciona como um Estado dentro do Estado. Empresas que pertencem ao exército constituem uma proporção significativa da economia do Egito.

 

O governo não divulgou números oficiais. A imprensa estatal publicava os nomes dos mortos no lado do governo nos primeiros meses de conflitos, mas depois interrompeu as publicações. Fonte: Associated Press.

A Irmandade Muçulmana do Egito convocou uma semana de protestos diários em todo o país depois que milhares de seus simpatizantes foram às ruas em várias cidades egípcias, nesta sexta-feira, para denunciar a violenta repressão a seus seguidores nesta semana.

“Chamamos o povo egípcio e as forças nacionais para protestar diariamente, até que o golpe acabe”, disse o grupo islâmico em um comunicado, referindo-se à derrubada do presidente islâmico Mohamed Mursi pelo Exército, no mês passado.

Milhares de partidários de Mursi saíram às ruas, nesta sexta, pedindo um “Dia de Ira” para denunciar a ofensiva desta semana das forças de segurança contra manifestantes da Irmandade, em que centenas de pessoas morreram.

Profundamente polarizado após meses de turbulência política, o Egito está à beira de um abismo. Os apoiadores islâmicos de Mursi se recusam a aceitar a deposição do presidente pelas forças de segurança, ocorrida em 3 de julho após protestos contra o governo marcado por problemas.

Os manifestantes exigem a demissão do comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, e a reintegração do primeiro presidente livremente eleito do Egito, que está detido e não é visto em público desde sua queda.

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Fonte: Youtubek BBC eMogi