BC reduz previsão de crescimento do PIB de 2013 para 2,5%

Expectativa anterior da autoridade monetária era de uma expansão de 2,7%.
Nova previsão do BC está em linha com mercado financeiro e Fazenda.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante o Encontro Nacional da Indústria (Enai) de 2013, em Brasília, apresentou resultado da arrecadação de novembro, que ainda não foi divulgado pela Receita Federal. De acordo com o ministro, a arrecadação do mês passado foi “superior a R$ 110 bilhões”, recorde para este mês do ano. Em outubro, o número foi de R$ 100,9 bilhões.

“O governo continuará a fazer um fiscal forte em 2014”, disse Mantega. “Com a melhoria de um ambiente de negócio, nós estaremos no limiar de um novo ciclo de novo expansão da economia”, concluiu Mantega.

Já sobre as concessões, o ministro afirmou que os leilões de infraestrutura estão despertando o “espírito animal” dos empresários. “Esse conjunto de concessões é um grande programa, que vai mudar a vida dos brasileiros, aumentar a produtividade, reduzir custos, reduzir gargalos e melhorar os serviços”, disse.

Segundo Mantega, os investimentos, que já vêm crescendo, serão impulsionados pelas concessões a partir de 2014. “São projetos que estão se mostrando atraentes para investidores nacionais e estrangeiros”, disse.

Ele reforçou a fala da presidente Dilma Rousseff, de que o governo fez leilões importantes e continuará fazendo. Em 2014, ocorrerão principalmente concessões de ferrovias e de portos. Mantega também citou o leilão do campo de Libra. Segundo ele, cada R$ 1 milhão investido em Libra tem efeito multiplicador de R$ 3,3 milhões de produção na economia.

Além dos investimentos, que, de acordo com Mantega, estão capitaneando o crescimento da economia brasileira, haverá aumento do mercado consumidor. Ele citou que a expansão do consumo, que cresce a um ritmo de 5%, não é tão grande quanto no passado, mas é suficiente para movimentar a economia. “Devemos terminar o trimestre com boas vendas”, disse. O ministro destacou que a inadimplência do setor varejista está caindo. “É um fenômeno que já ocorre nos últimos dois anos. Vai facilitar aumento do crédito para o setor”, disse.

Inflação

De acordo com o ministro, o Brasil tem hoje boa gestão da inflação. “Está sob controle. Temos resistido a choques de oferta, como seca nos Estados Unidos, que eleva preço de alimentos”, disse. O ministro acrescentou que o Brasil tem absorvido a desvalorização cambial que ocorre nos últimos dois anos. “Embora a desvalorização ajude o setor produtivo, causa pressão inflacionária. Precisamos cuidar dessa parte e não deixar que a inflação ultrapasse a meta”, disse.

O ministro afirmou que em 2013 completa-se 10 anos de cumprimento da meta de inflação. Ele lembrou que o IPCA de novembro, de 0,54%, ficou abaixo das expectativas do mercado. “Poderemos ter em 2013 inflação menor que em 2012”, disse.

Sobre a possibilidade de o Federal Reserve começar a retirar os estímulos da economia norte-americana ainda este ano, ele afirmou que o Brasil está preparado. Segundo ele, existe este risco, mas disse não acreditar que haja grandes turbulências no mercado financeiro. Segundo o ministro, uma parte desse movimento do Fed já foi antecipado pelo mercado. “Vamos saber disso (da retirada dos estímulos) nos dias 17 e 18, quando o Fed divulgar o relatório”, disse

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou em 27/11/13 a taxa básica de juros (Selic) de 9,5% para 10% ao ano. Foi o sexto aumento seguido de abril para cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996.

A elevação de 0,5 ponto percentual era esperada pelos analistas financeiros, de acordo com o boletim Focus divulgado na em 25/11 pelo BC. Além disso, as atas das últimas reuniões do Copom sinalizaram a tendência de manutenção do processo de aperto monetário.

Hoje, o colegiado de diretores do BC reafirmou a disposição de dar continuidade à elevação da taxa de juros para conter a demanda consumista no mercado doméstico e impedir o avanço da inflação, que acumula 5,84% nos últimos 12 meses.

Ao fim da última reunião do ano, o Copom divulgou que “dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril, decidiu por unanimidade elevar a taxa Selic para 10% ao ano, sem viés”.

A taxa básica de juros do Brasil, a mais alta do mundo, hoje aumentou mais um pouco, com impacto imediato na dívida pública. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cada subida de 0,5 ponto percentual na Selic equivale a acréscimo aproximado de R$ 3 bilhões/ano na dívida.

A taxa Selic cresceu 2,75 pontos percentuais no ano – passou de 7,25%, em abril, para os atuais 10% – e as expectativas dos analistas financeiros apontam para mais aumentos no início de 2014.

O Banco Central reduziu em 30/9/13, por meio do relatório de inflação do terceiro trimestre deste ano, sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 2,7% para 2,5%. Em 2012, a expansão do PIB foi de 0,9% e, no ano anterior, de 2,7%.

Segundo o BC, a produção agropecuária deverá crescer 10,5% neste ano, contra a expectativa anterior do BC de uma alta de 8,4% em 2013

A previsão do BC para a expansão do PIB de 2013 está um pouco acima do que estima o mercado financeiro, cuja expectativa de alta, feita na semana retrasada, é de 2,4% para este ano. A estimativa oficial de crescimento do PIB do governo federal, que consta no orçamento deste ano, por sua vez, também está em 2,5%.

Resultado do PIB de abril a junho
O BC lembrou que o PIB brasileiro registrou expansão de 1,5% no segundo trimestre deste ano, valor que ficou acima das expectativas dos economistas – com destaque para a alta dos investimentos no período.

“Esse resultado apoia a visão de que estaria em curso mudança
na composição da demanda agregada. Nesse sentido, o consumo continuará em crescimento, porém, em ritmo mais moderado; e, em contrapartida, os investimentos e as exportações líquidas ganhariam impulso”, avaliou o BC.

Desaceleração no terceiro trimestre
Apesar da forte expansão de 1,5% do PIB de abril a junho deste ano, contra os três meses anteriores, a autoridade monetária informou que “indicadores antecedentes” apontam para desaceleração da economia no terceiro trimestre deste ano.

 

“Nesse sentido, por exemplo, aponta a retração na produção industrial em julho. Citem-se, ainda, os níveis relativamente baixos da confiança de empresários e famílias e a instabilidade dos mercados financeiros. Por outro lado, a atividade doméstica tende a ganhar tração no último trimestre deste ano”, acrescentou o BC.

Medidas de estímulo
No decorrer do ano passado, o governo anunciou uma série de medidas para estimular a economia, como a redução do IPI para linha branca e automóveis, além do corte dos juros básicos da economia, do aumento do dólar e da redução em mais de R$ 100 bilhões dos chamados depósitos compulsórios.

O governo também reduziu, no ano passado, o IOF para empréstimos tomados pelas pessoas físicas, deu prosseguimento à desoneração da folha de pagamentos, que já conta com mais de 40 setores beneficiados, liberou mais crédito para os estados, anunciou um programa de compras governamentais de R$ 8,4 bilhões, e também tomou medidas de defesa da concorrência.

As medidas de estímulo tiveram por objetivo combater os efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira. A crise, atualmente, ainda tem mostrado efeitos na Europa, ao mesmo tempo em que a China tem registrado expansão inferior aos últimos anos. Nos Estados Unidos, há sinais de uma pequena aceleração da economia.

Com o aumento da inflação neste ano, o governo já começou a reverter algumas das medidas de estímulo adotadas – como a queda de juros que prevaleceu em 2012. Neste ano, os juros já subiram em quatro oportunidades, para 9% ao ano. Além disso, o governo também começou a recompor o IPI da linha branca.

Componentes do PIB
Segundo o BC, a produção agropecuária deverá crescer 10,5% neste ano, contra a expectativa anterior do BC de uma alta de 8,4% em 2013.

“O aumento anual da produção da indústria está estimado em 1,1% (1,2% no último relatório), resultado de variações respectivas de -2,8%, 1,5% e 1,9% nas indústrias extrativa, de transformação e da construção civil (-3,1%, 2,3% e 1,1% na estimativa anterior)”, acrescentou o BC.

Já o crescimento do setor de serviços em 2013 está projetado em 2,3%, contra 2,6% de expansão no relatório anterior, feito em junho deste ano.

“No âmbito da demanda agregada, ressalte-se a redução, de 2,6% para 1,9%, na projeção para o consumo das famílias, compatível com a moderação do mercado de trabalho. A projeção para o consumo do governo passou de 2,4% para 1,8% e a relativa à formação Bruta de Capital Fixo (investimentos), de 6,1% para 6,5%”, avaliou a autoridade monetária.

A contribuição da demanda interna para a expansão do PIB em 2013 é estimada em 3,5 pontos percentuais e a do setor externo, em -1 ponto percentual.

Mercado financeiro eleva estimativa de inflação para 2013 e 2014

Economistas dos bancos também veem alta menor do PIB no próximo ano.
Expectativa dos analistas para o dólar no fim de 2013 recua para R$ 2,30.

Os economistas do mercado financeiro elevaram, na semana passada, sua previsão para o comportamento da inflação neste ano e em 2014, informou o Banco Central nesta segunda-feira (30) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. O documento da autoridade monetária é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

 

Os analistas das instituições financeiras subiram sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano de 5,81% para 5,82%. Já para 2014, porém, a previsão dos economistas dos bancos avançou de 5,96% para 5,97%. Neste caso, foi a quarta elevação consecutiva. O BC estimou, nesta segunda-feira, um IPCA de 5,8% para este ano e 5,7% para 2014.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a inflação teria queda neste ano frente ao patamar registrado em 2012 (5,84%) e no ano de 2014. Embora ainda continue acreditando na desaceleração da inflação neste ano, o mercado prevê, entretanto, crescimento da inflação em 2014 – último do mandato da presidente Dilma Rousseff.

Sistema de metas e taxa de juros
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Depois do aumento dos juros no fim de agosto por parte do Banco Central, para 9% ao ano, o mercado financeiro manteve a expectativa para a taxa básica da economia, fixada pela autoridade monetária, em 9,75% ao ano no fechamento de 2013. Em outubro deste ano, o mercado segue acreditando em uma nova alta de 0,5 ponto percentual, para 9,5% ao ano. Para o fechamento de 2014, a previsão ficou estável em 9,75% ao ano na semana passada.

Produto Interno Bruto
Para o comportamento do PIB neste ano, o mercado financeiro manteve a previsão de uma alta de 2,4%. Para 2014, porém, a estimativa dos analistas para o crescimento da economia recuou de 2,22% para 2,20%.

O IBGE informou recentemente que o PIB do segundo trimestre registrou uma expansão de 1,5% sobre os três primeiros meses deste ano – acima da expectativa do mercado financeiro.

O Banco Central revisou nesta segunda-feira de 2,7% para 2,5% sua estimativa para o crescimento do PIB neste ano – em linha com a previsão do Ministério da Fazenda, que consta no orçamento de 2013.

Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2013 recuou de R$ 2,33 para R$ 2,30 por dólar. Para o fechamento de 2014, a estimativa dos analistas dos bancos para o dólar ficou estável em R$ 2,40.

A projeção dos economistas do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2013 foi mantida em R$ 2 bilhões na semana passada. Para 2014, a previsão de superávit comercial ficou estável em US$ 10 bilhões na última semana.

Para 2013, a projeção de entrada de investimentos no Brasil ficou inalterada em US$ 60 bilhões. Para 2014, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros continuou em US$ 60 bilhões na última semana.

O dólar perdeu 1,82% no último pregão de setembro de 2013  e encerrou o dia 30 cotado a R$ 2,216 para venda. A moeda norte-americana desvalorizou-se 7,08% no mês, depois de quatro meses seguidos em alta, mas ainda mantém valorização de 8,41% no ano. Foi a maior queda mensal desde outubro de 2011, quando o dólar perdeu 9,51%.

O Ibovespa – principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) – também terminou o dia em queda, provocada pela instabilidade fiscal dos Estados Unidos e pelo desvalorização das ações de empresas do Grupo EBX, do empresário Eike Batista.

O Ibovespa caiu 2,61%, aos 52.338 pontos, depois de fechar 934.111 negócios no valor de R$ 7,147 bilhões, mas ainda mantém valorização de 4,66% no mês.

Por empresa, as maiores desvalorizações foram das ações da OGX Petróleo (-25%), da MMX Mineração (-8,82%), da LLX Logística (-7,30%), do grupo EBX, da Fibria Celulose (-4,72%) e da B2W Varejo (-4,58%).

O setor público brasileiro registrou déficit primário de 432 milhões de reais no mês passado, primeiro resultado negativo para agosto desde o início da série histórica do Banco Central em dezembro de 2001, mostrando que o governo tem tido dificuldades em manter as contas fiscais equilibradas.

O resultado veio bem pior que o esperado por analistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava para superávit primário de 1,85 bilhão de reais no mês passado, depois do superávit de 2,287 bilhões de reais em julho.

O governo credita o desempenho ruim de agosto aos maiores gastos da Previdência Social, que registrou déficit de 5,7 bilhões de reais no mês.

“O reajuste do salário mínimo pesou nesse resultado”, comentou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, em referência ao impacto do salário mínimo sobre os benefícios pagos pela Previdência Social, que em agosto foram ampliados com o início do pagamento do 13º salário a aposentados e pensionistas.

O superávit primário, que é a economia feita para pagamento de juros, nos 12 meses até agosto recuou para 1,82 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), longe da meta ajustada do governo para este ano de superávit primário 2,3 por cento do PIB, mostraram dados divulgados nesta segunda-feira pelo BC. Foi o pior resultado para 12 meses desde novembro de 2009, quando havia sido 1,38 por cento do PIB.

No acumulado do ano até agosto, o superávit primário soma 54 bilhões de reais– queda de 27 por cento em relação ao resultado alcançado no mesmo período do ano passado. Desse total, 37,441 bilhões de reais foram feitos pelo governo central e 16,774 bilhões de reais economizados por Estados e municípios.

As despesas com os juros da dívida somaram 21,871 bilhões de reais no mês passado, também recorde histórico para meses de agosto, levando o déficit nominal para 22,303 bilhões de reais –também o pior resultado para agosto da história. Neste resultado, o BC contabilizou perda de 2,4 bilhões de reais com as intervenções no mercado de câmbio, com operações de swap cambial.

A meta cheia de superávit primário para este ano era de 155,9 bilhões de reais, ou cerca de 3,1 por cento do PIB, mas o governo reduziu a meta para 2,3 por cento do PIB, por conta das dificuldades em alcançar o resultado cheio, em meio a gastos públicos crescentes e perda de arrecadação pela desonerações fiscais e baixo crescimento econômico.

O resultado fiscal ruim de agosto combinado com um cenário de risco elevado de descumprimento da meta fiscal levou o BC a apresentar novas projeções fiscais considerando dois cenários distintos para o resultado primário.

No primeiro cenário, considerando um superávit primário de 2,3 por cento do PIB, a autoridade monetária prevê que a dívida líquida do setor público fechará o ano a 33,9 por cento do PIB, ante 34,6 por cento previsto em junho. Em agosto, a dívida estava em 33,8 por cento do PIB.

No cenário em que o resultado primário seja equivalente a 1,82 por cento do PIB, a relação dívida líquida frente ao PIB ficaria em 34,3 por cento no fim do ano.

O Índice do Custo de Vida da Classe Média (ICVM), medido pela Ordem dos Economistas do Brasil na cidade de São Paulo, subiu 0,38% em agosto 2013 . No acumulado do ano, a alta é de 3,02% e, nos últimos 12 meses, chega a 5,91%. De maio a julho, o ICVM apresentou desaceleração, ao passar de 0,27% para 0,21% e, por último, para 0,17%. Mas em agosto voltou a acelerar.

Dos grupos pesquisados, só apresentaram recuo no último mês Transportes (-0,21%) e Vestuário (-0,41%). Registraram alta Habitação (0,51%), Alimentação (0,26%), Despesas Pessoais (0,96%), Saúde (1,00%) e Educação (0,10%).

Os grupos que mais pressionaram o ICVM de agosto foram Habitação, Despesas Pessoais e Saúde. No caso de Habitação, a pressão veio de energia elétrica (0,58%), telefone celular (0,45%), condomínio (1,10%), serviços domésticos (1,05%), aluguel (0,56%) e equipamentos eletrônicos (1,70%).

Em Despesas Pessoais, os itens que se destacaram foram passagem aérea (7,22%), viagem de excursão (2,73%) e artigos de beleza (1,19%). O grupo Saúde foi pressionado por planos de saúde (1,38%) e os serviços médicos (0,85%). Dos 468 itens que compõem o índice, 258 (ou 55%) aumentaram, 33 (7%) permaneceram estáveis e 177 produtos ou serviços (38%) tiveram uma queda de preços.

A economia vai crescer menos que o esperado pelo governo. Esta é a afirmação de Guido Mantega, ministro da Fazenda, em entrevista ao ‘G1’, nesta quinta-feira (22). O PIB terá uma previsão menor para os anos de 2013 e 2014.

O ministro foi claro sobre as expectativas de Brasília: “O governo vai trabalhar no orçamento de 2014 e no relatório que vamos ter no mês que vem com a revisão do PIB para 2013. A revisão será para 2,5%”. Em dezembro de 2012, Mantega afirmou que o crescimento seria de 4%. Neste ano, esta meta caiu 1%. Para 2014, “era 4,5%, vai passar para 4%”.

Mantega sobre o dólar: ‘Alta é passageira’

Na última quarta-feira (21), o dólar bateu na casa de R$ 2,45, recorde desde 2008. E Mantega é claro ao afirmar que a alta é passageira. “Essa (alta) excesssiva é passageira. Para onde vai, nós não sabenos. Mas acho que depois da turbulência do Fed, ela volta para patamares menores”, garante o ministro.

Além disto, Mantega garantiu que o governo sabe a causa deste momento turbulento no câmbio: “É um movimento dos títulos americanos e das ações do Banco Central americano. E elas vão refluir em algum momento. O importante é que nosso câmbio é flutuante, e que flutua em todas as direções”, afirma.

Alta no combustível é uma incógnita

A alta do dólar preocupa os motoristas. A Petrobras pressiona o governo para uma alta nos combustíveis, mas Mantega afirma que não existe uma necessidade para este aumento automático.

“Não é automático, mesmo porque não sabemos quando vai voltar [a taxa de dólar a patamares mais baixos], se vai ficar, não vai ficar. Tudo isto é uma incógnita. Tem que esperar para ver”, garante

O Banco Central (BC) decidiu nesta quinta-feira intervir diariamente no mercado de câmbio, com a injeção potencial de US$ 60 bilhões no mercado até o final do ano, em meio a disparada da cotação da moeda americana, na maior intervenção deste tipo desde o auge da crise internacional em 2008.

O objetivo, segundo o BC, é “prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado de câmbio”. A moeda americana rompeu nesta semana o patamar de R$ 2,45 e fechou esta quinta-feira com valorização acumulada desde maio de 21,51%. A alta do dólar tem causado preocupação em relação à inflação e ao endividamento das empresas brasileiras.

De acordo com a autoridade monetária, de segunda a quinta-feiras, até o fim do ano, serão ofertados US$ 500 milhões em leilões diários de swap cambial tradicional – equivalente a venda futura de dólares.

Já às sextas-feiras serão realizados leilões de linha – venda de dólar no mercado à vista com compromisso de recompra – de até US$ 1 bilhão. “Isso mostra a firme determinação da autoridade monetária a não deixar que esse câmbio saia do lugar”, afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

O BC informou ainda que, caso seja necessário, serão aportados mais recursos além do inicialmente previstos nessas operações. De janeiro até agora, as intervenções do BC já somam US$ 40 bilhões, segundo a assessoria da BC. “Se julgar apropriado, o Banco Central do Brasil realizará operações adicionais”, informou o BC em nota.

A medida foi bem recebida por economistas do mercado financeiro, que destacaram que o programa reduzirá a volatilidade no mercado, mas sustentaram que o viés do dólar é de alta em relação ao real.

Para o economista-chefe do INVX Global, Eduardo Velho, a medida mostra que o BC não quer utilizar a política monetária, elevando a taxa básica de juros, para conter a valorização do dólar no Brasil. “O BC sinaliza com essa ação que ele não vai dar um choque monetário. Ele vai usar a política cambial para cobrir essa demanda”, disse Velho.

Desde de outubro de 2008, o BC não adotava um programa de intervenção cambial tão grande. Na ocasião, auge da crise internacional, o BC fez um programa de injeção de US$ 50 bilhões no mercado.

Entenda como funciona o swap cambial O swap cambial – um dos instrumentos financeiros anunciados nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC) para tentar conter a alta do dólar – trata-se de uma operação em que o BC se compromete a pagar aos compradores desse contrato uma taxa de juros pós-fixada, enquanto receberá em troca o percentual de variação da moeda americana neste mesmo intervalo de tempo.

Um exemplo: o BC faz um leilão de swap cambial hoje com vencimento para daqui 12 meses. Supondo que o contrato seja de R$ 1 milhão, isso significa que o BC recebe ao final de 12 meses a variação do dólar nesses próximos 12 meses e em troca paga ao comprador desse contrato a variação da taxa de juros no período.

A operação incentiva que os compradores desse contrato estejam interessados na queda, manutenção ou somente uma pequena alta do dólar (não maior que a variação dos juros nesses 12 meses) para ter que pagar menos do que receberão do BC.

No exemplo do contrato de R$ 1 milhão, se o dólar sobe de R$ 2,45 para R$ 2,70 nos 12 próximos meses, o comprador do swap pagará ao BC essa variação de 10% vezes o valor do contrato (10% dos R$ 1 milhão do contrato igual a R$ 100 mil).

Contudo, ele tem direito de receber em troca do BC a taxa de juros pós-fixada no período. Essa taxa acompanha de perto a variação da Selic (atualmente em 8,50% ao ano). Supondo que a taxa pós acordada entre as partes desse swap tenha ficado nesses 8,50% no período do contrato, o comprador do swap utilizado no exemplo receberá R$ 85 mil (8,50% dos R$ 1 milhão do contrato).

Logo, o comprador desse swap teria perdido R$ 25 mil nessa operação, pois pagou R$ 100 mil e recebeu R$ 85 mil. Isso mostra como esses contratos “incentivam” a contida da alta do dólar por parte dos agentes financeiros que o compram.

Um dos desafios que a economia brasileira enfrenta hoje para crescer em ritmo elevado é aumentar a produtividade. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) traduziram esse desafio em números: somente com uma alta média de 3% ao ano na produtividade do trabalho será possível a economia crescer na casa de 4% ao ano, de 2012 a 2022, segundo estudo de Régis Bonelli e Júlia Fontes, que ilustra o livro Ensaios Ibre de Economia Brasileira.

Qualquer avanço no Produto Interno Bruto (PIB) acima de 1,2% a 1,4% ao ano dependerá dos ganhos de produtividade. “O ganho de importância da produtividade é muito claro. E isso é especialmente grave porque o Brasil não está tendo ganhos elevados de produtividade nos últimos tempos”, diz Bonelli.

De acordo com o estudo do Ibre/FGV, boa parte do baixo crescimento da produtividade está relacionada ao peso dos serviços na economia. De 2000 a 2012, a produtividade nos serviços cresceu apenas 0,3% ao ano, abaixo da média da produtividade de todos os setores.

Como os serviços empregam muita mão de obra, é mais difícil esse avanço aumentar a produtividade na economia como um todo. Nesses negócios, produtividade depende mais de mão de obra qualificada e de sistemas de gestão do que de investimentos em maquinário.

Nos restaurantes, o modelo a quilo representa um ganho, lembra Bonelli. Contudo, depois de dar o salto, somente o aprimoramento da gestão permitirá novos avanços. Isso ocorreu nos cinemas multiplex. Neles, ao contrário dos cinemas de rua, a bilheteria informatizada, que atende várias salas num só local, e a projeção digital permitem ter menos empregados.

Segundo o presidente da rede Cinemark, Marcelo Bertini, a produtividade está na digitalização dos projetores e na alocação do número de horas de trabalho por empregado em cada atividade (bilheteria, limpeza, bonbonnière, etc).

A rigidez das leis trabalhistas é o principal entrave. “Nos Estados Unidos, você consegue estabelecer uma grade horária para os colaboradores bastante flexível”, compara Bertini. “Aqui, uma vez que um colaborador é contratado para tais dias e horários, não pode mudar”, diz.

Para o economista Naércio Menezes Filho, professor do Insper, a baixa produtividade está relacionada também à precariedade na gestão das empresas em geral e ao baixo investimento em inovação. Um estudo publicado em 2010 na revista da Associação Econômica Americana coloca Brasil, Índia e China no fim de um ranking de 17 países em termos de práticas de gestão.

Na visão de Menezes Filho, má gestão e baixo investimento são fruto do baixo nível de competição no Brasil. “A empresa que não tiver crescimento na produtividade nos Estados Unidos é expulsa do mercado”, diz. As informações são do jornal

Fonte: G1 e OESP