Anonymous reivindica ataque a site da PM-RJ e convoca protestos

O site da Polícia Militar do Rio de Janeiro saiu do ar na noite desta segunda-feira. O grupo Anonymous Brasil assumiu a autoria da ação em seu perfil no Twitter.

Na mesma sequência de postagens, um vídeo mostra o depoimento de um policial militar incriminando cinco colegas pela morte de Amarildo e outro convoca manifestações pela educação no dia 15 de outubro.

À 0h desta terça-feira, o site da Polícia Militar do Rio seguia fora do ar.

O grupo hacker Anonymous afirmou ter atacado em 11/10/13 o perfil no Twitter do jornal O Globo. A invasão ocorreu por volta das 14h. Em menos de 30 minutos o grupo havia publicado oito mensagens, convocando a população a participar dos protestos planejados para o 7 de Setembro e também criticando a publicação.

“Sorry (Desculpe)! Mais um perfil desses porcos invadido”, diz a primeira publicação após a invasão, assinada pelo Anonymous.

Esta é mais uma ação do grupo, que desde quarta-feira tem protestado contra a decisão da comissão especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas – formada pelo Ministério Público, polícias Militar e Civil, e Tribunal de Justiça -, que entrou com uma medida na Justiça Criminal que proíbe o uso de máscaras em protestos no Rio de Janeiro e também determina que manifestantes se identifiquem imediatamente aos policiais em meio a manifestações.

“Restrição de uso de máscaras em manifestações é inconstitucional e é bom que isso seja revogado logo”, diz uma das mensagens publicadas no Twitter do jornal.

Por volta das 15h20, o jornal normalizou o perfil no Twitter. “Amigos, conta recuperada. Estamos de volta”, disse O Globo na rede social.

Em seu site, o jornal afirmou que esta “não é a primeira vez que veículos da imprensa sofrem ataques de hackers”. De acordo com a publicação, outros veículos, como os americanos New York Times e Washington Post, e o inglês The Times, também foram vítimas da ação de grupos como o Anonymous

Ataque ao MP-RJ
Em sua página no Facebook, o grupo afirma que segue o ataque à página do MP fluminense nesta sexta-feira. Às 15h, o site apresentava problemas.

Além de derrubar o site da promotoria, o grupo afirma também que deixou fora do ar o serviço de correio da página. “Pode pegar papel e caneta, pois de nada mais adianta esses computadores. E lembre-se nunca nunca desafie ninguém que o senhor não conheça”, diz uma mensagem, publicada às 13h40, se referindo ao responsável pela manutenção do site.

Outros ataques
Na quarta-feira, o grupo deixou fora do ar por alguns instantes a página do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Ontem, O grupo atacou as páginas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), da Câmara de Vereadores da capital fluminense e do Departamento Estadual de Trânsito do Estado (Detran-RJ) e novamente do MP.

O grupo hacker Anonymous atacou, na madrugada de quinta para sexta-feira, o portal do Governo do Estado de São Paulo. Os ativistas postaram uma mensagem em um dos links de notícias do site, chamando os usuários a participar de um grande protesto marcado para 7 de setembro.

O perfil de Twitter @AnonymouBrasil afirmou ao Terra que o link ficou no ar por “6 ou 7 horas”. Procurada, a assessoria do portal do governo paulista não se posicionou oficialmente sobre o ataque até a publicação desta matéria.

Foto de máscara símbolo do grupo Anonymous ficou no ar por mais tempo do que a notícia - estava disponível até 11h Foto: Divulgação 
  Foto de máscara símbolo do grupo Anonymous ficou no ar por mais tempo do que a notícia – estava disponível até 11h 
Foto: Reprodução

Outros sites estatais sofrerão ataques do gênero, segundo o perfil do Twitter. Ele citou os dos governos estaduais do Distrito Federal, do Rio de Janeiro, de Goiás e de São Paulo, além do site do Senado.

Segundo o perfil, via mensagens diretas, o ataque começou por volta de 23h20 de quinta-feira. A invasão de hoje e as que virão fazem parte da #OperaçãoSetedeSetembro.

“Pretendemos fazer o maior vazamento de documentos governamentais da história do Brasil”, acrescentou o perfil de Twitter, afirmando que os dados serão liberados dia 5 ou 6 de setembro. “Dia 2 de setembro vamos liberar documentos da Policia Federal”, concluiu.

No Facebook, um ativista do grupo @AnonymousBr4sil que prefere não se identificar disse ao Terra que o ataque à página do governo paulista durou cerca de duas horas. Ele também mencionou uma página da Copa do Mundo de Cuiabá, hackeada em junho, quando iniciou a operação hacker. A Secretaria da Copa do Mato Grosso informou, no entanto, que o endereço não é o oficial do governo, e que o site estatal do Mundial nunca foi atacado.

O hacker que respondeu pelo perfil do Facebook também acrescentou que a manifestação prevista para o dia da celebração da Independência do Brasil, parte da #OperaçãoSetedeSetembro, será realizada em mais de 80 cidades, e que o evento na rede social conta com mais de 220 mil confirmados.

O grupo hacker Anonymous atacou nesta quinta-feira as páginas do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), da Câmara de Vereadores da capital fluminense e do Departamento Estadual de Trânsito do Estado (Detran-RJ). Às 19h, apenas a página da Alerj seguia inoperante.

A ação é um protesto contra a decisão da comissão especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas – formada pelo Ministério Público, polícias Militar e Civil, e Tribunal de Justiça -, que entrou com uma medida na Justiça Criminal que proíbe o uso de máscaras em protestos no Rio de Janeiro e também determina que manifestantes se identifiquem imediatamente aos policiais em meio a manifestações,

Em sua página no Facebook, o grupo hacker confirma a autoria dos ataques às páginas. Em um texto publicado às 18h10, um membro do Anonymous ironiza a tentativa de funcionários do MP fluminense de reestabelecer a normalidade do site da promotoria.

“O pessoal do MP tinha conseguido há 8 minutos atrás pegar o site de volta. Bom, tinha né. Acho bom pararem de tentar e se conformarem que agora esses sites são nossos. Claro até que revoguem aquela palhaçada (a medida que proíbe o uso de máscaras)”, diz o texto, que traz uma lista com os sites “derrubados”.

Segundo ataque ao MP
Este é o segundo ataque feito pelo grupo à página do MP. Ontem, o site da promotoria fluminense enfrentou problemas e chegou a ficar fora do ar por instantes por conta da ação do Anonymous.

“Eu só acho que a galera do MP-RJ pensou que eu estava brincando com eles ontem, quando disse que deixaria o sistema deles fora do ar pelo resto do ano… Na boa, eu estava falando bem serio. Enquanto não revogar, vai continuar a cair”, disse o grupo nesta quinta-feira.

Além de ironizar o Ministério Público, o grupo também publicou mensagens voltadas ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). “Cabral, na boa, quatro sites de uma única vez? Que feio hein. (…) Beijos e me liga Cabral”, afirma outra publicação.

Protestos no 7 de Setembro
Além do anúncio das ações nesta quinta-feira, o grupo publicou também textos que tratam sobre os protestos programados por diversos grupos, em várias cidades do País, durante o feriado de 7 de Setembro.

Segundo uma publicação na página do Anonymous, além dos protestos nas ruas, o sábado será marcado por ações online. “Este final de semana promete, não somente nas ruas mas online também. Expect us (nos aguarde)”, afirma o grupo.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares do últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra