O dólar comercial apresentou uma valorização de 7,10% em maio, o maior  avanço mensal desde setembro de 2011. Os fundos cambiais foram assim a melhor  aplicação financeira do mês, com rendimento de 2,68%, segundo dados da  Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) até o dia  27. Esse ganho vai ser ainda maior quando as estatísticas incorporarem a  valorização da moeda americana nos últimos dias. Nesta sexta-feira, o dólar  comercial fechou em alta de 1,37%, cotado a R$ 2,141 na compra e R$ 2,143 na  venda, o maior preço desde abril de 2009. No ano, a moeda sobe agora 4,89%.Segundo especialistas, uma série de fatores está por trás da valorização da  moeda neste mês, como as especulações do mercado sobre a redução do programa de  recompra de títulos públicos americanos, os chamados treasuries, pelo  Federal Reserve (Fed, banco central americano). Outro motivo seria o menor fluxo  de dólares para o país: a balança comercial acumula um déficit de US$ 4,63  bilhões neste ano, até o dia 26 de maio, segundo dados do Ministério do  Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

— O governo também deixou o câmbio solto nos últimos dias, aparentemente  querendo ajudar os exportadores brasileiros, como sinalizou o ministro da  Fazenda, Guido Mantega. O mercado entendeu o recado e puxou a moeda para cima,  em busca de uma taxa mais interessante e testando o limite de tolerância do  Bando Central — disse João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora.

Após a forte valorização em maio, os especialistas alertam que seria tarde  demais para investidores comprarem cotas de fundos cambiais. Esses fundos só  voltarão a ganhar dinheiro se a moeda americana se valorizar ainda mais, o que  se tornou uma incerteza após a intervenção o BC para conter a alta da moeda  nesta sexta-feira.

— Quando o Banco Central interveio no mercado, ele sinalizou que o teto da  moeda agora é de R$ 2,15. É algo a se confirmar, na semana que vem. Mas o BC  pode passar a atuar para impedir que a moeda fique acima disso — explica Mario  Battistel, diretor da mesa de câmbio da Fair Corretora.

Para quem vai viajar, o dólar turismo fechou o pregão desta sexta-feira  cotado a R$ 2,25, uma alta de 1,35%. Segundo o administrador de investimento  Fabio Colombo, o melhor para os viajantes é aguardar o comportamento do mercado  nos próximos dias antes de comprar a moeda para a viagem.

— O ideal é sempre comprar a moeda aos poucos, aproveitando cotações melhores  e, eventualmente, as piores. Quem está para embarcar, não tem muito jeito: vai  comprar mais caro. Quem pode esperar, é o melhor. Com a atuação do BC, é  possível que ela volta a cair. O melhor é esperar um pouco — explicou  Colombo.

Os trabalhadores que destinaram uma parte do dinheiro do Fundo de Garantia do  Tempo de Serviço (FGTS) para as ações da Vale tiveram o pior investimento do  mês. O FGTS Vale apresentou uma queda de 8,66% no mês, acompanhando o fraco  desempenho das ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). No  ano, o FGTS Vale passou a acumular uma perda de 24,49%.

Segundo Gustavo Mendonça, da Saga Capital, o desempenho da Vale na Bolsa foi  afetado pelo preço do minério de ferro, que encolheu de US$ 134,10 para US$  110,4 a tonelada no mercado spot asiático, uma queda de 17,67%.

— Os últimos dados da indústria da China mostraram desaceleração, o que  influencia os preços do minério de ferro. E as siderúrgicas chinesas são as  principais clientes da Vale — explica Mendonça.

Já quem destinou recursos do FGTS para ações da Petrobras perdeu 1,44% no  mês. No ano, as perdas chegaram a 2,29%. Já os fundos de ações (indexados ao  Ibovespa) apresentaram no mês uma alta de 0,91%, até o dia 27, segundo os dados  da Anbima.

Os investidores que preferiram assumir menos riscos viram suas cotas renderam  0,52% nos fundos DI (pós-fixados), que acompanham o movimento de elevação da  taxa básica de juros, a Selic. Os fundos de renda fixa (prefixados), por sua  vez, renderam 0,36% no mês. Neste caso, o ganho foi inferior ao registrado pela  caderneta de poupança, que rendeu 0,43% pela nova regra e 0,50% na regra  antiga.

Os fundos multimercados multiestratégias (que aplicam em diferentes ativos,  como juros, câmbio e ações) renderam 0,50% no mês, um resultado relativamente  fraco. Os resultados são líquidos da taxa de administração dos fundos, mas não  consideram o Imposto de Renda (IR).

Presidente do Banco Central reafirma o compromisso de reduzir a inflação

Para Alexandre Tombini, os juros mais altos ajudam a preservar a renda dos assalariados. E dá tranquilidade, segundo ele, para consumidores, donas de casa e empresários.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, explicou a decisão de aumentar a taxa básica de juros e reafirmou a promessa de combater a inflação.

Feriadão, mas o presidente do Banco Central trabalhou. Teve tempo para analisar as críticas de empresários e economistas de aumentar a taxa básica de juros em meio ponto percentual: de 7,5% para 8% ao ano.

Para os empresários, o Banco Central pesou a mão. Afinal, a economia está crescendo pouco. O PIB, a soma de tudo que é produzido pelo país, aumentou apenas 0,6% no primeiro trimestre.

E é quase um consenso: com a ajuda da supersafra, a inflação deve cair nos próximos meses. Analistas esperavam que os juros subissem. Mas a maioria apostava em uma alta de 0,25  ponto percentual.

Alexandre Tombini ouviu tudo. Disse que os juros mais altos ajudarão a fortalecer a confiança de que o Banco Central está de olho e não vai abrir mão do compromisso de combater a inflação e de trazê-la para o centro da meta: 4,5%.

“O que nós queremos é que a queda se consolide e traga a inflação para um patamar mais baixo ao longo do tempo. Não só neste ano, como no ano que vem também. Então, o trabalho do Banco Central vem no sentido de fazer, por exemplo, com que os preços dos alimentos no atacado passem de forma mais clara, mais firme, para uma inflação menor no nível do consumidor”, afirmou o presidente do Banco Central.

Para Alexandre Tombini, os juros mais altos ajudam a preservar a renda dos assalariados. E dá tranquilidade, segundo ele, para consumidores, donas de casa e empresários.

“Este remédio – juros mais altos para trazer a inflação para baixo – reforça a confiança nos pilares da economia brasileira, nos fundamentos da economia brasileira. A confiança faz bem para o PIB, então nos estamos trabalhando, ajudando a consolidar esse processo de recuperação gradual da economia brasileira”, apontou.

Gradual mesmo. Tanto que nesta quinta-feira Alexandre Tombini repetiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega: a economia brasileira vai crescer menos. Segundo Tombini, o PIB não deve crescer este ano mais que 3%.