Angela Merkel pilota a locomotiva europeia e mesmo com vagões tão pesados atrás, ela é vista como dona da receita para quem quer se salvar
Durante meses se falou que um país dirigido por uma mulher seria a estrela do 42º Fórum Econômico Mundial, mas a presidente Dilma Rousseff cancelou a ida dela à Davos faz tempo.
O cenário em parte se manteve, A alemã Angela Merkel foi o centro das atenções nesta quarta-feira (25), e com razão pra isso. A Alemanha é o país ocidental com melhores índices econômicos, único que tem menos desemprego hoje do que antes da crise de 2008, é a segunda maior exportadora do mundo.
Em uma Europa devastada pela crise do euro, os alemães adquirem um status ainda mais elevado. O que eles decidem aos poucos está sendo posto em prática. Angela Merkel pilota a locomotiva europeia e mesmo com vagões tão pesados atrás, Grécia, Portugal, Itália, Espanha, ela é vista como dona da receita para quem quer se salvar.
Davos, porém, quer discutir essa receita, onde parece ter muito do ingrediente austeridade e pouco de crescimento. 2.600 empresários e jornalistas, um recorde de participantes, se encontraram para falar principalmente dessa Europa que, como os bancos, é considerada grande demais para afundar.
Discute-se, também, no entanto, se o modelo de capitalismo do século XX é adequado para o século XXI. É claro que crises na Síria, Irã, Paquistão, têm um potencial desestabilizador no cenário mundial, mas Davos fica na Suíça, terra de banqueiros, no centro da Europa, e não é à toa que os problemas do continente serão os mais debatidos esse ano
Fonte: O Globo
De fato, a crise na Europa segue sem solução.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) rebaixou, em 13/1/12, a nota de crédito de nove dos 17 países da zona do euro, entre eles a França. A decisão de rebaixar a nota de AAA para AA+ afeta a perspectiva eleitoral do francês Nicolas Sarkozy, que disputará a reeleição.
Apesar de as outras agências de classificação de risco não terem alterado a nota de crédito francesa (a exemplo do que aconteceu com a Itália, que teve a nota revisada pela S&P e também pela Fitch), o rebaixamento da França reabriu no país a discussão sobre a gestão do atual governo. O primeiro turno das eleições acontece em 22 de abril, em meio a um cenário de dívida pública crescente e estagnação econômica. O segundo turno será em 06 de maio.
O rebaixamento não significa, necessariamente, que a eleição está perdida, mas arranha a imagem de Sarkozy diante de seus adversários, de acordo com José Malaquias, professor de finanças da União Educacional de Brasília (Uneb). “O próprio Sarkozy falou em certa ocasião que um eventual rebaixamento iria complicar seus planos para a reeleição. Os adversários irão lembrar disso”, diz.
Malaquias, porém, salienta que tanto o mercado financeiro quanto as pessoas que trabalham e conhecem a sua dinâmica entendem que uma revisão da nota não significa que o presidente francês perdeu todas as chances de disputar as eleições. “O fato é que o rebaixamento dá munição para a oposição usar isso contra o Sarkosy”, fala.
“O rebaixamento da nota tem mais ressonância no âmbito político”, afirma o especialista em macroeconomia André Roncaglia, professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). Segundo ele, a revisão da nota francesa vai forçar o governo a se esforçar mais para mostrar que está sendo austero e que está combatendo a crise.
Bolsas de Valores
Diferentemente de rebaixamentos anteriores que causaram pânico nos mercados e queda em pregões de todo o mundo, no primeiro dia útil após a revisão da nota da França, a bolsa de Paris sofreu ligeira queda, fechando a 0,11%.
Malaquias diz que a bolsa francesa não “desabou” porque os índices vêm caindo gradativamente e o fato de Sarkozy ter antecipado o rebaixamento, antes que a S&P se manifestasse, acalmou os investidores. “A bolsa vem sofrendo bastante, desde meados do ano passado. Somente um fato muito grave mesmo para impactar de maneira severa o preço desses ativos financeiros”, comenta.
Já Roncaglia diz que, para entender o porquê de determinados rebaixamentos afetarem mais ou menos as bolsas de valores, um fator importante precisa ser considerado: o humor dos investidores. “O mercado de capitais é como se fosse o sistema nervoso da economia. Qualquer coisa que toca a economia, o sistema sente. Ou seja: qualquer mudança vai reformular as expectativas do mercado. O ânimo nessas horas conta muito, assim como a quantidade de fatores que os agentes estão considerando na hora calcular a certeza de ganho que vai ter no futuro”, explica.
Menos de uma semana depois do rebaixamento, Sarkozy prometeu tomar decisões importantes nos próximos dias para impulsionar a competitividade da economia francesa. O presidente afirmou também que sua política não será ditada por agências de classificação de risco.
Fonte: Terra
You have to Login