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Região síria enfrenta pior crise de desnutrição infantil desde 2011
11,9% dos menores de 5 anos sofrem de desnutrição severa, diz relatório.
Criança de Guta recebe atendimento médico no dia 12 de novembro (Foto: Ghouta Media Center via AP)
As crianças de Guta Oriental, uma região rebelde sitiada pelo regime sírio na periferia de Damasco, sofrem da pior crise de desnutrição na Síria desde o início da guerra em 2011, informou a Unicef nesta quarta-feira (29).
Cerca de 400 mil pessoas estão presas nessa região situada a leste de Damasco, sitiada pelo regime sírio desde meados 2013 e que é um dos últimos redutos dos rebeldes na Síria. A metade deles é de crianças.
“Um recente estudo na Guta Oriental no início de novembro revela que a taxa de menores de cinco anos que sofrem de desnutrição severa é de 11,9%, isto é, a maior taxa jamais registrada na Síria desde o início da guerra”, indicou em um comunicado o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A agência da ONU diz que essa taxa era de 2,1% durante um estudo anterior realizado em janeiro em Guta.
“A violência, a falta de acesso humanitário e os preços exorbitantes dos produtos alimentícios agravaram a desnutrição entre as crianças de pouca idade”, diz o comunicado.
A Unicef indica ainda que as mães das crianças menores tivera de reduzir e interromper, inclusive, a lactância por culpa de sua própria desnutrição.
Fonte: G1
Acordo de cessar-fogo entra em vigor no sudoeste da Síria
O acordo de cessar-fogo no sudoeste da Síria, concluído na sexta-feira (7) entre Estados Unidos, Rússia e Jordânia, entrou em vigor ao meio-dia deste domingo (9) pelo …O anúncio da trégua ocorreu à margem da cúpula do G20 em Hamburgo, após o encontro entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e americano, Donald Trump. O chanceler russo, Serguei Lavrov, esclareceu que “a segurança em torno da zona será garantida por forças e meios da polícia militar russa em coordenação com os jordanianos e os americanos”.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, disse que o compromisso demonstra que os Estados Unidos e a Rússia podem trabalhar juntos na questão síria e que vão continuar cooperando no futuro, uma vez que o grupo Estado Islâmico seja derrotado.
O Departamento de Estado americano considera o cessar-fogo como um “o primeiro passo de um processo mais longo”. Os Estados Unidos continuam sendo “modestos” e “realistas” em seus objetivos, por conta dos fracassos em tréguas anteriores.
Rússia e Irã, aliados de Damasco, e Turquia, que apoia os rebeldes, adotaram em maio o princípio de criação de quatro zonas de segurança para instaurar uma trégua duradoura em várias regiões. No entanto, ainda não chegaram a um acordo sobre a forma como estas zonas serão administradas.
Moscou considerava que uma dessas zonas de “desescalada”, no sul do país, só poderia ser estabelecida com o consentimento dos Estados Unidos e da Jordânia, país fronteiriço com a Síria, o que aconteceu. As outras três zonas se encontram na região de Idleb (noroeste), na província de Homs (centro) e no enclave rebelde de Ghouta Oriental, perto de Damasco.
Na semana passada, as últimas rodadas de negociação organizadas em Astana para criar zonas de distensão na Síria foram concluídas sem um acordo.
Fonte:MSN
Depois da tragédia com armas químicas, Trump e Putin inauguram uma nova e belicosa era no cenário político internacional. Agora o mundo teme o pior
TRAGÉDIACrianças vítimas de arma química: imagens chocantes de uma guerra que não tem fim
Na manhã da sexta-feira 7, poucas horas depois do ataque americano contra uma base militar síria, o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, publicou um post em seu Facebook que denuncia os tempos sombrios que o mundo está prestes a viver. “Os Estados Unidos chegaram a um passo de um confronto com a Rússia”, escreveu Medvedev. Vladimir Putin, presidente do país e líder de fato da nação, afirmou que “os ataques causam um dano considerável nas relações entre os dois países, que já se encontram em um estado lamentável.” Por mais que pareça improvável e de certa forma surreal, em pleno século 21, falar em um conflito armado entre duas das maiores potências do planeta, os eventos trágicos dos últimos dias e as reações insidiosas dos envolvidos na questão levam a supor que a paz está, sim, ameaçada. Os agravantes trazem ainda mais indícios de que o planeta está exposto a uma nova era de violência. Trump e Putin são tão imprevisíveis quanto irascíveis, tão beligerantes quanto irresponsáveis. Como ensina a história, os países que eles comandam têm o infeliz hábito de subjugar alguém que consideram diferente e se tornaram temidos exatamente por essa vocação.
A foto que aparece na primeira página desta reportagem escancara o que a insanidade é capaz de perpetrar. Crianças mortas por asfixia e com os corpos retesados, como se tivessem partido no instante exato em que dispararam um grito de horror, jamais poderão ser esquecidas – e nunca mais toleradas. Se o ditador sírio Bashar al-Assad se permite cometer atrocidades como disparar gás venenoso contra jovens inocentes, o que resta ao mundo a não ser reagir para que o mal não se perpetue? Foi o que fez Donald Trump ao atacar as bases sírias na quinta-feira 6, e é difícil não se sensibilizar com suas palavras. “Mesmo lindos bebês foram assassinados com este ataque bárbaro. Nenhum filho do Senhor jamais deveria sofrer esse horror.” Mas será o louco, preconceituoso e radical Trump o homem que colocará fim à barbárie? Não é preciso ser um especialista em questões geopolíticas para responder a essa pergunta: “Não, não e não.”
Abu Ivanka al-Amriki, ou “Pai de Ivanka, o Americano”. Este é o apelido que o presidente Donald Trump ganhou entre os árabes nas redes sociais depois que o governo dos Estados Unidos lançou os 59 mísseis sobre a Síria, em represália ao ataque com armas químicas dois dias antes. Resume bem o novo capítulo da crise que desaba sobre o Oriente Médio: Trump entrou na guerra. Está contra o ditador sírio Bashar al-Assad. Mais do que isso. Ao lançar os mísseis, atingiu o coração da Rússia, até então sua aliada, que ajuda Assad a oprimir a oposição que quer derrubá-lo a qualquer custo. Com os desdobramentos da semana passada, a Síria se torna agora palco da batalha direta entre Rússia e EUA, as duas maiores potências bélicas mundiais.
A situação é mais complexa do que aparenta ser. A Síria vive uma crise política e humanitária há seis anos, com disputas dilacerantes que envolvem protagonistas dispostos a morrer por uma causa, além de estar no centro de uma série de ataques, bombardeios e atentados, e de abrigar um tipo de fundamentalismo que não se incomoda em destruir o outro com requintes de crueldade. Resultado: nos últimos anos, um mundo anestesiado acostumou-se com as imagens mórbidas de casas e bairros inteiros destruídos – e milhares de vidas perdidas. Estima-se em 400 mil pessoas assassinadas desde que a guerra civil começou e mais de 5 milhões de refugiadas pedindo asilo ao redor do mundo. A Síria é também o berço do Estado Islâmico, o maior e mais ativo grupo terrorista da atualidade. É na Síria que são disparadas as armas químicas, consideradas crime de guerra, como no reincidente ataque na terça-feira 4 – em 2013, outro atentado ordenado pelo governo matou 350 pessoas e deixou mais de 1.000 feridas. A Síria está no epicentro do maior confronto desde a Segunda Guerra Mundial. É, acima de tudo, um país dizimado e humilhado por bárbaras lideranças locais e atores globais com sede de guerra.
TERCEIRA GUERRA
Se o mundo teme as consequências de uma Terceira Guerra Mundial, os sírios têm a certeza de que o drama só vai piorar. Na opinião do professor de Relações Internacionais e pesquisador do Instituto Alemão de Estudos Globais, Kai Michael Kenkel, o ditador Assad vai tomar medidas mais drásticas a partir de agora, e a Rússia irá protegê-lo. “Isso vai acontecer mesmo havendo violações de direitos humanos”, afirma. A intenção do líder russo, diz o especialista, é não acabar com o conflito. Para Kenkel, a Síria é usada como um jogo de xadrez entre os presidentes e, neste caso, o russo está ganhando. “Putin é racional e sabe o que está fazendo. Tem um entendimento muito maior de política internacional do que Trump.” A questão é que as duas nações expressam política e culturalmente o que em termos filosóficos se chama de “ethos guerreiro”, a necessidade de vencer e destruir o adversário. Ressalte-se que os dois países estiveram envolvidos nos maiores conflitos armados da história. Detêm os maiores orçamentos militares e discutem o tema da guerra e dos ataques de maneira recorrente.
Do ponto de vista estratégico, um ataque imediato da Rússia contra os Estados Unidos não seria viável. Para os especialistas, o que poderia ocorrer seria um bombardeio russo nos países que pertenceram à União Soviética e hoje integram a União Europeia. “Seria uma medida intermediária”, diz Héctor Luis Saint-Pierre, diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e líder do Grupo de Estudo de Defesa e Segurança Internacional. Para ele, o objetivo maior do ataque foi reafirmar o poderio bélico diante da China, que vem fortalecendo sua atuação como potência militar. “Trump quis chamar a atenção da opinião pública internacional, mostrando que pode ir até as últimas consequências. Isso daria mais credibilidade aos Estados Unidos nas relações bilaterais com o gigante asiático”.
Também está em jogo o controle geopolítico dessa parte do Oriente Médio, que é estratégica por conter zonas de passagem de gasodutos e oleodutos e ficar próxima a regiões petrolíferas, segundo a professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Cristina Soreanu Pecequilo. “Quanto mais se prolonga um processo de instabilidade, pior é para a população”, diz ela. “Nesse vácuo de poder que propõe os Estados Unidos ao tentarem derrubar Assad, quem se fortalece é o Estado Islâmico”. Para o mundo, os perigos que o conflito trás é o prolongamento da violência, a ausência de negociação política e a possibilidade de que a Rússia também passe a agir unilateralmente. “A Síria pode se tornar um palco para a guerra entre esses países, uma espécie de mini Guerra Fria, só que cada vez mais quente”, completa a professora.
A ofensiva bélica escancarou a impotência da Organização das Nações Unidas (ONU) como organismo responsável pela diplomacia mundial. “Foi um gesto semelhante ao de George W. Bush quando declarou guerra sem o consentimento da entidade, usando como justificativa a questão da segurança nacional”, diz o professor Saint-Pierre, da Unesp. Aqui o problema ganha novas dimensões. Se cada país decidir adotar a medida que julgar adequada, como fizeram os Estados Unidos no ataque à Síria, muitas ameaçam estão por vir. “A confiança mínima entre as potências que vinha se construindo acabou de ruir”, diz Saint-Pierre. Agora, a ONU tenta mitigar os danos. Antonio Guterres, secretário-geral do órgão, pediu moderação para evitar que o sofrimento do povo sírio aumente e disse que não existe outro caminho para por fim ao conflito a não ser o político. Na contramão, diversos países expressaram apoio à ofensiva americana. Entre eles, Alemanha, França, Reino Unido e Turquia. Os dois primeiros divulgaram um comunicado conjunto afirmando que Assad tem plena responsabilidade pela represália. Theresa May, primeira-ministra britânica, declarou que a ação foi uma resposta apropriada à agressão selvagem da arma química. A Turquia, inimiga de Assad, considerou uma “resposta positiva” e defendeu a saída imediata do ditador sírio. A União Europeia também se manifestou institucionalmente, ressaltando que trabalhará ao lado dos Estados Unidos.
Seria ingênuo acreditar que Trump atacou a Síria apenas para evitar novas atrocidades. Ele tem interesses particulares no assunto. As últimas semanas foram especialmente difíceis para o presidente americano, que enfrentou um Congresso reativo aos seus projetos e que até insinuou a possibilidade de um processo de impeachment. Na política, em se tratando de uma pessoa como Trump, é preciso analisar todas as dimensões do fato em questão. Ao atacar um país disposto a lançar armas químicas, o que é indefensável sob todos os aspectos, Trump se fortalece no ambiente doméstico.
Popularidade em alta
Durante a campanha presidencial, ele foi criticado pela aproximação com a Rússia. Chegou a ser chamado de “fantoche de Putin” pela rival democrata Hillary Clinton. Depois dos ataques, especialistas acreditam que sua popularidade tende a subir. “É óbvio que há uma questão de ganho de imagem”, diz Carlos Gustavo Poggio Teixeira, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade de São Paulo. “A preocupação humanitária com as crianças não apareceu na retórica dele antes. É uma cortina de fumaça para abafar outras questões.” Trump também usou o ataque para marcar uma posição oposta ao do antecessor Barack Obama. O ex-presidente disse que armas químicas romperiam uma linha vermelha, mas ele nada fez quando, em 2013, Assad lançou ataques idênticos aos da semana passada.
Ainda que nunca tenha agido diretamente dentro do conflito, Obama contribuiu significativamente para a crise na Síria, armando os fundamentalistas islâmicos violentos, os jihadistas, em aliança com a Arábia Saudita e outras nações petrolíferas árabes contra a ditadura de Assad. “A guerra civil tem sido patrocinada pelos Estados Unidos e forneceu um contexto essencial e fértil para a ascensão, inclusive, do Estado Islâmico. Centenas de milhares de sírios morreram devido à determinação de Washington de enfraquecer e, finalmente, derrubar o regime de Assad”, afirma o escritor americano Paul Street, autor de sete livros sobre a política americana. “Os jihadistas estão sendo derrotados agora principalmente graças à intervenção da Rússia e do Irã. A Síria é uma grande marca negra no registro de Obama.”
Ataques covardes
Usado como argumento por Trump para atacar Assad, os atentados com substâncias tóxicas são condenados internacionalmente por causa de seu caráter destrutivo e covarde, diferentemente de um confronto convencional, em que tropas, soldados e ofensivas estão delimitados. “Os compostos usados não tem cheiro nem cor, somem no ar, é um ataque que não se pode ver”, afirma Camilla Colasso, bioquímica especialista em armas químicas e autora do livro “Armas Químicas: o Mau Uso da Toxicologia”. “Ao se dar conta do que aconteceu a pessoa já está passando mal, sem chance de sobreviver.”
Para o especialista em questões de segurança no Oriente Médio, Rodger Shanahan, do Instituto Lowy de Política Internacional, a grande questão é por que esse tipo de ataque continua a acontecer. A Síria assinou acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) em 2013, logo após o primeiro grande ataque com arma química, se comprometendo a destruir todo o estoque de sarin. Foi o 189º a fazer parte da convenção sobre o tema, da qual apenas Coreia do Norte, Sudão do Sul e Egito não são signatários. “Seria preciso descobrir quem realmente autorizou o ataque. Uma arma química teria que ter sido deliberadamente movida para uma base aérea e carregada para uma aeronave. Isso foi ordenado pelo governo? Foi uma mensagem aos rebeldes ou a intenção foi constranger Assad? Há muitas possibilidades e poucas respostas”, diz Shanahan, que acredita que, para evitar futuros ataques, seria preciso provar quem foram os responsáveis e puni-los. Foi o que fizeram os Estados Unidos mesmo sem aval da votação do Conselho de Segurança. Nas últimas horas, as tensões ganharam intensidade. Os russos disseram que o plano americano de lançar mísseis foi elaborado antes dos ataques químicos. Logo depois, a embaixadora americana Nikki Haley afirmou que seu país está “preparado para ir mais longe.” O mundo espera que não seja longe demais.
POR QUE A GUERRA SÍRIA TEM IMPACTO MUNDIAL
> O país está no coração de uma área de conflitos historicamente influenciada pelas potências mundiais
> O ataque americano coloca duas mais importantes – Rússia e Estados Unidos – em confronto direto.
O governo de Vladimir Putin é aliado do ditador Bashar Al-Assad
> Também torna incerta a reação do Irã, outro país aliado de Al-Assad, inimigo de Israel e com forte presença no Golfo Pérsico
> Deixa em discussão o combate ao grupo extremista Estado Islâmico, que hoje controla boa parte do território sírio, na região mais próxima da Turquia. Uma coalisão internacional integrada também pela Síria, Estados Unidos e Rússia luta contra
os extremistas
> Deve agravar a crise de refugiados, a pior desde a Segunda Guerra Mundial. Grande parte das pessoas que procuram abrigo na Europa são sírios fugindo da guerra, que já dura 6 anos e é uma das mais cruéis dos tempos modernos
Fonte: Isto É
Veja abaixo como está a situação em algumas cidades sírias:
Daraa: O controle da cidade onde começou a revolta contra o governo foi retomado pelas forças de Bashar Al-Assad mas ainda tem presença de rebeldes e é palco de alguns atentados.
Damasco: A capital é o principal reduto do regime. Mantém embaixadas de governos estrangeiros e vida social ativa. É poupada dos grandes combates, mas também é alvo de atentados. O último, deixou 74 mortos e é reivindicado pela Frente Fateh al-Sham, ex-facção da Al-Qaeda
Palmira: A cidade histórica, com mais de 2.000 anos de antiguidade e considerada Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco, foi tomada em dois momentos pelo grupo Estado Islâmico. Primeiro, em maio de 2015. Dez meses depois foi expulso pelos soldados sírios, apoiados pela aviação russa. Depois, em dezembro de 2016
Raqqa: É considerada a “capital” do Estado Islâmico no país e do califado que o grupo criou na Síria e no Iraque, e onde aplica a lei islâmica (sharia). É alvo de bombardeios aéreos da coalizão comandada pelos EUA e de incursões da Força Aérea Russa.
Aleppo: Foi retomada das mãos dos rebeldes em Dezembro de 2016, após mais de quatro anos de combates, o que foi considerado a maior vitória do governo desde o início da guerra. A segunda maior cidade do país era a capital econômica, mas tem grande parte destruída.
Assad no poder
Além de perder territórios, os grupos rebeldes também perderam força simbolicamente e já não mais apresentam a possibilidade de substituição do governo, como o Exército Livre da Síria chegou a ser visto no início do conflito.
Portanto, a guerra completa seu sexto ano com uma previsão pouco provável em anos anteriores: a ideia de que Bashar Al-Assad continuará no poder. “Apesar de Bashar ter cometido crimes de guerra, assassinato de civis e tortura, ele acabou virando uma espécie de único agente possível”, diz Brancoli, da UFRJ.
Pio Penna, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), concorda que a fase mais sangrenta da guerra passou, mas alerta para a violência que deverá ocorrer quando os governos sírio e russo focarem na derrota do grupo extremista Estado Islâmico.
“Não quer dizer que não teremos novos episódios sangrentos. Quando chegar a vez de Raqqa, não será agradável”, afirma sobre o que pode ocorrer na cidade que é considerada a “capital” no EI na Síria. “Outro tipo de violência, que não é a da guerra e a do combate, é a violência do próprio regime contra todos que considera opositores, como as violações de direitos humanos em prisões e torturas”, acrescenta.
Negociações de paz
Os diálogos de paz, que antes eram realizadas na Suíça com organização da ONU, em 2017 passaram a ser feitos no Cazaquistão, patrocinados por Rússia e Irã, principais aliados do governo de Bashar al-Assad, e Turquia, que respalda os grupos rebeldes.
Até o momento, as conversas não produziram nenhum avanço significativo, mas a mudança de local e da organização indica a vontade da Rússia de atuar de maneira mais enfática.
Após diálogo de paz sobre a Síria em Astana, o ministro de relações exteriores da Turquia, Sedat Onal (esq.), aperta a mão do ministro das relações exteriores do Cazaquistão, Kairat Abdrakhmanov, enquanto o enviado especial russo para a Síria Alexander Lavrentiev aperta a mão do ministro de relações exteriores do Irã Hossein Jaber Ansari (à dir.); entre eles, o enviado especial da ONU para a Síria Staffan de Mistura (Foto: Sergei Grits/AP)
A mudança “indica uma movimentação de quem tem capacidade e quem tem certo capital simbólico na Síria hoje em dia. A ideia de mudar geograficamente inclusive a área de negociação e de quem decide quem vai também denota essa modificação no conflito”, afirma Brancoli.
Os Estados Unidos, por sua vez, tiveram um certo distanciamento em relação ao conflito com a eleição de Donald Trump, segundo apontam os especialistas. Desde sua campanha, Trump tem mostrado que seu foco é combater o EI, e nem tanto tirar Assad do poder, como defendia Obama.
“As declarações e as ações de Trump indicam uma postura favorável a uma solução pragmática para a Síria, sem um grande envolvimento dos EUA. Isso se combina com suas sinalizações a respeito de Putin e da Rússia, que são hoje os fiéis da balança na Síria”, diz Salem Nasser, da FGV.
Como começou a guerra
Inspirados pelas revoluções da Primavera Árabe, protestos começaram em março de 2011 em Daraa reagindo à prisão e tortura de dois adolescentes que tinham grafitado o muro de uma escola. Os protestos tinham um caráter pacífico, com a maioria sunita -que se considera prejudicada pelo governo- e a população em geral reivindicando mais democracia e liberdades individuais.
No fim de julho do mesmo ano, centenas de milhares de sírios saíram às ruas em todo o país exigindo a saída de Assad.
Aos poucos, com a repressão violenta das forças de segurança, os protestos foram se espalhando pelo país e se transformando em uma revolta armada com o objetivo de derrubar o regime e apoiada por militares desertores e por grupos islamitas como a Irmandade Muçulmana, do Egito, e radicais como o grupo Al-Nursa, “franquia” da rede terrorista da Al-Qaeda, e mais tarde o Estado Islâmico. Atualmente, dezenas de grupos armados atuam na guerra.
Assad se recusou a renunciar, mas fez concessões para tentar aplacar os manifestantes. Ele encerrou o estado de emergência, que durava 48 anos, fez uma nova Constituição e realizou eleições pluripartidárias. Mas as medidas não convenceram a oposição, que continuou combatendo e exigindo sua queda.
Jihadistas do Estado Islâmico exibem suas armas e bandeiras do grupo em comboio em uma estrada de Raqqa, na Síria, em maio de 2015 (Foto: Militant website via AP)
A guerra se tornou ainda mais complexa na medida em que potências estrangeiras passaram a apoiar ambos os lados. Estados Unidos, Turquia e Arábia Saudita apoiam rebeldes. Os EUA, junto com Reio Unido e França, também realizam ataques aéreos. Rússia, Irã e o movimento Hezbollah no Líbano são aliados do governo sírio. Em 2016, o jornal “Washington Post” descreveu o conflito como uma “miniguerra mundial”.
O número de mortes não é consenso. Segundo o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, a guerra deixou 400 mil mortos. Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG com uma ampla rede de contatos no país, fala em 320 mortos. Já o Centro Sírio para Pesquisa Política, estima 470 mil mortos.
Pessoas vasculham os destroços de um prédio após um bombardeio na cidade síria de Idlib, controlada por rebeldes
Com família dividida entre 5 países, jovem sírio ganha ‘irmão’ brasileiro em SP
O estudante de engenharia Hakam vendeu água mineral na rua, trabalhou em loja e, depois de acolhido por brasileiro, voltou à universidade; guerra completa 6 anos nesta quarta.
Como fez com tantas outras famílias, a guerra da Síria separou o jovem Mohammed Alhakam Elyoussef, de 24 anos, de todos os seus parentes mais próximos. O pai, a mãe e uma irmã estão na Turquia. Outra irmã está na Suécia e uma terceira, na Arábia Saudita. O irmão está na Jordânia. Já Hakam, como é conhecido, mora em São Paulo, no Brasil.
Ele chegou aqui sozinho, no início de 2014, sem conhecer ninguém nem falar uma palavra de português. Estava fora de seu país desde 2012, segundo ano do conflito que nesta quarta-feira (15) completa seis de duração.
Sua casa na cidade de Homs e a faculdade onde estudava engenharia aeronáutica haviam sido destruídas por bombas. Seu pai, um engenheiro civil dono de uma construtora, perdeu tudo o que construiu ao longo da vida. Primos de Hakam haviam morrido no conflito e ele teria que entrar para o exército. “Eu não queria matar ninguém e também não queria que ninguém me matasse”, conta. “A situação ficou muito difícil e tive que sair de lá.”
“Eu não queria matar ninguém e também não queria que ninguém me matasse. A situação ficou muito difícil e tive que sair da Síria”
O jovem foi para o Egito e sua família tentou se reunir com ele lá, mas os vistos foram negados. Todo mundo foi então para a Jordânia, mas dessa vez foi Hakam que teve a entrada negada. Sem uma vida estável nem perspectiva de voltar a estudar, ele resolveu sair do Egito, mas não tinha para onde ir. Nenhum país dava visto para os sírios e ele não tinha dinheiro para enfrentar a perigosa e cara travessia clandestina de barco até a Europa.
Um dia, Hakam passou em frente ao consulado do Brasil no Cairo com um amigo e resolveu entrar. A experiência foi tão marcante que ele lembra até hoje o endereço exato do lugar. “O cônsul estava tomando café e nos chamou para conversar. Foi a primeira vez que tomei café com um oficial de governo. Consegui o visto”, diz.
Chegando a São Paulo, passou a vender garrafas de água na porta de um metrô para sobreviver. Trabalhou em uma loja de Florianópolis por um tempo, mas queria mesmo era validar seu diploma para continuar a universidade. Tentou em Porto Alegre, sem sucesso, até que voltou para São Paulo, desanimado.
‘Irmãos’
Foi quando conheceu, em uma farmácia, André Suaiden, de 36 anos, logo após ter cortado a mão e não ter sido atendido adequadamente em um hospital público. Farmacêutico, André conversou com ele em inglês, escreveu uma carta em português explicando o problema e o encaminhou a outro hospital. Depois, vendeu a ele o remédio certo e os dois emendaram uma conversa sobre a vida de Hakam.
“Vi que ele tinha uma inteligência fora do comum. Fala inglês e francês fluente, árabe, estava aprendendo português. Ele me contou que chegou a morar na rua aqui no Brasil. Falei: você vai para minha casa morar comigo”, conta o brasileiro.
O estudante de engenharia Hakam chegou no Brasil em 2014; hoje, dá aulas de inglês e árabe e ensina português para conterrâneos
Os dois se tornaram amigos – ou melhor, “irmãos”, como salienta Hakam. “Eu nunca tive irmão mais velho, e agora o André é meu irmão mais velho”, diz ele, que frequenta a casa do brasileiro em São José do Rio Preto (interior de SP) e considera seus pais e irmãos como se fossem sua familia também.
Segundo o sírio, que hoje fala português fluente e tem uma namorada brasileira, André foi a pessoa que o ajudou a se levantar. “Quando eu cheguei aqui, sofri muito. O André foi a pessoa que pegou na minha mão e falou: ‘agora você vai se fortalecer’. Ele me disse: ‘cara, você tem capacidade, tem que voltar a estudar’. E eu consegui me estabilizar. Parece que a vida está começando de novo. O povo sirio quer viver, a gente saiu da guerra para viver, construir um futuro bom para a gente e para as nossas famílias”, diz.
“Quando eu cheguei aqui, sofri muito. O André foi a pessoa que pegou na minha mão e falou: ‘agora você vai se fortalecer’. E eu consegui me estabilizar. Parece que a vida está começando de novo”
Hakam voltou para a universidade neste ano. Estuda engenharia mecânica e pretende fazer uma pós-graduação em aerodinâmica. Para ganhar a vida, dá aulas particulares de inglês e árabe, além de dar aulas de português gratuitas para outros refugiados sírios.
Ele e André acolhem com frequência outros sírios em casa, e atualmente dois conterrâneos de Hakam moram com eles – um é chef de cozinha e o outro conserta celulares na rua 25 de Março. Este último, Raed Almardini, de 28 anos, diz que também considera André um irmão. “Ele ficou feliz quando eu vim para cá. Chegava do trabalho depois das 10 da noite e me dava aula de português todo dia, para eu não me perder, para eu me virar”, lembra.
Prisão, tortura e trauma
Hakam também luta para se livrar de um trauma que o acompanha desde a guerra. Por causa de seu ativismo em direitos humanos, ele foi preso na Síria. “Fiquei 20 dias numa solitária e mais 15 sendo torturado. Só querem bater em você, querem te quebrar. Até agora não consigo sentir muito bem aqui [mostra o pulso] e não ouço bem de uma orelha. E ando um pouquinho torto”, diz.
A pior parte, segundo ele, foi o tempo na solitária. “Se você fechar os olhos agora, não vai conseguir entender o nível de escuridão que era lá dentro”, diz à repórter. “Você não sabe onde andam suas ideias, se está vivo ou morto, dormindo ou acordado. Quando abriram a porta meus olhos doíam por causa da luz. Achei que tinha ficado lá um ano”, descreve.
Mas o jovem repete várias vezes que quer seguir em frente. “Eu não quero que isso me afete pelo resto da vida. A dor física passa. O importante é que não tiraram minha dignidade. Não posso mudar o que aconteceu. Tenho que ter a cabeça erguida, olhar para a frente”, diz.
E olhar para a frente, para Hakam, significa focar em seu grande objetivo de se estruturar financeiramente para poder trazer a família para o Brasil, especialmente os pais. “Meu pai quase enlouqueceu quando perdeu tudo o que construiu durante a vida dele. Não quero que ele sofra mais. Nada mais. Quero que ele tenha a vida digna que ele me deu quando eu era criança”, afirma.
“Meu pai quase enlouqueceu quando perdeu tudo o que construiu durante a vida dele. Não quero que ele sofra mais. Quero que ele tenha a vida digna que ele me deu quando eu era criança”
Ele tem esperança de que o conflito em seu país acabe logo, mas não sabe se voltaria para lá, pois está muito apegado ao Brasil. Diz que não consegue explicar seu amor pelo país. “É só amor. O povo aqui é diferente. Ninguém me oprime ou me chama de terrorista, posso praticar a religião que quiser, namorar uma menina se eu quiser, fazer a minha vida do jeito que acho melhor. Aqui eu sinto que estou na minha casa”, completa.
Metade da população fora de casa
Metade dos sírios tiveram que deixar suas casas desde o início da guerra. Da população de cerca de 22 milhões no período pré-conflito, 6,3 milhões são hoje deslocados internos e ao menos 4,9 milhões se refugiaram em outros países, de acordo com dados de fevereiro de 2017 do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).
Os países vizinhos concentram o grande volume de refugiados vindos da Síria: só na Turquia são 2,9 milhões. No Líbano, os sírios que fugiram da guerra já são um quinto da população do país: são mais de 1 milhão de pessoas, no total.
Na Jordânia, os mais de 656 mil sírios já correspondem a 10% da população do país – nas áreas urbanas nesse país, 93% vivem abaixo da linha da pobreza. Os números podem ser maiores, já que correspondem apenas aos sírios com status oficial de refugiados.
Na Europa, mais de 884 mil sírios solicitaram asilo entre abril de 2011 e outubro de 2016. A maioria (64%) fez o pedido na Alemanha ou na Suécia.
Já o Brasil abriga 2.480 refugiados sírios, segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados). O número absoluto é pequeno, mas proporcionalmente os sírios já são 1/4 de todos os refugiados admitidos no país, e a Síria se tornou o principal país de origem.
Estado Islâmico assume autoria de ataque em Paris a três dias das eleições
Policiais foram baleados na Champs Elysées
A três dias de começar a escolher seu novo presidente, o povo francês voltou a ser vítima do terror — e o atentado pode mudar os rumos do pleito de domingo, um dos mais acirrados da história. O Estado Islâmico assumiu na noite desta quinta-feira a autoria do ataque contra policiais na Avenue de Champs Elysées, a mais famosa de Paris. Um agente foi morto e dois ficaram feridos com gravidade, além de um pedestre. Pelo menos dois homens participaram do ataque. Um foi morto, e o outro fugiu.
Passava das 21h em Paris (16h no Brasil) quando um carro parou ao lado de uma viatura estacionada na calçada da Champs Elysées, a poucos metros do Arco do Triunfo. Um homem saltou com um fuzil e abriu fogo contra um policial, que morreu na hora. O terrorista então mirou em outros dois agentes, que revidaram e abateram o agressor. Bala perdida acertou um pedestre.
Terrorista conhecido
O autor dos disparos já tinha sido fichado pelos serviços de inteligência franceses como alguém “radicalizado”, mas a identidade não foi revelada para não atrapalhar as investigações. A Amaq, agência vinculada ao Estado Islâmico, afirmou, no entanto, que o “soldado” era “Abu Youssef, o belga”. A investigação foi passada à Seção Antiterrorista da Procuradoria de Paris
Em fim de mandato, o presidente François Hollande, declarou que todas as pistas apontam para um “caráter terrorista”. Hollande convocou um Conselho de Defesa para a manhã de hoje. O presidente lembrou que o nível de vigilância no país é máximo e que assim continuará, sendo de forma especial, durante o período eleitoral.
Hollande enviou ainda mensagem de condolências e solidariedade aos familiares do agente abatido e dos feridos e garantiu que será organizada uma “homenagem nacional” ao falecido.
“O apoio da nação é total. Há que fazer o possível para que esses policiais, agentes e militares possam exercer sua missão. O princípio de base é a confiança, a solidariedade e o apoio da nação às forças de segurança”, frisou. Líderes nas pesquisas eleitorais, Emmanuel Macron e Marine Le Pen anunciaram a suspensão das atividades de campanha para esta sexta-feira
Fonte: O Dia
Estado Islâmico assume autoria de atentados em igrejas no Egito
Pelo menos 36 pessoas morreram e 74 ficaram feridas após duas explosões
O grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados a bomba ocorridos na manhã de hoje (9) em duas igrejas coptas (vertente do cristianismo) no Egito. Em comunicado enviado a simpatizantes do grupo e divulgado pelas redes sociais, os terroristas confirmaram que ordenaram os ataques.
De acordo com último balanço divulgado pelas autoridades locais, pelo menos 36 pessoas morreram e 74 ficaram feridas após as duas explosões. Os fiéis foram atingidos no momento em que participavam de uma missa em comemoração ao Domingo de Ramos, celebração que marca o início da Semana Santa.
A primeira explosão foi registrada em Tanta, a cerca de 100 quilômetros do Cairo, capital do país. Duas horas depois, a segunda bomba explodiu em Alexandria, no norte do Egito. Ainda não foram divulgadas informações sobre suspeitos dos dois atentados.
As explosões ocorrem a 20 dias da primeira viagem do papa Francisco ao Oriente Médio. O papa deve chegar ao Egito no dia 28 de abril, quando se reunirá com autoridades do governo, lideres muçulmanos e com o papa da Igreja Copta Cristiniana, Teodoro II. Com informações da Agência Brasil.
Fonte: Notícias Ao Minuto
Suécia reforça controle nas fronteiras após atentado em Estocolmo
Através da Internet e autofalantes nas ruas, a polícia pediu para os habitantes ficarem em casa e manterem a calma, evitando reuniões de grupos nas ruas, que rapidamente se esvaziaram.
O tráfego no metrô e nos trens de periferia foi suspenso, sendo retomado várias horas depois do drama, que aconteceu na parada da estação T-Centralen, pela qual passam todas as linhas do metrô de Estocolmo.
Reações ao atentado em Estocolmo
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou nesta sexta-feira que “um ataque contra um Estado membro é um ataque contra todos nós”. “Uma das cidades europeias mais vibrantes e coloridas parece ter sido atingida” por aqueles que buscam prejudicar “nossa própria forma de vida”, indicou em um comunicado o presidente do executivo comunitário, cujos “pensamentos estão com o povo da Suécia”.
O presidente François Hollande expressou seu “terror e indignação”, enviando sua simpatia e solidariedade às famílias das vítimas e a todos os suecos. Hollande lembrou também que “a luta sem descanso contra o terrorismo deve ser uma prioridade da solidariedade europeia”. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou que a Torre Eiffel será apagada à meia-noite, em homenagem às vítimas.
O presidente Vladimir Putin declarou que “os russos choram com os suecos”.
Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, condenou o “atentado covarde”, reiterando junto à comunidade internacional seu compromisso de lutar contra o terrorismo e prevenir “esses atos insanos”.
Antonio Guterres, o secretário-geral da ONU, condenou imediatamente o ataque, enviando mensagens de conforto aos familiares das vítimas.
Fonte: El País
Polícia aponta suicida quirguiz como autor de atentado que matou 14 na Rússia
Estação de metrô atacada volta a fechar nesta terça-feira devido a ameaça de bomba
O autor do atentado ao Metrô de S. Peterburgo, que deixou pelo menos 14 mortos e 49 feridos nesta segunda-feira, é um cidadão originário do Quirguistão, de 22 anos, supostamente suicida, informaram autoridades desse país da Ásia central. “O kamikaze no metrô de São Petersburgo era o cidadão quirguiz Akbarjon Yalilov (…), nascido em 1995. É provável que tenha adquirido a nacionalidade russa”, confirmam as autoridades russas, atribuindo a ele a colocação de um segundo artefato explosivo na mesma estação do metrô. No último balanço, o Ministério da Saúde elevou a 14 o número de vítimas fatais, sendo 11 no próprio local da explosão, e outras três após receberem atendimento médico. A circulação do metrô foi restabelecida nesta terça-feira, mas a estação Sennaia Ploshad, uma das afetadas pela explosão da véspera, voltou a fechar após receber uma ameaça de bomba, segundo as agências RIA Novosti e Interfax.
O atentado ocorreu durante a tarde que circulava entre duas estações de uma linha muito movimentada que atravessa o centro de São Petesburgo (Sennaia Ploshad e Tekhnologicheski Institut). O comitê de investigações russo anunciou pouco depois a abertura de um inquérito por “ato terrorista”, embora os investigadores estejam examinando “todas as outras pistas possíveis”.
O ataque, que não foi reivindicado, ocorre depois de que o Estado Islâmico convocou ataques à Rússia como retaliação por seu apoio às forças de Bashar al Assad na Síria, desde setembro de 2015. Ao menos 7.000 cidadãos da ex União Soviética, entre eles 2.900 russos, aderiram a grupos jihadistas no Iraque e Síria, especialmente ao Estado Islâmico, segundo o FSB (serviço de segurança).
O desenrolar dos acontecimentos da Síria e a redução dos domínios do EI levam os especialistas a crer que os guerrilheiros em retirada possam voltar (com más intenções e experiência em combate) aos seus lugares de origem, seja no norte do Cáucaso ou na Ásia Central.
As câmeras de vigilância do metrô de São Petersburgo captaram imagens da pessoa que supostamente colocou o artefato que explodiu. De acordo com a Interfax, a bomba estava dentro de uma mala deixada no vagão pelo “organizador do ataque”.
Alguns meios de comunicação distribuíram uma imagem que supostamente mostraria o suspeito, um homem com barba, túnica negra e gorro, tanto no que seria o interior do metrô como ao sair da estação Sennaia.
As autoridades emitiram duas ordens de prisão supostamente implicadas no atentado, uma delas a que supostamente colocou a bomba, segundo uma fonte dos serviços de segurança citada pela agência Interfax.
As suspeitas em S Petesburgo apontam para “gente do sul”, a julgar pela informação da agência Rosbalt sobre as averiguações feitas pelos corpos de intervenção especial entre os espectadores de aspecto meridional num cinema de São Petersburgo.
Fonte: MSN
Estado Islâmico reivindica autoria de ataque perto do Parlamento em Londres
Theresa May disse que o agressor tinha sido investigado por ter conexão com atividades terroristas. Quatro pessoas, entre elas o agressor, morreram no ataque e 40 ficaram feridas perto do Parlamento britânico.
O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque fora do Parlamento britânico, em Londres. A agência Amaq, que é ligada aos terroristas, divulgou a informação.
Quatro pessoas, entre elas o agressor, morreram no ataque e 40 ficaram feridas depois que um carro atropelou um grupo de pedestres na calçada da Ponte Westminster, perto do Big Ben, na tarde de quarta-feira (22). O terrorista, que não teve a identidade divulgada, ainda assassinou um policial a facadas. Ele foi morto a tiros pela polícia.
“O perpetrador dos ataques ontem em frente ao Parlamento britânico em Londres é um soldado do Estado Islâmico e realizou a operação em resposta aos pedidos para se atacar cidadãos da coalizão”, disse a Amaq, em um comunicado, divulgado pela Reuters.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou nesta quinta que as forças de segurança já tinham investigado o autor do ataque por conexão com atividades terroristas. Ele é britânico e não teve a identidade divulgada.
“O que posso confirmar é que o homem é britânico e que há alguns anos ele foi investigado pelo MI5 em relação a preocupações sobre extremismo violento. Ele era uma figura secundária. Ele não fazia parte do atual cenário da inteligência”, declarou May no Parlamento, que retomou as atividades nesta manhã.
Sem novas ameaças
Em um pronunciamento na frente da sede da Scotland Yard, Mark Rowley declarou que até o momento não foram detectadas evidências que apontem para “novas ameaças terroristas”. No entanto, o Reino Unido segue em alerta.
O Parlamento retomou as atividades nesta quinta-feira após um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. O perímetro ao redor do imóvel permanece, no entanto, isolado e a estação de metrô de Westminster, fechada ao público.
A Ponte de Westminster, onde os investigadores continuam trabalhando, ficou fechada ao público até esta manhã
Vítimas
O policial que foi morto após ser esfaqueado foi Keith Palmer, de 48 anos. Ele integrava o Serviço de Proteção Parlamentar e Diplomática da polícia de Londres, segundo a BBC. O ex-militar trabalhava havia 15 anos na corporação, era casado e tinha filhos.
Aysha Frade, de 43 anos, foi atingida pelo carro do agressor e lançada em direção a um ônibus. Ela ia se encontrar com as filhas no momento do ataque, de acordo com o jornal “Daily Mail”.
A terceira vítima foi um homem de meia-idade, que ainda não foi identificado.
Quarenta pessoas se machucaram no ataque – entre eles, três policiais. Uma mulher, gravemente ferida, foi retirada do Rio Tâmisa. Na manhã desta quinta, 29 pessoas permaneciam hospitalizadas, sendo que sete delas estão em estado grave.
Entre os feridos estão 12 britânicos e vários estrangeiros: crianças francesas, dois romenos, quatro sul-coreanos, um alemão, um chinês e dois gregos, de acordo com a primeira-ministra.
Condolências
A rainha Elizabeth II divulgou uma mensagem lamentando o ataque. “Meus pensamentos, minhas orações e minhas mais profundas condolências estão com todos aqueles que foram afetados pela terrível violência de ontem”, disse a monarca em comunicado.
O Papa Francisco também expressou sua profunda tristeza e sua solidariedade a todos os afetados pelo ataque. “Profundamente triste pela notícia da perda de vidas e das lesões causadas pelo ataque no centro Londres, Sua Santidade Francisco expressa sua solidariedade a todos os afetados por esta tragédia”, afirma a mensagem divulgada pelo escritório de imprensa do Vaticano, segundo a Efe.
Fonte: G1
Ao mesmo tempo em que o Estado Islâmico (EI) vem perdendo combatentes e território no autoproclamado califado em vastas regiões de Síria e Iraque — após quase dois anos de intensos bombardeios da coalizão internacional liderada pelos EUA e por ofensivas terrestres das forças locais — o grupo extremista vem ampliando sua atuação e o número de ataques em outros países. Somente na última semana, atentados em Istambul, Daca e Bagdá, com mais de 270 mortes, deixaram claro o poder de fogo dos jihadistas. Com a estratégia, apontam analistas, o recuo militar vem sendo em parte compensado pela expansão de seu apelo ideológico extremista muito além da sua área de atuação formal. E com um novo padrão que inclui pequenos grupos de terroristas atuando juntos, no que alguns já veem uma modificação no conceito de lobo solitário.
Os atentados recentes se somam a outros realizados nos últimos meses em países como Nigéria, Afeganistão, Líbia, Tunísia, Arábia Saudita, Egito e Kuwait, além de capitais europeias (Paris e Bruxelas) e cidades americanas (Orlando e San Bernardino).
— O EI necessita de uma imagem de êxito e vitórias para atrair seguidores. Se de fato está perdendo este Estado islâmico, necessita ganhar em outros locais — disse ao “El País” o especialista em Oriente Médio Daniel Byman, da Brookings Institution.
De acordo com o “New York Times”, mais de 1.200 pessoas foram mortas fora da Síria e do Iraque em atentados coordenados ou inspirados pelo EI. A matança de civis em três grandes ataques apenas na semana passada — em Istambul, na terça-feira; em Daca, na sexta; e em Bagdá, no domingo — sugere que as ações do EI estão ocorrendo com mais frequência. E aquelas realizadas para além das fronteiras de seu território, apontam analistas, são conduzidas por grupos bem preparados, que seguem planos detalhados, e não mais apenas por atiradores individuais.
— O mais impressionante para mim sobre os ataques de Istambul e Daca é que ambos não foram feitas por lobos solitários — afirmou ao “Washington Post” Bruce Riedel, ex-funcionário de contraterrorismo da CIA, a agência de Inteligência dos EUA. — Foram feitos por equipes de terroristas que trabalham com um plano de ataque muito bem planejado. Eu os chamo de “bandos de lobos”, que estão rapidamente se tornando a marca registrada do EI.
Busca de posição na agenda do terror global
Semana passada, para marcar o aniversário de dois anos do califado, o EI divulgou um gráfico mostrando o que seria a “área de influência” do grupo: estende-se desde o controle moderado que afirma ter nas Filipinas a uma presença “secreta” na França, entre outros 15 países. Mesmo nações que não estão na lista têm medo. Caso da Índia, onde o governo informou que dezenas de extremistas muçulmanos indianos estão sendo monitorados depois de terem feito algum tipo de treinamento junto ao EI. E as autoridades de Nova Délhi reconhecem que o número real pode ser muito maior.
Muitos especialistas em terrorismo da Inteligência americana ressaltam que os recentes atentados em França, Bélgica, Turquia e Bangladesh são um reflexo desta nova estratégia de expansão do EI: com os reveses nas batalhas no Iraque e na Síria, focar em ataques no exterior.
— Acreditamos que o EI vai intensificar a campanha de terror global para manter a posição dominante na agenda global do terrorismo — disse o diretor da CIA, John Brennan, ao Senado dos EUA no mês passado.
Também em depoimento ao Senado, na última terça-feira, Brett McGurk, enviado especial do presidente Barack Obama para avaliar a luta contra o EI, disse que o grupo tinha perdido 47% de território no Iraque e 20% na Síria. Mas ressalvou que, apesar do recuo, centenas de combatentes voltarão a seus países para continuar a luta jihadista.
— Vai ser o desafio de uma geração, na Jordânia e na Tunísia, na França e nos EUA: como lidar com um fluxo de retorno de cidadãos radicalizados.
Fonte: Extra
Número 2 do Estado Islâmico morre em ataque aéreo dos EUA
Abdel Rahmane al-Qadouli era ministro das Finanças do grupo extremista
Abdel Rahmane al-Qaduli era o segundo em comando do EI – Reprodução internet
O número dois do Estado Islâmico (EI), Abdel Rahmane al-Qaduli, foi morto em um ataque aéreo na Síria, confirmou nesta sexta-feira o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, num golpe contra a liderança do grupo extremista. Segundo Carter, a morte irá afetar as operações da organização jihadista.
— Nós eliminamos sistematicamente o círculo de líderes do EI. O Exército americano matou vários terroristas importantes do EI esta semana, incluindo Haji Iman (apelido de Abdel Rahmane al-Qaduli), que era um dos líderes do EI, agindo como ministro das Finanças e responsável por vários complôs internacionais — afirmou Carter em uma entrevista coletiva.
O site de notícias Daily Beast havia indicado, ao referir-se sobre a morte de al-Qaduli, que ele figurava na lista de potenciais sucessores de Abu Bakr al-Baghdadi, o autoproclamado califa e líder do EI.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos oferecia sete milhões de dólares de recompensa para obter informações sobre Al-Qaduli, que adotou uma série de pseudônimos.
A estrutura de comando do grupo extremista permanece um mistério. As autoridades americanas parecem ter conseguido identificar apenas alguns dos líderes do EI, com os quais criaram uma lista.
Abdel Rahmane al-Qaduli é o segundo membro desta lista a ser eliminado em menos de um mês. Em 4 de março, os Estados Unidos anunciaram a morte de outro líder do grupo, Omar ‘O checheno’.
Um dos principais líderes militares do EI, Omar morreu em um ataque aéreo americano na região de Chaddade, cujo controle foi retomado pelas Forças Democráticas da Síria, um grupo aliado dos Estados Unidos.
Em novembro, um ataque na Líbia matou Abu Nabil, também do alto comando do Estado Islâmico.
Fonte: O Globo
Cerca de 600 combatentes do Estado Islâmico mortos nas últimas três semanas
O secretário de Estado americano John Kerry afirmou neste do domingo que 600 combatentes do grupo Estado Islâmico foram mortos na Síria nas últimas três semanas.
“Na Síria, nas últimas três semanas, o Dash perdeu 3.000 km2 e 600 combatentes”, afirmou Kerry, usando o nome em árabe do Estado Islâmico.
John Kerry também advertiu ao regime sírio e a seus aliados contra qualquer violação de seus compromissos de trégua e ajuda humanitária na Síria.
“Todas as partes devem respeitar o cessar das hostilidades, cooperar na ajuda humanitária e respeitar o processo de negociações para chegar a uma transição política” afirmou em coletiva de imprensa em Paris.
Fonte: Terra
Pelo menos 50 jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) foram mortos em 24 horas em combates com o exército sírio, que avança na província de Aleppo, informou neste domingo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
“Esses jihadistas foram mortos nos combates e pelos ataques da aviação russa”, que apoia o regime na sua progressão nessa província do norte, próxima da fronteira com a Turquia, indicou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
Desde sábado, as tropas do regime tomaram 18 aldeias em um eixo de cerca de 40 km entre o leste de Aleppo e Raqa (norte), a fortaleza do grupo extremista na Síria, de acordo com o OSDH.
“O exército agora cerca o EI em 16 outras aldeias ao sul deste eixo. O regime quer tomar e consolidar a sua presença no leste e sudeste da província”, afirmou Abdel Rahman.
Com o apoio da aviação russa, as tropas do regime têm tido sucesso sobre os rebeldes e jihadistas em uma série de vilarejos e cidades na província de Aleppo.
Estado Islâmico corta salários e leiloa terras confiscadas diante de crise econômica
Bombardeios ocidentais a bancos e menor capacidade de arrecadação provocam austeridade e incitam deserções
A crise econômica chegou ao Estado Islâmico. Na contramão da propaganda, o EI agora corta salários de dirigentes e combatentes e leiloa terras confiscadas para melhorar a arrecadação. Em Raqqa, capital do califado, a remuneração das fileiras foi reduzida pela metade. Assim como a ideologia, a instabilidade financeira se alojou no centro da retórica de recrutamento de jovens desolados no Ocidente e jovens deslocados pelos conflitos no Oriente Médio. Se antes o grupo extremista se gabava de prover ajuda social, habitação e bons salários aos que migrassem para seus territórios na Síria e no Iraque, hoje o sistema da organização terrorista é regido pela austeridade. A carestia se aprofunda à medida em que se intensificam os bombardeios aéreos da coalização internacional liderada pelos Estados Unidos.
— O grupo extremista se viu obrigado a reduzir à metade o salário de dirigentes e em 30% a remuneração de soldados e oficiais — confirmou ao “El Mundo” o analista Hashem al-Hashimi, assessor do governo iraquiano e importante fonte de informação sobre o que acontece na cidade sitiada de Mossul. — Os ataques aéreos golpearam nove bancos do Estado Islâmico. Em pelo menos um deles, havia US$ 150 milhões depositados. Os demais haviam sido esvaziados previamente.
Uma investida aérea ocidental, por exemplo, destruiu a sede do Banco al-Rashid, no Leste de Mossul. Mais tarde, a agência de notícias afiliada ao grupo terrorista, al Amaq, divulgaria um vídeo dos escombros da instalação. O depósito, usado como Banco Central, impôs à cidade uma economia de guerra, o que piorou as já precárias condições de vida na cidade sitiada.
Segundo uma ativista local que não quis se identificar, o extremistas responderam à crescente ameaça esvaziando as reservas de dinheiro para ocultá-las em túneis perfurados no subsolo da cidade. Para transportar esses recursos, eles preferiram táxis e transportes públicos em uma tentativa desesperada de se esconder dos aviões de vigilância, disse a ativista ao “El Mundo”.
Tais reservas são especialmente importantes porque o governo central proibiu transferências bancárias para regiões controladas pelo Estado Islâmico. A saída encontrada para o revés na economia foi também leiloar terras confiscadas da minoria cristã, expulsa da cidade em julho de 2014. Os terroristas ainda acresceram impostos e intensificaram o tráfico de seres humanos e antiguidades.
— A situação é muito ruim. As pessoas têm fome, têm medo. A maioria das famílias não tem dinheiro para comida, mas também não tem opções de escapar — afirmou ao jornal espanhol Said Mamuzini, ex-dirigente do Partido Democrático do Curdistão em Mossul. — Os preços dos alimentos sobem diariamente e o Estado Islâmico tenta agora compensar as perdas a partir da elevação de impostos. A saúde também foi afetada. Os remédios estão mais caros e as salas de cirurgia são reservadas para combatentes do EI.
DERROTA NO FRONT E DISPUTAS INTERNAS
Antes da tomada de Mossul, o EI compôs uma rede de sustentação financeira calcada em extorsões, vendidas como promessas de proteção a habitantes do local. Eram os “impostos revolucionários”, que financiaram o auge do grupo. Empreiteiras, por exemplo, destinavam entre 5% e 10% de cada contrato aos jihadistas. Desde 2011, os terroristas também desfrutaram dos US$ 16 milhões mensais que Bagdá enviava para pagar os salários dos funcionários da província de Nínive.
No entanto, um grave golpe às finanças da organização terroristas começou com os bombardeios ocidentais contra refinarias e caminhões de transporte de petróleo, uma das principais rendas do grupo. Da mesma forma, a decisão do governo iraquiano de suspender o pagamento de seus funcionários em áreas controladas pelo EI dizimou outra fonte de arrecadação dos extremistas.
A austeridade no Estado Islâmico tem motivado a deserção de combatentes. O EI tenta preencher o vazio nas fileiras — considerado crime sob pena de morte — com o recrutamento de crianças e adolescentes sírios. Com o rebaixamento de salários, afloraram também as disputas entre os quadros dirigentes do EI, em especial entre as tropas de Baghdadi e os batalhões de Abu Omar al-Shishani, o jihadista checheno e ex-sargento georgiano que opera como comandante das fileiras na Síria.
Fonte: O Globo
Estado Islâmico usa de WhatsApp a Twitter para promover ‘terrorismo viral’
Jihadistas usam chat seguro para bate-papo e moeda digital para doações.
EI recruta, arrecada dinheiro e faz propaganda na internet.
Foto publicada no Instagram pelo perfil Jihadology, associado ao Estado Islamico. (Foto: Reprodução/Instagram/Jihadology)
Troca de mensagens criptografadas por Whatsapp e Telegram. Hashtags espalhadas pelo Twitter. Selfies no Instagram. Vídeos no Youtube. Troca da moeda virtual bitcoin. Parecem inocentes ações de quem é antenado em tecnologia, mas são a forma como usa a internet o grupo jihadista EI, que, na opinião de especialistas, faz uso sem precedentes do meios digitais, a ponto de os EUA chamarem o movimento de “terrorismo viral”.
“Não estamos mais caçando terroristas vivendo em cavernas que apenas se comunicam via mensageiros. Estamos encarando inimigos cujas mensagens e chamados de ataque são postados e promovidos em tempo real”, diz Michael McCaul, deputado republicano que chefia o comitê de segurança nacional dos EUA.
“O grupo toma vantagem de todas as ferramentas e funções das redes sociais para garantir a ampla distribuição de suas mensagens”, explica John Mulligan, diretor do Centro Nacional de Contra-terrorismo dos EUA.
A atuação digital do EI não se resume a propaganda. “O grupo terrorista está usando essas tecnologias e sites hospedados nos EUA para recrutar, encorajar pessoas a executar ataques terroristas em todo o mundo e para levantar dinheiro”, afirma ao G1 Michael Smith II, cofundador da Kronos Advisory, consultoria norte-americana em assuntos de defesa
Por exibir mensagens abertas a todos, o Twitter é um dos canais preferidos e exemplo da atuação do grupo. Em março deste ano, o Brookings Institute identificou 46 mil contas de apoiadores ou militantes do EI. A radiografia aponta que 75% tinham o árabe como idioma primário e eram seguidas por cerca de mil usuários. Apesar de ter fãs acima da média, os perfis seguem uns aos outros. Por outro lado, um quinto dos perfis “falava” inglês. Isso, dizem os pesquisadores J.M. Berger e Jonathon Morgan, mostra como as contas são usadas não só para pregar para convertidos mas também para atrair curiosos e adeptos a ataques.
Foto publicada no Instagram pelo perfil Jihadology, associado ao Estado Islamico. (Foto: Reprodução/Instagram/Jihadology)
Terrorismo viral
Foi essa dinâmica que propiciou um tiroteio no Texas (EUA), em maio deste ano, aponta o Departamento de Segurança Nacional dos EUA. Quatro meses após o ataque ao jornal francês “Charlie Hebdo”, que publicara charges de Maomé, um centro de convenções da cidade de Garland anunciou exibição e concurso de desenhos do principal profeta do islamismo.
Um militante do EI sugeriu no Twitter que o evento tivesse o mesmo fim da publicação francesa. Foi contatado pelo norte-americano Elton Simpson, de 30 anos, e o papo continuou via mensagens diretas. Mas não deve ter parado ali.
“Que Alá nos aceite como mujahideen [combatentes santos]”, escreveu Simpson em um tuíte que incluiu a hashtag #texasattack. A mensagem foi ao ar 15 minutos antes de ele e um amigo dispararem contra o centro e serem mortos depois. Apesar de assumido pelo EI, o atentado foi saudado por apoiadores. “Os irmãos no Texas não tinham experiência em tiroteios mas foram rápidos ao defender a honra do profeta Maomé”, tuitou Junaid Hussain, hacker britânico que, até ser morto em agosto, era um dos maiores recrutadores do EI.
‘Selfies jihadistas’
“Esse ataque exemplifica uma nova era em que o terrorismo se tornou viral”, diz McCaul, para quem o microblog é só um dos meios para isso. Outras populares ferramentas também constam das “armas” da facção. O YouTube, plataforma de vídeos do Google, abriga vídeos das sangrentas execuções. No Instragram são publicadas “selfies jihadistas”. Os argumentos religiosos para as mortes vão parar no “JustPasteIt”. E roteiros de viagem à Síria estão no Ask.fm. Segundo o Brookings Institute, entre janeiro de 2014 e setembro deste ano, a produção auviovisual do grupo chegou a 845 peças.
A atividade digital não ocorre sem que os militantes tomem cuidado. Pesquisadores do Centro de Combate ao Terrorismo de West Point descobriram um manual de cibersegurança apresentado a recrutas. O intuito é empregar serviços que usem criptografia (embaralham as mensagens) ou passem por sistemas que impedem rastreamento, como a Deep Web.
Criptografia
O documento recomenda o uso dos apps de chat Cryptocat e Telegram, devido à forte criptografia, e do Wickr, por destruir as mensagens de forma segura. Para a troca de e-mails, o EI sugere o Hushmail e o ProtonMail. O Gmail, do Google, é citado como seguro desde que o navegador usado seja o Tor (outra recomendação) ou uma rede virtual privada.
O relatório faz ressalvas ao Instagram, pois o dono do aplicativo, o Facebook, tem um histórico ruim em relação a proteção à privacidade. Aparelhos que rodem Android, do Google, ou iOS, da Apple, não são completamente vetados. São permitidos se as comunicações forem feitas pela rede Tor. Liberados estão os smartphones “anti-espionagem” Cryptophone e BlackPhone. Para sanar dúvidas, o EI fornece um serviço de help-desk 24 horas por dia.
Moedas digitais
O EI também usa os meios digitais para sustentar as finanças. Embora o contrabando de petróleo seja uma das grandes fontes de renda, as doações também ajudam a fechar a conta. Segundo o Instituto Europeu para Estudos em Segurança, essas contribuições são feitas em bitcoin para fugir do sistema bancário, fácil de seguir. As transações com as moedas digitais não revelam emissores e receptores, apenas as contas de origem e destino.
Um grupo de hackers que luta para minar o poderio digital do grupo achou uma das carteiras eletrônicas ligadas ao grupo, que, em setembro, tinha mais de US$ 3 milhões.
Arsenal digital do Estado Islâmico (Foto: Editoria de Arte/G1)
Contra-ataque
Anteriormente associados aos hackers ativistas do Annonymous, o Ghost Security Group reporta suas descobertas sobre o EI às autoridades norte-americanas, como o FBI, com a ajuda da empresa Kronos Advisory.
O grupo é exemplo da diversidade da luta contra o EI na internet. Reunidos na fronteira digital estão hackers, empresas que fornecem serviços usados pelos jihadistas e os governos de alguns dos países mais poderosos do mundo.
O Reino Unido já afiou suas garras. Para o chanceler George Osborne, a “brutalidade assassina do EI tem um forte elemento digital”. Sem dar maiores detalhes, ele afirmou que o grupo tenta invadir os sistema britânicos, o que será retaliado. “Nós nos reservamos o direito de responder a um ciberataque do jeito que nós escolhermos”, afirmou durante o anúncio do novo Centro Cyber Nacional, focado em cibersegurança, que custará 2 bilhões de libras.
Os EUA possuem uma força-tarefa contra o terrorismo, composta por FBI, Departamento de Segurança Nacional, entre outros órgãos. O grupo argumenta que as ações resvalam na impossibilidade de interceptar mensagens trocadas por ferramentas criptografas. “Infelizmente, a mudança constante das formas de comunicação na internet está rapidamente ultrapassando as leis e a tecnologia criada para permitir a interceptação legal de conteúdos de comunicação”, afirma Michael Steinbach, diretor-assistente do FBI.
“Esses serviços são desenvolvidos e empregados sem qualquer capacidade de aplicar a lei para coletar informações fundamentais para investigações criminais e de segurança nacional e dos procedimentos penais”, diz. Para driblar a adversidade, a força-tarefa tenta fazer o Congresso dos EUA forçar empresas de tecnologia a reduzir o nível da criptografia.
A indústria já se manifestou contra a proposta. O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, por exemplo, já afirmou que nem a empresa consegue burlar o próprio sistema de criptografia. Defensores da privacidade argumentam que essas medidas criarão arcabouço legal para a espionagem de cidadãos comuns.
Anonymous ataca site do Estado Islâmico e troca conteúdo por receita de Prozac
Em sua guerra contra o Estado Islâmico, os hackers do Anonymous e seus aliados acabam de abater mais um alvo e da maneira mais genial possível. Membros do GhostSec, um dos grupos que está combatendo os radicais islâmicos na internet, anunciaram que invadiram a dark web usada pelos terroristas e removeu sites que faziam propaganda ao EI. No lugar do conteúdo original, eles colocaram um anúncio de Prozac, um remédio usado para o tratamento de depressão e outros distúrbios psiquiátricos. Além do anúncio, os hackers ainda deixaram uma pequena mensagem aos membros e simpatizantes do Estado Islâmico. No texto, eles indicam o medicamente como uma forma de fazer com que as pessoas que acessavam aquela página tivessem mais calma em suas vidas. Mais do que isso, o GhostSec ainda pedia para que todos olhassem aquela imagem enquanto eles continuavam a melhorar sua infraestrutura para entregar ao Estado Islâmico aquilo que ele tanto deseja. Como se não bastasse a provocação, o grupo ainda colocou o link de uma farmácia online especializada na venda de remédios a partir de bitcoins. Assim, se algum membro ou simpatizante do EI estiver mesmo interessado no Prozac apresentado, pode adquirir isso sem precisar gastar muito. Em outras palavras, foi uma ótima sacada dos hackers na hora de provocar seus inimigos. Esse é apenas mais um dos ataques realizados pelo Anonymous e seus aliados nesta guerra ao terror dentro da internet. Como já comentamos anteriormente, esses hackers se uniram para atrapalhar a vida e as operações dos extremistas no ambiente digital, derrubando algumas centenas de páginas e perfis que apoiavam as ações do Estado Islâmico. Por outro lado, vários especialistas em segurança estão criticando as ações do próprio Anonymous pelo modo com que ele está lidando com esse combate ao terrorismo. A principal questão é que os ataques orquestrados pelos ciberativistas são indiscriminados e afetaram jornalistas, pesquisadores e outras pessoas que nada tinham a ver com os radicais do Oriente Médio.
Fonte: Yahoo
Exército sírio avança contra Estado Islâmico em Aleppo, diz TV estatal
Parte de estrada que liga cidade a Raqqa foi capturada.
Governo sírio e seus aliados também tiveram ganhos perto de Homs.
O exército sírio capturou território do Estado Islâmico ao leste de Aleppo incluindo vários quilômetros da estrada que liga a cidade com Raqqa, considerada reduto jihadista, informou a TV estatal síria neste sábado.
As áreas relatadas como capturadas estão a leste de Kweires, base aérea apreendida do controle do Estado Islâmico em 10 de novembro, em uma das várias ofensivas travadas pelo exército sírio com suporte de ataques áereos russos, forças iranianas e militantes do Hezbollah libanês.
A Reuters não pôde confirmar de forma independente o relato.
Uma manchete da TV estatal disse que o exército havia capturado as aldeias Kaskis e Akula e vastas áreas de terras agrícolas, apreendendo túneis e fortificações construídas pelos os jihadistas, e foram áreas de desminagem minadas pelo grupo.
As aldeias estão a cerca de 60 quilômetros a leste de Aleppo.
O governo sírio e seus aliados também tiveram ganhos contra Estado Islâmico ao sudeste de Homs.
Fonte: O Globo
Rússia tinha razão: ‘Turquia recebe petróleo do Estado Islâmico’
Os ataques aéreos russos à infraestrutura petrolífera jihadista causaram a insatisfação natural da Turquia, que parece ser o principal consumidor de petróleo do EI, de acordo com a imprensa alemã.
Depois da derrubada do bombardeiro russo Su-24 pela Força Aérea turca, o presidente Putin afirmou que Ancara parece ser cúmplice dos terroristas, já que compra o petróleo nas regiões da Síria capturados por extremistas, e ele tem razão ao dizê-lo, escreve o jornal alemão Bild.
A Turquia se transformou em um grande consumidor de petróleo do grupo extremista Estado Islâmico, continuou o autor do artigo. Os empresários turcos têm acordos de compra de petróleo com jihadistas que lhes permitem obter uma receita de $10 milhões por semana.
O Kremlin há muito tempo que obteve informações de que o petróleo a partir de territórios capturados pelo EI na Síria estava sendo transportado para a Turquia. Quando as Forças Aerospaciais russas começaram a realizar mais ataques contra a infraestrutura do EI, isso não poderia ser ignorado por Ancara.
De acordo com o Bild, a política turca em relação aos jihadistas não é completamente transparente: embora Ancara tenha dado aos americanos a oportunidade de usar a base aérea do país para o lançamento de ataques contra as posições do EI, Erdogan permite que os terroristas cruzem a fronteira para a Síria sem obstáculos.
Ao mesmo tempo, observa o Bild, a Turquia não é o único país que está fazendo acordos sujos com os militantes islâmicos para obter lucro. O contrabando é igualmente realizado para a Jordânia e Curdistão, onde o mercado negro de petróleo do Estado Islâmico é florescente, afirmou Eckart Woertz, analista sênior do Centro de Barcelona para os Assuntos Internacionais.
O presidente russo, Vladimir Putin, depois de uma conferência de imprensa com o presidente francês, François Hollande, disse que quantidades significativas do petróleo procedentes das áreas controladas pelo EI na Síria estão sendo transportadas para a Turquia:
“Nós estamos falando sobre o abastecimento em escala industrial do petróleo dos territórios sírios capturados por terroristas — a partir dessas áreas exatas e não de quaisquer outras. E podemos observar a partir do ar, para onde os caminhões estão indo”, anunciou o presidente. “Eles estão se movendo para a Turquia, dia e noite.”
Fonte: Sputnik
Polícia italiana executa mandados de prisão em várias cidades da Itália e de Kosovo; grupo propagava ideologia jihadista
A polícia italiana deflagrou nesta terça-feira (1) uma operação contra cidadãos de Kosovo suspeitos de apologia ao terrorismo e ódio racial. Estão sendo executados mandados de prisão em várias cidades italianas e em Kosovo, com apoio das autoridades locais. Ao menos quatro pessoas foram presas.
O inquérito que levou à operação foi conduzida pela Direção Central da Polícia de Prevenção, a célula antiterrorista da Itália, e por dois núcleos da Divisão de Investigação Geral e Operações Especiais (Digos) de Brescia. Os agentes identificaram contatos de uma suposta organização terrorista que, através de sites e redes sociais, propagava a ideologia jihadista.
De acordo com os investigadores, o grupo já teria publicado fotos com armas em punho e os quatro detidos foram reconhecidos como extremistas declaradamente militantes do Estado Islâmico.
Os suspeitos de terrorismo presos na Itália haviam publicado ameaças contra o papa Francisco na internet, de acordo com as forças de segurança locais. “Lembrem-se que não haverá outro papa depois deste. Será o último”, é uma das mensagens difundidas pelo grupo detido.
Desde os atentados de 13 de novembro, em Paris, que deixaram 130 mortos, a Itália reforçou toda sua segurança, principalmente em Roma e no Vaticano. O país foi alvo de ameaças do Estado Islâmico, além de receber notificações sobre pacotes-bombas.
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse na semana passada que o mundo “está diante de um inimigo perigoso, o qual ninguém pode subestimar”. Neste sentido, o ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, apresentou medidas para monitorar todas as formas de comunicação oferecidas pelas novas tecnologias, inclusive o console da marca PlayStation. Assim como as redes sociais, o videogame estaria sendo usado por terroristas para transmissão de mensagens.
Em 12 de novembro, um dia antes da série de atentados em Paris, a Itália e várias nações europeias prenderam mais de 17 pessoas em uma megaoperação contra o terrorismo.
Dois ministros chineses ofereceram ajuda à Rússia, mostrando-se disponíveis para estender o swap cambial de quase 20 mil milhões de euros acordado entre os dois países em Outubro.
Dois ministros chineses ofereceram apoio à Rússia, numa altura em que a economia vizinha visa angariar apoio para o rublo, sem esgotar as reservas cambiais.
Segundo o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a China irá oferecer ajuda, se necessário, e está confiante que a Rússia vai superar as suas dificuldades económicas. Já o ministro do Comércio, Gao Hucheng, afirmou que a extensão do swap cambial entre as duas nações e a utilização crescente da divida chinesa para o comércio bilateral terão um grande impacto na ajuda à Rússia.
O rublo está a valorizar quase 5% face ao dólar, devido à disponibilidade demonstrada pela China, a segunda maior economia do mundo, para ajudar o país vizinho. A Rússia, o maior exportador de energia, viu a sua moeda cair 44% este ano, devido à desvalorização do petróleo nos mercados internacionais e às sanções impostas pela União Europeia e Estados Unidos, que penalizaram severamente a sua economia.
A China e a Rússia assinaram, em Outubro, uma linha de swap cambial (contrato de troca de divisas) a três anos de 150 mil milhões de yuans (cerca de 19,6 mil milhões de euros), um acordo que pode ser expandido com o consentimento de ambas as partes.
A China está a promover o yuan como uma alternativa ao dólar no comércio e finanças mundiais e o Banco da China assinou acordos de swap cambial com 28 outros bancos centrais para incentivar esta alteração. As reservas cambiais da China, de 3,89 biliões de dólares, são as maiores do mundo e comparam com a reserva russa de 374 mil milhões de dólares.
A Crimeia votou em 16/3/14 por uma esmagadora maioria a favor da reunificação desta península ucraniana à Rússia, em um referendo denunciado por Kiev e pelo Ocidente.
“Noventa e três por cento dos habitantes da Crimeia votaram neste domingo a favor de se integrar à Rússia, e 7% se pronunciaram a favor do status autônomo da Crimeia dentro da Ucrânia”, de acordo com uma pesquisa de boca de urna divulgada pelas autoridades separatistas da Crimeia.
A Crimeia foi historicamente parte da Rússia até que a União Soviética a cedeu à Ucrânia, em 1954, por decisão de Nikita Khrushchev. No entanto, Moscou manteve no porto de Sebastopol a base de sua frota no Mar Negro.
A população da região é, em sua maioria, de língua russa, e favorável à incorporação à Rússia. Já as minorias ucraniana e tártara, que representam 37% da população, haviam pedido o boicote do referendo.
Após a divulgação dos primeiros resultados, milhares de ucranianos saíram às ruas de Simferopol e Sebastopol para comemorar.
O primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksyonov, saudou imediatamente esta decisão histórica e anunciou que pedirá oficialmente na segunda-feira a anexação da região à Rússia.
“Obrigado a todos os que participaram do referendo e expressaram sua opção. Tomamos uma decisão muito importante que entrará para a história”, declarou Aksyonov em sua conta no Twitter.
“O Parlamento da Crimeia se reunirá na segunda-feira em sessão extraordinária para adotar uma candidatura oficial de integração à Federação da Rússia”, acrescentou.
Já a Casa Branca rejeitou os resultados do referendo e criticou as ações perigosas e desestabilizadoras de Moscou nesta crise.
“Este referendo é contrário à Constituição da Ucrânia, e a comunidade internacional não reconhecerá os resultados desta votação realizada sob ameaças de violência e intimidação por parte da intervenção militar russa que viola as leis internacionais”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
O referendo, apresentado como um exercício de democracia popular pelas autoridades separatistas e por Moscou, foi realizado na presença de milhares de soldados russos que controlam a região há duas semanas junto às milícias separatistas.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou em uma conversa por telefone com a chefe de governo alemão, Angela Merkel, que respeitaria “a escolha dos habitantes da Crimeia” e repetiu que o referendo estava em conformidade com o direito internacional.
Horas antes da divulgação dos primeiros resultados, a União Europeia condenou oficialmente o referendo, classificando-o de “ilegal e ilegítimo”, e anunciou que serão decididas sanções na segunda-feira.
As autoridades separatistas chegaram ao poder em Simferopol após a destituição em Kiev, no dia 22 de fevereiro, do presidente pró-russo Viktor Yanukovytch.
Os eleitores da Crimeia, 1,5 milhão de pessoas, deveriam optar entre “a reunificação com a Rússia como membro da Federação Russa” ou o retorno a um status de 1992, que nunca foi aplicado e que concede uma maior autonomia à região.
A opção de manter o status atual dentro da Ucrânia não fazia parte das opções.
– Bases ucranianas desbloqueadas –
Por sua vez, o ministro da Defesa interino da Ucrânia, Igor Teniukh, anunciou neste domingo que a Rússia aceitou levantar o bloqueio das bases militares da Ucrânia na Crimeia até o dia 21 de março.
Estas bases, que até agora estavam bloqueadas pelas forças russas ou pró-russas e cujo abastecimento se tornou difícil, poderão reconstituir suas reservas durante este período de tempo, indicou o ministro.
Teniukh acrescentou que as tropas ucranianas na Crimeia seguiam em estado de alerta, mas que no local a situação era calma.
Por sua vez, a tensão parecia se intensificar no leste da Ucrânia, onde manifestantes pró-russos entraram nas sedes do Ministério Público e dos serviços especiais (SBU) na cidade de língua russa de Donetsk, após uma manifestação a favor da anexação da Crimeia à Rússia.
Os manifestantes invadiram os dois edifícios sem encontrar grande resistência por parte das forças de segurança. Eles exigem a libertação de seu líder, o autoproclamado “governador” Pavlo Gubarev.
Neste contexto, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, pediu à OSCE o envio urgente de observadores no leste e no sul da Ucrânia, incluindo na Crimeia.
“O mandato deve ser ampliado ao leste e ao sul da Ucrânia, incluindo a Crimeia”, declarou Yatseniuk, segundo um comunicado do governo. “Espero que esta decisão seja votada durante uma reunião extraordinária da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE)”, acrescentou.
O governo ucraniano não para de repetir que o referendo na Crimeia é ilegal e anticonstitucional, mas não tem meios para se opor a ele.
Os países ocidentais classificaram de ilegítimo o referendo. Também advertiram que o resultado não será reconhecido em nível internacional e que estão dispostos a aplicar sanções contra a Rússia
Fonte: Yahoo
EUA estão incomodados com ação militar russa na Ucrânia, diz Obama
Soldados russos assumiram o controle de regiões na Crimeia.
Presidente deposto Viktor Yanukovich reapareceu na Rússia.
A Ucrânia se “encontra à beira do desastre”, após a “declaração de guerra” feita pela Rússia, declarou neste domingo o primeiro-ministro Arsenii Iatseniuk. “É o alerta vermelho. Não é uma ameaça, é, na verdade, uma declaração de guerra ao meu país”, disse.
“Nós pedimos para que o presidente Putin retire suas forças armadas e cumpra suas obrigações internacionais, assim como os acordos bilaterais e multilaterais entre a Rússia e a Ucrânia”, acrescentou.
“Se o presidente russo quer ser o presidente que iniciou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, entre a Ucrânia e a Rússia, ele está perto de alcançar este objetivo. Estamos à beira do desastre”, disse Iatseniuk, falando em inglês durante um pronunciamento para a imprensa no Parlamento.
“A Rússia não tinha qualquer razão para invadir a Ucrânia e nós acreditamos que nossos parceiros, assim como toda a comunidade internacional, apoiarão a manutenção da integralidade do território ucraniano, e farão o possível para impedir este conflito militar provocado pela Rússia”, afirmou.
A Ucrânia anunciou neste domingo a convocação de seus reservistas após a ameaça russa de intervenção militar em seu território.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, alertou este domingo a Rússia de que se arrisca a perder o seu lugar no prestigiado grupo dos oito devido ao envio de tropas para a república ucraniana da Crimeia.
O presidente (russo) Vladimir Putin, “pode não ter (cimeira do) G8 em Sochi, pode mesmo não continuar no seio do G8 se isto continuar”, advertiu Kerry em declarações à televisão norte-americana NBC.
Antes, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e da França anunciaram terem decidido suspender a sua participação nas reuniões preparatórias da cimeira do Grupo dos oito (os sete países mais industrializados – Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Japão – e a Rússia), prevista para decorrer em junho na cidade russa de Sochi.
“O Reino Unido vai juntar-se a outros países do G8 suspendendo a sua cooperação sob a égide do G8, presidido este ano pela Rússia, o que inclui as reuniões desta semana para a preparação da cimeira do G8”, disse o chefe da diplomacia britânica à cadeia televisiva Sky News, antes de partir para Kiev.
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, disse que a França espera que sejam suspensas “as reuniões de preparação do G8”, reagindo à situação de tensão entre Kiev e Moscovo, depois da câmara alta do parlamento russo ter aprovado no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar “o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia”.
O Canadá, por sua vez, decidiu mesmo suspender a sua participação na cimeira. Além disso, retirou o seu embaixador na Rússia, em protesto pela intervenção militar russa na Ucrânia, e solicitou a Moscovo que “retire imediatamente” as suas tropas daquele país.
Ucrânia: presença de tropas russas gera ameaça de guerra
Segundo as agências internacionais de notícias, homens armados assumiram o controle de dois aeroportos na região da Crimeia nesta sexta, uma situação que os novos líderes da Ucrânia descreveram como uma invasão por parte de forças russas. Ao mesmo tempo, o presidente deposto Viktor Yanukovich reapareceu na Rússia depois de uma semana foragido.
“Qualquer violação na soberania da Ucrânia será profundamente desestabilizadora”, disse Obama. “Os EUA vão estar ao lado da comunidade internacional afirmando que haverá custos para qualquer intervenção militar na Ucrânia”, acrescentou o presidente americano.
“Estamos agora profundamente incomodados com os relatos de movimentações militares feitos pela Federação Russa dentro da Ucrânia”, disse Obama a jornalistas na Casa Branca.
O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchinov, pediu nesta sexta que o presidente russo, Vladimir Putin, “pare imediatamente com sua agressão não dissimulada e retire seus militares da Crimeia”, em declarações transmitidas pela televisão.
Turchinov denunciou uma provocação de Moscou, pois, segundo ele, “provoca-se o conflito e, em seguida, anexa-se o território”. Ele fez uma comparação dessa situação com a intervenção da Rússia na Geórgia em 2008.
Nesta sexta, pelo menos 20 homens vestindo o uniforme da frota russa do Mar Negro e armados com rifles cercaram um posto de fronteira da Ucrânia, perto da cidade portuária de Sebastopol, na região ucraniana da Crimeia.
De acordo com a Reuters, um representante da Turchinov na Crimeia disse que 13 aeronaves russas desembarcaram na península do Mar Negro com 150 pessoas a bordo cada uma. Mais de 10 helicópteros militares russos sobrevoaram a Crimeia e militares russos bloquearam uma unidade da guarda de fronteira ucraniana na cidade portuária de Sevastopol, disse o guarda.
Embaixadora
A embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, pediu também nesta sexta o envio urgente de uma missão internacional de mediação para tentar acalamar a crise na região da Crimeia e pediu à Rússisia que volte atrás em relação a sua presenaça na região.
Ela também disse que o governo está “muito preocupado” com as informações de que há forças russas no território ucraniano e condenou “qualquer movimento” que busque “minar a integridade territorial” do país.
O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, denunciou ser vítima de um “golpe de Estado” em uma entrevista a uma emissora de TV ucraniana, segundo a agência russa Interfax.
“Os eventos testemunhados por nosso país e todo o mundo são um exemplo de um golpe Estado”, disse o presidente, segundo a Reuters.
Yanukovich também disse que não tem a intenção de renunciar nem de deixar o país, como disseram líderes da oposição. Ele ainda afirmou que todas as decisões tomadas pelo Parlamento neste sábado – inclusive a libertação imediata da líder oposicionista Yulia Tymoshenko – são ilegais.
O presidente ainda comparou a situação na Ucrânia com a tomada do poder pelos nazistas na Alemanha na década de 1930.
Na mesma entrevista, Yanukovich chamou os oposicionistas de “gângsters” e disse que não irá negociar com eles.
Yanukovich deixou Kiev neste sábado e seguiu para paradeiro desconhecido. O presidente não divulgou onde está, mas disse que vai permanecer no sudeste da Ucrânia.
Ganna German, uma de suas colaboradoras, disse que Yanukovytch está em Jarkiv, cidade do leste da Ucrânia, segundo a AFP. “O presidente cumpre com suas funções constitucionais. Vai falar hoje pela televisão em Jarkiv”, disse.
Com sua ausência da capital, sua casa, escritório e outros prédios do governo foram tomados pela oposição.
Um acordo entre assinado entre Yanukovich e os líderes da oposição nesta sexta-feira (21) determinou a realização de eleições presidenciais antecipadas no país e a volta à Constituição de 2004, que reduz os poderes presidenciais. O acordo também prevê a formação de um “governo de unidade”, em uma tentativa de solucionar a violenta crise política.
As Forças Armadas anunciaram em um comunicado que não irão se envolver na crise política.
Escritório tomado
Com sua ausência da capital, manifestantes tomaram o gabinete do presidente.
O manifestante Ostap Kryvdyk, que se descrevia como um comandante do protesto, afirmou que alguns membros do grupo entraram nos escritórios, mas não houve saques. “Vamos guardar o edifício até que o próximo presidente venha”, afirmou ele à Reuters. “Yanukovich nunca voltará.”
A residência do presidente fora de Kiev está sendo guardada por milícias de “autodefesa” formadas por manifestantes. Centenas de pessoas entraram no terreno, mas não no prédio.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, deixou claro para o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, em uma ligação telefônica, em 20/2/14, que o os EUA “estão preparados” para punir os funcionários responsáveis pela violência exercida contra os manifestantes nos protestos de oposição em Kiev, a capital da ex-república soviética.
“O vice-presidente condenou a violência contra os civis em Kiev e pediu que o presidente Yanukovich retire todas as forças de segurança das ruas, polícia, franco-atiradores, unidades militares e paramilitares, e as forças irregulares”, informou hoje a Casa Branca em comunicado.
Em Kiev, os enfrentamentos entre as forças de segurança e os manifestantes endureceram nos últimos dois dias e já ocorreram pelo menos 75 mortes, de acordo com os números oferecidos pelas autoridades de saúde do país.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, condenou hoje “o uso da força contra os civis por parte das forças de segurança” em Kiev, e pediu, mais uma vez, a retirada de todos estes homens armados.
“O povo da Ucrânia e a comunidade internacional farão com que os responsáveis pelo ocorrido prestem contas, e os Estados Unidos já começaram a adotar sanções contra os responsáveis pela violência”, disse Kerry, segundo um comunicado do Departamento de Estado.
Em 21/2/14, o governo americano anunciou a proibição da emissão de vistos de entrada para 20 funcionários da Ucrânia que são considerados responsáveis pela violência contra os manifestantes em Kiev.
Essa foi a segunda sanção dos Estados Unidos contra o governo ucraniano desde que começaram os protestos, depois que vistos já concedidos a vários nacionais do país do leste europeu, considerados responsáveis pelo uso da força contra os manifestantes, foram cancelados no final de janeiro.
“Não há tempo para os artifícios políticos. O presidente Yanukovich deve realizar negociações sérias com a oposição imediatamente para estabelecer um novo governo interino que tenha amplo apoio. Esta é a única maneira de começar as difíceis, porém necessárias, reformas constitucionais e econômicas que a Ucrânia necessita”, considerou Kerry.
E acrescentou: “Reafirmamos o compromisso dos Estados Unidos com o povo da Ucrânia e pedimos que todos os membros da comunidade internacional ajudem para que esse país recupere a estabilidade”.
Por outro lado, o Departamento de Defesa advertiu hoje que suas relações com a Ucrânia ficarão prejudicadas se o governo de Kiev decidir usar as Forças Armadas para reprimir os protestos contra o governo de Viktor Yanukovich.
O porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, revelou que o secretário de Defesa, Chuck Hagel, tentou ao longo de toda a semana falar com seu colega ucraniano, mas não foi atendido.
Devido a esta situação “incomum”, Kirby aproveitou sua entrevista coletiva de hoje para pedir que o governo de Yanukovich mantenha suas Forças Armadas nos quartéis e não as utilize para reprimir os protestos em todo o país.
Hoje, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que teme que a Ucrânia esteja cada vez mais perto de uma guerra civil entre os que apoiam uma maior aproximação com a União Europeia e as regiões mais favoráveis à Rússia.
O Parlamento ucraniano aprovou hoje uma resolução para evitar a utilização de tropas nos protestos e pôr fim às chamadas operações antiterroristas das forças de segurança, que utilizaram munição real e rifles contra civis.
Confrontos foram registrados em 19/1/14, ao fim de um protesto em Kiev que reuniu cerca de 200 mil opositores pró-europeus e desafiou as autoridades, após a adoção de novas leis reforçando as punições contra os manifestantes.
Quando a mobilização na Praça da Independência, também chamada de Maïdan, chegava ao fim, alguns manifestantes tentaram romper um cordão de segurança para chegar ao Parlamento e chegaram a entrar em furgões da polícia que bloqueavam o acesso. Eles incendiaram um dos veículos. As forças de segurança responderam com golpes de cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral, além de jatos d’água.
Pelo menos duas pessoas ficaram feridas nos confrontos, segundo um correspondente da AFP. O boxeador e líder da oposição Vitali Klitschko tentava acalmar os ânimos, pedindo que a multidão não provocasse a polícia.
Antes, por volta de 200 mil pessoas participaram pacificamente das manifestanções na Praça da Independência, desafiando as autoridades depois da proibição de qualquer ato público no centro de Kiev até 8 de março e das novas leis promulgadas na sexta-feira pelo presidente Viktor Yanukovytch, que introduzem ou reforçam as sanções contra os manifestantes.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, está a levar a cabo uma missão de conciliação junto do Presidente ucraniano, face à crise política que eclodiu no país, no final de Novembro, depois da recusa de Viktor Ianukovitch em assinar um acordo de associação.
Face a rumores de que o regime de Kiev exige uma contrapartida financeira maior, um porta-voz da Comissão Europeia, Olivier Bailly, esclareceu que “a prosperidade e o futuro da Ucrânia não podem ser submetidos a uma espécie de leilão para ver quem sobe mais o preço”.
“A situação na Ucrânia também é um tema quente no Parlamento Europeu (PE)”, refere a enviada da euronews, Natalia Richardson-Vikulina. “Reunidos em Estrasburgo, os eurodeputados estão chocados com o uso da força, mas também surpreendidos com a determinação com que o povo defende a integração europeia”, acrescentou.
Os parlamentares preparam uma resolução para a ser votada esta quinta-feira.
O eurodeputado socialista polaco, Marek Siwiec, disse não compreender “esta lógica de um passo para frente, dois para trás. Não vejo uma estratégia para avançar, mas enquanto a violência não atingir proporções que resultem num grande número de vítimas, exorto ambos os lados a encontrarem uma solução para o conflito”.
A eurodeputada dos Verdes alemã, Rebecca Harms, refere que “a resolução do PE pretende que haja uma maior presença política, um mais alto grau de responsabilização por parte da UE e do PE no que se passa em Kiev”.
Há nove anos, o então chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, telefonou para o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O assunto era a Ucrânia. Na ocasião, centenas de milhares tomavam as ruas de Kiev em protestos contra fraudes nas eleições presidenciais. Era a chamada Revolução Laranja. “Deixe-nos ajudar para que a situação não saia do controle”, disse Schröder. “Precisamos de uma Ucrânia democrática e pacífica.”
Em 2004, a Rússia estava ao lado de Viktor Yanukovytch, o candidato acusado de estar por trás das fraudes eleitorais. Putin chegou a parabenizá-lo pela vitória. No fim, Moscou deixou de interferir – os protestos continuaram pacificamente, e a eleição foi remarcada, consagrando a vitória da oposição. Só em 2010 Yanukovytch pôde se eleger presidente.
Até o momento, a atual chanceler federal alemã, Angela Merkel, ainda não telefonou a Putin para conversar sobre a crise ucraniana. Ela, no entanto, teria diversas razões para fazê-lo. A situação na Ucrânia é tão tensa quanto a de 2004. Centenas de milhares vão há semanas às ruas de Kiev, em protesto em prol de uma aproximação com a União Europeia.
A crise foi deflagrada, entre outros motivos, pela pressão da Rússia sobre a Ucrânia – Moscou ameaçou Kiev com restrições comerciais caso assinasse o tratado de associação à UE. O governo Yanukovytch acabou congelando o acordo e gerou o estopim para o início dos protestos.
Chance de ajudar
Alguns na Ucrânia desejam a participação da Alemanha em dois aspectos: Berlim poderia contribuir com o diálogo entre o presidente e a oposição, no intuito de evitar derramamento de sangue; ou atuar junto aos russos para que Moscou não exerça pressão sobre Kiev na questão da aproximação com a UE.
Jens Paulus, chefe da equipe para a Europa do Instituto Konrad Adenauer – ligado à União Democrata Cristã (CDU), o partido de Merkel – não acredita nessa iniciativa. “Acho esse papel intermediário, que sempre é esperado de nós, bastante difícil”, opina. “A Alemanha não pode e não deve exercer essa função.”
Entretanto, ele admite que a Alemanha conhece a Rússia “um pouco melhor” do que os outros países europeus. Berlim poderia, nas conversações sobre uma associação da Ucrânia à UE, contribuir para um melhor entendimento dos “interesses russos na região”.
Sabine Fischer, chefe da divisão de pesquisa sobre a CEI (Comunidade dos Estados Independentes) do instituto alemão SWP, também têm suas dúvidas. “Acho que, em todo caso, a Alemanha deve atuar juntamente com seus parceiros europeus para que não ocorram choques violentos entre os manifestantes e as forças de segurança”, diz a especialista. “Essa seria basicamente uma atividade mediadora.”
Na última semana, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, viajou a Kiev para participar de um encontro da Organização para a Segurança e Cooperação (OSCE). O ministro aproveitou a ocasião para visitar os manifestantes na Praça da Independência. Ele se encontrou com líderes da oposição, mas também com membros do governo.
Indignação russa
Sua passagem por Kiev acabou gerando indignação em Moscou. O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, e seu ministro do Exterior, Sergei Lavrov, acusaram Westerwelle de interferir nos assuntos internos da Ucrânia.
O governo alemão rejeitou as acusações. Mas a intenções de Berlim parecem ir mais além. Merkel estaria planejando se encontrar com o líder da oposição, Vitali Klitschko, em meados de dezembro, durante conferência da UE em Bruxelas, para dar-lhe um apoio moral. Os russos certamente não iriam apreciar muito essa atitude.
Parte da imprensa alemã, como o tradicional jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), vê a Ucrânia como um “peso nas relações Alemanha-Rússia”. Ao mesmo tempo, alguns analistas russos não concordam com essa observação.
Para Vladislav Belov, diretor do Centro de Estudos Alemães da Academia Russa de Ciências, Westerwelle estava em Kiev na condição de um ministro que está perto de deixar o cargo, e o significado de sua visita não deve ser superestimado.
Belov ressalta que Merkel já afirmou que Alemanha e Rússia não devem conversar em tons extremos sobre uma futura cooperação, ou seja, o debate não deve se basear nas opções “ou a Ucrânia se une à Europa ou à Rússia”.
A chanceler federal também já afirmou que vai tratar do assunto com Putin em seu próximo encontro, no início de 2014. Vladislav Belov também não acredita que as relações bilaterais entre os dois países deverão ser afetadas pela crise em Kiev.
Ucrânia: Procuradoria-geral inicia processo de pedido de extradição de Ianukovich
A procuradoria-geral da Ucrânia anunciou hoje o início do processo de pedido de extradição do deposto Presidente Viktor Ianukovich, que se refugiou na Rússia.
“A procuradoria-geral espera, depois de apresentar em breve o pedido [de extradição] a Moscovo, receber uma resposta positiva da procuradoria-geral da Federação Russa”, indica um comunicado.
O documento sublinha que “a realização de uma conferência de imprensa em Rostov-no-Don (cidade meridional russa) por parte do cidadão ucraniano Viktor Ianukovitch é uma confirmação do facto de que este se encontra noterritório da Federação Russa”.
Kiev recorda que o direito internacional e a Convenção Europeia sobre a entrega de pessoas que infringiram a lei (1957) regulam os processos de extradição entre a Ucrânia e a Rússia.
Entretanto, o procurador-geral, Oleg Majnitski, recordou que a justiça ucraniana autorizou a detenção do chefe de Estado deposto para ser processado penalmente.
“Foi parar à Rússia através da Crimeia com a ajuda de oficiais patriotas de um Estado desconhecido, depois de a Ucrânia já ter emitido um mandado de busca e captura internacional de Ianukovich”, explicou.
Há umas horas, a procuradoria-geral tinha adiantado que pediria a extradição de Ianukovich se se confirmasse oficialmente que se encontra em território da vizinha Rússia.
O comunicado oficial recorda que o Presidente deposto fugido é suspeito de assassínios em massa e premeditados e de abuso de poder e que a Justiça ucraniana já ordenara a sua detenção, bem como a de vários dos seus colaboradores mais próximos.
A Rada Suprema (parlamento) pediu esta semana ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que julgue Ianukovich e outros antigos altos responsáveis por crimes contra a humanidade.
As novas autoridades acusam-nos do “assassínio em massa” de cidadãos ucranianos “durante as ações de protesto maciças no período compreendido entre 21 de novembro de 2013 e 22 de fevereiro de 2014”.
Vladimir Putin, primeiro-ministro e ex-presidente da Rússia, ganhou folgadamente as eleições presidenciais do domingo, segundo os resultados oficiais parciais, vitória que seus rivais não demoraram a questionar. “Obrigado a todos que disseram ‘sim’ à Grande Rússia”, gritou Putin com lágrimas nos olhos perante dezenas de milhares de partidários, reunidos a dezenas de metros das muralhas do Kremlin.
O eventual presidente eleito afirmou que o povo da Rússia demonstrou saber “diferenciar os ares de mudança das tentativas de destruir o país”. “Vencemos!”, gritou no meio das aclamações de seus jovens seguidores.
Segundo informa a Comissão Eleitoral Central (CEC), com 96% dos votos apurados, o homem forte da Rússia obtém 64,22% dos emitidos, quase 43 milhões. Com este resultado, Putin, que já exerceu o cargo de presidente entre 2000 e 2008, seria o ganhador do pleito no primeiro turno.
“Não haverá segundo turno. Esta vitória estava clara há dois ou três meses”, disse o cineasta Stanislav Govorujin, chefe de campanha de Putin, em declarações ao vivo pela televisão logo após os primeiros resultados serem divulgados.
O líder do Partido Comunista da Rússia, Gennady Ziuganov, foi o segundo candidato mais votado, com 17,14%, segundo os dados da CEC. O terceiro lugar corresponde ao multimilionário Mikhail Prokhorov (7,47%), considerado uma das grandes surpresas da campanha presidencial russa ao se tratar de um candidato sem experiência política.
O ultranacionalista Vladimir Jirinovski, que participou de várias votações presidenciais nos últimos 20 anos, é quarto, com 6,24% dos sufrágios. O social-democrata Sergei Mironov, antigo presidente do Senado, é quinto e último com 3,80% dos votos emitidos.
Poucos minutos após se saber os primeiros resultados oficiais, o líder comunista negou a legitimidade destas eleições, que o chefe da campanha de Putin considerou “as mais limpas de toda a história da Rússia”. “Não vejo o sentido de felicitar ninguém. Com estas eleições perdemos todos. Limparam os pés com nossos cidadãos”, proclamou Ziuganov.
Ele acrescentou que “como candidato”, não pode “reconhecer o pleito realizado como limpo, justo nem honesto”. “A enorme máquina estatal, criminosa e corrupta, trabalhou a favor de um só candidato”, disse o líder comunista em alusão a Putin.
Enquanto isso, Prokhorov assegurou que “estas eleições não foram limpas” e adiantou que seus advogados já preparam o recurso perante os tribunais. Também questionou a vitória de Putin o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev ao duvidar que os dados oficiais preliminares reflitam as preferências reais dos cidadãos. “Há grandes dúvidas que estes (resultados) reflitam os ânimos da sociedade. Mas enquanto não houver falsificações maciças confirmadas é difícil fazer comentários”, disse Gorbachev.
Dezenas de caminhões e ônibus repletos de agentes das forças especiais da Polícia e soldados das tropas de Interior se encarregam de garantir a segurança em todo o centro de Moscou para prevenir protestos opositores. “Esta vitória não a cederemos a ninguém. Precisamos dela para que nosso país seja moderno, forte, e independente”, proclamou o atual presidente, Dmitri Medvedev, ao proclamar a vitória de Putin.
Para Mironov, no entanto, antigo amigo do homem forte da Rússia, Putin “não aguentará o prazo estabelecido pelo mandato presidencial”. Ziuganov também advertiu que as autoridades russas “não poderão governar como até agora”. “É necessário mudar profundamente o sistema eleitoral para que as eleições sejam justas”, advertiu Gorbachev, e insistiu que já antes do final do ano “é preciso realizar novas legislativas”.
No Cáucaso Norte, cuja pacificação os partidários de Putin citam entre suas principais conquistas, pelo menos três policiais morreram em um ataque guerrilheiro contra um colégio eleitoral no Daguestão.
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