Desfile de 7 de Setembro começa com gritos de “Fora Temer” e vaias
Em seu primeiro ato público depois da consumação do golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, o ilegítimo presidente da República, Michel Temer (PMDB), participou do desfile militar nesta quarta-feira, por ocasião do 7 de Setembro em comemoração aos 194 anos da independência, em Brasília. Ao chegar ao palanque oficial para dar início ao evento, Temer foi recebido por um sonoro “Fora Temer”.
Sem usar a faixa presidencial, Temer se posicionou no palanque ao lado da mulher Marcela, e do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Temendo os protesto, Temer também abriu mão da tradição de usar o Rolls Royce da Presidência da República, com uma capota conversível. Preferiu ir até o local num carro fechado.
A repressão também marca o evento. Seguranças que trabalham no desfile confiscaram uma bandeira de um grupo de estudantes com a palavra golpe e os informaram que eles seriam retirados das arquibancadas caso insistissem em algum tipo de manifestação crítica ao governo.
Assim como fizeram durante as Olimpíadas, seguranças retiraram um estudantes da arquibancada por estar com um adesivo “Fora, Temer” colado na camiseta.
Uma equipe de reportagem do UOL presenciou o fato e questionou os seguranças que disseram: “Se tiver manifestação contra o governo nós vamos retirar [os manifestantes da arquibancada]”.
“É um absurdo. É nossa liberdade de expressão”, afirmou Gabriela Almeida, ao UOL.
O feriado da Independência, quando tradicionalmente acontece o Grito dos Excluídos, promete manifestações em todo o País contra o golpe, o governo de Michel Temer, a retirada de direitos e em defesa da democracia.
“Fora Temer” marca o 7 de setembro em diversas cidades do país
Milhares de pessoas em todo o país foram às ruas para rechaçar o golpe contra a democracia neste 7 de Setembro, Dia da Independência. “Fora Temer” e “Nenhum direito a menos” foram as palavras de ordem das manifestações contra o governo usurpador de Michel Temer e por novas eleições.
A 22ª edição do Grito dos Excluídos, tradicional manifestação do 7 de setembro organizada pelo Fórum das Pastorais Sociais, centrais sindicais e entidades ligadas aos movimentos sociais, mobilizou pessoas em diversas cidades do país. Com o tema “Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata”, a manifestação protesta contra a desigualdade social, o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff e conclama a população para resistir à retirada de direitos sociais do governo usurpado de Michel Temer.
Em São Paulo, a mobilização começou nas primeiras horas da manhã. Convocado pela Central de Movimentos Populares, os manifestantes se concentram na Avenida Paulista, com apoio de entidades da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, como CTB, CUT, UNE, MST, MTSST, Movimento dos Atingidos por Barragens, entre outras.
A manifestação seguiu em marcha pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio em direção ao Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque do Ibirapuera.
Na Praça da Sé concentravam-se os manifestantes do ato do Grito dos Excluídos. Empunhando faixas e entoando palavras de ordem contra o golpe, os manifestantes iniciaram o ato.
“O grito, que este ano completa 22 anos em Aparecida, tem o objetivo de chamar a atenção para os problemas da falta de moradia, emprego, educação, imigrantes e refugiados”, afirmou o coordenador da Pastoral Operária, Paulo Pedine.
Da Praça da Sé, os manifestantes seguirão em marcha até a igreja da Paz, no Glicério, onde é realizado um trabalho de acolhimento a imigrantes e refugiados. O governo Temer suspendeu as negociações que mantinha com a União Europeia para receber famílias desalojados pela guerra civil na Síria.
Aconteceram manifestações também em Goiás, Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. Ao chegar para o desfile da 7 de Setembro, em Brasília, Temer ouviu um sono “Fora Temer” de populares que estavam na arquibancada.
Na explanada dos Ministérios, manifestantes ocuparam quatro das seis faixas durante o desfile. Parte dos manifestantes usou correntes de papel em um ato perto da Biblioteca Nacional, a cerca de três quilômetros de distância do palanque oficial, e empunhou o cartaz “independência ou golpe?”.
Em Goiânia, o ato aconteceu na Avenida Tocantins, onde lideranças dos movimentos sociais e políticas discursaram denunciando o golpe e repelindo as medidas do governo Temer.
Em Belo Horizonte, o ato Fora Temer teve início por volta das 9 horas na Praça Raul Soares. Em seguida, os manifestantes saíram em passeata gritando palavras de ordem contra o golpe.
Também houve ato em Juiz de Fora. O ato aconteceu entre a Avenida Rio Branco com a Rua Oscar Vidal e saíram em marcha pelas ruas da região central.
Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, manifestantes caminharam pelas ruas do Centro Histórico na Serra do Rio, ao som de “Fora Temer”.
Em Belém do Pará, manifestantes se concentraram na Praça Santuário, onde realizaram um ato ecumênico. “O Grito esse ano incorpora todas as bandeiras: defesa da democracia, dos direitos e contra o golpe”, disse Alberto Pimentel, da coordenação do Grito dos Excluídos.
Adma Monteiro, da Frente Brasil Popular, ressaltou que o foco é a luta pela democracia. “Essa mobilização no Grito, no Brasil todo, será o primeiro ato nacional depois do golpe consumado”, disse. “A nossa pauta é ‘Fora Temer, nenhum direito a menos’. Desde que ele assumiu provisoriamente ele vem retirando direitos, a começar dos ministérios que atendem questões sociais. Pedimos a reforma profunda do sistema político, porque mesmo que a gente consiga ‘diretas já’, a eleição não resolverá o problema: o sistema político brasileiro está sequestrado pelas grandes corporações econômicas. Precisamos de reforma democrática e popular para garantir os direitos de todos”, completou.
No Recife, Pernambuco, mais de 20 mil se concentraram na Praça do Derby. Os manifestantes saíram em marcha até a Praça da Independência, fechando várias vias da área central da cidade. O percurso inclui as avenidas Agamenon Magalhães, Governador Carlos de Lima Cavalcanti e Conde da Boa Vista.
Fonte: Portal Vermelho
Manifestação contra Temer ocupa a Avenida Paulista em 4/9/16
Desde que o impeachment foi aprovado, movimentos em defesa da democracia, contra o golpe e o governo Michel Temer saem às ruas do país. Neste domingo (04), a maior manifestação acontece em São Paulo, na Avenida Paulista, que já foi palco da truculência da Polícia na última quarta. O ato ocorre um dia após Temer tentar deslegitimar os protestos, alegando que não são “democráticos” e resumindo-os a “40 pessoas que quebram carro”.
Depois de negociação com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a mobilização ocorre a partir das 16h30, com concentração no vão livre do Masp. A manifestação estava agendada para as 14h, mas foi remanejada após o governo Geraldo Alckmin tentar barrá-la, por causa da passagem da tocha paralímpica pela cidade.
“Aceitamos a alteração de horário para deixar claro de que lado está a intransigência e não dar pretexto à repressão da Polícia Militar. O ato ocorrerá no domingo (amanhã), na Avenida Paulista (Masp), conforme a definição dos movimentos”, afirma a nota das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que convocaram o evento, junto com o Levante Popular da Juventude.
Pelas redes sociais, mais de 30 mil pessoas confirmaram participação nos protesos da Paulista. “A grande adesão, com a confirmação de cerca de 30 mil pessoas mobilizadas pelas redes sociais e pelos movimentos sociais, fez com que os governos Alckmin e Temer recuassem da tentativa de proibir a manifestação popular”, diz texto divulgado pela Central de Movimentos Populares (CMP).
Para Raimundo Bonfim, coordenador da CMP, um governo ilegítimo não tem moral para tentar impedir manifestações democráticas e por direitos. “Não tem arrego e não aceitaremos repressão. Não sairemos das ruas enquanto não derrubarmos o governo golpista de Michel Temer.”
Desde que o impeachment foi aprovado, as manifestações têm sido marcadas por agressões da PM, especialmente aos jornalistas da mídia alternativa. “Você tem agora exemplos de jornalistas que foram vitimados pela violência policial. Como foi que em 2013 as manifestações de rua passaram a ganhar força? Foi justamente por esses fatos. Você teve casos de jornalistas que apanharam da polícia e estavam lá para cobrir as manifestações, e a própria classe jornalística começou a dar audiência nisso”, afirma o cientista político Rafael Araújo, professor da PUC-SP e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo terá plantão neste domingo (4), a partir das 16h30. No caso de qualquer ocorrência contra os profissionais que cobrem o protesto contra o impeachment no dia 4 de setembro, haverá diretores de plantão no Sindicato para o recebimento de denúncias e para prestar apoio aos trabalhadores (as). As ocorrências devem ser comunicadas pelo telefone (11) 3217-6298 ou pelo celular/Whatsapp (11) 99461-5136.
Cariocas vão às ruas contra Temer
Milhares de pessoas foram às ruas do Rio de Janeiro, pedindo a saída de Michel Temer da presidência da República e eleições diretas já, quatro dias depois do impeachment de Dilma Rousseff.
O túnel novo que liga Botafogo a Copacabana foi tomado pelo protesto, conforme vídeo abaixo publicado pelo Mídia Ninja. A multidão se concentrou em frente ao hotel Copacabana Palace e caminhou na Avenida Atlântica até o antigo Canecão, onde está o movimento Ocupa MinC.
O ato é organizado pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúne dezenas de movimentos sociais, que estimam cerca de duas mil pessoas no protesto. Confira as fotos e o vídeo abaixo, publicado pela Mídia Ninja
Do Portal Vermelho, com Brasil 247 e Mídia Ninja
Festival de Gramado termina com protesto contra Temer
O 44º Festival de Cinema de Gramado foi encerrado em 3/9/16 com a entrega do prêmio Kikito para os melhores filmes da mostra competitiva. O grande vencedor foi o filme “Barata Ribeiro, 716”, que levou os prêmios de melhor filme, direção (Domingos Oliveira) e trilha musical. No entanto, um festival que abriu com protesto contra o então ainda governo interino de Michel Temer no filme “Aquarius”, não poderia se encerrar sem manifestações políticas.
Paulo Tiefenthaler, que recebeu o kikito de melhor ator por “O Roubo da Taça”, fez críticas ao agora efetivo governo e incluiu o bordão “Fora Temer” em seus discurso.
Gui Campos, do curta Rosinha, subiu ao palco com faixas pedindo “Diretas Já” e “Resistir Sempre”. “Nós aqui presentes nos pronunciamos contra o golpe e a favor da democracia brasileira”, disse ele.
Parte do público apoiou a manifestação de Campos e se uniu a ele em um coro de “Fora Temer”. O público também participou do protesto contra o governo ao vaiar a aparição do logo do Ministério da Cultura durante o anúncio dos patrocinadores.
Fonte: Brasil 247
Parlamentares acionam MPF para barrar repressão em atos contra Temer
Deputados e senadores do PT deram entrada em numa representação junto ao Ministério Público Federal (MPF) para garantir o direito de manifestação da população brasileira, diante dos atos que estão sendo programados para se realizarem contra o governo Michel Temer, sobretudo em São Paulo.
A representação é assinada pelos deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP) e o senador Humberto Costa (PT-PE). Eles argumentam que o pedido de providências se dá devido à determinação de Temer para atuação das Forças Armadas na Avenida Paulista e a tentativa de proibição de protestos na capital paulista imposta pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que ontem mesmo recuou e aceitou negociar com os movimentos. Ficou acertado que a manifestação deste domingo na Avenida Paulista se realizará a partir de 16h30, depois do evento da tocha paralímpica.
Mas na noite de sexta (2), a polícia e os manifestantes voltaram a se enfrentar em São Paulo, pelo quinto dia consecutivo, quando a PM impediu que os manifestantes concentrados no Largo da Batata, para o ato #Fora Temer! Não queremos nenhuma chibata! Queremos decidir nosso futuro!, organizado por mulheres negras, saísse em passeata. A reportagem da Mídia Ninja mostrou um grupo que se dispersou e chegou a bloquear o trânsito da Marginal Pinheiros, passando depois por dentro do terminal de ônibus da estação Pinheiros. Oito pessoas foram presas, e quatro ainda continuavam detidas
Regime autoritário?
Na peça jurídica encaminhada pelos parlamentares ao MPF, Pimenta, Damous, Teixeira e Costa afirmam que “a proibição de manifestações políticas, bem como a utilização excessiva de violência para coibi-las, é postura própria de regimes autoritários, que não têm legitimidade eleitoral e que dilaceram a soberania popular. A liberdade de expressão é direito fundamental inerente a democracia”.
Segundo Paulo Pimenta, além do MPF, eles estão encaminhando a representação também para a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, a Ordem dos Advogados do Brasil e as organizações de Direitos Humanos da OEA e ONU, na próxima semana (antes do feriado de 7 de setembro, onde estas manifestações tendem a ser observadas em todo o país).
‘Autoritarismo e repressão’
“Precisamos acabar com esse autoritarismo e a repressão violenta do governo Temer. Já não basta o golpe que remete a 1964, agora é preciso também perseguir, censurar e atacar quem luta pela democracia em nosso país?”, questionou o deputado Pimenta, assinalando que esse caráter autoritário e repressivo do governo Temer decorre da falta de legitimidade e apoio popular.
Pimenta disse, ainda, que especialmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul têm sido inúmeros os episódios que levam à constatação de uma crescente onda de violência empregada pelas forças do Estado, o que qualifica como “situação extremamente grave e preocupante”.
Segundo o parlamentar, em maio, o governo Temer editou a Medida Provisória 726/2016, que trata como área de Segurança Nacional qualquer local onde o presidente da República e seus familiares estiverem ou “possam vir a estar”. “Isso precisa ser combatido, é uma nítida forma de calar a voz das ruas. Vamos combater as regras impostas por essa MP no Legislativo e por meio de instrumentos como a representação, junto a todos os órgãos competentes”, afirmou.
Fonte: Portal Vermelho
Página da reunião do G20 é inundada por mensagens de “Fora, Temer”
Milhares de brasileiros e brasileiras indignados com o golpe de Estado que levou ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff e empossou Michel Temer estão inundando a página oficial do encontro do G20, que ocorre na China, com mensagens de repúdio aos golpistas.
São mais de 100 mil mensagens em apenas uma foto, entre vomitaços, a hashtag #ForaTemer, denúncias em inglês e português sobre o golpe articulado por Temer e textos que reafirmam, ao contrário do que diz o governo ilegítimo, de que se trata, sim, de um ato antidemocrático contra o voto de 54 milhões de brasileiros.
Em entrevista à imprensa brasileira na China, Temer afirmou que o “Fora, Temer” era um movimento “de 40 pessoas que quebram carros”.
Fonte: Portal Vermelho
O Senado ratificou, hoje, o que estava claro durante todo o processo do impeachment desde a sua abertura, tanto entre os políticos quanto nas ruas, muito diferente do ocorrido em 1992, com Fernando Collor, quando havia unanimidade em torno de sua condenação, em todos os bares, lares e em todas as cabeças.
Havia, no caso atual, todos os sinais, desde o início do processo, há nove meses de que os motivos apresentados – assinatura de decretos de gastos suplementares e o Plano Safra – estavam longe de convencer a todos que 1) eram crimes e 2) eram crimes tão graves a ponto de afastar uma presidente da República do cargo.
No entanto, apesar das dúvidas evidentes em todas as fases o processo foi adiante, embora muito mais fundamentado em elementos políticos do que em jurídicos, arranhando seriamente o texto da constituição que obriga que só se afaste um presidente da República quando há crimes muito bem definidos.
Durante todos os debates, mesmo os que defendiam ardorosamente a deposição dela concordavam numa coisa: que ela é uma mulher honrada e honesta.
É uma contradição e tanto: não se pode ser ao mesmo tempo honrada e honesta e ser criminosa.
Hoje, no dia da votação final, mais uma vez a dúvida voltou à tona. Quando a sentença foi dividida em duas partes, graças a um pedido do PT, que obrigou os senadores a votarem, em primeiro lugar se a presidente deveria ser afastada e, em segundo, se perderia seus direitos políticos e proibição de exercer qualquer atividade pública, os defensores do impeachment ficaram preocupados e tentaram de todas as maneiras derrotar a presidente dos dois quesitos. Em vão.
Na votação do afastamento alcançaram vitória fácil, por 61 a 20, mas, na segunda votação, quando, surpreendentemente, Renan Calheiros declarou-se publicamente a favor de Dilma, os golpistas obtiveram apenas 42 votos contra 36, insuficientes para consumar o golpe por inteiro.
A decepção de Aloysio Nunes Ferreira e de Cássio Cunha Lima foi notória. Ambos queriam esmagar a adversária mais ou menos ao estilo do que os portugueses fizeram com Tiradentes. Não só vão levar um escracho de Temer, principalmente Aloysio, seu líder no Senado – que, por esse motivo, pode até cair – como ganharam uma adversária poderosa.
A primeira consequência é que a defesa ganhou mais um argumento para questionar o resultado, pois verificou-se a existência de dúvida e a legislação é clara a respeito: in dubio pro réu.
A segunda consequência é que Temer fica fragilizado com essa vitória pela metade já que, mantendo seus direitos políticos, Dilma poderá começar amanhã mesmo uma campanha pelo plebiscito e pelas Diretas Já e se torna ainda uma forte candidata para 2018, caso a Lava Jato invista mais fortemente contra Lula, impedindo-o de concorrer.
Se não for candidata a presidente, Dilma poderá concorrer ao Senado, à Câmara dos Deputados, ao governo de seu estado, ou seja, ela não sai completamente derrotada como Collor em 92, muito em função de sua insistência em não renunciar.
E, ao lado de Lula, torna-se a maior líder de oposição a Temer.
O embate político vai extrapolar, sem dúvida, para as ruas que, além do mote “Fora Temer” terão condições de também levantar cartazes “Volta Dilma”.
Getúlio, em quem ela se inspira, ao dar um tiro no coração escreveu que saía da vida para entrar na história. Dilma sai da presidência para entrar na oposição a Temer.
Ou seja: Dilma sai do impeachment mais forte do que entrou.
Os golpistas alcançaram o objetivo: o Senado da República, convertido num tribunal de exceção, aprovou o impeachment da Presidente Dilma sem crime de responsabilidade, em total afronta à Constituição e ao Estado de Direito.
Esta decisão imposta por uma maioria do Senado não surpreende, porque este processo kafkiano não passou de um jogo de cartas marcadas; de uma farsa montada com pretextos ridículos para dar ares de normalidade a um crime perpetrado contra a democracia.
À medida em que o golpe foi avançando e parlamentares foram sendo comprados com cargos e promessas de favores e a mídia e setores do judiciário foram blindando a trama golpista, os canalhas foram abandonando a parcimônia e a dissimulação.
Eles se sentiram desobrigados de conspirar nas sombras, escondidos; abandonaram o disfarce da falsa imparcialidade e assumiram abertamente a conspiração.
O mundo inteiro ficou conhecendo as entranhas de um golpe que teve falsificação de peças de acusação por militantes partidários disfarçados de funcionários públicos, de “técnicos do Tribunal de Contas”.
Quando os pretextos contábeis dos falsos “técnicos do Tribunal de Contas” foram desmascarados, os golpistas abandonaram o discurso cínico que encobria a falta de motivo legal para cassar o mandato da Presidente, e assumiram que condenam Dilma pelo chamado “conjunto da obra” – ou seja, pelo fato de ser uma mulher, nacional-desenvolvimentista e de esquerda.
O usurpador Michel Temer, sócio do Cunha na conspiração e principal beneficiário do golpe, revelou a injustiça de um julgamento que não se ampara nos fundamentos exigidos pela Constituição e pela Justiça, mas que é parte de uma violência desferida por uma matilha parlamentar que assume a característica de uma maioria fascista: “o impeachment depende da avaliação política – não uma avaliação jurídica – que o Senado está fazendo”.
O golpe de Estado, agora formalmente consagrado pela decisão de 61 senadores e senadoras – quase todos investigados e processados por corrupção e outros crimes – mergulha o país no abismo do arbítrio.
A democracia foi abastardada, a Constituição foi violentada. Os personagens donos dos métodos e das visões mais abomináveis da política brasileira, assaltaram o poder para impor uma agenda de retrocessos e de entrega da soberania nacional.
O golpe não é apenas contra uma mulher digna e inocente, mas é sobretudo um golpe contra a democracia e o Estado de Direito, desfechado para permitir a restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária.
É um golpe contra o capítulo dos direitos sociais da Constituição de 1988; contra o povo pobre, as mulheres, as juventudes, os trabalhadores, os camponeses, os índios, os povos das florestas.
É um golpe para entregar o pré-sal, as terras, as riquezas, os alimentos e os minérios do povo brasileiro ao capital estrangeiro.
É um golpe para desarticular a América do Sul, para desintegrar a América Latina e retomar uma política externa mesquinha, de sujeição dos interesses do povo brasileiro aos caprichos das metrópoles dominantes.
O governo usurpador não tem legitimidade para comandar o país, e menos legitimidade ainda para impor a agenda entreguista e de retrocessos que foi derrotada nas quatro últimas eleições presidenciais e que será derrotada novamente se submetida ao sufrágio popular.
O Brasil não pode ser comandado por um governo fundado na usurpação e na associação criminosa de canalhas golpistas que vivem no esgoto da história.
Depois de 52 anos, o Brasil novamente é vítima de uma oligarquia golpista que vandaliza a democracia para usurpar o mandato soberano de uma Presidente eleita por 54.501.118 brasileiros e brasileiras.
O governo usurpador que nasce neste 31 de agosto de 2016 não será aceito, não será reconhecido pelo povo e será combatido sem tréguas. É um governo ilegítimo. Só nova eleição restaura o Estado de Direito depois deste atentado à democracia.
Eleição já! Fora Temer usurpador!
Fonte: Brasil247
Atos contra Temer têm bombas na Consolação
Polícia jogou bombas contra manifestantes na Consolação.
Grupo a favor do impeachment festejou saída com bolo em frente a Fiesp.
Duas manifestações, uma contra o impeachment de Dilma Rousseff e outra a favor da saída dela da presidência e à posse do presidente Michel Temer, fecharam a Avenida Paulista na noite desta quarta-feira (31). Pelo terceiro dia consecutivo, protestos contra Temer tiveram confrontos entre manifestantes e a Polícia Militar. De acordo com a corporação, um policial ficou ferido.
O grupo contrário a Dilma Rousseff comemorou com bolo e champagne em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Este grupo fechou a Paulista no sentido Paraíso. O grupo a favor de Dilma e contra Michel Temer se reuniu em frente ao Masp e seguiu em direção à Rua da Consolação, onde a Polícia Militar jogou bombas em manifestantes.
Em nota, a PM informou que, “por volta das 20h30, o grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras na Rua da Consolação, quando foi necessária intervenção da Polícia Militar”. O comunicado acrescenta que um PM “foi ferido e levado para atendimento médico”.
Agências bancárias e pontos de ônibus foram atacados. Até uma viatura da Polícia Civil foi depredada pelos manifestantes.
Por volta de 20h, o grupo contrário ao impeachment deixou a frente do Masp e passou a caminhar em sentido da Rua da Consolação. A intenção foi descer até a Praça Roosevelt, no Centro. O outro grupo, que apoia a saída de Dilma, seguiu na Paulista.
O sentido Consolação da Paulista foi liberado por volta de 20h20.
Às 20h30, a Polícia Militar jogou bombas em direção a manifestantes que colocaram fogo em lixo na Praça Roosevelt fazer barricadas. De acordo com a GloboNews, manifestantes chegaram a jogar rojões contra policiais da Força Tática da PM.
Agências bancárias da região central tiveram vidraças quebradas pelos manifestantes. Na Praça da República, os manifestantes colocaram fogo em lixo e quebraram pontos de ônibus e vidraças de estabelecimentos comerciais.
Os manifestantes quebraram até uma viatura da PolíciaCivil que estava estacionada na região da República. A Polícia Militar reagiu a provocações e passou a jogar bombas de gás e efeito moral contra grupo de manifesantes na Avenida São Luís com a Rua da Consolação.
Às 21h15, dois caminhões da Tropa de Choque chegaram à Praça da República. Os policiais desceram com armas pesadas para dispersar os manifestantes. Um caminhão com jatos d’água foi acionado para afastar o grupo de manifestantes.
Rojões foram lançados em meio aos policiais da Tropa de Choque na Avenida São João, que revidaram com bombas de gás. Às 21h40 os policiais do Choque entraram em caminhões da corporação e deixaram o Centro. às 21h50 a estação República do Metrô, que ficou fechada durante a confusão, foi liberada.
Às 22h30, um grupo de manifestantes se reuniram e passaram a subir a Rua da Consolação. Eles caminharam por meio dos veículos que desciam no sentido Centro da via. Perto do Cemitério da Consolação, policiais usaram bombas para impedir a chegada à Paulista (veja o vídeo abaixo).
Polícia Militar joga bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestação na Rua da Consolação (Foto: GloboNews/Reprodução)
Protesto contra o presidente do Brasil, Michel Temer na região da Avenida Paulista, em São Paulo (SP), nesta quarta-feira (31) (Foto: N.M/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Brasil tem manifestações contra impeachment e celebração de grupos anti-Dilma
Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco registraram protestos
Além do RS, o impeachment da presidente Dilma Rousseff resultou em manifestações contra e a favor à decisão em diversos Estados brasileiros. Pelo menos 12 registraram movimentações nas ruas, como Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia e Santa Catarina, além do Distrito Federal. Saiba como foram as principais manifestações pelo país.
São Paulo
Na capital paulista, foram registrados atos contra e a favor à ex-presidente. Manifestantes contrários ao impeachment que se aglomeravam em frente ao Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo, iniciaram na noite desta quarta-feira uma marcha em direção à rua da Consolação. Os gritos de ordem foram “Não tem arrego” e “Fora Temer”. Às 19h30min, o protesto ocupou todas as oito faixas da Avenida Paulista em frente ao museu. Policiais militares lançaram mais de 10 bombas de gás lacrimogêneo em um intervalo de dois minutos contra os manifestantes que marchavam contra o impeachment na altura da esquina da Rua da Consolação com a Rua D. Antônia. Enquanto isso, em frente ao prédio da Fiesp, cerca de 50 pessoas comemoram o impedimento definitivo da presidente Dilma Rousseff. Dois bonecos gigantes foram inflados, um da presidente afastada Dilma Rousseff e outro de Renan Calheiros, presidente do Senado. Os manifestantes foram separados por um forte esquema de segurança formado por dois cordões de policiais militares próximos à rua Pamplona.
Rio de Janeiro
Manifestantes se reuniram no Rio de Janeiro em atos contra e a favor da aprovação do impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT) nesta quarta-feira. A polícia acompanhou os protestos, que seguiam pacíficos até as 19h30min. A partir das 17h, representantes de movimentos sociais e sindicatos se reuniram na Cinelândia, na região central, para protestar contra o impeachment. O ato foi promovido pela Frente Brasil Popular, que reúne mais de cem entidades e partidos políticos de esquerda. Segundo os organizadores, cerca de 2 mil pessoas participaram do ato. Em Copacabana, Zona Sul, integrantes de dois grupos que apoiam o impeachment se reuniram na orla, nas imediações do Posto 5, a partir das 18h. O Movimento Brasil Livre-RJ e o Vem pra Rua se concentraram para comemorar a saída definitiva de Dilma da presidência da República. Não houve divulgação do número de participantes. O ato seguia, pacífico, até o início da noite desta quarta-feira.
Brasília
Manifestantes contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff cantaram o hino nacional em frente ao Palácio da Alvorada logo após a aprovação do afastamento definitivo dela do cargo. Segundo a Polícia Militar, cerca de 150 pessoas com bandeiras do PT, da CUT e de movimentos sociais protestaram em frente ao Alvorada. Já no início da noite, um grupo de cerca de 300 pessoas, segundo a PM, fechou quatro vias do Eixo Monumental próximo ao Congresso Nacional, para protestar contra o impeachment de Dilma.
Recife
Manifestantes contrários ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff se reuniram na área central do Recife no início da noite. Por cerca de duas horas, eles ocuparam uma das principais vias do Recife, a Avenida Agamenon Magalhães. O grupo percorreu também outro importante corredor viário da cidade, a Avenida Conde da Boa Vista, até a Praça do Diário. O ato foi convocado inicialmente pela Frente Povo Sem Medo, entidade que reúne movimentos sociais e partidos de esquerda, para pedir a saída do presidente Michel Temer do cargo e também teve a participação da Frente Brasil Popular. Logo depois da confirmação do afastamento de Dilma no Congresso Nacional, o grupo de coordenação local do movimento Vem Pra Rua, uma das principais organizações a se mobilizar a favor do impeachment, soltou balões e fogos de artifício na orla de Boa Viagem, bairro da Zona Sul do Recife. Um grupo de cerca de dez pessoas vestiram verde e amarelo e traziam mensagens de apoio à Operação Lava Jato nas camisas.
Impeachment pode evoluir para golpe militar, diz teólogo
O teólogo Leonardo Boff contou à ANSA que teme que o afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado transforme-se em um “golpe militar”.
Foto: Getty Images
“Os riscos desse golpe parlamentar é que se transforme num golpe militar. Há consciência no povo, segundo a qual não se tolera mais um golpe para favorecer a classe dominante. Se a reação dos movimentos sociais for forte, o que se presume, os golpistas civis poderão chamar de novo os militares como fizeram em 1964”, destacou Boff.
Ainda segundo o teólogo, “os militares, a pretexto de preservar a ordem, podem começar a reprimir, perseguir, prender e, como se faz comumente nas prisões, torturar. Isso não é impossível pois, na Constituição, está que havendo ameaça à ordem pública eles legalmente podem intervir”.
Para Boff, toda essa ação foi causada pela “classe dominante”, que como não vencia as eleições presidenciais, “decidiu voltar ao poder sem o voto popular”. “Trata-se novamente de um golpe da classe dos privilegiados, dos 71 mil ultra-ricos que nunca aceitaram o PT, Lula e Dilma. Não aceitam uma democracia social para todos, mas só uma democracia para poucos, onde eles detêm o poder e decidem de costas ao povo”, diz ainda o teólogo.
Amigo do papa Francisco, Boff foi o primeiro a informar que o líder da Igreja Católica havia enviado uma carta à então presidente Dilma Rousseff, pouco antes do processo de afastamento ser concluído. Ele ainda confirmou que o Pontífice está acompanhando a situação no Brasil.
“Dilma se fez amiga do papa Francisco. Este aprendeu a amar o povo brasileiro, especialmente, após o encontro mundial da juventude no Rio de Janeiro. Ele recebeu uma delegação de alguns brasileiros à frente de uma conhecida jurista e uma famosa artista, Letícia Sabatella, e se solidarizou com a preservação da democracia”, ressaltou.
Sem citar o que estava escrito no documento, Boff disse, no entanto, que Dilma recebeu uma carta de apoio do Papa, mas por respeito a ele, não quis divulgar o conteúdo. “Mas sei que foi de condenação de um eventual golpe e o apoio da democracia de cunho social”, finalizou.
Fonte: Terra
Vizinhos sul-americanos têm evitado pronunciar-se sobre o processo em curso no Brasil, excepto os porta-vozes do “eixo bolivariano” que denunciam o “golpe contra a democracia”.América Latina desconfortável com o impeachmentde Dilma
Muito se tem especulado sobre uma nova tendência política na América Latina, onde estará em curso um movimento gradual de “troca” eleitoral de governos de esquerda e presidentes populistas por executivos conservadores conduzidos por personalidades menos impulsivas. Seria um novo “clube” regional teoricamente mais afável e tolerante para o novo Governo brasileiro liderado por Michel Temer, mas os líderes dos países vizinhos acompanharam o processo de impeachment desencadeado em Brasília com relativo desconforto: da direita à esquerda, ninguém aprecia o precedente aberto pelo Senado. Nem a insuspeita Organização dos Estados Americanos resistiu a manifestar a sua “preocupação” com os desenvolvimentos no Brasil.
A rival Argentina foi a primeira a reagir à suspensão de Dilma Rousseff e à posse de Michel Temer como Presidente interino do Brasil, numa nota oficial emitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Diante dos factos registados no Brasil, o Governo da Argentina manifesta que respeita o processo institucional em curso e confia que o desenlace da situação consolide a solidez da democracia brasileira. O Governo argentino continuará a dialogar com as autoridades constituídas com o propósito de avançar com o processo de integração bilateral e regional”, diz o comunicado, assinado pela ministra Susana Malcorra.
A mensagem, diplomática e cortês, pode ser interpretada como um tímido respaldo ao novo Governo de Temer, mas está longe de poder ser considerado um apoio explícito. O Presidente Mauricio Macri até tem sido um dos aliados do Brasil neste processo, agindo como contrapeso ideológico perante os ataques cerrados de outros presidentes como Evo Morales (Bolívia) e Nicolás Maduro (Venezuela), que nos fóruns regionais e outros organismos multilaterais não se têm cansado de gritar “golpe” em apoio a Dilma.
Mas o líder argentino já por diversas vezes exprimiu o seu nervosismo e preocupação com o possível impacte dos acontecimentos brasileiros no seu país: Macri receia que um período de turbulência e instabilidade venha a alastrar além fronteiras. A sua atenção está concentrada nas possíveis consequências para a balança comercial – o Brasil é o maior parceiro comercial da Argentina – num contexto de ajuste económico e frágil recuperação.
Mas não só. Além disso, “o Governo argentino está inquieto porque teme que o executivo de Temer seja frágil e instável”, notava El País, citando fontes que davam conta das reservas (veiculadas em privado) de Macri sobre a legitimidade política de um Governo não eleito e a idoneidade de um Presidente que é suspeito de corrupção. Sob pressão da rua, onde já se manifesta o descontentamento com a subida da taxa de inflação, o Presidente argentino sabe que o caso brasileiro dá força aos ataques do kirchnerismo contra a “vaga neoliberal” no continente.
Como observam vários analistas e comentadores políticos, o Brasil assumiu-se, sobretudo a partir da presidência de Lula da Silva, como o principal actor político da América Latina – é o país mais poderoso da América do Sul (só dois dos 12 países do continente, o Chile e o Equador, não fazem fronteira com o Brasil), com metade da população e 55% da actividade económica.
O seu papel de moderador era reconhecido por todos os líderes da região, independentemente das pequenas rivalidades internas: apesar de Dilma nunca ter sido capaz de replicar o carisma e a influência do seu antecessor, era ainda assim uma figura de referência em termos de projecção e representação internacional da posição sul-americana. No actual cenário de profunda crise política interna, nenhuma figura brasileira tem condições para desempenhar esse papel de interlocutor regional.
Enquanto os Presidentes da Argentina, do Chile ou da Colômbia têm optado por um tom mais neutro nas suas apreciações públicas e mantido uma certa discrição nas suas críticas ao processo de impeachment, já o chamado “eixo bolivariano” respondeu com estrondo às manobras para afastar Dilma, denunciando o “golpe contra a democracia” em curso no Brasil.
Entre repúdio e diplomacia, América do Sul reage à destituição de Dilma
A Venezuela “decidiu retirar definitivamente seu embaixador” no Brasil, Alberto Castellar, “e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido desse golpe parlamentar”, anunciou a Chancelaria venezuelana, em um comunicado.
No Twitter, o presidente Nicolás Maduro condenou o que chamou de “Golpe Oligárquico da direita”. Em maio, a Venezuela já havia convocado seu embaixador para consultas.
“Estamos em consultas porque há um governo usurpador lá, que ninguém escolheu”, denunciou Maduro, garantindo que os Estados Unidos estão por trás desse “golpe”.
“Hoje é um dia triste para a História do Brasil e da América Latina, porque se orquestrou um golpe de Estado agressivo da oligarquia (…) É contra a América Latina inteira e o Caribe. É contra nós, que lutamos pela justiça e pela igualdade”, manifestou.
Maduro contou que conversou por telefone com Dilma Rousseff, “com muito sentimento, com muito amor”, e disse a ela que a Venezuela não vai abandoná-la.
“A História ainda não terminou, e o Brasil conta com a Venezuela”, disse o presidente Maduro.
Outro aliado de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Equador retirou seu encarregado de negócios, Santiago Javier Chávez Pareja, até agora seu principal representante diplomático em Brasília.
Em maio, Quito já havia convocado para consultas seu embaixador no Brasil, Horacio Sevilla. Desde então, ele não voltou ao posto e, em junho passado, foi nomeado representante permanente do Equador na ONU.
O governo do Equador disse que a embaixada ficará a cargo do terceiro-secretário. Embora não tenha mencionado o congelamento das relações, advertiu que “provavelmente tenha algum tipo de afetação à relação bilateral”.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, também convocou para consultas seu embaixador no Brasil, após condenar o “golpe parlamentar”.
Na mesma linha, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) – na voz de seus membros Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua – condenou o “golpe de Estado parlamentar” no Brasil.
Segundo o representante suplente da Nicarágua, Luis Ezequiel Alvarado, isso demonstra “que as forças regressivas do hemisfério continuam trabalhando com o objetivo de desestabilizar e de provocar golpes de Estado contra os governos progressistas da região”.
Respeito ao processoAdotando uma postura mais moderada, o governo argentino de Mauricio Macri disse que “respeita” o processo de destituição de Dilma, por parte do Senado brasileiro, e “reafirma sua vontade de continuar pelo caminho de uma real e efetiva integração com base no absoluto respeito pelos direitos humanos, as instituições democráticas e o Direito Internacional”.
O mesmo tom foi adotado pelo governo do Chile, que se declarou “respeitoso” quanto à decisão e manifestou sua “confiança em que o Brasil resolverá seus próprios desafios, por meio de sua institucionalidade democrática”.
O Paraguai respeita a decisão tomada pelas instituições democráticas brasileiras e buscará aprofundar as relações políticas, econômicas e comerciais com a nova administração de Michel Temer, anunciou o chanceler Eladio Loizaga, em declarações à AFP.
“Para nós, foi uma decisão tomada pelas instituições democráticas brasileiras. Como tal, nós respeitamos”, afirmou Loizaga, na primeira reação do governo de seu país ao impeachment.
“Agora vamos buscar o aprofundamento das nossas relações em todo sentido: econômicas, comerciais, políticas”, completou o ministro das Relações Exteriores, acrescentando que o governo paraguaio “manteve relações mais do que cordiais nesse processo” com o Brasil.
O chanceler lembrou que os dois países têm empreendimentos comuns, entre eles o acordo para construir uma ponte de grande envergadura sobre o rio Paraguai.
Ao ser questionado sobre a decisão de Bolívia, Equador e Venezuela de retirar seus embaixadores de Brasília, respondeu: “São opiniões deles”.
Loizaga manifestou seu desejo de que essa decisão “ajude a acelerar uma saída para a crise que temos no Mercosul para avançar adiante”.
Cuba condena “energicamente” “golpe de Estado” contra Dilma
O governo de Cuba condenou “energicamente” nesta quarta-feira o “golpe de Estado parlamentar-judicial” contra a recém-destituída presidente Dilma Rousseff, e qualificou o processo de impeachment como outra expressão da ofensiva imperialista contra a América Latina e o Caribe.
Foto: Ismael Francisco/ Cubadebate
“O governo Revolucionário da República de Cuba rejeita energicamente o golpe de Estado parlamentar-judicial que se consumou contra a presidente Dilma Rousseff”, afirma uma nota divulgada nesta no site oficial da Chancelaria cubana.
O texto indica que a retirada de Dilma da Presidência “sem que se apresentasse nenhuma evidência de crimes de corrupção nem crimes de responsabilidade”, constitui “um ato de desacato à vontade soberana do povo que a elegeu”.
A extensa carta de apoio à ex-líder do Brasil, um dos principais aliados de Cuba na região, cita conquistas do governo de Dilma e do PT em temas como “a situação internacional em defesa da paz, o desenvolvimento, o meio ambiente e os programas contra a fome”.
Além disso, destaca os esforços do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma “para reformar o sistema político e ordenar o financiamento dos partidos e suas campanhas, assim como no apoio às investigações contra a corrupção que foram abertas e à independência das instituições encarregadas delas”.
Para o governo cubano, o ocorrido no Brasil é “outra expressão da ofensiva do imperialismo e da oligarquia contra os governos revolucionários e progressistas da América Latina e do Caribe, que ameaça a paz e a estabilidade das nações”.
“Cuba ratifica sua solidariedade com a presidente Dilma e o companheiro Lula, com o Partido dos Trabalhadores, e expressa sua confiança em que o povo brasileiro defenderá as conquistas sociais alcançadas, se oporá com determinação às políticas neoliberais que tentem impor a ele e ao despojo de seus recursos naturais”, conclui a nota.
O Senado brasileiro destituiu Dilma Rousseff por 61 votos a favor e 20 contra nesta quarta-feira, em decisão que também confirma como presidente Michel Temer, que seguirá no poder até o dia 1º de janeiro de 2019.
Le Monde: Impeachment da presidenta Dilma é golpe ou farsa
O jornal francês Le Monde, um dos mais influentes da Europa, publicou editorial neste fim de semana, em que afirma que o processo impeachment de Dilma Rousseff é “golpe ou farsa”, que vitima o povo brasileiro. O jornal avalia que, mesmo cometendo erros políticos e econômicos, não há argumentos legais para o seu afastamento da presidência. “Esse episódio não será glorioso para a posteridade da jovem democracia brasileira.”
“A ironia quis que a corrupção fizesse milhões de brasileiros saírem para as ruas nos últimos meses, mas que não fosse ela a causa da queda de Dilma Rousseff. Pior: os próprios arquitetos de sua derrocada não são santos”, diz um trecho.
“O homem que deu início ao processo de impeachment, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, é acusado de corrupção e de lavagem de dinheiro. A presidente do Brasil está sendo julgada por um Senado que tem um terço de seus representantes, segundo o site Congresso em Foco, como alvos de processos criminais. Ela será substituída por seu vice-presidente, Michel Temer, embora este seja considerado inelegível durante oito anos por ter ultrapassado o limite permitido de doações de campanha.”
O jornal também cita que a presidenta Dilma vem denunciando cotidianamente o papel da Rede Globo na mobilização do golpe de estado, “que atende a uma elite econômica preocupada em preservar seus interesses supostamente ameaçados pela sede de igualitarismo de seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT)”.
“Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros.”
Fonte: Portal Vermelho
Viggo Mortensen, Danny Glover, Susan Sarandon e outros artistas assinam manifesto contra impeachment no Brasil
Um grupo de intelectuais e artistas internacionais divulgaram nesta quarta um manifesto contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Assinam o comunicado, entre outros, os atores Danny Glover (’Máquina Mortífera’),Susan Sarandon (’Thelma & Louise’), Viggo Mortensen (’O Senhor dos Anéis’), além dos cineastas Oliver Stone (’Platoon’), Ken Loach (vencedor da última edição do Festival de Cannes) e do guitarrista Tom Morello, do Rage Against The Machine.
Leia abaixo o texto na íntegra:
“Nos solidarizamos com nossos colegas artistas e com todos aqueles que lutam pela democracia e justiça em todo o Brasil.
Estamos preocupados com o impeachment de motivação política da presidenta, o qual instalou um governo provisório não eleito. A base jurídica para o impeachment em curso é amplamente questionável e existem evidências convincentes mostrando que os principais promotores da campanha do impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados.
Lamentamos que o governo interino no Brasil tenha substituído um ministério diversificado, dirigido pela primeira presidente mulher, por um ministério compostos por homens brancos, em um país onde a maioria se identifica como negros ou pardos. Tal governo também eliminou o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Visto que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, estes acontecimentos são de grande importância para todos os que se preocupam com igualdade e direitos civis.
Esperamos que os senadores brasileiros respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram. O Brasil emergiu de uma ditadura há apenas 30 anos, e esses eventos podem atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas. O Brasil é uma grande potência regional e tem a maior economia da América Latina. Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem sucedido, as ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região.
Tariq Ali – Writer, journalist and filmmaker
Harry Belafonte – Civil rights activist, singer and actor
Noam Chomsky – Professor Emeritus of Linguistics at MIT, theorist and intellectual
Alan Cumming – Actor and author
Frances de la Tour – Actor
Deborah Eisenberg – Writer, actor and teacher
Brian Eno – Composer, singer, visual artist and record producer
Eve Ensler – Playwright, author of The Vagina Monologues
Stephen Fry – Broadcaster, actor, director.
Danny Glover – Actor and film director
Daniel Hunt – Music producer and filmmaker
Naomi Klein – Writer and filmmaker
Ken Loach – Filmmaker
Tom Morello – Musician
Viggo Mortensen – Actor and musician
Michael Ondaatje – Novelist and poet
Arundhati Roy – Author and activist
Susan Sarandon – Actor
John Sayles – Screenwriter, director and novelist
Wallace Shawn – Actor, playwright and comedian
Oliver Stone – Filmmaker
Vivienne Westwood – Fashion designer”
Fonte: Yahoo
PT recorre à OEA para denunciar: é golpe
Damous: ‘Entramos com o pedido de liminar para que a comissão examine o caso antes do julgamento’
Parlamentares do PT protocolaram na noite de terça-feira 9 uma representação contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Assinado pelos deputados petistas Wadih Damous (RJ), Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP), além do senador Telmário Mota (PDT-RR), o texto foi apresentado pouco antes de o plenário do Senado decidir, por 59 votos contra 21, que Dilma deve ser levada a julgamento final.
De acordo com o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB-RJ, o objetivo da medida é evitar o “dano irreparável” do impeachment.
CartaCapital: Por que essa representação foi protocolada só agora?
Wadih Damous: Para ingressar com um pedido de tutela na Comissão Interamericana de Direitos Humanos é preciso que as instâncias internas do País já estejam esgotadas. E não há mais a quem recorrer. O STF já disse que o processo é político e que não vai interferir.
O Senado ainda não terminou de julgar o mérito, mas nós não podemos esperar que o impeachment aconteça, como tudo indica que vai acontecer, porque isso vai causar um dano irreparável. Então nós entramos com o pedido de liminar para que a comissão examine o caso antes do julgamento do mérito.
CC: Quais são os pedidos?
WD: Paralisação do processo de impeachment, e que ela [Dilma] seja reconduzida à Presidência até que a comissão decida definitivamente. O organismo internacional da OEA é [acionado] para fazer valer o que está previsto nas convenções.
CC: Foi usada a palavra “golpe”?
WD: Sem sombra de dúvida. É golpe. Trata-se se um afastamento inconstitucional, de um presidente legitimamente eleito com milhões de votos diretos, e que está sendo afastado ilegalmente, sob alegação de um crime que não aconteceu.
Ela não respondeu a nenhuma ação penal, não foi condenada em nenhuma ação penal, e a Suprema Corte brasileira recusa-se a examinar o assunto porque entende que se trata de um processo estritamente político. No entendimento equivocado do Supremo, a interferência não é possível porque fere o princípio da separação de poderes.
CC: Há críticas ao Supremo nesse documento?
WD: Não são críticas, não se trata de crítica. Trata-se de uma constatação, uma descrição. Nós entendemos que o Supremo pode e deve se meter. Mas, já que a Corte não entende dessa forma, não nos resta outra alternativa a não ser procurar a Comissão Interamericana.
Fonte: Carta Capital
Dilma apresentará a carta aos brasileiros na próxima semana
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), informou, em 10/8/16, que a presidenta Dilma Rousseff deverá apresentar uma carta sua aos brasileiros em que esclarece o processo de impeachment e trata do plebiscito e que essa mensagem deve ser apresentada até 16/8/16
Na carta, segundo Humberto Costa, Dilma irá expôr seus sentimentos para a população brasileira e, naturalmente também, para o Senado Federal. “Ela deve fazer uma avaliação da conjuntura, avaliar o que esse movimento que aqui acontece, de impedimento, representa e quais as consequências para o Brasil disso que está se tentando fazer aqui”, afirmou Costa. Nesta quarta-feira, o líder do PT almoçou com Dilma no Palácio da Alvorada, junto com os outros senadores que votaram contra a pronúncia da presidenta.
De acordo com o senador, a decisão de Dilma de não apresentar a carta até a madrugada de hoje, quando ocorreu a votação em que os senadores decidiram por mandá-la a julgamento, não significa que ela tenha desistido ou que pretenda adotar tom de despedida no documento. “Ao contrário. [A carta] vir ontem [9], e nós não termos o resultado que esperávamos poderia ter a leitura de que a carta não teve nenhum papel. Eu acho que agora ela [carta] tem um papel, porque a posição definitiva de cada um vai ser tomada agora. E, a julgar pelas insatisfações que existem, acho que temos espaço para fazer com que a nossa votação cresça.”
Para o senador, a vitória dos governistas na terça (9) foi menos folgada do que se esperava, e isso significa que ainda há espaço para os dilmistas trabalharem pela reversão do impeachment. Humberto Costa informou que há um grupo de oito ou 10 senadores com os quais eles pretendem conversar mais intensamente para tentar mudar o voto.
A votação, já na madrugada desta quarta-feira (10) terminou com 59 votos a favor da pronúncia e 21 contra – o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou. No julgamento final de Dilma, serão necessários 54 votos para que ela seja definitivamente impedida.
Mesmo assim, o senador Humberto Costa analisa a possibilidade de absolvição da presidenta. O senador falou sobre a estratégia do governo eleito e dos parlamentares que defendem a democracia de reverter o quadro golpista que se impõe à nação e aos brasileiros.
Mobilizar o povo pelo plebiscito e derrotar o golpe da direita
O golpe midiático-judicial-parlamentar deu mais um passo na madrugada desta quarta-feira (10) quando o Senado aprovou a continuação do processo de impeachment contra a presidenta eleita Dilma Rousseff.
A aprovação do relatório fraudulento do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) desmascara o golpe e revela com mais força a natureza puramente política, e em nada jurídica, do afastamento da presidenta legítima e inocente.
Os golpistas atuam para impor seu programa antidemocrático, antipopular e antinacional, rejeitado em todas as eleições presidenciais desde 2002.
Impotentes para alcançar os votos populares necessários para seu projeto regressista recorrem ao voto indireto de uma ocasional maioria conservadora na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para impor seus privilégios e eliminar o projeto de mudanças sociais profundas liderado por Lula e Dilma, nos últimos 12 anos.
O disfarce legalista do golpe oculta a disputa essencial que ocorre pelo controle do Estado brasileiro e seus recursos. Foi uma decisão, diz Luciana Santos, presidenta nacional do Partido Comunista do Brasil, “à margem do Estado Democrático de Direito”, que deixou patente no desenrolar dessa escalada reacionária que “a presidenta eleita Dilma Rousseff não cometeu nenhum crime de responsabilidade”.
É preciso frisar que a luta por um modelo desenvolvimentista, democrático e nacional que reduz as desigualdades sociais, promove os direitos sociais e políticos e defende a soberana do país já é histórica no Brasil.
Ele bate de frente com o tradicional modelo conservador, hoje chamado de neoliberal, que privilegia a elite atrasada e rentista, o grande capital especulativo, abocanha os recursos do Estado brasileiro e se rende ao imperialismo, sobretudo dos EUA, entregando sem cerimônias o controle das grandes riquezas brasileiras, como ocorre hoje com o pré-sal.
O movimento reacionário precisa ser compreendido num quadro mais amplo em que há pressa na ação contra Dilma Rousseff e lentidão no julgamento do indefectível deputado Eduardo Cunha, contra quem se acumulam acusações extremamente graves mas que desperta o temor dos golpistas devido a revelações comprometedoras que poderia fazer contra o vice-presidente usurpador Michel Temer e demais capitães do golpe.
A luta de classes, que está nas ruas, nas manifestações populares que se repetem contra os golpistas, está presente também no Congresso Nacional.
A resistência contra o golpe vai se aprofundar com continuidade da mobilização dos democratas e progressistas, do povo brasileiro, contra o golpe. E em defesa do plebiscito para a convocação de novas eleições diretas para presidente, que é instrumento de mobilização de amplos setores da sociedade e indica que a escalada golpista pode ser barrada. O caminho para reunificar o país e recolocá-lo no rumo do desenvolvimento passa pela consulta ao povo e pela resistência constante contra o golpe de Estado antidemocrático, antipopular e antinacional.
Associação internacional de pesquisa lança nota em repúdio ao golpe
A Latin American Studies Association (LASA), maior comunidade acadêmica dos Estados Unidos dedicada a estudos sobre a América Latina e composta por profissionais do mundo todo, divulgou nota em que repudia o golpe contr ao mandnato da presidenta Dilma Rousseff e classifica o processo de impeachment como “arbitrário” e “antidemocrático”.
Para a entidade, que definiu o posicionamento em uma votação interna, na qual 87% dos membros aprovaram a resolução, o golpe no país é um “atentado contra a democracia brasileira”.
“Considerando que a democracia é uma condição indispensável para alcançar um futuro digno e socialmente justo para todos; e considerando que a comunidade internacional esteve presente e solidária com as lutas em defesa da democracia; A Lasa denuncia o atual processo de impeachment no Brasil como antidemocrático e encoraja seus membros a chamar a atenção do mundo para os precedentes perigosos que o impeachment estabelece para toda a região”, afirma a nota.
Do Portal Vermelho, com informações do Brasil 247
Movimentos sociais vão às ruas pelo “Fora Temer” em 31/7/16
Em 31/7/16, movimentos sociais de todo o país realiza atos em todo o Brasil e em várias cidades do exterior pelo “Fora Temer”. O ato foi convocado pela Frente Povo Sem Medo (FPSM), que reúne movimentos sociais e sindicais. No manifesto, a frente reforça que considera fundamental que “os brasileiros se unam e lutem em defesa da democracia”.
Tendo como palavras de ordem centrais o “Fora Temer! O povo deve decidir e defender nossos direitos, Radicalizar a democracia”, o movimento denuncia o golpe maquiado de “batalha contra a corrupção” que serviu para “levar uma quadrilha ao comando do país”.
Em São Paulo, a concentração inicia às 14 horas no Largo da Batata, próximo à estação Pinheiros do metrô. Em algumas capitais, como Distrito Federal e Belo Horizonte, a concentração já começou, na Feira Central de Planaltina e na Praça Sete, respectivamente. No Rio de Janeiro, os movimentos optaram por concentrar esforços para um grande ato no próximo dia 5, dia em que o mundo estará de olho na Abertura dos Jogos Olímpicos.
“Chamamos as manifestações para o dia 31 precisamente como uma maneira de dar continuidade ao processo de mobilização pelo ‘Fora Temer’, pela defesa dos direitos sociais, diante do risco real de ataque. E também, nesse caso, pela defesa de um plebiscito (sobre antecipação das eleições) pelo qual o povo possa decidir, não apenas o Senado”, diz Guilherme Boulos, coordenador da frente. “Não é aceitável que o destino político do país fique na mão dos senadores. É importante que o povo seja chamado a decidir. Estão anunciando uma série de projetos que visam, na verdade, fazer o Brasil andar 30 anos para atrás”, diz o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), à Rede Brasil Atual.
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, com este governo interino de Michel Temer, a classe trabalhadora corre um sério risco que perder seus direitos conquistados com muita luta.
“Com o pacote de maldades da gestão interina: jornada de trabalho de 80 horas semanais, idade mínima para homens e mulheres de 65 anos e maior tempo de contribuição na qual a aposentadoria só no post mortem – o Fora Temer passou a ser uma questão de sobrevivência”, denuncia o sindicalista.
Fora Temer mobiliza milhares neste domingo, confira os locais
A Frente Povo Sem Medo, organização popular protagonista na luta para desmascarar o golpe de Estado que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República e promoveu a ascensão da direita no país, irá promover uma série de manifestações pelo Fora Temer no próximo domingo (31).
Na avaliação de um dos coordenadores da frente, Guilherme Boulos, além do processo ilegítimo do impeachment ferir a jovem democracia brasileira, o governo interino Temer segue impondo sua agenda neoliberal e retirando direitos históricos da classe trabalhadora.
Apoio ao plebiscito
A Frente Povo Sem Medo considera que a decisão dos rumos políticos do país deve estar nas mãos do povo brasileiro, como afirma um trecho da nota divulgada pela organização. “A Frente Povo Sem Medo entende que, diante de um governo biônico e com uma pauta de duros retrocessos, o povo deve ser chamado a decidir. Neste sentido, a proposta de um plebiscito sobre a antecipação ou não das eleições, defendido mais de uma vez pela própria presidenta Dilma, pode ser uma bandeira aglutinadora para somar mais forças na luta contra o golpismo.”
Confira abaixo os locais que já confirmaram suas manifestações pelo Fora Temer:
* Não encontrou a manifestação da sua cidade aqui? Envie mensagem na página do Portal Vermelho no Facebook, informando o local e horário do ato, que iremos incluir no calendário.
São Paulo (SP)– Largo da Batata às 14h
Rio de Janeiro (RJ)- Igreja Nossa Senhora da Candelária, às 15h
Fortaleza (CE)- Praça Cristo Redentor, às 15h
João Pessoa (PB)- Lagoa do Parque Solon de Lucena , às 14h
Curitiba (PR)- Praça da Mulher Nua, às 15h
Goiânia (GO)- Estacionamento do IFG, às 9h
Recife (PE)- Praça Derby, às 15h
Brasília (DF)- Feira Central de Planaltina – 9hrs
Belo Horizonte (BH)- Praça 7 às 10h
Salvador (BA)- Campo Grande – 14h
Brasília (DF)- Feira Central de Planaltina – 9h
Uberlândia (MG)- Feira do Luizote – 9h
Ubá (MG)- Praça São Januário
Porto Alegre (RS)- Parque da Redenção – 15 HRS
Maceió (AL)- Praça Marcílio Dias, às 15h
Manaus (AM)- Entrada da Feira do Mutiraõ, às 8h
Belém (PA)- Praça da República, às 9h
Internacional
Nova York, Estados Unidos- Times Square, às 18h
Madrid- Espanha – Plaza Tirso do Molina, 13h30
Amsterdã – Holanda – Museu Eye, 15h
Lisboa- Portugal – Praça do Rossio, às 19h
Madri (Espanha) Rastro de Madrid
Barcelona (Espanha) La Negreta del Gòtic
Leipzig (Alemanha) Johannapark
Berlim (Alemanha) Oranienplatz
Washington DC The White House
Dilma: “O primeiro que vou fazer é restabelecer o direito de todos”
Em artigo publicado no Brasil 247, o colunista Emir Sader relata encontro que teve com a presidenta eleita Dilma Rousseff em 27/7/16. Segundo ele, quando questionou a presidenta sobre qual será a primeira ação que fará ao retomar o seu mandato, Dilma foi enfática: “Vou restabelecer os direitos de todos, que estão sendo tirados”. Confira a integra do artigo.
Pedi um encontro com a Dilma para lhe entregar um exemplar do livro O Brasil que queremos, que eu organizei, publicado pelo Laboratório de Politicas Publicas (LPP) da UERJ, e que vai ser lançado publicamente na Conferencia Nacional dos Bancários, dia 29, no Anhembi, em São Paulo.
Reencontrei a Dilma pela primeira vez desde que o golpe a afastou da presidência. Pudemos conversar ontem, quarta-feira 27, por duas horas, no Palácio da Alvorada, a sós, conversa solta, sobre passado, presente e futuro. Quando lhe perguntei qual será a primeira coisa que ela vai fazer voltando a assumir plenamente a Presidência da Republica, e ela não hesitou:
“Vou restabelecer os direitos de todos, que estão sendo tirados”. É a decisão coerente com suas declarações nas distintas manifestações e entrevistas em que ela tem participado.
Quando lhe perguntei como ela se sente mais discriminada: como mulher, como esquerdista ou como mulher não casada, cuja família é composta por ela, a filha e os netos, ela tampouco vacilou: “Como mulher, embora os outros aspectos possam acentuar essa discriminação”.
Esse aspecto se reflete mais diretamente no grande apoio político, com enorme carga afetiva, que ela tem recebido do povo em geral, mas das mulheres em particular, e das mulheres jovens, em especial, o que a tem emocionado muito.
Eu conheci a Dilma ainda na clandestinidade, nos anos 1960, na Polop, onde militávamos juntos. Era uma primeira imagem dela, jovem, super militante, hiper dinâmica, característica que ela nunca deixou de ter.
Só voltei a retomar contato com ela já como secretária do governo do PT, no Rio Grande do Sul, na época dos Fórum Social Mundial. Não é que fosse outra, mas tinha outra fisionomia, como provavelmente também eu. Era uma super competente secretária, super profissional executiva, característica que ela incorporou para sempre.
Depois ja foi cruzar com a Dilma como ministra do Lula, coordenadora do governo como chefe da Casa Civil, colocando em prática toda sua competência e exigência no cumprimento das tarefas, aquelas qualidades que a levaram a ser escolhida pelo Lula para sucedê-lo.
Ai voltei a cruzar mais vezes com ela, naquele momento de ter sido escolhida, mas ainda uma incógnita se sua candidatura vingaria ou não. Depois foi a campanha, a virada sensacional, incluindo o ato com os intelectuais e artistas que eu organizei no Teatro Casa Grande, como um dos momentos que marcariam aquela virada.
Nos últimos meses foram muitos os encontros, pela mobilização popular contra o golpe, sempre marcados pela tensão que a crise tem provocado em todos nós. Não sabia como a encontraria agora.
Ela chegou, simpática como sempre, nos acomodamos na sala em que ela recebe as pessoas e logo retomamos a conversa pelo passado, que necessariamente passa pelas referências a meu irmão, o Eder, com quem ela recordava os pontos de encontro que teve, em Pinheiros, quando ele lhe passou um pacote de documentos e depois os discutiu com ela.
Falamos de algumas características da Polop, da referencia teórica central à Rosa Luxemburgo, da admiração que mantivemos por ela, e da forma terrível em que ela morreu – pelas mãos da polícia da social democracia alemã.
A conversa se aproximou do presente, com a América Latina como tema recorrente – Cristina, Pepe Mujica, Rafael Correa, Evo Morales, Hugo Chavez, Maduro -, mas também dos Brics. Ela ressaltou a ausência sumamente significativa dos presidentes dos Brics, o principal eixo de rearticulação da geopolítica mundial, em que seu governo nos incluiu. Dilma expressou a relação muito próxima que ela mantem com o Putin, assim como com o governo da China. Fica claro que, voltando à Presidência, vai ser um objetivo central do seu governo.
Dilma faz uma lista das principais atrocidades que o governo interino está cometendo, a que se somam todo dia iniciativas negativas novas, como a retirada do FGTS da Caixa Econômica para dar mais um presente para os bancos privados.
A principal dimensão que a Dilma incorporou na crise, foi a prática constante da palavra – nos discursos, nas entrevistas, nas reuniões públicas com representantes de movimentos, com parlamentares e com intelectuais e artistas. Ela, que era, sobretudo, uma dirigente que coloca em prática os programas do governo, se deu conta do papel indispensável do convencimento das palavras, da reiteração dos argumentos.
Uma Dilma otimista, bem disposta, pronta para retomar a Presidência do Brasil, consciente de que a derrota desta iniciativa do golpe não terminará a ofensiva da direita contra ela. Mas que as próximas ofensivas serão enfrentadas em condições muito menos favoráveis para a direita e com a democracia brasileira muito mais forte.
A referência permanente, mais importante, em quem também para ela, repousam as maiores esperanças sobre o futuro do pais, é o Lula, o eterno presidente e líder de todos
Terminamos a conversa, depois dela folhear o livro e inteirar-se dos seus temas e autores, quando chegou a hora dela sair para acupuntura. Eu saí muito contente do encontro e da longa conversa, mais confiante ainda de que derrotaremos o golpe.
Fonte: Vermelho