O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou em 15/4/13 o governante encarregado e candidato do governo, Nicolás Maduro, como novo presidente do país e sucessor do falecido líder Hugo Chávez.
Maduro obteve 50,75% dos votos (7.563.747 no total) no pleito de domingo, contra 48,97% do opositor Henrique Capriles, informou Tibisay Lucena, presidente do CNE.
Lucena afirmou que Maduro, deverá “completar o período constitucional de seis anos” em 2019. O mandato entrou em vigor no dia 10 de janeiro, quando Chávez, que morreu em 5 de março, deveria ter tomado posse, embora não tenha podido fazê-lo devido à sua internação para combater um câncer.
A presidente do órgão eleitoral informou ainda que 79,17% dos eleitores (14.967.737 de um total de 18.904.364) foram às urnas no domingo.
Hoje mais cedo, Capriles tinha pedido ao CNE que anulasse o ato de proclamação do vencedor das eleições e declarou que se Maduro aceitasse o posto, seria um “presidente ilegítimo”.
O dirigente opositor pediu a recontagem “voto a voto” e pediu um “panelaço” e mobilizações em todo o país para exigir que esta recontagem seja posta em prática.
O vice-presidente Nicolas Maduro anunciou a morte de Hugo Chávez, ontem, no começo da noite. Com a voz embargada, disse que o presidente morreu às 16h25.
Os simpatizantes do presidente saíram às ruas para homenageá-lo. As manifestações foram pacíficas, mas houve confusão com uma equipe de TV colombiana. Eles foram chamados de traidores e foram agredidos por algumas pessoas. Uma repórter fugiu, com o rosto ferido.
Segundo a constituição venezuelana, o presidente do congresso, Diosdado Cabello, deveria assumir o país na falta do presidente eleito, mas o ministro das relações exteriores, Elias Jaua, informou que a Venezuela será comandada por Nicolas Maduro até as eleições que serão realizadas em 30 dias.
Enrique Capriles, que é um dos principais nomes da oposição, prestou condolências à família e à equipe de Hugo Chávez.
Hugo Chávez não resistiu à infecção respiratória que pirou o estado de saúde dele, depois da quarta cirurgia contra o câncer. Ele foi operado em Cuba, em dezembro de 2012. Dele lá para cá, a imprensa internacional e a oposição venezuelana acusaram o governo de Hugo Chávez de mentir sobre a real condição do presidente.
Na sexta-feira, dia 15 de fevereiro, foi divulgada esta fotografia de Chávez com as duas filhas, ainda em Havana. No dia 18 de fevereiro, Hugo Chávez voltou a Caracas e não foi mais visto. A morte do líder venezuelano foi confirmada, depois de fortes rumores de que ele já tinha morrido.
Repercussão no mundo
Os chefes de estado já começam a chegar a Caracas para acompanhar o velório do ex-líder venezuelano.
A presidente Christina Kirchner já está no país e declarou três dias de luto na Argentina.
Evo Morales, da Bolívia, também está em Caracas. Na noite de ontem, ele deu uma declaração muito emocionada dizendo que os bolivianos estão devastados com a morte de Hugo Chávez, a quem chamou de irmão.
Em Cuba, o presidente Raul Castro ordenou que as bandeiras ficassem a meio mastro e declarou dois dias de luto. Na TV estatal, foi lida uma longa declaração oficial do governo cubano.
Em Nova York, o secretário geral das nações unidas, Ban Ki Moon, enviou condolências ao povo da Venezuela e reiterou o comprometimento da ONU em trabalhar com o governo do país para apoiar o desenvolvimento e prosperidade.
O Brasil decretou luto de três dias pela morte de Hugo Chávez. A presidente Dilma Rousseff viaja nesta quinta-feira (07) para Caracas, para participar do funeral. Ela lamentou a perda do presidente da Venezuela.
Presidente polêmico
Hugo Chávez foi eleito quatro vezes presidente da Venezuela. A oposição e os críticos o chamavam de ditador e o acusavam de manipular as leis para se manter no poder.
Ele tomou atitudes polêmicas, como a nacionalização e o controle do petróleo explorado no país, que provocaram a reação da oposição e de setores internacionais.
Chávez alimentava a desavença e gostava de uma briga. Os discursos eram sempre inflamados e contra o domínio do império americano.
Ele casou duas vezes e teve quatro filhos. Era tenente-coronel do exército, professor e mestre em ciência política.
A vida pública começou em 1992, quando ele liderou um golpe militar contra o então presidente Carlos Andrés Perez. A Venezuela enfrentava uma grave crise econômica e social. O golpe fracassou e Chávez ficou preso por dois anos. Saiu de lá e se tornou presidente.
Chávez foi eleito pela primeira vez em 1998 e renovou a constituição. E em 2000, se consolidou nas urnas, com 59% dos votos. Ele dizia que era o presidente dos pobres que formavam 80% da população. Chávez investiu na educação e erradicou o analfabetismo no país.
Os índices de violência na Venezuela se mantinham altos. Os ricos e os empresários acusavam o presidente de ser autoritário e de fracassar no combate à corrupção no governo. Parte da imprensa se sentia coagida.
A economia estava em um momento ruim, pois 90% da renda do país sai do petróleo e o preço do barril estava em queda. A oposição aproveitou a crise e tentou tirar Chávez do poder à força, em 2002. Foi o golpe de estado mais rápido da história. Em dois dias, Chávez voltou ao poder e venceu de novo nas urnas em 2006.
Na política externa, discursava como um candidato a líder da esquerda na América Latina. Ficou muito próximo de Cuba, mantinha boas relações com o Brasil e tinha o apoio declarado do presidente Lula. A tensão com os Estados Unidos só aumentava. Na ONU, Chávez disse que sentia cheiro de enxofre. Ele se referia ao ex-presidente americano George Bush que tinha discursado ali.
Chávez também passou por constrangimentos por falar o que pensava. O rei da Espanha Juan Carlos mandou o presidente venezuelano calar a boca.
Em 2011, anunciou que estava com câncer. Retirou o tumor, fez tratamento, mas a doença voltou três vezes. A última em 2012, em plena campanha eleitoral.
Chávez foi reeleito para o quarto mandato, mas não assumiu o cargo. Ele sofreu complicações no pós-operatório da quarta cirurgia contra o câncer e morreu aos 58 anos
Fonte: G1