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Aposentados podem entrar na Justiça por antecipação de salário
Governo silencia sobre decisão de não pagar o benefício a 30 milhões de pessoas
Os beneficiários da Previdência Social não devem receber o adiantamento de metade do 13º salário em agosto. Com a queda na arrecadação em virtude da crise econômica, a presidente da República, Dilma Rousseff, não publicou o decreto que autoriza a antecipação da primeira parcela do benefício, e informações extraoficiais do Ministério da Fazenda admitem que a decisão de não pagar já foi tomada. Desde que chegou ao Palácio do Planalto, a chefe do Executivo costuma autorizar o desembolso entre o fim de julho e o início deste mês. Diante da indefinição, centrais sindicais e sindicatos de aposentados prometem ir à Justiça para garantir o recebimento do dinheiro.
No ano passado, 27,6 milhões de segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) receberam R$ 13,9 bilhões em adiantamento de 13º, entre 25 de agosto e 5 de setembro. Em 2015, quase 30 milhões de aposentados e pensionistas teriam direito ao benefício que custaria pelo menos R$ 15 bilhões aos cofres públicos. O adiamento dos desembolsos pode aumentar a pressão popular sobre Dilma e implicar uma queda ainda maior na popularidade da presidente da República.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais de 17 milhões de famílias no Brasil têm um idoso como provedor. Significa dizer que 24,89% do lares, ou quase um quarto, têm como responsável pelo sustento uma pessoa com mais de 60 anos. Desde 2006, os segurados da Previdência colocam no bolso uma parte da bonificação natalina antecipada na folha de agosto. O adiantamento é resultado do acordo firmado entre o governo e as entidades representativas de aposentados e pensionistas, que estabelecia que a antecipação ocorreria até 2010. Para atender reivindicação dos aposentados, o Executivo manteve o adiantamento até o ano passado.
Expectativa
Muitos idosos contam com a renda extra e contratam empréstimo consignado, ou antecipam as compras para pagar com o dinheiro do 13º. “Estamos preparando um mandado de segurança para entrar na Justiça. É direito adquirido e não vamos abrir mão. Além disso, vamos fazer uma mobilização dos nossos associados em Brasília”, antecipou Plínio Sarti, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical.
A Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) também se articula para recorrer ao Judiciário. A entidade aguarda a confirmação oficial do governo para ingressar com uma ação na Justiça. Moacir Meirelles, vice-presidente da Cobap, argumentou que grande parte dos aposentados já negociou com os bancos a primeira parcela do benefício. Ou seja, tomaram empréstimos dando como garantia o dinheiro extra na folha de agosto. “Eles já contavam com o dinheiro este mês. É um golpe para os aposentados.”
O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, disse que o trabalhador e o aposentado acabam pagando a conta do ajuste fiscal. “O aposentado não tem como fazer sacrifício porque é o lado mais vulnerável.” Segundo Nobre, neste momento, a Justiça poderá não ser o melhor caminho para resolver o problema. Ele aposta na instalação do fórum de negociação proposto pelo governo para 2 de setembro, com a participação das centrais, a fim de tratar das questões dos aposentados.
A Previdência Social informou que trabalha com a perspectiva de depositar o adiantamento ainda em agosto e tem debatido com as demais áreas do governo para efetivar a antecipação. Entretanto, até o momento, não há definição sobre o assunto e a pasta trabalha para buscar uma alternativa responsável nos próximos dias, devido aos problemas decorrentes da queda de arrecadação. Procurado, o Ministério da Fazenda não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Fonte: Correioweb
Enquanto o mundo cresce, Brasil e mais quatro estão na pior
Levantamento da Economist Intelligence Unit (EIU) mostra que os países em recessão vão na contramão do mundo
Na contramão da maioria das economias do mundo, o Brasil amargará recessão este ano. De acordo com um estudo da Economist Intelligence Unit (EIU), a economia brasileira deve recuar 1,2% em 2015, uma previsão até mesmo otimista em relação à do próprio governo, que prevê queda de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto o governo por muito tempo atribuiu a culpa da crise à conjuntura internacional, o levantamento mostra que, ao lado do Brasil, apenas outros quatro países estão na pior: Argentina (-0,7%), Ucrânia (-4,9%), Venezuela (-3,7%) e Rússia (-4%). A estimativa da consultoria engloba 56 países de todos os continentes.
A ideia de que a desaceleração econômica mundial é mais nociva aos emergentes também se mostra errônea quando confrontada com os números. Brasil e Rússia definham porque seus governantes usaram a ideologia como principal ferramenta de gestão. Já outros membros dos Brics, como China, Índia e África do Sul, devem avançar 6,9%, 7,9%, e 2,1%, respectivamente. Até mesmo a Grécia, em situação fiscal caótica, crescerá mais de 1% este ano. Países asiáticos, como Filipinas e Vietnã, também lideram a lista dos que mais crescem: 6,6% e 6,2% este ano, respectivamente.
Confira a lista elaborada pela Economist:
Esta semana li na imprensa econômica uma projeção citada pelo ex-ministro Delfim Neto: o governo brasileiro deverá pagar este ano R$ 400 bilhões de juros para remunerar a dívida pública. É um número astronômico: 400.000.000.000,00. Em termos relativos, ou seja, em relação ao que isto corresponde do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país) é mais do que o dobro na comparação com os anos anteriores. É o lado pouco trombeteado do chamado “ajuste”.
É para manter a dívida pública administrável, diga-se, que o ajuste atual está sendo feito. Se há quem lucre com o “aperto dos cintos”, estes são os credores da dívida, as instituições financeiras, os bancos. O ajuste, afinal, é principalmente (e não apenas, é claro) para que o país eleve o seu superávit primário, a reserva de dinheiro para pagar os juros.
Mais de R$ 1 bilhão ao dia devem sair dos cofres públicos para pagar juros em 2015. R$ 41 milhões por hora. R$ 694 mil por minuto. R$ 11,5 mil por segundo. Assim como comerciantes paulistas bolaram um placar que contabiliza o quanto brasileiros pagam em impostos, por que não colocar na Avenida Paulista um placar para mostrar o quanto o país paga de juros? Os números vão girar rápido na tela de plasma.
A questão, evidentemente, não é de hoje, e não se circunscreve aos governos Dilma, Lula ou FHC. Em termos de forças políticas de maior expressão, diga-se, o PT foi último (até 2002 quando Lula assinou a Carta ao Povo Brasileiro comprometendo-se a honrar os compromissos da dívida) a colocar na agenda pública um debate dessa natureza.
Pode ser que não haja outro caminho, nem outro horizonte nos próximos anos, que livre o país deste enredo. OK. Mas também fica difícil explicar as carências todas de serviços públicos sem este componente tão básico e gritante: o direcionamento dos recursos (que come parcela gigantesca do Orçamento Federal) para instituições financeiras. Claro que corrupção, desvios, má gestão contam, e muito, para explicar as insuficiências na saúde, educação etc, mas e a drenagem dos juros? Por que não colocar este elemento em debate, ao menos levá-lo em conta? Algo para que futuras gerações possam maturar alternativas, quem sabe. Para que não vire sina eterna a pontuar nossos vôos de galinha na economia.
Não custa lembrar, conforme escreveu o economista Luiz Gonzaga Belluzzo na revista Carta Capital recentemente, que entre 1995 e 2011, “o Estado brasileiro transferiu para os detentores da dívida pública, sob a forma de pagamento de juros reais, um total acumulado de 109,8% do PIB”. Ou seja: é como se em 16 anos seguidos de produção de riquezas por todos os brasileiros, um fosse dedicado exclusivamente ao pagamento de juros para instituições financeiras.
OK, não somos a Grécia (que quebrada, desafiou os credores), não há o que fazer. Quem manda no mundo são as finanças. É verdade. Os países são peças de um cassino global. Nossas riquezas, as fichas de um jogo no qual as variantes fogem ao controle de governantes de plantão. Um JURÔMETRO na Avenida Paulista, portanto, poderia nos lembrar cotidianamente dessas verdades. Talvez fosse mais honesto com todo mundo.
Fonte: Yahoo
A matemática de consumir movido pelo crédito, fácil e caro, pode levar o consumidor para a inadimplência e até ao superendividamento, aquela dívida que nem se dispusesse de toda sua renda mensal a família conseguiria quitar, que tira o sono e transforma a euforia do consumo em tormenta. Indicadores econômicos mostram que o comprometimento da renda do brasileiro está em patamar crescente, avançando junto com a alta das taxas de juros e encarecimento do crédito. Mecanismos para que os endividados possam colocar a vida financeira em dia, renegociando com o credor, são uma luz no fim do túnel e já estão ganhando fôlego em vários estados brasileiros, sendo também alternativa para revisão Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostra que, em março, 54,7 milhões de brasileiros estavam endividados, 2,2 milhões a mais que em março do ano passado e cerca de 900 mil brasileiros a mais do que em fevereiro. Desse percentual, 71% (38,8 milhões) têm dívidas vencidas há mais de um ano. A inadimplência dos consumidores em março avançou 3,76% frente a 2014, o percentual que estava estável voltou a ganhar fôlego a partir de meados do ano passado.
“O percentual é preocupante porque mostra que essas pessoas estão em sérias dificuldades para quitar os seus compromissos. Negativadas elas deixam de consumir”, observa Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil. Segundo ele, as dívidas de valores menores são quitadas em até 90 dias e aquelas de maior valor geralmente constituem o percentual atrasado há mais de um ano
A luz amarela já foi acesa por especialistas que apontam 2015 como um período que pode potencializar a crise nas famílias. Ao fim de um ano os juros do cartão de crédito, por exemplo, em alta e somando mais de 240% ao ano, quadruplicam o valor da fatura. Para Borges a negociação e o pagamento são sempre a melhor saída. Um possível alívio para os afogados nas contas que atingem patamares impagáveis pode ser a atualização do Código de Defesa do Consumidor (CDC), proposta no PLS 283/12 em tramitação no Senado. Se aprovada, a medida pode incluir na lei uma espécie de recuperação judicial do consumidor, permitindo a negociação de dívidas, respeitando o percentual necessário à sobrevivência da família. A medida é um grande avanço na opinião da juíza Clarissa Costa de Lima, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e estudiosa do tema do superendividamento.
O nível de endividamento das famílias saltou de 35,9% em 2010 para 46,35% em janeiro de 2015, segundo dados do Banco Central. As dívidas envolvem todas as classes sociais e onde as dívidas impagáveis chegam os danos são de grandes proporções.
Drama Em 2014, Joana (nome fictício), funcionária pública, recebia salário de R$ 16 mil e havia acabado de comprar um apartamento financiado pela Caixa. Movida pelo desejo de decorar a casa nova e motivada pelo crédito fácil, que pode ser contratado pela internet, ela fez um empréstimo utilizando uma linha de crédito pessoal (CDC) para comprar móveis novos, eletrodomésticos e peças de decoração.
Mas o sonho virou tormento. Em 12 meses a dívida de Joana dobrou, atingindo o montante de R$ 150 mil. No mesmo período ela perdeu a remuneração de um cargo comissionado e sua renda baixou para pouco mais de R$ 6 mil líquidos. “Desse montante o banco está retendo mais de R$ 5mil, me sobrando R$ 802 por mês”, conta a funcionária pública. Ela diz que pegou o empréstimo movida pela facilidade do crédito e por não acreditar que pudesse, de uma hora para outra, perder parte de sua renda.
Joana perdeu a renda e a paz. O valor que lhe resta não é suficiente para pagar suas despesas básicas e ela está contando com a ajuda de familiares. O casamento também sofreu. “Meu marido não aceita que eu tenha caído nessa bola de neve.” Na Justiça contra o banco, Joana está tentando agora renegociar a dívida para ter acesso a uma maior parte de seu salário. “Sei que tenho que pagar, mas o que estão me deixando não é suficiente para eu viver.”
Clarissa Lima explica que a proposta para revisão do CDC também prevê a educação financeira, mas ressalta que ao contrário do que muitos podem pensar não é só a falta de experiência para lidar com o crédito e as contas que levam ao descontrole nas sociedades de consumo, mas também os revezes da vida, como o desemprego que começou a crescer no país.
O descontrole financeiro do brasileiro também aparece na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Segundo o levantamento, 59,6% das famílias têm a renda comprometida por dívidas, sendo que 20,7% revelam que o comprometimento chega a superar 50% do orçamento e 6,2% disseram que não terão condição de quitar a fatura.
Fonte: Em
A taxa de desemprego no Brasil deve continuar crescendo nos próximos dois anos e atingir 7,1% em 2015 e 7,3% em 2016, prevê a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em estudo divulgado nesta segunda-feira.
No ano passado, o índice de desemprego no Brasil atingiu 6,8%, nos cálculos da organização.
Segundo o relatório “Perspectivas para o emprego e o social no mundo – Tendências para 2015”, o desemprego no Brasil também deverá ser de 7,3% em 2017, o mesmo índice do ano anterior.
As taxas de desemprego previstas em relação ao Brasil em 2015 e nos dois próximos anos se situam acima da média mundial e também dos índices médios na América Latina e Caribe e dos países do G20, grupo que reúne as principais economias do planeta, entre elas o Brasil.
“Pela primeira vez desde 2002, o crescimento do PIB na América Latina em 2014 (e 2015) deverá ser inferior ao das economias avançadas. O desemprego voltou a crescer em toda a região, em particular nos países mais dependentes das exportações de matérias-primas”, diz a OIT.
“O ritmo do crescimento econômico na região desacelerou claramente, afetando os mercados de trabalho”, ressalta a organização.
De acordo com o estudo, o desemprego na América Latina deverá ser de 6,8% neste ano e de 6,9% em 2016. Em 2017, a previsão é de leve recuo na região, que deve voltar a registrar uma taxa de 6,8%.
Há grandes diferenças entre os países da América Latina. Impulsionado pela recuperação da economia americana, o México deve ter uma taxa de 4,8% neste ano.
Já para a Argentina, o índice de desemprego previsto é de 9,5%, segundo a OIT. Na Colômbia, deverá atingir quase 10% e, na Bolívia, apenas 2,7%.
O relatório aponta que as perspectivas mundiais de emprego vão se deteriorar nos próximos cinco anos.
Em 2014, mais de 201 milhões de pessoas estavam sem emprego, o que representa 31 milhões a mais do que antes do início da crise financeira mundial, em 2008.
Segundo a OIT, deverá haver cerca de 3 milhões de novos desempregados no mundo em 2015 e 8 milhões nos quatro anos seguintes.
O “déficit de empregos” no mundo, que contabiliza o número de postos de trabalho perdidos desde o início da crise mundial, é de 61 milhões, nos cálculos da organização.
“Se levarmos em conta as pessoas que vão entrar no mercado de trabalho nos próximos cinco anos, serão necessários 280 milhões de empregos suplementares até 2019 para absorver esse déficit”, afirma a OIT.
A organização destaca que a economia mundial continua crescendo a taxas bem inferiores às registradas antes da crise de 2008 e que ela parece “incapaz” de reabsorver o déficit de empregos e reduzir as desigualdades sociais que surgiram nesse período.
“O desafio de fazer com que o desemprego e o subemprego voltem aos níveis antes da crise parece ter se tornado uma tarefa insuperável”, ressalta a organização, que também alerta para os “sérios riscos sociais e econômicos” da situação.
De acordo com o relatório, o desemprego está caindo em algumas economias avançadas, como Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha, mas permanece “preocupante” na maior parte dos países europeus.
Nos Estados Unidos, o desemprego deve atingir 5,9% neste ano e 5,5% em 2016, depois de ter atingido 6,2% no ano passado.
Apesar da melhoria em algumas economias desenvolvidas, a situação de emprego se deteriora nos países emergentes e em desenvolvimento, diz o estudo.
Na China, o desemprego, que deve ser de 4,7% em 2014, segundo estimativas, deverá aumentar para 4,8% neste ano e 4,9% em 2016.
Para a OIT, o subemprego e o emprego informal “deverão permanecer irredutivelmente elevados” nos próximos cinco anos na maior parte de países emergentes e em desenvolvimento.
Fonte: OIT
Os dados do PIB do primeiro trimestre, divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, confirmam o que consultorias econômicas vinham prevendo há algum tempo: 2015 será um ano de aperto.
Entre janeiro e março, a economia retraiu 0,2% em relação ao trimestre anterior e 1,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Houve queda tanto no consumo das famílias, quanto no investimento e gastos do governo”, analisa o economista e professor do Insper João Luiz Mascolo.
Especialistas esperam que o segundo trimestre seja ainda mais difícil, em parte em função do anúncio, feito na semana passada, de que o governo pretende cortar R$ 69,9 bilhões do orçamento de 2015.
“Não há dúvida de que ainda vai piorar antes de melhorar”, diz Mascolo.
“Pelas estimativas mais otimistas, uma recuperação só ganhará fôlego em 2016”, concorda Márcio Salvato, coordenador do Curso de Economia do Ibmec-MG.
Até o governo já admite que o PIB deve cair 1,2% neste ano, o que seria a maior contração econômica vivida pelo país desde 1990, quando o governo Collor confiscou a poupança de milhares de pessoas desatando uma onda de demissões e falência de empresas.
Nos últimos anos, os brasileiros se acostumaram a um cenário de relativa bonança. Os salários vinham subindo, o índices de desemprego batiam recordes históricos de baixa e o acesso ao crédito estava cada vez mais fácil.
O que esperar, então, de um ano de recessão? E como se preparar para as incertezas e o aperto econômico dos próximos meses? A BBC Brasil consultou analistas financeiros e economistas para responder a essa questão. Confira:
Emprego em risco?
Se as previsões dos analistas estiverem corretas, centenas de milhares de brasileiros perderão seu ganha-pão este ano.
Em abril, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE registrou uma taxa de desemprego de 6,4%, a maior desde março de 2011. O índice ainda é baixo se comparado aos do início da década passada (que costumavam ter dois dígitos). Mas há um ano, era de 4,9%.
Já há setores que enfrentam demissões coletivas, como as montadoras, a construção civil e petróleo e gás (cuja crise foi acentuada pelas repercussões da Operação Lava Jato).
Um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostrou que só a indústria paulista no ano passado teve uma perda de 128 mil postos de trabalho. E para este ano as perspectivas não são muito melhores.
“O desemprego está aumentando e infelizmente isso é só o começo, porque o mercado de trabalho reage ao cenário econômico com defasagem”, diz Alessandra Ribeiro, analista da consultoria Tendências. “Pelos nossos cálculos teremos uma média de 370 mil desempregados a mais que no ano passado.”
Para Samy Dana, professor de Finanças da FGV-SP, diante de um cenário como este é importante que as famílias mais vulneráveis revisem seus gastos e acumulem reservas.
Márcio Salvato, do Ibmec-MG, concorda e recomenda que essas economias para emergências sejam colocadas em uma aplicação de baixo risco, como um fundo de renda fixa ou títulos do tesouro.
“Um trabalhador que perde o emprego hoje provavelmente demorará mais para achar outra coisa – e possivelmente terá de aceitar um salário menor”, diz Dana.
“Se alguém da família corre o risco de ficar desempregado, o ideal é que seus integrantes enxuguem seus gastos fixos para fazer uma reserva de precaução o quanto antes. Talvez seja hora de cortar a TV a cabo ou contratar um plano mais barato de celular. Eles também devem evitar fazer grandes compras ou comprometer o orçamento com a prestação de um carro ou imóvel.”
Para Salvato, para alguns profissionais também pode valer a pena investir em formação e reciclagem.
“Em um ambiente de mais competição pelos postos de trabalho disponíveis, uma boa formação ou um treinamento específico podem fazer a diferença. Às vezes, pode até valer a pena pensar em mudar de área, se você trabalha em um setor que teve uma freada brusca”, diz ele.
“Além disso, essa é hora de se empenhar para garantir a produtividade de seu trabalho, porque profissionais vistos como pouco produtivos no geral estão entre os primeiros a serem demitidos.”
Bolsos mais vazios
Até o ano passado, era comum ouvir histórias de profissionais que pulavam de uma empresa para outra atraídos por salários mais altos. A partir deste ano, o grande diferencial de um bom emprego parece ser estabilidade.
A PME, do IBGE, já vem registrando quedas sucessivas na renda dos trabalhadores. Em abril, o rendimento real médio registrou a terceira queda consecutiva, ficando em R$ 2.138. O recuo foi de 0,5% frente a março e de 2,9% frente ao mesmo período de 2014.
“Em um cenário como esse, quem é demitido pode ter de aceitar um salário menor para voltar ao mercado”, diz Dana. “Além disso, deve ficar cada vez mais difícil negociar aumentos para repor a inflação.”
“Mesmo os sindicatos que estão saindo na rua hoje estão reivindicando estabilidade. Não há ambiente por uma briga por salários mais altos”, concorda Salvato, do Ibmec.
A inflação, que segundo as previsões do mercado deve ficar em 8,2%, também ajuda a apertar o orçamento das famílias brasileiras.
E ainda é preciso pôr na conta um possível aumento de impostos.
“Já tivemos um aumento da carga com as altas da Cide, sobre os combustíveis, e do IPI dos carros, por exemplo. Mas é bem possível que venham mais aumentos por aí” , diz Ribeiro.
Ela explica, que, pelas contas de analistas da Tendências, sem esses aumentos vai ser muito difícil para o governo entregar o superavit de 1,2% do PIB, prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ainda mais considerando o impacto do desaquecimento da economia na arrecadação.
“Por isso, o momento é mesmo de revisar gastos e cortar o que não for essencial”, aconselha Dana.
Casa própria ou aluguel?
Os preços médios de imóveis em 20 cidades brasileiras já registraram uma queda real de 3,47% neste ano de acordo com o índice FipeZap.
Os mercados imobiliário de cada região e cidade brasileira têm dinâmicas próprias, mas Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice, diz que no geral, os preços tendem a continuar caindo este ano em função de dois fatores.
Primeiro, o aumento do desemprego e a queda nos salários, que reduz a demanda do setor. “Esse é um mercado que depende muito da renda e confiança dos consumidores”, diz Zylberstajn.
De outro, as mudanças nas regras da Caixa Econômica Federal para o crédito imobiliário, que reduzem o teto de financiamento com recursos da poupança para a compra de imóveis usados.
“Mas não vejo o risco de nada que se assemelhe a um ‘estouro de bolha’ no mercado imobiliário. O que devemos ter é um período de correção moderada de preços”, diz ele.
Para quem quer comprar um imóvel, vale a pena esperar uma queda maior?
Ribeiro, da Tendências acredita que sim. Já para Zylbertajn vale a pena ficar de olho no mercado para tentar uma barganha desde já.
“Ao encontrar um imóvel de seu interesse você pode fazer uma oferta 20%, 15% mais baixa que o preço oferecido. Quem precisa vender sabe que no atual cenário é provável que tenha de aceitar um desconto”, diz.
No caso do aluguel, a recomendação de muitos economistas e analistas financeiros é que se tente uma renegociação de contratos. “Mesmo antes do vencimento você pode tentar pagar menos se notar que o aluguel de outros imóveis em sua região está caindo”, diz Dana.
Ribeiro, porém, acredita que, embora os preços do aluguel já tenham mostrado uma boa desaceleração este ano, “as novas dificuldades para o acesso ao crédito para a compra de um imóvel podem bloquear essa queda.”
Câmbio volátil
Segundo as previsões do mercado, registradas no relatório Focus, do Banco Central, o dólar deve fechar o ano em R$ 3,20, mantendo uma média de R$ 3,07 ao longo de 2015.
Mas em função do cenário doméstico complicado e de uma série de incertezas relacionadas a recuperação da economia internacional também podem haver surpresas sobre esse indicador.
“Devemos ter muita volatilidade no câmbio. Ao que tudo indica, o Fed (Banco Central americano) deve começar a aumentar os juros no segundo semestre deste ano, o que tende a provocar uma valorização do dólar. Mas as variáveis que influenciam esse mercado são muitas – também temos as expectativas sobre a implementação do ajuste fiscal no Brasil – então é difícil fazer previsões de médio prazo”, diz Ribeiro, da Tendências.
Dana diz que planos de viagens e estudos no exterior precisam ser repensados diante do novo patamar do dólar e dessa esperada volatilidade. A queda de 16% nos gastos de brasileiros no exterior nos primeiros meses deste ano mostra que muitos já estão refazendo as contas.
“Ao menos esse novo patamar do dólar faz com que tenhamos uma boa notícia no que diz respeito aos dados do PIB: as exportações estão começando a se recuperar”, opina Ribeiro.
Mascolo, do Insper, concorda. Ele nota que o setor externo foi o que evitou uma queda mais acentuada no PIB do primeiro trimestre. “As exportações cresceram 5,7% em relação ao trimestre anterior”, diz. “E o novo patamar do dólar também ajuda a indústria, ao dar mais competitividade a produtos brasileiros frente a concorrência externa.”
Em 2014, a balança comercial brasileira teve deficit de US$ 3,93 bilhões. Para este ano, o mercado espera um superavit de US$ 4 bilhões.
Em Washington, Levy reforça aceno do Brasil ao FMI
Após vários anos na geladeira, a relação entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) vive dias agitados.
Em visita a Washington nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se encontrou com dirigentes da organização pela terceira vez em três meses, quando mais uma vez tentou tranquilizá-los sobre os rumos da economia brasileira.
Ele já havia participado da reunião de primavera da organização, em abril, e no mês passado recebeu, em Brasília, a diretora-geral da instituição, Christine Lagarde.
Nos Estados Unidos, Levy foi a principal atração de um painel sobre a economia latino-americana. Em sua fala, ele reforçou o discurso de que o Brasil tem feito ajustes para voltar a crescer e foi elogiado por membros da plateia.
A postura do ministro quanto ao fundo contrasta com a dos quatro primeiros anos do governo Dilma Rousseff e a da gestão de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula e Dilma costumam criticar a relação que o Brasil mantinha com o FMI nos anos 1990, quando o país recorreu ao fundo em busca de empréstimos durante crises.
Tradicionalmente o PT e partidos de esquerda brasileiros acusam o FMI de impor nos países onde atua uma agenda “neoliberal”, que prejudicaria trabalhadores e favoreceria bancos e grandes empresas.
Em 2013, Lula afirmou em Portugal que o “FMI nunca resolveu nenhum problema”.
“Muitas vezes o FMI empresta dinheiro a um país, que ao receber o dinheiro paga a dívida de outros bancos, e o prejuízo fica com a parte pobre da população que trabalha. Sempre foi a assim e sempre será assim.”
Em 2014, ao se referir à quitação da dívida do Brasil com o fundo, Dilma afirmou que “o FMI nunca mais dirigiu a política brasileira”. No ano passado, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, não participou da reunião anual da instituição.
O governo brasileiro chancelou ainda o lançamento de duas iniciativas dos Brics (bloco que integra ao lado de Rússia, índia, China e África do Sul) que, segundo analistas, podem reduzir o poder do FMI e de outras organizações financeiras tradicionais: o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e um acordo de reserva de contingência.
O acordo, que prevê a criação de um fundo para socorrer países dos Brics, em tese livraria os membros do bloco de pedir socorro ao FMI.
Há tempos, o Brasil e os demais membros dos Brics cobram mudanças no FMI para que a organização reflita melhor a nova ordem global, cedendo mais espaço e poder de voto a países emergentes. A própria direção do FMI defende a necessidade de reformas, mas a proposta está empacada no Congresso americano, que precisa dar aval às mudanças e teme ceder espaço na instituição a rivais russos e chineses
De devedor a credor
No governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o Brasil recebeu três empréstimos do FMI, somando US$ 67 bilhões (R$ 213 bilhões, em valores de hoje). Como contrapartida, o país teve de realizar ajustes fiscais e cumprir metas definidas pela instituição.
Já no governo Lula, o Brasil sanou sua dívida com o FMI e, em 2009, tornou-se credor do fundo.
Para Paulo Sotero, presidente do Brazil Institute do Wilson Center, centro de pesquisas e debates em Washington, não se pode comparar o momento que o Brasil vive hoje com o que enfrentava nos anos 1990, quando perigava dar calote em suas dívidas e teve de bater às portas do fundo por ajuda.
Hoje, apesar da economia em recessão, o país possui US$ 370 bilhões em reservas internacionais, o que lhe protege dos riscos daquela época, diz ele.
Sotero afirma que, ao visitar Washington e manter reuniões frequentes com o FMI, Levy busca pôr fim a uma “crise de confiança” entre o Brasil e a organização, criada em parte pela postura do ex-ministro Guido Mantega.
“A crise foi alimentada por ele (Mantega) não vir tanto aqui, não manter diálogo. Deve-se estar em contato permanente, não perder nenhuma oportunidade de alimentar a confiança, e é isso o que o Joaquim (Levy) está fazendo.”
Sotero diz que, ao se acercar do FMI, Levy também busca tranquilizar investidores, que normalmente compartilham das visões do fundo.
“Ele mostra que o Brasil está dialogando, atento e que valoriza essas instituições”.
No painel, Levy atualizou os presentes sobre o ajuste fiscal em curso no país. Ele comemorou a aprovação pelo Congresso de alguns pontos do ajuste e disse que novas medidas serão submetidas aos legisladores em breve.
O brasileiro Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial, diz que não é Levy quem tem buscado uma maior aproximação com o FMI, “mas sim o mundo que se interessa cada vez mais pelo que ele tem a dizer” sobre a economia brasileira.
“O importante é que há uma mensagem consistente, reconhecida como uma que conduzirá ao crescimento de longo prazo da economia brasileira.”
Em sua visita, o ministro também se reuniu com o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, para tratar da viagem de Dilma a Washington no fim do mês.
Há outro motivo – pessoal – para as vindas frequentes de Levy à capital americana: a mulher e as duas filhas do ministro moram na cidade.
Visita a Paris
O giro do ministro se encerrará em Paris, onde ele se reúne com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em abril, estimulado por Levy, o governo anunciou que firmaria um acordo marco com o grupo, que reúne 34 países, em sua maioria desenvolvidos.
O Brasil já recebeu convites para aderir à organização, o último deles em 2009, mas sempre recusou. Para participar da OCDE, o país teria, entre outras ações, de adotar padrões de transparência nas contas públicas e de combate à corrupção em empresas privadas.
Em 2009, ao justificar a recusa brasileira ao convite, Mantega disse que ela impediria o país de exportar ou importar em moeda local e perdoar as dívidas de nações pobres, o que o Brasil já fez na África e no Haiti.
Assessores do ministério da Fazenda disseram que, em Paris, Levy discutirá a adesão do Brasil ao bloco.
Para Sotero, do Brazil Institute, o gesto marcaria uma nova etapa na relação do Brasil com organizações econômicas mundiais.
“O Brasil sempre teve muita dificuldades com essas instituições (…), mas não são elas que estão impondo nada ao Brasil – quem está impondo as reformas é o governo, é a presidente reeleita, é o seu ministro da Fazenda e é o Congresso nacional”.
CNI: ‘Indústria não pode ser sacrificada pelo ajuste fiscal
A indústria brasileira está “pronta para contribuir” com os esforços de ajuste fiscal do governo, mas não concorda com alguns rumos que essa política tem seguido, disse à BBC Brasil o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.
Em entrevista na segunda-feira na Cidade do México, onde integra a delegação que acompanha a visita de Estado da presidente Dilma Rousseff ao país, Andrade afirmou que o Brasil precisa do ajuste fiscal promovido pelo governo para voltar a crescer, mas criticou a revisão de políticas que favorecem a indústria.
“Nós da indústria estamos prontos a contribuir, mas não (concordamos) com tirar as condições que a indústria colocou como sendo necessárias para sermos competitivos no exterior”, afirmou Andrade.
Na terça-feira, Andrade foi abordado por jornalistas nos corredores do Palácio Nacional mexicano durante o encontro de Dilma com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto. Os repórteres repercutiram a notícia de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estaria insatisfeito com os cortes de gastos neste ano e desejava uma economia maior.
“Ele quer o nosso pescoço agora? Já teve um corte de R$ 70 bilhões e ainda quer mais?”, indagou Andrade.
‘Sacrifício’
À BBC Brasil, o presidente da CNI disse que a indústria está disposta a contribuir com a economia dos gastos, mas não quer ser prejudicada além do necessário.
“O ajuste faz parte das condições necessárias para crescermos no futuro com sustentabilidade. Temos de fazer um sacrifício. É um dever de todos os setores, não só da indústria, mas dos serviços, da agricultura”, disse.
“Nós da indústria estamos prontos a contribuir, mas não (concordamos) com tirar as condições que a indústria colocou como sendo necessárias para sermos competitivos no exterior.”
Em particular, ele criticou duas propostas do governo capitaneadas por Levy que integram o ajuste fiscal. Uma delas – em tramitação no Congresso – é reduzir a desoneração da folha de pagamentos, política que nos últimos anos diminuiu a cobrança de contribuições previdenciárias de empresas brasileiras para evitar demissões.
“Essas desonerações sempre foram negociadas com o governo, e a função delas não é levar subsídios às indústrias, mas reduzir o custo do trabalho no Brasil, que é muito elevado não pelos salários, mas por encargos trabalhistas”, disse o empresário.
Em fevereiro, o ministro da Fazenda classificou as desonerações de uma “brincadeira” que custa R$ 25 bilhões aos cofres brasileiros por ano e afirmou que ela não alcançou os efeitos desejados.
A outra proposta criticada pelo presidente da CNI é a redução do papel do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Levy tem defendido diminuir os empréstimos subsidiados do banco, que inflam os gastos do governo.
“Você acaba com o BNDES e quem o vai substituir? Que mecanismos vamos ter para não só a indústria, mas a infraestrutura, os projetos brasileiros serem levados à frente?”, questiona Andrade.
“O BNDES é o único banco de financiamento de longo prazo de investimentos no Brasil. Ele financia investimentos em infraestrutura com 20, 30 anos de prazo, e a indústria nacional com 6, 8 anos. Isso não existe nos bancos comerciais.”
‘Principais mercados’
Andrade integra a comitiva de empresários que acompanha a presidente Dilma Rousseff em sua visita de Estado ao México. Ele elogia a iniciativa e diz que, depois de abrir mercados importantes em todo o mundo, é hora de o governo brasileiro voltar a focar nos seus principais parceiros.
“O Brasil tem hoje poucos acordos comerciais, e isso é um dificultante para as exportações brasileiras e investimentos de empresas do Brasil no exterior. Acho que agora o governo está sentindo a necessidade de ampliar esses acordos”, afirmou.
“Claro que há acordos com países da África que são importantes, mas nós empresários queremos os principais mercados. O dos Estados Unidos, do Japão, da União Europeia, do México.”
Por que é tão difícil para o governo cortar gastos?
Após semanas de negociações e embates, o governo anunciou um corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento Federal, com objetivo de garantir recursos suficientes para o pagamento da dívida da União e manter as contas públicas equilibradas.
Com um orçamento amarrado, o governo teve que sacrificar áreas consideradas prioritárias. O Ministério da Saúde perderá R$ 11,8 bilhões e o da Educação, R$ 9,4 bilhões. O corte no orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) será de R$ 25,7 bilhões.
Emendas apresentadas por parlamentares, que em geral destinam recursos para gastos e investimentos em seus Estados de origem, sofrerão um corte de R$ 21,4 bilhões.
Os cortes são uma consequência do baixo crescimento da economia, o que tem impacto direto na arrecadação de impostos. Em sua apresentação, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou que o governo agora trabalha com uma queda de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
O valor total anunciado ficou no meio do intervalo debatido pela equipe de Dilma Rousseff. De um lado, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recomendou um contingenciamento de R$ 80 bilhões. De outro, os ministérios da Casa Civil e do Planejamento, defendiam uma redução menor, de R$ 60 bilhões.
A previsão para as receitas primárias (essencialmente com impostos e tributos) do governo foi reduzida de R$ 1,45 trilhão para R$ 1,37 trilhão. Os valores anunciados no contingenciamento podem parecer, então, uma parcela pequena desses ganhos vindos da arrecadação. Mas, na prática, representam um esforço expressivo de economia.
Diante disso, afinal, por que é tão difícil para o governo cortar gastos?
Gastos
O que acontece é que boa parte do Orçamento do governo é formada por despesas obrigatórias, ou cujas alterações são impopulares e dependem de aprovação do Congresso Nacional (Previdência Social, por exemplo) ou ainda por gastos fixados em contratos, como o pagamento dos salários dos servidores.
Aposentadorias compõem um gasto crescente devido ao envelhecimento da população e aos reajustes do salário mínimo, que hoje servem de referência para esses benefícios. Dessa forma, a Previdência Social deve consumir R$ 437 bilhões neste ano.
Já os gastos com pessoal, que subiram devido aos reajustes salariais e aos novos concursos realizados principalmente no governo Lula, devem somar R$ 235 bilhões. Além disso, o governo é obrigado a repassar parte do que arrecada para Estados e municípios, o que deve representar R$ 213 bilhões em 2015.
As chamadas despesas discricionárias, aquelas que de fato podem ser cortadas imediatamente pelo governo estão previstas em R$ 312 bilhões neste ano – e a maior parte desse valor corresponde a gastos em áreas sociais, como Educação, Saúde e os benefícios do Programa Bolsa Família, ou investimentos do PAC.
“O governo está apagando fogo. Não dá tempo de fazer uma reforma da Previdência e ele precisa cortar agora. Inevitavelmente terá que sacrificar investimentos”, observa Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e hoje economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio.
Cortes impopulares
O economista da PUC-Rio José Márcio Camargo nota que essas despesas previdenciárias representam 13% do PIB brasileiro, o que, segundo ele, é alto em relação à idade média da população.
A realização de uma reforma da Previdência, porém, é algo impopular, que enfrenta grande resistência na sociedade, pois representa cortes de benefícios sociais.
A tentativa do governo de mudar, por exemplo, as regras de seguro-desemprego, abono salarial e pensões está sofrendo forte resistência dentro do Congresso, até mesmo de parlamentares do PT, devido a grande impopularidade das medidas junto aos trabalhadores.
Nesse contexto, o governo tem sido pressionado por parcelas da sociedade e pelo PMDB, em particular, a enxugar a máquina federal. No entanto, o custeio administrativo – passagem aérea, luz, equipamentos, etc – não tem um peso tão expressivo nos gastos que permitam que o ajuste fiscal seja viabilizado simplesmente com a redução dos números de ministérios (atualmente 39), por exemplo.
Ainda assim, Camargo considera que a redução do número de ministérios, assim como a de cargos comissionados (postos preenchidos por indicação), seria muito importante simbolicamente, para convencer a população e o Congresso da necessidade de ajuste fiscal.
“Você não consegue fazer um ajuste só cortando esses gastos, mas você pode conseguir mudar a atitude da sociedade em relação aos gastos. As pessoas vão entender muito melhor porque o seguro-desemprego, o abono salarial, as pensões estão sendo cortados”, acredita Camargo.
“Eu acho que o ajuste está tendo dificuldade de ser aprovado no Congresso exatamente por isso, porque ninguém percebe que o governo está efetivamente interessado em diminuir os seus próprios gastos”, frisa.
Corte insuficiente
Apesar do contingenciamento anunciado ser expressivo, Camargo diz que ele será insuficiente para garantir o cumprimento da meta de superávit primário deste ano, de 1,1% do PIB.
O objetivo dessa economia é pagar juros da dívida pública, evitando que ela cresça em proporção ao PIB. A estabilidade da dívida é considerada importante para manter a oferta de crédito para o governo, a juros menores. Seu crescimento descontrolado, pode afastar investidores dos títulos públicos, elevando as taxas pagas pelo Tesouro Nacional.
Diante das dificuldade de aprovar no Congresso as medidas de ajuste fiscal – além das mudanças nos benefícios, o governo também busca reduzir a desoneração da folha de pagamento das empresas – o Ministério da Fazenda vem promovendo aumento de impostos.
Hoje foi anunciado também o aumento da alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) paga pelos bancos de 15% para 20%, o que vai gerar uma receita de R$ 3,8 bilhões por ano. Em 2015, porém, o ganho é de apenas R$ 747 milhões.
Para Camargo, o governo deve evitar ao máximo esses recursos, porque a carga tributária do país já elevada.
O economista da FGV José Roberto Afonso, referência nos estudos de contas públicas, considera que o governo pode fazer mais na contenção de gastos. Ele defende, por exemplo, que a União seja mais dura na relação com seus fornecedores, procurando renegociar contratos.
“É possível cortar gastos tidos como fixos fazendo recenseamento de servidores e de aposentados, renegociando e reduzindo à força os contratos de compra de serviços, de bens e sobretudo de obras, cancelando restos a pagar (valores autorizados mas ainda não efetivamente gastos) ainda não efetivamente gastos e propondo descontos no pagamento dos que são inevitáveis”, enumera.
“Imagina o poder de negociação do maior comprador de uma economia em recessão? Essas medidas estão sendo adotadas por alguns Estados e algumas prefeituras, mas eu nunca ouvi que tenham sido adotadas em Brasília”, afirma.
Fonte: BBC
“Ajuste é insuficiente e recuperação será lenta”, diz ex-presidente do BC
O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore considera que o país está preso a um círculo vicioso em que a recessão reduz a arrecadação do governo, elevando a necessidade de mais cortes de gastos e aumento de carga tributária, gerando mais recessão.
Para ele, o atual governo está pagando o custo político da falta de confiança da sociedade na sua capacidade de fazer a economia voltar a crescer. “O único caminho é continuar com o ajuste fiscal até recriar a confiança”, disse à Folha. “Mas o desemprego ainda não chegou ao pico. É difícil prever qual vai ser a reação do governo.”
Pastore acredita que a saída da recessão será lenta e o crescimento só voltará, devagar, em 2016.
Folha – O ajuste fiscal promovido pelo governo é suficiente?
Affonso Celso Pastore – O ajuste é necessário. O país entrou numa trajetória insustentável de crescimento da relação dívida/PIB. Se perdêssemos o grau de investimento, o ajuste seria mais traumático e acentuaria o período de estagnação.
Agora, qual é o tamanho do ajuste necessário? O Levy optou por um ajuste gradual; nas atuais circunstâncias, não é suficiente para trazer o crescimento da dívida para uma trajetória sustentável.
Karime Xavier/Folhapress
O economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco central, em seu apartamento, em São Paulo
Por quê?
No ano passado, o crescimento da economia foi nulo. Neste ano, teremos uma recessão em torno de 1,5%. Os investimentos estão caindo muito. Com sorte, no futuro, poderemos crescer 1%. Com um juro real de 6% e essa perspectiva de crescimento, é preciso um superavit primário [economia para pagar juros] de 3% do PIB para estabilizar a dívida.
Mas isso é factível?
Se é factível ou não, é outra discussão, mas é o necessário para estabilizar a dívida. Se não chegar a esse patamar, é preciso continuar fazendo ajuste fiscal nos próximos anos. As alternativas seriam reformas que acelerassem o crescimento ou um aumento de confiança no governo que permitisse a redução de juros. Nada disso está visível agora. Portanto, esse ajuste fiscal é insuficiente.
O governo cortou R$ 69,9 bilhões de gastos do Orçamento. Foi adequado?
O problema é a arrecadação de impostos. Ouvi atentamente o pronunciamento do ministro Nelson Barbosa [Planejamento] e não sei de onde ele tirou aquele crescimento de 5,8% da receita. Aquilo não existe com essa desaceleração da atividade.
Ele disse que podemos ter receitas extraordinárias e citou o exemplo da venda da seguradora da Caixa. Se essa operação tiver um enorme sucesso, vai produzir um infinitésimo do necessário. As concessões de infraestrutura também não serão um sucesso de arrecadação. Corremos o risco de mais cortes de gastos e mais carga tributária.
O que gera mais recessão. Parece um círculo vicioso.
Temos uma forte retração do consumo das famílias, que é consequência do aumento do desemprego. Os bancos estão pisando no freio do crédito, para provisionar recursos para abater os prejuízos que tiveram com Petrobras, Sete Brasil, empreiteiras.
O consumo está caindo e o investimento também. Não tenho dúvida de que o PIB do segundo trimestre vai cair bem mais do que o do primeiro e que, no terceiro, possivelmente teremos queda também. Ou seja, o governo vai perder mais arrecadação, o que gera maior necessidade de cortes, acentuando a recessão. É um círculo vicioso.
Como quebrar esse círculo?
As pessoas têm mania de comparar as recessões. Na última recessão, em 2009, o governo podia cortar imposto e aumentar gasto. Com a inflação próxima da meta, foi possível baixar juros. Quando faltou crédito, o governo reduziu o compulsório. Nada disso é possível desta vez. E o comércio internacional agora está estagnado. Portanto, essa recessão é mais longa e o ajuste vai prosseguir por mais tempo. A saída é continuar no ajuste até recriar a confiança e pagar o custo político.
O governo está disposto a pagar esse custo?
O Levy está isolado, com uma certa ajuda do [vice-presidente] Michel Temer. Ele joga de centroavante, ponta-direita, goleiro. Mas o que existe hoje é tarefa para mais do que um ministro da Fazenda. Precisa-se de todo o governo para fazer isso.
Ele briga por cada medida e vai sofrendo derrotas. Logo não consegue completar o círculo em velocidade suficiente para gerar aumento de confiança. Com isso, não volta o investimento e a economia não cresce. A recessão vai ficando mais longa. O crescimento só deve voltar, lentamente, em 2016.
A fragilidade política do governo piora a situação?
O atual governo paga o custo político da falta de confiança da sociedade na sua capacidade de entregar o crescimento econômico.
O custo político gera uma profecia que se autorrealiza.
O mercado adora pessoas otimistas, que dizem que o Brasil é maior do que a crise. É mesmo, mas não é imediato. Isso implica alternância de poder, o que ainda não está à vista. A solução mais fácil é a presidente e seu partido fazerem um grande acordo nacional, cedendo poder a outros partidos. Sem isso, é inverossímil entregar mais crescimento econômico.
O BC paga pelos erros passados, quando desancorou as expectativas de inflação. Agora tem que praticar juros mais altos a um custo social maior. Infelizmente, temos que pagar por esse erro.
O senhor vê algum risco de o governo desistir do ajuste?
A lógica é que ele não desista de nada, porque o custo alternativo é muito maior. Mas a pressão social ainda não chegou ao topo, porque o desemprego não chegou ao pico. Quando isso ocorrer, é impossível prever a reação que o governo vai ter.
Fonte: Uol
América Latina deve buscar crescer como os países emergentes da Ásia, diz economista-chefe do BID
Para José Juan Ruiz região está resignada a só crescer 3,5%
RIO – Com mais de três décadas de acompanhamento da economia da América Latina (AL), o economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), José Juan Ruiz, viveu todas as crises da região. E diz que, apesar do baixo crescimento da economia, a situação nem se compara ao passado, pois já se consegue reagir à piora do cenário internacional.
O GLOBO:As previsões da AL são de expansão menor, mas o senhor vê dois ritmos diferentes. Como?
José Juan Ruiz: É preciso distinguir o crescimento potencial, a que velocidade pode crescer um país a médio prazo, de um crescimento de curto prazo. Entre 2003 e 2008, a América Latina cresceu em média quase 5% (ao ano) porque havia fatores externos positivos: alto crescimento da economia mundial, amplas condições de liquidez, altos preços de commodities e dólar baixo. Nos últimos 24 meses, esses fatores mudaram, o que afeta a América Latina, que provavelmente terá crescimento de 1% em 2015 e 2% em 2016. E afetam de maneira diferente a região. A América Latina é exportadora líquida de commodities, mas há países no Caribe e na América Central que importam alimentos e energia. E, em vez de exportar para a China, vendem mais para os EUA e dependem mais de sua economia. Em geral, os países do Sul são mais sensíveis à desaceleração econômica dos países asiáticos e aos preços das commodities, enquanto os países do Norte, América Central, Caribe e México, são mais ligados aos EUA, que crescem mais que há dois anos. Por isso, a curto prazo há uma disparidade do crescimento. O Sul desacelera mais que o Norte. Venezuela, Argentina e Brasil respondem por 51% da economia da região e vivem recessão, mas o resto avança.
No Brasil, há um debate entre os que creditam a crise ao cenário mundial e os que apontam o impacto da demanda doméstica. Como o senhor avalia?
A crise mundial tem impacto, mas há uma parte da crise mais doméstica. Nos últimos anos, o Brasil teve inflação mais alta, o superávit primário caiu, o crédito cresceu demais. A demanda cresceu muito, e a oferta, não. É preciso reequilibrar isso para que o Brasil possa voltar a crescer perto de 3,5%, seu potencial. É preciso reajustar a macroeconomia. O Banco Central adota medidas para controlar a inflação, há um programa de ajuste fiscal para restaurar o superávit primário e crescer de forma mais sustentável. Há momentos em que é preciso fazer ajustes. O importante não é tanto identificar responsabilidades, mas ressaltar que o Brasil e outros países mostram capacidade de reação a essa piora do cenário internacional. É o que nos diferencia do passado. A América Latina aprendeu e não deixou chegar o momento de medidas desesperadas. Os países tomam medidas duras porque os desequilíbrios são grandes, mas mostram que tem instituições, políticas e regras que permitem enfrentar um novo ambiente internacional. Os mercados têm confiança de que o Brasil faz o que precisa. É verdade que se perdeu oportunidades de fazer mais na época de expansão. Não só no Brasil, todos poderiam ter feito.
O que mudou para o Brasil?
A volatilidade econômica era muito maior porque as pessoas não sabiam o que era o país. O Brasil é uma economia que teve prodigioso crescimento por dez anos, se transformou socialmente, está no mapa mundial, é uma das grandes economias. Não é só porque é grande, mas porque fez as coisas razoavelmente bem. Há muito mais credibilidade na política econômica.
Alguns temem a capacidade do ajuste…Não crê no risco de perda do grau de investimento?
Há muitas coisas a fazer socialmente. Todos os países têm. Há uma espécie de resignação não apenas no Brasil como na América Latina de que só pode crescer 3,5%, 4%, enquanto olhamos taxas de 6%, 7% na Ásia. Essa resignação é porque não fizemos tudo o que deveria ter sido feito. Não há nenhuma razão para o Brasil crescer menos que China, Índia, Filipinas ou Turquia. Há muitas reformas a serem feitas, que favoreçam a produtividade, a inclusão social, redução da informalidade, mais infraestrutura, mais investimento. É preciso criar um ambiente de negócios para que isso possa ocorrer. Mas realmente estamos em situação muito melhor que no passado, sobretudo porque estamos vendo a capacidade de reação. O Banco Central está atuando, o programa fiscal está aí e o analisamos. Ainda que numa democracia haja diferentes pontos de vista, sobre como se faz o ajuste, a percepção é que se está fazendo e da forma como quer. No passado, que faziam de acordo com o programa do FMI. Hoje, é a democracia que seleciona o ajuste que quer, é um grande avanço em relação ao passado.
Muitos países da região estão com a inflação mais alta. Isso lembra o passado?
Nem todos os países estão na mesma situação. A região deixou de estar no mapa como a de maiores taxas de inflação do mundo. Há casos isolados, mas realmente a inflação não é uma variável que define o continente, é preciso lembrar de onde viemos. O Brasil têm uma inflação acima do limite do Banco Central, mas não é a inflação que teve no passado. A Colômbia viveu três décadas de inflação de 20% e muito, hoje tem taxas em torno de 4%. Chile tem inflação de 3%. No Peru, de 2%. São aumentos temporários da inflação. Na medida em que haja uma política fiscal responsável, como faz o Brasil, haverá reação. Não é que a inflação voltou para ficar.
O BID tem destacado as semelhanças dos países latinos em relação à deterioração da situação fiscal. O que explica?
A região teve uma época boa, com os preços altos de commodities, e melhorou enormemente os resultados fiscais. Houve muitos países que introduziram leis de responsabilidade fiscal, como o seu, regras fiscais, adotaram objetivos de superávit primário. Tudo isso criou um colchão, para que os países pudessem reagir na época de vacas magras. O problema é que as vacas magras chegaram muito rápido, com a grande crise internacional. Então muitos países de América Latina usaram corretamente esse colchão para evitar que entrassem em recessão. Foi o momento em que a região, pela primeira vez em uma crise, foi capaz de usar políticas anticíclicas. O que ocorreu depois é que as condições internas e externas não foram boas o suficiente para retomar o colchão e se chegou a uma situação de déficit. Foi o que ocorreu no Brasil, por exemplo. Nesses momentos, é preciso reajustar e restaurar o colchão para fazer frente a possíveis deteriorações das condições internacionais e domésticas. Isso é o que toda a região está fazendo, cada país com suas próprias condições. Não depende só do número do superávit primário. O número do superávit primário (economia para pagar os juros da dívidadeve ser o número que permita voltar a gerar segurança e assegurar vai seguir recebendo fluxos internacionais e vai pagar um valor razoável porque acreditam que a situação é estável. Aqueles países nos quais o nível de dívida é mais alta, precisam de mais ajuste. A situação é muito diferente, mas em geral a maior parte dos países da América Latina têm que revisar receita, gastos, déficit, em função do nível de dívida e do preço que tem que pagar, do rating para assegurar que a credibilidade se mantenha e os investidores saibam que há um marco de políticas sólido.
Entre os dias 2 e 26 de março, representantes da província canadense de Quebec fizeram uma turnê pelo Brasil para divulgar oportunidades de trabalho em carreiras muito específicas e recrutar mão de obra fluente em francês. Visitaram sete cidades do Nordeste, Sudeste e Sul e se surpreenderam com a reação: em uma semana 140 mil brasileiros visitaram o site do órgão de migração, mostrando interesse em se mudar para o Quebec.
Números obtidos pelo GLOBO junto à Receita Federal confirmam que a emigração qualificada está em alta. Entre 2011 e 2015, o total de Declarações de Saída Definitiva do país — documento apresentado ao Fisco por quem emigra de vez — subiu 67%. Em 2011, a Receita recebeu 7.956 declarações, 21 para cada dia do ano. Em 2015, foram 13.288, numa média diária de 36 saídas.
— Esse número é apenas uma amostra pequena da realidade da emigração — diz Joaquim Adir, supervisor nacional de imposto de renda da Receita. — Mas reflete a saída de uma elite financeira e cultural, de pessoas que se preocupam em ficar quites com a Receita e que têm conhecimento da importância disso. Não entram aí os brasileiros que não têm bens ou rendimentos, como crianças e jovens, nem os que querem sair de forma ilegal. Essa emigração está em alta.
Os engenheiros José Wellington e Silvia Oliveira chegaram a Toronto, no Canadá, em abril. Levaram Julia, de 7 anos, e Nicolas, de 3. Em Belo Horizonte, a família tinha casa própria. Wellington trabalhava na área de mineração, e Silvia, na firma de avaliação de imóveis do pai. Nos últimos meses de 2013, a empresa de Wellington deu um alerta: diante da crise incipiente, não teria como manter toda a equipe a partir de agosto de 2014.
— Foi a gota d’água — diz Silvia. — Estávamos cansados da corrupção, da violência, do espírito do cada-um-por-si. A gente odeia o PT, o Lula, a Dilma. Vimos que o país estava afundando num buraco e que não havia luz no fim do túnel. Cada escândalo de corrupção que surgia solidificava nossa decisão. Então nos inscrevemos no programa canadense e passamos por um processo trabalhoso. Não digo que foi difícil. Só burocrático.
Desde que optou pelo “frio”, a família virou fonte de informação e observa um efeito dominó:
— Uma vez por semana alguém entra em contato conosco para perguntar como fizemos para migrar — conta Sílvia. — Se o número da Receita está alto em 2015, vai ser pior em 2016.
A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/FGV) está de olho nas causas e efeitos da migração no Brasil. Um grupo de pesquisadores lançará nos próximos meses um estudo que defende a criação de uma entidade migratória nos moldes do que existe no Canadá, na Austrália e na Alemanha.
— Esses países traçam o perfil do trabalhador que precisam e selecionam os imigrantes que interessam. O Brasil não tem política alguma — diz a pesquisadora Bárbara Barbosa. — Está perdendo na briga por mão de obra qualificada e, em consequência, na corrida pelo desenvolvimento.
— Hoje estão envolvidos na questão da migração o Ministério da Justiça, das Relações Exteriores, do Trabalho e a Polícia Federal — completa a também pesquisadora Margareth Da Luz. — Não há uma coordenação, e nós estamos perdendo cérebros, o que é preocupante num momento de envelhecimento da população.
Em abril, a carioca Flávia Peres Sabagh e o marido, o paulista Márcio Ghiraldelli, ambos de 36 anos, trocaram São Paulo por Sydney, na Austrália. Estavam empregados quando tomaram a decisão de entrar no LinkedIn e disparar currículos. Viviam de aluguel. Ela era coordenadora de CRM em um banco. Ele, especialista em sistemas. Em poucos dias, Márcio recebeu uma proposta.
— A empresa que o contratou patrocinou o visto de trabalhador experiente e deu entrada no processo — conta Flávia. — Só tivemos que enviar alguns documentos, fazer um exame de tórax e esperar algumas semanas.
Flávia trabalha hoje como analista de data marketing numa revista, e Márcio é engenheiro de qualidade de software. A mudança dos dois tem relação não só com “a possibilidade de criar um filho num país de primeiro mundo e língua inglesa”, mas também com a crise instalada no Brasil.
— Estávamos muito preocupados com a desvalorização do real e a dificuldade das empresas em conseguir crédito. Isso, de maneira geral, torna as coisas mais difíceis aí — diz Flávia.
O carioca Thiago Fonseca optou pela Filadélfia, nos Estados Unidos. Em maio, mudou-se para lá com a mulher, Juliana, e a filha, Maria Luisa. A família morava em casa própria, no Rio, e o casal, assim como os demais, estava empregado.
— Quero dar melhor qualidade de vida e proporcionar uma experiência diferente para minha família. Com a recessão no Brasil e o crescimento americano, foi mais fácil justificar junto à empresa minha transferência para os EUA — diz Thiago.
A família ainda arruma a casa nova, mas já se surpreende com a quantidade de pessoas que dizem pensar seriamente em segui-los. Desde maio, ao menos dez já consultaram Thiago.
As três famílias lembram, no entanto, que emigrar não é fácil. Silvia e Wellington aconselham “mente aberta”. Flávia e Márcio dizem que trabalhar numa língua não nativa é “cansativo”. Thiago fala da nova realidade das tarefas domésticas. E todos sentem o peso de estar longe da família e dos amigos.
LEI É APROVADA NO SENADO
Apesar de ser um país composto pela mistura de raças, o Brasil não tem uma Lei de Migração. Desde agosto de 1980, a norma vigente é o Estatuto do Estrangeiro, que, do ponto de vista de especialistas, está totalmente ultrapassado. Criado em meio à ditadura militar,o texto tem foco na segurança nacional e não nos direitos dos indivíduos que decidem morar no Brasil.
Em sessão realizada no último dia 2, no entanto, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou um projeto de lei, de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que busca revogar o antigo texto e estabelecer a primeira Lei de Migração do país. Aprovado em caráter terminativo, a proposta segue para avaliação da Câmara dos Deputados. No trajeto, no entanto, leva consigo uma polêmica: apesar de reduzir a burocracia para a concessão de vistos para investidores, estudantes e acadêmicos, o texto não prevê a criação de uma entidade migratória, como a que existe em países como Canadá e Austrália. Essa era uma das principais propostas apresentadas pela comissão de especialistas que foi criada pelo Ministério da Justiça em 2013 para avaliar o assunto. O grupo fez sete reuniões e duas audiências públicas. Em seguida, produziu um documento final em que destacou que: “a criação de um órgão estatal especializado para atendimento dos migrantes” seria um “elemento crucial” para o país. A entidade ficaria responsável pela produção de dados e pela formação de políticas públicas sobre migração.
— Canadá e Austrália são países que estão envelhecendo rápido. Cada vez há mais pessoas para serem sustentadas, e menos em idade de trabalho. Eles viram no recrutamento de estrangeiros um mecanismo para enfrentar isso, e o fazem de forma planejada. O Brasil não — lamenta o pesquisador da DAPP/FGV Wagner Oliveira — Ainda não envelhecemos tanto, mas deveríamos entender a política migratória como uma oportunidade para resolver uma questão do futuro. Ter uma autoridade migratória é importante. Ela ficaria responsável por estabelecer diretrizes e ver o tipo de estrangeiro de que o país precisa.
Atos anti-Dilma reúnem 700 mil em 24 estados e no DF, segundo a polícia
Ao menos 218 cidades do país registraram protestos.
Número de manifestantes é menor do que no dia 15 de março.
Manifestantes fizeram protestos contra o governo de Dilma Rousseff e contra a corrupção em mais de 200 cidades em 24 estados e no DF
Os números de manifestantes foram menores do que nos atos de 15 de março.
Há pouco mais de um mês protestaram em 252 cidades de todos os estados do país e no DF.
Em São Paulo, o cofundador do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, comentou a baixa nas estimativas de público: “Ainda que tenha tido menos pessoas, para a gente, é mais importante fazer protestos localizados do que reunir todo mundo em um só lugar”.
As palavras de ordem de hoje foram as mesmas do último grande protesto: contra a corrupção, o governo e o PT. Mas desta vez todos os principais movimentos, entre eles o Vem Pra Rua, pediram a saída da presidente Dilma Rousseff. Em 15 de março, nem todos falavam em impeachment.
“Nós não éramos a favor [do impeachment] naquele momento porque não achávamos que havia argumento jurídico suficiente ainda. […] De lá para cá várias teorias jurídicas novas surgiram, inclusive algumas usando a ação de crime comum para investigação da presidente”, disse Rogerio Chequer, representante do Vem Pra Rua em São Paulo, ao jornal “Valor Econômico”.
Também foram registrados atos em outros países, como na Alemanha, Irlanda e em Portugal.
Ao longo de todo o dia, ao menos 218 cidades registraram atos contra Dilma e a corrupção em 24 estados e no DF.
Veja como foram os protestos em cada estado:
Manifestantes pedem o impeachment da presidente
(Foto: Aline Nascimento/ G1)
ACRE
PARTICIPANTES: 250, segundo a polícia; 400, segundo os organizadores.
(ATO DE 15/3: 5 mil, segundo a polícia e os organizadores.)
COMO FOI: A concentração ocorreu em frente ao Palácio Rio Branco, em Rio Branco. Depois de percorrer as principais ruas do Centro, os manifestantes voltaram para a frente do Palácio e cantaram o hino nacional. O ato terminou às 17h10 (19h10 horário de Brasília).
Manifestantes na Orla de Maceió
(Foto: Lucas Leite/G1)
ALAGOAS
Capital
PARTICIPANTES: 6 mil, segundo a polícia; 10 mil, segundo os organizadores.
(ATO DE 15/3: 10 mil, segundo a polícia e organizadores.)
COMO FOI: Manifestantes saíram em caminhada em Maceió, da Jatiúca à Ponta Verde, para protestar contra a corrupção no país. O ato é organizado pelo Movimento Brasil Livre. Com apoio de um trio elétrico, um dos integrantes discursou contra os altos preços, a inflação e a taxa de desemprego.
Interior
Manifestantes fizeram uma caminhada em Arapiraca, município do Agreste de Alagoas. Há 60 participantes, segundo a polícia; e 150, segundo organizadores. “Nosso ato é simplesmente contra a corrupção nesse país. Fora, Dilma. Fora, PT. Nós queremos um governo honesto, mas de forma nenhuma defendemos a intervenção militar”, disse Tarcisio Menezes, do Movimento Brasil Livre.
Sob chuva, manifestantes se reuniram no Centro
de Manaus (Foto: Sérgio Rodrigues/G1 AM)
AMAZONAS
PARTICIPANTES: 900, segundo a polícia e os organizadores.
(ATO EM 15/3: 13 mil, segundo a polícia; 150 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: A concentração foi na Praça do Congresso, em Manaus. Uma caminhada teve início cerca de uma hora depois. Segundo a organização do momento, a chuva que atingiu a capital no início do dia pode ter influenciado na baixa adesão ao movimento na capital. Cerca de 340 policiais acompanharam o deslocamento dos manifestantes, que foi encerrado às 14h20.
Protesto em Salvador (Foto: Ruan Melo/G1)
BAHIA
Capital
PARTICIPANTES: 4 mil, segundo a polícia; 10 mil, segundo os manifestantes.
(ATO EM 15/3: 11 mil, segundo a polícia; 23 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: As pessoas se reuniram no Farol da Barra, em Salvador, às 9h. Com a chegada de um novo grupo, que saiu do Porto da Barra, foi iniciada caminhada em direção ao Cristo, onde o protesto chegou pouco antes das 12h, sob chuva.
O ato reuniu entidades como o Sindicato dos Médicos da Bahia, Associação dos Delegados da Polícia Federal, Associação dos Profissionais dos Correios, entre outras.
Um dos principais opositores do governo do Congresso Nacional, o deputado federal Antônio Imbassahy, do PSDB, participou da manifestação. “Como o governo não toma nenhuma atitude contra a corrupção, essa é a forma que o povo tem de reagir”, disse.
Interior
As cidades que tiveram protestos foram: Teixeira de Freitas, Eunápolis, Ilhéus e Itabuna, Vitória da Conquista e Feira de Santana. Em Feira, a segunda maior cidade baiana, a manifestação reuniu 500 pessoas, em números da Polícia Militar e da organização.
Protesto na Praça Portugal, em Fortaleza
(Foto: Gabriela Alves/g1)
CEARÁ
PARTICIPANTES: 25 mil, segundo a polícia e 35 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 20 mil, segundo a polícia e os organizadores.)
COMO FOI: Manifestantes reuniram-se na Praça Portugal , no Bairro Aldeota, na Zona Norte de Fortaleza. Os primeiros participantes chegaram por volta das 14h e os discursos começaram às 16 horas. Às 17 horas, os participantes iniciaram uma caminhada de cerca de 3 km até o Aterro da Praia de Iracema.
Com faixas e cartazes, os manifestantes pediram a saída da presidente Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores. Também havia frases pedindo o fim da corrupção e críticas à lei 4.330, que permite a terceirização de qualquer atividade das empresas.
Manifestação reúne milhares de pessoas caminhando
na direção do Congresso (Foto: Evaristo Sá/AFP)
DISTRITO FEDERAL
PARTICIPANTES: 25 mil, segundo a polícia; 40 mil, segundo organizadores.
(ATO DE 15/3: 45 mil, segundo a polícia; 80 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: Manifestantes se reuniram na no Museu Nacional da República às 9h30 e fizeram caminhada. Por volta das 10h30, os cerca de 4 mil manifestantes que ocupavam a Esplanada naquele momento começaram a se deslocar em direção ao Congresso Nacional.
Parte dos manifestantes pediu intervenção militar, o que é ilegal e contra a Constituição. Quando houve discurso a favor da proposta em um dos trios elétricos, manifestantes contrários à ideia vaiaram. O ato terminou pouco depois das 13h.
Mais cedo, houve um princípio de confusão no momento em que policiais tentaram retirar o cabo de PVC da bandeira de um manifestante. A Polícia Militar faz cordões de revista ao longo da Esplanada.
De acordo com a PM, dois homens foram presos durante a manifestação. Apenas um deles, no entanto, tinha relação direta com o ato: um morador de rua que empurrou manifestantes na Rodoviária do Plano Piloto. O outro foi um motociclista que iria participar do protesto, mas se envolveu em uma briga de trânsito.
Manifestantes se reuniram em Vila Velha
(Foto: Leandro Nossa/ CBN)
ESPÍRITO SANTO
PARTICIPANTES: 30 mil, segundo a polícia; 35 mil, segundo os organizadores.
Um grupo concentrou-se na Praça do Papa, na capital do Espírito Santo nesta tarde. Ele se encontrou com cerca de 3 mil pessoas, segundo a organização, que saíram de Vila Velha.
Os artistas Marcelo Ribeiro e Cláudio Boca fizeram apresentações cantando músicas de protesto. Por volta das 17h, um dos trios saiu da praça na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, onde seguiu para a Praia de Camburi. O ato foi encerrado.
Interior
No estado, também houve manifestações em Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e Colatina.
Manifestantes protestam em Goiânia
(Foto: Sílvio Túlio/G1)
GOIÁS
Capital
PARTICIPANTES: 2,5 mil, segundo a polícia; 20 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 60 mil, segundo a polícia; 150 mil, segundo os organizadores.)
COMO FOI: Em Goiânia, o protesto ocorreu na Praça Tamandaré, no Setor Oeste. Cerca de uma hora depois, as pessoas partiram em caminhada em direção à sede da Polícia Federal, no Setor Bela Vista, onde chegou por volta das 16h30. O protesto terminou às 17h10, quando os manifestantes se dispersaram do local.
Dois grupos participaram do ato: Movimento Brasil Livre e Movimento Vem Pra Rua. Algumas pessoas pediram intervenção militar durante o protesto.
Interior
Goianos protestam contra a corrupção e a presidente Dilma Rousseff em Rio Verde, no sudoeste do estado. Cerca de 250 pessoas participaram do ato, segundo a PM e também a organização do protesto, o Movimento Popular Rioverdense.
Em Jataí, o protesto também reuniu cerca de 250 pessoas, conforme a PM e a organização. Também foram registrados atos em Catalão e em Anápolis.
Em São Luís (MA), a manifestação começou às 11h
(Foto: Lucas Vieira/G1)
MARANHÃO
PARTICIPANTES: 400, segundo a polícia; 3,5 mil, segundo a organização.
(ATO EM 15/3: 3 mil, segundo a polícia; 5 mil, segundo a organização.)
COMO FOI: O ato convocado pelos movimentos Brasil Livre e Eu Te Amo, Meu Brasil se encontrou com o Acorda, Maranhão, na Avenida Litorânea, em São Luís. A passeata saiu às 11h, do Parquinho da Litorânea, e chegou à Praça do Pescador por volta de 12h30. O grupo se dispersou por volta de 12h40 após cantar o Hino Nacional.
“É um movimento de indignação contra toda essa onda de corrupção e também contra a má administração”, disse Darcy Fontes, do movimento Eu Te Amo, Meu Brasil.
Protesto em Cuiabá (Foto: André Souza/G1 MT)
MATO GROSSO
Capital
PARTICIPANTES: 8 mil, segundo a polícia; 25 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 20 mil, segundo a polícia; 35 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: Grupos de manifestantes se reuniram na Praça Ipiranga, no Centro de Cuiabá, para protestar contra o governo federal. O protesto em Cuiabá foi pacífico e monitorado por 700 policiais militares, que acompanharam os manifestantes no trajeto de quase dois quilômetros, com cavalaria e auxílio de um helicóptero, até a Avenida Mato Grosso, ponto final da caminhada. O ato começou as 16h45 [horário local] e terminou às 17h40.
Segundo o empresário Célio Fernandes, um dos líderes do movimento, a presidente não entendeu o recado do dia 15 de março e por isso os manifestantes voltaram às ruas para protestar neste domingo. “Somos um país rico merecemos ter uma qualidade de vida à altura daquilo que nós pagamos”, declarou.
Interior
Houve atos em Rondonópolis, Barra das Garças, Sinop, Sorriso e Alta Floresta. No município de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, cerca de 500 pessoas protestaram, e a Polícia Militar estima menos de 100 pessoas.
Manifestante em Campo Grande (Foto: G1)
MATO GROSSO DO SUL
PARTICIPANTES: 16 mil, segundo a polícia; 19,8 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 32 mil, segundo a polícia; 100 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: O protesto começou às 16h30 (de MS) e terminou às 19h13, com discursos, hino nacional e balões verdes e amarelos.
A pauta de reivindicações da organização do protesto foi a extinção do PT, a transparência nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), investigação de Dilma e Lula, o afastamento de Dias Tóffoli do julgamento da Operação Lava Jato e contra a reforma política do PT.
Interior
No interior do estado, houve atos em Dourados, Ponta Porã, Corumbá e Maracaju. Em Dourados, a PM fala que foram cerca de 700 manifestantes. Já o movimento informa que entre 500 e 600 pessoas foram na manifestação.
Protesto em Belo Horizonte
(Foto: Reprodução GloboNews)
MINAS GERAIS
Capital
PARTICIPANTES: 6 mil, segundo a polícia; 8,5 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 25 mil, segundo a polícia e os organizadores.)
COMO FOI: A concentração começou por volta das 9h na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul. O percorreu as ruas da Capital até a Praça da Estação. A manifestação aconteceu de forma pacífica e foi encerrada às 14h20. Mais cedo, os participantes fizeram um apitaço em torno do coreto. Um dos cartazes na Praça da Liberdade pediu intervenção militar.
Vários movimentos sociais participaram da organização do protesto, entre eles o Vem Pra Rua, o Brava Gente, Pró-Brasil, Basta Brasil e o Grupo Vergonha.
Interior
Foram registrados atos em Governador Valadares, Montes Claros, Uberlândia, Uberaba, Ipatinga, Divinópolis, Juiz de Fora, Araxá, Santa Rita de Sapucaí, São Sebastião, Teófilo Otoni, Pouso Alegre, Varginha, Coronel Fabriciano, Timóteo e Poços de Caldas. Um dos maiores foi em Uberlândia, com 6 mil participantes, segundo a polícia, e 10 mil, segundo organizadores.
Manifestação em Belém (Foto: Alexandre Yuri/G1)
PARÁ
Capital
PARTICIPANTES: 5 mil, segundo a polícia e os organizadores.
(ATO EM 15/3: 45 mil, segundo a polícia; 60 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: O grupo se concentrou por volta de 9h na Estação das Docas, em Belém, marchando às 10h na direção da Praça da República, onde ficou por cerca de 40 minutos antes de seguir pela avenida Nazaré. A marcha irá até a avenida Visconde de Souza Franco e retorna para praça da República, onde será a dispersão.
Participam do protesto pessoas ligadas aos movimentos Reage Brasil, Vem pra Rua e Brasil Livre. “Nós somos contra o governo que despreza valores democráticos, um governo que tem um projeto totalitário, ditatorial, que tem um projeto de destruir a democracia e aparelhar o estado. A reforma política é um golpe”, afirma Leonardo Bruno, do Movimento Brasil Livre.
Interior
Também houve manifestação em Santarém. Algumas pessoas se concentraram na Praça São Sebastião e fizeram uma caminhada. Segundo a polícia, 110 participaram. Segundo organizadores, foram 350.
Em João Pessoa, grupo leva cartazes pedindo
intervenção militar (Foto: Krystine Carneiro/G1)
PARAÍBA
Capital
PARTICIPANTES: 300, segundo a polícia; 1,5 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 2,5 mil, segundo a polícia; 7 mil, segundo os organizadores.)
COMO FOI: Os manifestantes se concentram no Busto de Tamandaré, entre as praias de Cabo Brando e Tambaú.
Assim como aconteceu em outros protestos, muitas pessoas levaram cartazes apresentando suas reivindicações. Os cartazes reclamam dos aumentos nos preços e atacam o governo, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Há ainda alguns que pedem intervenção militar.
Interior
Também foi registrado protesto em Campina Grande, onde a caminhada começou às 15h30. Segundo a polícia, participaram 250 pessoas. Segundo organizadores, foram 1,5 mil.
Manifestantes saíram da Praça dos Pioneiros e
foram até a sede da Prefeitura de Paranavaí
(Foto: Fabiano Oliveira/RPC)
PARANÁ
Capital
PARTICIPANTES: 40 mil, segundo a polícia; 60 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 80 mil, segundo a polícia; 100 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: Em Curitiba, os manifestantes começaram a se reunir na Praça Santos Andrade, no Centro, no início da tarde. Entre os pedidos estão o fim da corrupção e o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Há ainda manifestantes elogiando o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato.
Interior
A PM informou que 5 mil pessoas estão nas ruas de Londrina protestando contra o governo federal. Os organizadores da manifestação falam em 10 mil pessoas.
Em Maringá, 6 mil foram às ruas, segundo a polícia, e 20 mil, segundo os organizadores.
Também houve atos em Cascavel, Paranavaí, Guarapuava e Foz do Iguaçu.
Manifestantes na Avenida Boa Viagem,
no Recife (Foto: Camila Torres/TV Globo)
PERNAMBUCO
Capital
PARTICIPANTES: 40 mil, segundo os organizadores.
(ATO EM 15/3: 15,1 mil, segundo a polícia; 50,5 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: 2 trios elétricos e um carro de som acompanharam o ato, que começou às 14h e saiu em passeata às 15h. O percurso total foi de 3,5 km de extensão – da pracinha de Boa Viagem ao Segundo Jardim, ambos na avenida Boa Viagem, principal do bairro. O protesto acabou às 17h30.
“A principal pauta do ‘Vem pra Rua’ no Recife e em todo o Brasil hoje é pedir a saída da presidente Dilma, seja por renúncia, cassação ou impeachment. A resposta que o governo deu aos protestos do dia 15 de março não foi satisfatória”, disse Gustavo Gesteira, um dos líderes.
Interior
Integrantes da Maçonaria realizaram uma caminhada no Centro de Caruaru, no Agreste, pela manhã. A organização estima que mais de 100 pessoas tenham participado da mobilização, que começou às 10h e durou 90 minutos. A PM calcula que 60 pessoas participaram. À tarde, um novo protesto reuniu 30 pessoas, segundo organizadores.
PIAUÍ
PARTICIPANTES: 300, segundo a polícia; 1 mil, segundo os organizadores.
(ATO EM 15/3: 4 mil, segundo a polícia; 5 mil, segundo os organizadores).
COMO FOI: Em Teresina, a chuva afastou o público da segunda manifestação na Avenida Marechal Castelo Branco, em frente à Assembleia Legislativa do Piauí.
Os manifestantes executaram o hino nacional logo no início do protesto. Apesar do pouco público, pessoas vieram de longe para participar do protesto. É o caso de Agnaldo Silva Alves, que veio da cidade de Elesbão Veloso, a 155 km de Teresina. “Isso é necessário para que ocorra uma mudança na forma de fazer política e de tratar o povo brasileiro”, afirmou.
Manifestante coloca a mão no peito para cantar o
Hino Nacional (Foto: Alexandre Durão / G1)
RIO DE JANEIRO
PARTICIPANTES: 10 mil, segundo a polícia; entre 20 mil e 25 mil, segundo os organizadores.
(ATO EM 15/3: 100 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: Manifestantes carregam faixas contra a corrupção na Praia de Copacabana. Eles marcham em direção à Praia do Leme, ocupando a pista junto à praia, que já é fechada aos domingos para lazer. Por volta das 12h30, a pista dos prédios também foi parcialmente fechada ao tráfego.
O ato, convocado por redes sociais, foi pacífico e teve apenas um tumulto, quando um homem que provocava os manifestantes com um megafone foi hostilizado e levado por PMs para a delegacia.
Interior
Foram registrados atos em Macaé, Volta Redonda, Barra Mansa, Petrópolis, Campos Goytacazes, Nova Friburgo e Resende. Um dos maiores foi em Volta Redonda, onde 300 pessoas participaram, segundo a PM, e 2,5 mil, segundo os organizadores.
Começa passeata em Florianópolis (Foto: G1)
SANTA CATARINA
Capital
PARTICIPANTES: 25 mil, segundo a polícia e os organizadores.
(ATO EM 15/3: 30 mil, segundo a polícia e organizadores.)
COMO: A concentração de pessoas em Florianópolis foi no Trapiche da Avenida Beira-Mar Norte, às 16h. O grupo seguiu em passeata até as 18h10, quando encerrou o protesto.
Interior
Foram registrados protestos em Criciúma do Sul, Navegantes, Joaçaba, Criciúma, Balneário Camboriú, Chapecó, Lages, Timbó, Curitibanos, Joinville, Pomerode, São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, Barra Velha, Blumenau e Palmitos. O maior deles foi em Chapecó, com 2 mil participantes, segundo organizadores, e 1,5 mil, segundo a PM.
Manifestantes na Avenida Paulista
(Foto: Rafael Arbex/Estadão Conteúdo)
SÃO PAULO
Capital
PARTICIPANTES: 275 mil, segundo a polícia; 800 mil, segundo os organizadores; 100 mil, segundo o Instituto Datafolha.
(ATO EM 15/3: 1 milhão, segundo a polícia e os organizadores.)
COMO FOI: A manifestação em SP começou por volta das 12h, quando motociclistas entraram na Avenida Paulista com bandeiras brasileiras e cartazes pedindo o impeachment da presidente e o fim do Partido dos Trabalhadores. Pouco depois, caminhoneiros com faixas “Fora, Dilma” percorreram as marginais dos rios Pinheiro e Tietê ao som de suas buzinas.
Mais tarde, às 14h, a concentração de pessoas aumentou em frente ao Museu de Arte Assis Chateaubriand, o Masp. Líderes do movimento “Vem Pra Rua” discursaram em carro de som, acompanhados de aplausos e músicas como “Que país é esse”, da Legião Urbana.
Assim como no dia 15 de março, crianças tiraram fotos com policiais militares, pets acompanharam seus donos e vestiram a bandeira do Brasil. Apesar de uma mulher ter sido detida por ter protestado sem roupa, o ato transcorreu sem incidentes e foi acompanhado por 1.800 policiais militares. O protesto foi encerrado às 18h15.
Em Ribeirão Preto, 25 mil pessoas protestaram,
segundo a PM (Foto: Amanda Pioli/G1)
Interior
Foram registrados atos, entre outras cidades, em Sorocaba, Santos, Praia Grande, Presidente Prudente, Araçatuba, Mogi das Cruzes, Jaú, São José do Rio Preto, Jundiaí, Itu, Bauru, Piracicaba, Campinas, Indaiatuba, Atibaia, Jacareí, Limeira, Lins e Paulínia.
Um dos maiores protestos do interior, em Ribeirão Preto, reuniu 25 mil pessoas, segundo a polícia e os organizadores.
Manifestação ocorre em bairro nobre de Aracaju
(Foto: Tássio Andrade / G1)
SERGIPE
PARTICIPANTES: 450 pessoas, segundo a polícia; 2 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 900, segundo a polícia; 5 mil, segundo os organizadores.)
COMO FOI: As pessoas se reuniram no Bairro 13 de Julho, em Aracaju e realizaram um protesto contra o governo da presidente Dilma. A concentração começou por volta das 15h no Mirante localizado na Avenida Beira Mar, na Zona Sul da capital. Os manifestantes seguiram em passeata até o Parque Augusto Franco gritando palavras de ordem. O ato foi encerrado de forma pacífica, de acordo com a Polícia Militar.
“Nós fizemos o primeiro ato e nada foi feito. Ao contrário, as coisas estão piores, quadruplicaram a verba do Congresso”, disse João Carlos Lima, representante do Movimento Basta em SE.
Manifestação em Natal (Foto: G1)
RIO GRANDE DO NORTE
PARTICIPANTES: 5 mil, segundo a polícia; 7 mil, segundo os organizadores.
(ATO EM 15/3: 12 mil, segundo a polícia; 40 mil, segundo os organizadores.)
COMO FOI: O protesto começou às 16h30, com concentração no Tirol, zona Sul de Natal. Com faixas e cartazes, os manifestantes criticaram a gestão petista na administração federal. Em meio ao ato público, algumas pessoas pediram o impeachment de Dilma. Outras chegaram a defender uma intervenção militar para destituir o governo do PT.
Por volta das 17h, os manifestantes deixaram o local de concentração e seguiram em direção à avenida Amintas Barros, também na zona Sul. O protesto em Natal foi encerrado por volta das 18h.
Manifestantes pede impeachment em Porto Alegre
(Foto: Felipe Truda/G1)
RIO GRANDE DO SUL
Capital
PARTICIPANTES: 35 mil, segundo a polícia; entre 35 mil e 40 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 100 mil, segundo a polícia; 120 mil, segundo os organizadores.)
COMO FOI: Com faixas e vestindo verde e amarelo, manifestantes fizeram uma caminhada em Porto Alegre e encerraram o ato por volta das 18h, no Parcão.
Com dois carros de som, os organizadores discursaram e pediram que ninguém participasse do protesto que pede intervenção militar. “Não sigam esses golpistas”, diz o porta-voz, que puxa o grito de “democracia”.
Mais cedo, um grupo pró-Dilma fez um coxinhaço em Porto Alegre. Participaram 20 pessoas, segundo a polícia; e 200, segundo organizadores.
Interior
Houve manifestações no Interior: Campo Bom, Erechim, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Santa Maria, Rio Grande, Uruguaiana, Bento Gonçalves, Santa Cruz do Sul, Pelotas e Bagé. Em Caxias do Sul, na Serra, cerca de 4,5 mil pessoas se reuniram na Praça Dante Alighieri, segundo a Brigada Militar e a organização do evento.
RONDÔNIA
PARTICIPANTES: 900, segundo a polícia; 1 mil, segundo os organizadores.
(ATO EM 15/3: 15 mil, segundo a polícia; 10 mil, segundo manifestantes.)
COMO FOI: Em Porto Velho, os manifestantes saíram do ponto de concentração, na Praça das Três Caixas D’água, por volta das 16h30, e encerraram o protesto na Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, no Centro da cidade.
Manifestantes em Palmas (Foto: Marcos Martins/G1)
TOCANTINS
Capital
PARTICIPANTES: 350, segundo a polícia; 1,2 mil, segundo organizadores.
(ATO EM 15/3: 10 mil, segundo a polícia; 18 mil, segundo organizadores.)
COMO FOI: A concentração de manifestantes começou às 16h, na praça dos Girassóis, centro de Palmas. Com faixas, cartazes e até trio elétrico, eles pediram o fim da corrupção e alguns defenderam a intervenção militar. Os manifestantes também gritaram palavras de ordem contra a presidente Dilma Rousseff e pediram pelo impeachment dela. O protesto na capital terminou por volta das 18h30.
Interior
Em Araguaína, a concentração de pessoas para o protesto começou por volta das 15h30 e terminou por volta das 17h20. A estimativa da ONG SOS Liberdade, que organizou o protesto, é que 50 pessoas foram à Praça do Galo.
Manifestações contra Dilma reúnem 1,5 milhão em todo o país
Cerca de 1,5 milhão de brasileiros protestaram em 15/3/15, de forma pacífica em todo o país contra a presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um complexo coquetel de tensão social, polícia e econômica derivado de grandes escândalos de corrupção como a Petrobras.
O maior protesto foi registrado em São Paulo, que reuniu um milhão de pessoas, segundo a polícia, vestidas em sua maioria com as cores da bandeira brasileira.
As manifestações também congregaram outro meio milhão de pessoas em 83 cidades, em protestos que igualaram em tamanho os realizados em junho de 2013, quando os brasileiros saíram espontaneamente às ruas para pedir o fim da corrupção e mais gastos com transportes, saúde e educação, no lugar de investimento do dinheiro público na Copa do Mundo.
Grande parte dos manifestantes exigiu, neste domingo, o “impeachment” da presidente, que começou seu mandato há menos de três meses depois de ser reeleita em outubro por uma pequena margem de 3%.
Muitos também pedem a intervenção militar para acabar com mais de 12 anos de governo de esquerda do PT, um paradoxo em um dia em que se comemora, justamente, os 30 anos da volta da democracia ao Brasil após a longa ditadura iniciada em 1964.
Era praticamente impossível caminhar entre a multidão que lotou os 4 km da Avenida Paulista.
“Hoje, somos milhares de pessoas que pedem o ‘impeachment’. O governo está numa situação lamentável”, declarou à AFP Rubens Nunes, assessor jurídico do Movimento Brasil Livre, um dos grupos que organizaram o protesto pelas redes sociais.
Os protestos também são muito maiores do que aqueles convocados na sexta-feira em apoio à Dilma e à Petrobras por sindicatos e movimentos sociais ligados ao PT. Segundo os organizadores, 175 mil pessoas foram às ruas na sexta, e 33 mil, de acordo com a polícia.
Fartos da corrupção
Entre 45 mil e 50 mil pessoas também marcharam até o Congresso, em Brasília, entre eles o empresário de construção civil Alessandro Braga, de 37 anos, acompanhado da mulher e do filho pequeno em um carrinho.
“Apoio a saída de Dilma. Os maiores escândalos de corrupção ocorreram durante seu governo, e ela não disse nada”, argumentou.
O cansaço com a corrupção revelada parece ser o denominador comum dos manifestantes, embora as demandas variem, indo de um golpe militar até a proteção do Aquífero Guarani.
“O Brasil está sendo destruído. Apenas as Forças Armadas podem salvar o país”, afirmou a fisioterapeuta Ana Paula do Valle, de 52 anos.
Já avenida Atlântica, em Copacabana, foi tomada por cerca de 15 mil pessoas – segundo a polícia – aos gritos de “Fora Dilma, fora PT!” e, assim como aconteceu em muitas cidades, os manifestantes cantaram o Hino Nacional.
A produtora de TV, Rita Souza, de 50 anos, exibia um cartaz com as palavras “Intervenção militar já”.
“Não estou pedindo um novo golpe de Estado, e sim uma intervenção constitucional para convocar novas eleições limpas, sem urna eletrônica, sem manipulação do PT. Que vão todos para Cuba!”, declarou à AFP.
A popularidade de Dilma caiu 19 pontos em fevereiro, ficando em 23%, e a presidente sabe que a situação é complicada.
A economia cresceu muito pouco nos últimos quatro anos e está estagnada, há déficit de contas públicas, da balança comercial e inflação elevada (7,7%, em 12 meses), e o real se desvalorizou quase 30% em um ano.
O governo promove um ajuste fiscal para pôr a casa em ordem, mas isso não é aprovado por uma parte da esquerda.
A isso tudo se soma ainda a tensão política e a incerteza causadas pelo enorme esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Dezenas de políticos – incluindo 22 deputados, 13 senadores e dois governadores – são investigados por suposto envolvimento. A maioria pertence ao PT, ou a partidos que integram a coalizão do governo.
Dilma defendeu o direito de manifestação livre em um vídeo postado em seu Facebook. Há alguns dias, ela lembrou que não é possível realizar um terceiro turno das eleições, pois isso representaria uma “ruptura democrática”.
Corrupção e impunidade
Ao final deste domingo, dois ministros de Dilma deram uma coletiva de imprensa e afirmaram que o governo anunciará nos próximos dias “um conjunto de medidas para combater a corrupção e a impunidade” e enviará o texto ao Congresso para sua aprovação.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, declarou que o “atual sistema eleitoral anacrônico é a principal porta de entrada da corrupção” e que, por isso, é urgente uma reforma política que ponha fim ao financiamento empresarial das campanhas eleitorais.
“As manifestações contrárias ao governo são legítimas. O que não é legítimo é o golpismo, a violência, o ‘impeachment’ infundado que danifica a democracia”, declarou, por sua vez, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto.
As manifestações tiveram o apoio do PSDB. Seu presidente, Aécio Neves, que perdeu a eleição para Dilma, não protestou nas ruas, mas alertou em um vídeo postado no Facebook que “o caminho está apenas começando”.
“Não vamos nos dispersar!”, proclamou.
“O governo deve descer do pedestal, convocar a sociedade civil, seus aliados, convocar o país para tentar uma espécie de pacto porque pode estar em jogo sua própria sobrevivência”, disse à AFP o analista político brasiliense André César.
Começaram em 15/3/15, no Rio de Janeiro, em Brasília e em outras capitais, as manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff.
As manifestações já começam na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e em cidades como Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza.
Muitos manifestantes usam camisas amarelas e carregam faixas contra o governo e o PT.
As manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff, com previsão de protestos em pelo menos 50 cidades, foram convocadas pelas redes sociais. A maioria dos grupos organizadores defende o impeachment, usando como argumentos uma suposta corrupção no governo, o escândalo da Petrobras e os altos custos com impostos e tarifas, entre outras reclamações.
Além de cidades como São Paulo, que conta com mais de 100 mil pessoas confirmadas em evento no Facebook, e Rio de Janeiro e Brasília, também com milhares de participantes esperados, há manifestações agendadas para diversas outras capitais e locais no exterior, como Londres, Boston e Sidney.
Apesar de os organizadores afirmarem que os movimentos não estão ligados a partidos políticos, legendas de oposição declararam adesão aos protestos.
Na entrada da praia de Copacabana, pessoas que vinham caminhando desde o Leblon para a passeata discutiram rapidamente com um homem que gritou contra eles. Entre as palavras de ordem, os manifestantes… mais
Na entrada da praia de Copacabana, pessoas que vinham caminhando desde o Leblon para a passeata discutiram rapidamente com um homem que gritou contra eles. Entre as palavras de ordem, os manifestantes gritam “Quem não é comunista sai do chão” e “Somos coxinhas, mas somos trabalhadores”. O Hino à Bandeira o Hino Nacional foram cantados, assim como músicas de Cazuza, Geraldo Vandré e Gonzaguinha.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), derrotado por Dilma na eleição presidencial do ano passado, convocou a militância tucana para ir às ruas protestar, ressalvando, porém, que o impeachment não faz parte da agenda do partido.
O governo de Dilma enfrenta um quadro de inflação cada vez mais alta, atividade econômica fraca, piora no mercado de trabalho e turbulência política com a base governista.
A esse quadro, soma-se o maior escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, ao qual estão ligados funcionários, políticos e partidos e as maiores empreiteiras do país.
Sempre que questionada sobre as manifestações populares, como o panelaço em várias capitais durante seu pronunciamento na TV no domingo passado, Dilma tem repetido que fazem parte da democracia. A presidente diz, no entanto, ser contra atos violentos e já declarou que para pedir impeachment é preciso haver razões.
“Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições”, declarou a presidente.
Com as manifestações deste domingo, Dilma se junta a outros dois presidentes que enfrentaram protestos populares no período da redemocratização: Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
Collor acabou sofrendo o impeachment, enquando Fernando Henrique reverteu em parte a baixa popularidade do início de seu segundo mandato, superando inclusive uma campanha com ampla participação de petistas que tinha o slogan “Fora FHC”.
Brasil está em atoleiro, diz Economist em manchete de capa
A revista The Economist volta a dedicar a capa para o Brasil. Na edição latino-americana que chega às bancas, uma passista de escola de samba está em um pântano coberta de gosma verde com o título “O atoleiro do Brasil”. Em editorial, a revista diz que a antiga estrela da América Latina “está na maior bagunça desde o começo dos anos 1990”. A capa da edição da Economist para o restante do mundo não tem o País como tema principal e dá destaque a outro assunto: o avanço dos telefones celulares.
A Economist diz em editorial que, durante a campanha, Dilma Rousseff “pintou um quadro rosa” sobre o Brasil e a campanha teve o discurso de que conquistas como o emprego, aumento da renda e benefícios sociais seriam ameaçados pela “oposição neoliberal”. “Apenas dois meses do novo mandato, os brasileiros estão percebendo que foi vendida uma falsa promessa”.
Para a revista, “a economia do Brasil está em uma bagunça, com problemas muito maiores do que o governo admite ou investidores parecem perceber”. Além da ameaça de recessão e da alta inflação, a revista cita como grandes problemas o fraco investimento, o escândalo de corrupção na Petrobras e a desvalorização cambial que aumenta a dívida externa em real das empresas brasileiras.
“Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando”, diz a revista.
A Economist nota que boa parte dos problemas brasileiros foram gerados pelo próprio governo que adotou uma estratégia de “capitalismo de Estado” no primeiro mandato. Isso gerou fracos resultados nas contas públicas e minou a política industrial e a competitividade, diz o editorial. A revista cita que Dilma Rousseff reconheceu parte desses erros ao convidar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. “No entanto, o fracasso do Brasil em lidar rapidamente com distorções macroeconômicas deixou o senhor Levy com uma armadilha de recessão”.
Entre as medidas para que o Brasil retome o caminho do crescimento sustentado, a revista diz que “pode ser muito esperar uma reforma das arcaicas leis trabalhistas”. “Mas ela deve pelo menos tentar simplificar os impostos e reduzir a burocracia sem sentido”, diz o texto, ao citar que há sinais de que o Brasil pode se abrir mais ao comércio exterior.
O editorial termina com a lembrança de que o Brasil não é o único dos BRICS em apuros e a Rússia está em situação pior ainda. “Mesmo com todos os seus problemas, o Brasil não está em uma confusão tão grande como a Rússia. O Brasil tem um grande e diversificado setor privado e instituições democráticas robustas. Mas seus problemas podem ir mais fundo do que muitos imaginam. O tempo para reagir é agora”.
Fonte: The Economist
O Brasil está em meio a uma crise causada pelo próprio País e, antes de melhorar, a situação vai piorar. Esse é o resumo do principal editorial publicado ontem pelo jornal britânico Financial Times.
Apesar da situação negativa, o editorial reconhece que o Brasil está longe do quadro de hiperinflação. “Melhor ainda, as instituições estão se segurando, especialmente o Judiciário.”
“O Brasil está em crise. No início deste mês, mais de um milhão de manifestantes foram às ruas para expressar seu descontentamento. Grande parte do País sofre racionamento de água após um longo período de seca”, diz o editorial com o título “A queda do encanto do Brasil é de sua própria autoria”.
Fonte: Financial Times
“A Petrobras está envolvida em um escândalo de corrupção épico que viu até US$ 10 bilhões desviados. A economia deverá encolher este ano e talvez também no próximo ano, o que seria o pior desempenho desde 1931”, informa o texto.
“Os índices de aprovação de Dilma Rousseff já caíram para 13%. Parece que foi ontem que o País festejava boas novas. Portanto, a queda foi espetacular. Infelizmente, a situação está suscetível a piorar ainda mais.”
Esteroides. Para o FT, parte do boom dos últimos anos foi resultado de “esteroides”, como o superciclo das commodities e o boom do crédito. Esses benefícios foram aproveitados sem disciplina, diz o FT. “Agora, o processo está acontecendo em marcha à ré.”
O editorial afirma que o colapso do real é uma “reprecificação dramática” da economia. “Mas a taxa de câmbio real ponderada pelo comércio ajustada pela inflação ainda é maior do que a média de 20 anos. Os custos unitários do trabalho também são maiores em dólar do que em 2010. Assim, é possível que a moeda se enfraqueça ainda mais.”
“O governo, que está há 12 anos no poder, culpou fatores externos. Mas a confusão é em grande parte de autoria do próprio Brasil. Para um contraponto é só olhar para os vizinhos orientados aos mercados voltados para o Pacífico, como o Chile, Colômbia e Peru. Eles aproveitaram boom de crédito e commodities semelhante, mas sem essa ressaca. Essas economias ainda estão crescendo rápido”, diz o FT.
Apesar da série de problemas na economia e política, o FT diz que “tudo não é totalmente ruim para o Brasil”. “O País está longe de cair de volta no caminho da hiperinflação. Melhor ainda são as instituições que estão se segurando, especialmente o Judiciário”, diz o texto ao lembrar que vários políticos de alto escalão envolvidos no mensalão foram condenados. Agora, outros nomes tão importantes estão sendo investigados pelo escândalo na Petrobras. Além disso, o editorial cita que Eike Batista pode ir para a cadeia. “Isso teria sido impensável há alguns anos, quando a impunidade reinava.”
“Então, a crise no Brasil é ruim e provavelmente vai piorar antes de melhorar. No entanto, poderia ter sido ainda pior. É uma espécie de progresso para o ‘País do futuro’, como diz o clichê. Acima de tudo, isso significa que o Brasil ainda tem um.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Personagens relegados a pano de fundo dos blocos de Carnaval de Salvador, responsáveis por separar os afortunados foliões que podem desembolsar até R$ 500 por um abadá do restante da multidão, os cordeiros são colocados constantemente em situações de risco. Por onde quer que se ande na capital baiana durante os seis dias da folia, pipocam relatos de violência sofrida por esses trabalhadores, seja por parte dos foliões ou da polícia.
Ao longo do Carnaval deste ano, cordeiros ganharam destaque nos discursos das estrelas da festa. Daniela Mercury, por exemplo, pediu para que os foliões fossem gentis com os cordeiros, já que eles seriam, em suas palavras, “os anfitriões da cidade”. Bell Marques, em uma de suas últimas apresentações com o Chiclete com Banana, fez uma homenagem a Nenê, cordeiro que acompanhou a banda desde seus primeiros Carnavais.
Foi com o intuito de entender melhor como é a vida nos cordões dos trios elétricos que o Terra acompanhou de perto o trabalho desses profissionais. O bloco escolhido não poderia ser mais emblemático: Vumbora, o último trio a sair no circuito de Barra-Ondina, na primeira apresentação de Bell Marques em sua carreira solo.
Percorremos os primeiros 600 metros do bloco, desde sua partida, no Farol da Barra, até a rua Marquês de Caravelas. O trajeto, apesar de curto, tomou mais de uma hora e meia para ser vencido. Tempo suficiente para sentir na pele uma amostra do drama diário desses profissionais da folia.
“Ele quer ser cordeiro, acredita?”
O primeiro desafio da noite foi convencer os coordenadores da equipe de que eu pretendia trabalhar como cordeiro, de graça, pela simples curiosidade jornalística. Fui levado até um contêiner alojado no gramado ao pé do Farol da Barra, com pouca iluminação, onde dezenas de pessoas estavam espremidas, vestindo coletes verdes, laranjas e rosas. Eventualmente, a coordenadora do grupo, Suzi, é apresentada.
“Ele quer ser cordeiro, acredita?”, debocha um dos homens recrutados pela empresa responsável pelos cordões do bloco. “Ah, é? Boa sorte então, amigo”, respondeu Suzi, que tratou de me deixar sob a responsabilidade de um auditor de sua confiança, Josenilson Araujo Bezerra, o Nilson, em uma “área mais tranquila”, segundo ela. “Nas laterais, perto do trio, é mais violento. É melhor você ficar mais pra frente. Mas cola com o Nilson que está tudo tranquilo”, afirmou.
Um estranho no ninho
Uma vez garantida a participação, recebo o kit oferecido a todos os trabalhadores: um colete, uma luva (apenas para a mão direita) e protetores auditivos. Caso o bloco saísse de dia, teria direito também a protetor solar.
Devidamente uniformizado, porém, o primeiro estranhamento foi evidente. Entre dezenas de trabalhadores, eu era o único homem branco. Segundo Suzi, os cordeiros são recrutados em bairros da periferia de Salvador, na faixa etária entre 18 e 60 anos, e são submetidos a um cadastro prévio, em que são exigidos RG, CPF e atestado de antecedentes criminais. “Nós não contratamos quem já teve passagem pela polícia”, garante a coordenadora.
Para cada dia de trabalho, cordeiros recebem R$ 45, mais transporte, e um lanche que consiste em duas garrafas d’água, um suco, um sanduíche, um biscoito e uma barra de cereal. Nesta terça-feira, porém, os cordeiros trabalharam (e receberam) em dobro, já que estiveram presentes, à tarde, na despedida de Bell Marques do Chiclete com Banana, no Circuito Campo Grande, e, à noite, acompanharam o bloco do cantor em sua primeira aparição na carreira solo. Na próxima sexta-feira, quando será feito o pagamento, o cordeiro que tiver trabalhado em todos os dias do Carnaval receberá cerca de R$ 315.
Tensão constante e medo da polícia
Devido à expectativa gerada pela primeira apresentação de Bell Marques fora do Chiclete com Banana, o bloco ingressou na avenida Oceânica, na região da Barra, com quase três horas de atraso, às 23h30. Na companhia de Nilson, os primeiros metros são tranquilos o suficiente para que o auditor pudesse passar as instruções básicas da função.
“Fique com a mão na corda e atento a tudo o que acontece em volta. Quando alguém identificado com o bloco pede para entrar ou sair, você levanta a corda. Agora, quando você sentir a corda vibrar porque um colega está batendo nela, puxe e se afaste, porque está vindo a polícia.”
A apreensão com a presença policial é justificada. “Tome bastante cuidado com a polícia. Se alguém bater na corda, deixe afastado para eles poderem passar. E deixe espaço também para que outras pessoas possam passar entre os policiais e o cordão, porque pode dar briga. E não deixe também a mão muito exposta quando a polícia passa, porque tem policiais que batem no que estiver na frente”, explica Nilson.
Pergunto para um colega a meu lado do que ele tem mais medo: do folião brigão ou da polícia? “Da polícia, com certeza. Eles não querem saber, se você encostar neles enquanto eles passam, eles já descem o pau.”
O primeiro tumulto
Mal o bloco avança em direção a Ondina e nos deparamos com o “batismo de fogo”. A esquina das avenidas Sete de Setembro e Oceânica, em frente ao Farol da Barra, é considerada pelos cordeiros um dos pontos mais críticos do trajeto, já que o afunilamento do público é inevitável quando o trio faz a curva. Empolgados com a apresentação dos músicos, foliões dão início a um empurra-empurra para avançar os cordões.
“Levanta esse cordão, pelo amor de Deus, eu preciso sair se não eu vou morrer aqui”, grita uma foliona, desesperada ao ser espremida contra o cordão do bloco. Uma mulher a seu lado tropeça e por pouco não cai no chão, onde correria o risco de ser pisoteada pela massa. “Gente, vocês precisam aumentar essa corda. Tem muita gente aí, não dá pra se mexer”, reclamou um homem do lado de fora do cordão, vestido com o abadá do bloco. Cercado pelas mais de 4 mil pessoas que acompanhavam o bloco, ficava cada vez mais difícil manter a mão agarrada ao cordão. “Está vendo? E isso é só o começo”, brincou Nilson diante de minha dificuldade para acompanhar o ritmo dos colegas.
Mais à frente, a vibração da corda denuncia a aproximação da polícia. A centímetros dos cordeiros, dois foliões são rendidos por PMs, que abrem caminho entre a multidão na base de empurrões e “cutucões gentis” com os cassetetes.
Prisões e brigas
Cordeiro há cinco anos, Jackson da Silva Lima veio de São Paulo para Salvador acompanhando a ex-mulher, com quem teve uma filha. Atualmente separado, aguarda na Justiça a possibilidade de ter a guarda compartilhada. “Mas é muito difícil, tá uma briga feia”, conta.
O dinheiro garantido com o trabalho nos Carnavais ajuda, mas é insuficiente. “É um bico. É um trabalho em que você até pode se divertir, mas está exposto a muito problema, e o dinheiro é pouco.” Já em seu primeiro Carnaval, relata, teve problemas com a polícia. “Eu estava trabalhando tranquilo quando um policial me puxou pra fora do bloco. Eu apanhei, fui algemado e levado para um posto da polícia. Lá eles puxaram a minha ficha e viram que eu estava limpo, que eu nunca fiz nada, e me liberaram. Mas no momento em que você fica lá você fica pensando um monte de besteira, é um pavor só”, recorda-se.
Ao ser questionado sobre outros episódios de violência sofridos ou testemunhados, Jackson ergue os lábios superiores, deixando em evidência um corte recém-cicatrizado. “No último sábado, eu estava acompanhando o bloco e me envolvi numa briga com cinco cordeiros. Um deles tinha deixado uma latinha de cerveja no chão, e eu não sabia que estava cheia e chutei. Só na hora que chutei que eu vi que ela estava cheia. Ele se virou pra mim e me xingou, eu xinguei ele e a gente começou a brigar. Eu derrubei ele, só que aí vieram outros quatro pra cima de mim e um deles me deu um soco na boca. Levei pontos, ficou tudo aberto. Só agora que melhorou”, disse.
Diante do risco, o bom humor
Mesmo com o risco de agressões, com a tensão constante em relação à polícia e aos foliões, reina entre os cordeiros um sentimento de companheirismo. “Eu gosto de trabalhar em Carnaval porque dá pra curtir. Eu sou fã do Chiclete, fã do Bell. Aí você vê uma mulherada, pega um movimento. O pessoal já faz uma brincadeira legal”, comentou um colega.
Não demora muito para que as piadas recaiam sobre o “penetra”. “Jornalista e quer saber como é um dia na nossa vida? Puxa, irmão, eu queria muito passar um dia como você, trabalhando no ar-condicionado.”
A renomada revista FRANCE FOOTBALL traz sempre belíssimas capas, ilustradas com fotos de lances sensacionais, gols, voleios, troféus, torcidas celebrando com suas bandeiras, etc… Mas esta semana veio com uma “Edição de Luto”.
A capa toda negra, onde se lê “Peur sur le Mondial”, algo como: “O mundial do medo”, sendo que a letra O da palavra “mondial” está a bandeira do Brasil, e onde deveria estar escrito “Ordem e Progresso”, foi colocada uma tarja negra.
(foto ilustrativa) No subtítulo diz: Atingido por uma crise econômica e social, o Brasil está longe de ser aquele paraíso imaginado pela FIFA para organizar uma Copa do Mundo, a menos de 5 meses do mundial, o Brasil virou uma terrível fonte de angústia. A revista FF é a mais respeitada publicação de futebol no mundo.
O prêmio “Ballon d’Or”, foi criado por ela, e a FIFA teve que pagar para ter o direito de promover tal prêmio. Também foi dela a série de reportagens que culminaram na suspensão do campeonato Italiano de 2005/06, assim como as denúncias de corrupção que resultaram na queda de João Havelange.
Alguns fatos sobre a copa:
Política
Apesar do lema brasileiro: “Ordem e Progresso”, o que menos se vê na preparação deste mundial, é Ordem ou Progresso.
A FIFA não pediu o Brasil para sediar a Copa, foi o Brasil que procurou a FIFA e fez a proposta.
A corrupção no Brasil é endêmica, do povo ao governo.
A burocracia é cultural, tudo precisa ser carimbado, gerando milhões para os Cartórios.
Tudo se desenvolve a base de propinas.
Todo o alto escalão do governo Lula está preso por corrupção, mas os artistas e grande parte da população acham que eles são honestos, e fazem campanhas para recolher dinheiro para eles.
Hoje, tudo que acontece de errado no Brasil, a culpa é da FIFA, antes era dos EUA, já foi de Portugal, o brasileiro não tem culpa de nada.
O Brasileiro dá mais importância ao futebol do que à política.
O Brasileiro elege jogadores de futebol para cargos públicos.
Romário (ex-Barcelona) é hoje deputado. Aproveita o descontentamento com a Copa para se auto-promover, mas nunca apresentou um projeto de lei sobre saúde ou educação. Sua meta é dar ingresso da Copa para pobre (como se essa fosse a prioridade para um pobre brasileiro).
O Deputado mais votado do Brasil é um palhaço analfabeto e banguela, que faz uma dança ridícula, com roupas igualmente ridículas, e seu bordão é: “pior que está não fica”. Será?
Em uma das músicas deste palhaço analfabeto ele diz: “Ele é ladrão mas é meu amigo!”, Isso traduz bem o espírito do Brasileiro.
Brasileiros se identificam com analfabetos.
A carga tributária do Brasil é altíssima maior que a da França, e os serviços públicos são péssimos comparáveis aos do Congo.
Mas o Brasileiro médio pensa que ele mora na Suíça. Quem está lá, na verdade, é a FIFA.- Há um dito popular que diz que “Deus é brasileiro”.
A FIFA, como imagem institucional, busca não associar-se a ditaduras. Tanto que excluiu a África do Sul na época do Aparthaid e, ao contrário do COI, recusou a candidatura da China, apesar das ótimas condições que o país oferecia. Mas o Brasil, sede da Copa, vive um caso de amor com ditaduras.
O Brasil pleiteava uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, para sentar-se ao lado França, mas devido ao seu alinhamento com ditaduras, a França já se manifestou contrariamente.
A Presidente Brasileira parece estar alienada da realidade e diz que será o melhor mundial de todos os tempos, isso, melhor que o do Japão, dos EUA, da França, da Alemanha.
O governo brasileiro acaba de gastar 400 milhões de Euros com compras de armas para a polícia e disse estar disposto a colocar o exército na rua para proteger a Copa contra os… Brasileiros (?) Isso mesmo, o governo está ameaçando seu próprio povo.
Há um movimento de alguns jogadores de futebol, liderado pelo ídolo do Lyon (França) Juninho Pernambucano, chamado “Bom Senso”, pedindo conscientização dos jogadores.
Analisando os países sedes desde 1970, o número de mortes em estádios, nos 16 anos prévios a cada edição da Copa: México: (1970): 06 mortes; Alemanha (1974): 00 mortes; Argentina (1978): 04 mortes; Espanha (1982): 00 mortes; México (1986): 12 mortes; Itália (1990): 00 mortes; EUA (1994): 00 mortes; França (1998): 00 mortes; Japão (2002): 00 mortes; Coreia do Sul (2002): 00 mortes; Alemanha: (2006): 00 mortes; Africa do Sul: (2010): 17 mortes; Brasil: (2014): 234 mortes;
As autoridades dizem que foram pegas de surpresa!
Não há transporte por trens.
Saúde
Reze para não ter problemas de saúde enquanto estiver alí.
Vacina contra febre amarela é recomendada.
Use repelentes, no Brasil ainda há pessoas morrendo com dengue, malária ou doença de chagas, já erradicadas na França no século XVIII.
Faça um seguro de saúde privado antes de ir ao Brasil.
Médicos privados cobram mais de 100Eurs por consultas de 20minutos.
Os hospitais públicos são péssimos, comparáveis a zonas de guerra. Vide
A frase de Ronaldinho Fenômeno virou hit no Twitter e record e visualizações no youtube.
O Pelé pediu para os Brasileiros esquecerem os problemas e curtirem a Copa.
Hospedagem
Paris é a cidade mais visitada do mundo, com quase 20 milhões de turistas / ano. São Paulo é menos visitada que a pequena Benidorm na Espanha, ou que a cinza Varsóvia, na Polônia ou a poluída Chenzen na China.
São Paulo perde para Buenos Aires, Cuzco e outras cidades Sulamericanas.
Nem no Brasil é a mais visitada. Ninguém faz turismo em São Paulo.
Amarga o posto 68 na lista das mais visitadas do mundo.
No entanto, um hotel em São Paulo custa em média 40% mais do que se hospedar em um equivalente hotel em Paris.
Na época da Copa, um hotel de baixa qualidade em São Paulo chega a pedir 800 Euros por noite.
Os brasileiros não tem hábito de intercambiar casas, alugar sofás ou hospedar pessoas por sites em internet.
Leve adaptador de tomada. O Brasil adotou um sistema que só existe no Brasil, e muda a cada 4 ou 5 anos, gerando milhões para algumas empresas.
Se você não gostou do que leu até agora, o pior está aqui.
No Brasil há mais assassinatos que na Palestina, no Afeganistão, Síria e no Iraque JUNTOS.
No Brasil há mais assassinatos que em toda a AMÉRICA DO NORTE + EUROPA + JAPÃO + OCEANIA.
A guerra do Vietnã matou 50.000 pessoas em 7 anos. No Brasil se mata a mesma quantidade em um ano.
Ano passado foram 50.177 segundo o governo, segundo a ONGs superam 63.000 mortes.
Todo brasileiro conhece alguém que foi assassinado.
1% dos casos resultam em prisão.
Este 1% não chega a cumprir 1/6 da pena, e é beneficiado por vantagens que se dão aos criminosos.
As prisões parecem masmorras e não recuperam.
Rebeliões com dezenas de mortos, pessoas decapitadas, esquartejadas são frequentes.
Recomenda-se levar uma pequenas quantidade de dinheiro para caso de assaltos. É comum assassinarem as pessoas que nada tem para o assalto.
Não leve o cartão consigo, você pode ser vítima de uma espécie de sequestro que só tem no Brasil: “Sequestro Relâmpago”.
Não use relógios, máquinas fotográficas, celulares, pulseiras, brincos, colares, anéis, bolsas caras, bonés caros, óculos caros, tênis caro, etc… Vista-se da forma mais simples possível.
Se for assaltado, não reaja.
Não ande pelas ruas após as 22hs.
Caixas eletrônicos não funcionam após as 22h30, devido aos assaltos. Os políticos, no lugar de aumentar a segurança, tiveram a brilhante idéia de proibir o cidadão de bem de tirar dinheiro do caixa.
Os bancos fecham as 16hs.
Só faça câmbio em bancos ou casas autorizadas. Existe uma grande quantidade de moeda falsa e estrangeiros são alvo fácil.
Policiais são monoglotas. Aprenda frases como: “Eu fui assaltado”; “preciso de ajuda”, “estou ferido”, “sou francês, leve-me ao consulado por favor”
Há falsas blitz para assaltar pessoas.
Conclusão
O que falta no Brasil é educação. Os números são assustadores, mesmo quando comparados com seus vizinhos sulamericanos.
O Brasil tem uma porcentagem de universitários menor que o Paraguai;
Apenas 3% dos Brasileiros são bilingues.
A Argentina tem 5 prêmios Nobel, a Colombia 3, o Chile 3, a Venezuela 1, a Colombia 4, o Brasil? Zero!
Entre as 300 melhores Universidades do mundo, não tem nenhuma Universidade Brasileira.
O país tem 9% de analfabetos;
No Brasil há 33.000.000 de analfabetos funcionais.
Ano passado surgiram 300.000 novos analfabetos.
No ranking da ONU de 2012 o Brasil, que já estava mal colocado, caiu mais 3 posições, e hoje é o número 88 no mundo. (A França é 5.)
O Brasil fica atrás de Belize, Ilhas Fiji, Tchad, Azerbaijão, Ilhas Maurícios, Uzbequistão, Mongólia, Paraguai, Trinidad e Tobago, Belarus, Tijiquistão, Botswana, São Tomé e Príncipe, Namíbia, Santa Lúcia, Moldavia… Até atrás da Palestina em guerra, o Brasil conseguiu ficar.
UMA VERGONHA INTERNACIONAL mas o brasileiro está muito feliz de ser pentacampeão de futebol.
Nos corredores da FIFA já se admite que foi o maior erro da história da Instituição eleger o Brasil como sede. O que se fala é que os dirigentes deveriam ter ouvido o grande Estadista Francês Charles de Gaulle, quando disse:
“O Brasil não é um país sério”
Em entrevista ao jornal britânico The Times, Jérôme Valcke declarou que a Copa do Mundo FIFA 2014, a ser realizada no Brasil nos meses de junho e julho, pode ser a pior da história. A matéria trata do estouro de prazos em relação à instalação das centrais de telecomunicação e de tecnologia da informação nos estádios.
Apenas mais um item para a extensa lista de vexames brasileiros e mais um motivo para alimentar a crescente temeridade dos estrangeiros na vinda para a competição no país. O periódico inglês, por exemplo, já alertou sobre a possibilidade de falta de água (tema de artigo na semana passada aqui no Yahoo!), a violência e as manifestações.
Em meio aos heroicos protestos contra a realização da Copa no Brasil e diante de sua iminente realização, cabe questionar se o problema está no fato do país sediar um torneio de grande porte ou nas oportunidades que foram perdidas no tocante ao legado que o evento deixará para os brasileiros.
Lado Leste
A Zona Leste paulistana, famosa por sua população carente e pelos inúmeros casos de violência registrados, ganhou as manchetes esportivas ao ser escolhida sede do jogo de abertura da Copa 2014, a ser realizado no estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera. A construção da arena foi comemorada como uma chance de ouro na revitalização da área e na melhoria da infraestrutura local.
A 90 dias do início da competição, contudo, são poucos os efeitos positivos na vida daqueles que vivem na região. Um dos principais problemas é o transporte público superlotado e as vias congestionadas.
A Linha 3 – Vermelha do Metrô, que serve a Zona Leste de São Paulo, é a mais sobrecarregada do sistema. Conta com 18 estações, sendo 13 entre o extremo leste (Itaquera) e o centro (Sé), percorre um total de 22 km de extensão e transportou mais de 423 milhões de passageiros ao longo de 2012, o maior número de todo o sistema, segundo dados fornecidos pela Companhia do Metropolitano de São Paulo.
A dificuldade é ainda maior devido à concentração de pessoas nos horários de pico, que deslocam-se do leste para o centro no início da manhã e fazem o itinerário inverso no final da tarde. Portanto, a solução não se restringe a melhorias no Metrô e na diversificação do transporte público, mas principalmente na oferta de empregos e estudo na Zona Leste de SP, diminuindo o fluxo único e diário de milhões de moradores da região, ao mesmo tempo.
Para quem opta pelo veículo próprio a situação não é muito mais animadora: sem um transporte público de qualidade e com poucas opções de escoamento, as poucas vias que atendem quem deixa a Zona Leste da cidade, como a Radial Leste, não suportam o enorme volume de carros e motocicletas e apresentam diversos pontos de congestionamento até mesmo fora dos horários de pico.
Com a realização de jogos importantes do Mundial de Futebol no bairro de Itaquera, como a partida de abertura e uma das semifinais, eram esperadas uma série de obras e melhorias que ao menos amenizariam o problema do transporte e do deslocamento de pessoas da região. Contudo, o quadro é tão grave que fica difícil acreditar que haveria outra solução que não seja decretar ponto facultativo em dias de jogos.
Legado
O transporte apenas ilustra os anos de descaso com a Zona Leste de São Paulo: por ser extremamente populosa, é alvo estratégico durante corridas eleitorais, mas deixa de ser atrativa em relação a investimentos que efetivamente desenvolvam a região.
A construção do estádio do Corinthians seria uma oportunidade única de gerar emprego na região, ampliar a rede de transporte público, melhorar condições de moradia e segurança, ampliar o número de vagas em escolas e hospitais e transformar o bairro de Itaquera em um importante polo econômico da cidade, assim como são o centro e a região do Itaim/Vila Olímpia.
A população paulistana, em especial a que vive na Zona Leste, deve compreender que, apesar da cidade ter deixado escapar a chance de corrigir suas deficiências com a realização da Copa do Mundo, São Paulo não depende de um grande evento internacional para desenvolver-se: a força de trabalho de seu povo transformou a capital paulista em uma das maiores metrópoles do planeta; é fundamental que haja cobrança de seriedade e eficiência dos governantes para que problemas estruturais e urgentes sejam solucionados de imediato.
No Brasil a convite do Museu de Arte do Rio de janeiro (MAR), onde participou ao longo da semana de eventos sobre o racismo, o ex-zagueiro francês Lilian Thuram disse neste domingo, em entrevista exclusiva à AFP, ter ficado “surpreso com a violencia da divisão na sociedade brasileira”.
Neste domingo, Thuram, que foi campeão mundial com a seleção francesa em 1998, visitou o Complexo do Alemão e encontrou crianças e escritores locais numa biblioteca da comunidade.
-O que você aprendeu no Brasil?
“Aprendi coisas sobre a história brasileira e sobre personagens-chave que poderiam, talvez, pelo seu percurso, aproximar as pessoas. Mas fiquei surpreso com a violência da divisão na sociedade brasileira. Na França, temos às vezes uma imagem idealista do Brasil, que seria um país mestiço, onde todo mundo vive junto, em harmonia e samba o tempo todo. Mas não é nada disso. Entre o asfalto e a favela, temos dois mundos diferentes, é inacreditável. Os afro-descendentes formam 90% da população brasileira, mas quando vemos os jornais, percebemos muitas ausências e um predomínio de pessoas de cor branca. Percebemos que a hierarquia que existia antigamente ainda existe hoje. Eu não esperava ver isso ao viajar para o Brasil”.
-O racismo vem da falta de educação?
“Sim. Cada um de nós deveria saber que carrega consigo a história do mundo, a história desta hierarquia das cores de pele. Somos marcados por esses preconceitos. Quando era jogador, perguntei a companheiros de equipe brasileiros porque havia negros no Brasil e eles não sabiam responder. Perguntei se havia racismo no Brasil e eles disseram que não. Se quisermos resolver um problema, temos que ter consciência dele. Se pensarmos que não há sexismo nas nossas sociedades, nunca vamos entender as hierarquias entre homens e mulheres. É exatamente a mesma coisa com o Brasil. Cada um de nós vem de uma cultura racista”.
-Você se juntaria aos manifestantes que reclamam do dinheiro público gasto em estádios e não em saúde e educação?
“Não sou brasileiro, então não vou me juntar aos manifestantes, mas entendo totalmente o movimento. Em um país com problemas com saúde e educação, há pessoas para as quais essas prioridades passam antes da construção de estádios. Parece óbvio que essas pessoas denunciem verbas investidas em estádios no lugar de hospitais”.
– Você também se disse espantado com o fato de algumas crianças negras se auto-definirem como brancas…
“Basta olhar para aquela criança para entender que é afro-brasileira, ou seja, em um determinado momento da sua genealogia, houve africanos. Na história da escravidão, inventamos homens brancos e homens de cor. Se há uma gota de sangue negro, essa pessoa será negra. Criamos o hábito durante séculos de dizer que há pessoas brancas e não-brancas. Os brasileiros que viveram isso na pele querem uma mudança de conceito, querem que as pessoas sejam vistas além da cor da pele.
Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro têm as menores taxas de candidatos por vagas, Recife é a cidade mais difícil para se encontrar um emprego no Brasil. A relação candidatos por vagas nas cidades da região Sudeste é de 13, sendo que na capital pernambucana, é de 110. Segundo o site de buscas Adzuna.com.br, empresas abriram mais de 200 mil vagas pelo Brasil. Mas, onde e em que setores elas se encontram?
O levantamento aponta que a região Sudeste está contratando mais – inclusive, pagando melhor. Confira abaixo a relação candidatos por vagas e o total de oportunidades das cidades pesquisadas:
Cidades
Número de vagas por candidatos
Total de vagas
*Adzuna.com.br
Recife (PE)
110
991
Salvador (BA)
100
1.513
Belo Horizonte (MG)
22
5.281
Porto Alegre (RS)
17
4.657
São Paulo (SP)
15
45.687
Rio de Janeiro (RJ)
13
20.807
Os salários Segundo o estudo, profissionais do setor de Mineração devem prestar atenção em Belo Horizonte, onde o salário médio do setor é de R$ 3.987 por mês – 45% superior à média nacional. Já a capital do Espírito Santo, Vitória, é uma boa região para empregos ligados ao setor de Petróleo e Gás, apontou o estudo.
A média de salários anunciados permaneceu estável este ano, informou a Adzuna. Salários em cidades como Brasília, Fortaleza e Campinas têm mostrado novas oportunidades para os profissionais de fora do eixo RJ-SP, com salário médio em torno de R$ 2.580 por mês.
Por outro lado, Joinville, Curitiba e Guarulhos estão entre os salários mais baixos anunciados no Brasil, em torno de R$ 1.695 ao mês. Confira a média salarial das cidades pesquisadas:
Cidades
Médias salariais (por mês)
*Adzuna.com.br
Brasília (DF)
3.135
Fortaleza (CE)
2.473
Rio de Janeiro (RJ)
2.210
Campinas (SP)
2.127
São Paulo (SP)
2.094
Caxias do Sul (RS)
1.889
Porto Alegre (RS)
1.795
Guarulhos (SP)
1.780
Curitiba (PR)
1.695
Joinville (SC)
1.608
Setores aquecidos
O Brasil possui o maior mercado de internet na América Latina, com mais de 78 milhões de pessoas on-line. No ano passado, informou a pesquisa, houve mais de 180 mil empregos criados no setor de TI (Tecnologia da Informação), com um salário médio de R$ 3.379 por mês – 64% superior ao salário médio nacional.
Construção e a área Financeira são os principais setores de contratação a nível nacional, com mais de 130 mil empregos anunciados em 2013. O maior crescimento no número de vagas de emprego pode ser visto nos setores de TI, Engenharia e de Saúde, apresentando cerca de 20 mil novas oportunidades de trabalho por mês.
Em relação à sua população, Rio de Janeiro é a principal cidade do País em termos de recrutamento para TI e Vendas. Por outro lado, oferece poucas oportunidades para assistentes de Varejo e trabalhos de estocagem de bens.
Ainda de acordo com o levantamento, São Paulo encabeça a lista para Finanças e empregos em Catering (que promove serviços alimentares em lugares remotos). Fortaleza é forte para vagas em Vendas e no ramo industrial, enquanto que Porto Alegre e Curitiba são fortes em TI, Vendas e cargos administrativos.
Fonte: Yahoo
O mercado de trabalho brasileiro é o que diferencia o País de grandes economias europeias, apesar de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ter ficado em patamares semelhantes ao dessas economias em 2012, apontou Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo Neri, a força do emprego no País mostra que os brasileiros estão melhores do que o próprio Brasil.
“Se o PIB é um retrato do Brasil, o mercado de trabalho é um bom retrato do brasileiro. A conclusão é que os brasileiros estão melhor que o Brasil”, afirmou o presidente do Ipea. “O pibinho não chegou ao bolso do trabalhador”, acrescentou. Neri lembrou que, de acordo com os dados do IBGE, a economia brasileira cresceu 0,9% em 2012, enquanto a massa de salários teve um aumento de 6,3% no ano.
O economista disse que as empresas estão reticentes a demitir, porque o mercado está apertado, o que favorece os empregados, que ganham maior poder de barganha. “O mercado de trabalho vem surpreendendo há alguns anos. Talvez 2012 tenha sido o ápice dessa surpresa”, cogitou Neri, lembrando que houve redução no desemprego, aumento na taxa de atividade, elevação dos salários e jornada em queda.
Na avaliação do presidente do instituto, o mercado de trabalho hoje é um “baluarte” do País, mesmo que os aumentos reais de salários não sejam acompanhados por ganhos de produtividade de empresas. “Se o mercado de trabalho desandar, aí sim várias coisas podem desandar na economia”, previu.
O mercado de trabalho registrou um “ótimo desempenho” em 2012, segundo o boletim Mercado de Trabalho, Conjuntura e Análise divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
De acordo com o órgão, a elevação do rendimento dos trabalhadores, combinada “aos níveis historicamente baixos” das taxas de desemprego e de informalidade “são fatores de destaque”. O resultado foi positivo apesar da “alta” taxa de atividade (que representa pessoas procurando emprego, de 57,3%). Em 2011, a taxa de atividade ficou em 57,1%.
Segundo Carlos Henrique Corseuil, um dos responsáveis pelo levantamento, chama atenção a desaceleração na queda do desemprego e da informalidade em dezembro do ano passado, contribuindo para um resultado positivo no fim de 2012.
Os dados do boletim apontam que a taxa de desocupação fechou dezembro em 4,6%, influenciando a média de 5,5% em 2012 – a menor média anual desde 2002.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou estudo fazendo um apelo aos países do G-20 – as 20 principais economias do mundo – para a adoção de políticas de criação de empregos. Segundo a entidade, que em seu relatório elogia medidas adotadas pelo Brasil, o fato de o desemprego estrutural no G-20 estar ainda mais elevado que no momento pré-crise econômica de 2008 é preocupante. Para a entidade é necessário ampliar essas políticas para haver um crescimento econômico “robusto, sustentável e equilibrado”.
“Estou convencido de que se pode fazer mais. A experiência demonstra que se podem obter altos níveis de emprego e crescimento inclusivo através de uma bem elaborada combinação de políticas de apoio macroeconômico e de emprego, de políticas de mercado laboral e de proteção social planejadas para estender os benefícios do crescimento”, disse o diretor geral da OIT, Guy Ryder.
O estudo intitulado “Perspectivas a curto prazo e principais desafios para o mercado de trabalho nos países do G20” foi divulgado em Moscou, onde se realiza uma reunião dos países do grupo. A pesquisa cita estudo de 2010 com alguns exemplos de êxito na geração de empregos e destaca algumas medidas adotas pelo governo brasileiro.
Entre elas, a melhora do nível de cobertura dos salários mínimos, a ampliação da cobertura dos sistemas de proteção social, a concessão de subsídios para a contratação de pessoas de grupos vulneráveis e o aumento do nível de investimento em infraestrutura para promover crescimento econômico e produtividade a médio e longo prazos e facilitar a criação de emprego a curto prazo.
De acordo com o diretor da OIT, o desemprego em “níveis inaceitavelmente altos” é um desafio ainda maior devido à revisão para baixo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) das perspectivas de crescimento econômico global para este ano e o próximo. “Isto significa que nas atuais circunstâncias não podemos esperar melhoras significativas na situação do emprego, a menos que os países adotem políticas mais ambiciosas para enfrentar o déficit de postos de trabalho”, disse.
Segundo dados da OIT e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o desemprego aumentou na metade dos países do G-20 e caiu um pouco na outra metade. Segundo o estudo, a taxa de desemprego está ainda mais alta entre os jovens, que também tiveram a sua taxa de participação nos mercados laborais declinada, com consequências preocupantes a longo prazo.
De acordo com o dirigente da OIT, o momento para os países do G-20 é de tomar novas medidas coletivas para garantir a manutenção do emprego em seus territórios. “O G-20 conseguiu sua legitimidade em 2009 mediante uma ação coletiva audaz e eficaz. Estamos outra vez em um momento em que o G-20 deve atuar de maneira audaz e decisiva para reverter a situação dos mercados laborais. O mundo está esperando que o G-20 faça um acordo em torno de um quadro político ambicioso e coordenado que possa estimular a criação de mais e melhores empregos”, concluiu Ryder.
Os salários no Brasil cresceram no ano passado mais do que o
dobro da média mundial, de acordo com um estudo da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) publicado nesta sexta-feira.
Os salários dos brasileiros tiveram um aumento médio real (descontada a
inflação) de 2,7% em 2011, enquanto globalmente o crescimento foi de apenas
1,2%, segundo a organização.
Se a China for retirada dos cálculos, os salários médios reais cresceram
apenas 0,2% mundialmente, afirma o relatório. A organização ressalta que os
dados oficiais sobre os salários na China em 2011 ainda não estão disponíveis e
que os cálculos foram feitos com base na taxa de crescimento médio salarial
anual na China, que tem sido de 12% nos últimos anos.
Em 2010, os salários reais no Brasil – que registraram aumento de 3,8% – já
haviam crescido bem mais do que a média mundial, de 2,1%. Segundo a OIT, os
salários globais têm aumentado nos últimos quatro anos (no período de 2008 a
2011) a um ritmo bem mais fraco do registrado antes da crise iniciada em
2008.
Em 2007, o crescimento mundial dos salários havia sido de 3% (no Brasil ele
foi de 3,2%).
Impacto desigual
”Esse relatório mostra claramente que a crise teve em inúmeros países um
impacto importante sobre os salários”, afirma o diretor-geral da OIT, Guy
Ryder. ”No entanto, esse impacto não foi uniforme”, acrescenta.
O estudo revela que existem fortes disparidades regionais: enquanto nas
economias desenvolvidas os salários mensais sofreram contração em 2008 e também
2011 (diminuição de 0,5%) em razão da diminuição de horas extras e do aumento de
empregos precários, com jornadas de meio período, na América Latina e sobretudo
na Ásia houve crescimento contínuo nesse período pós-crise.
O relatório Salários Mundiais 2012/2013 da OIT ressalta que os dados
positivos dos salários na América Latina ”são fortemente influenciadas por
países como o Brasil”.
A OIT analisou o desempenho da evolução dos salários na América Latina no
período de 2006 a 2011 e constatou que vários países da região, sobretudo na
América Central e no Caribe, tiveram uma degradação em 2008 e 2010.
”Em 2008, os salários reais sofreram contração em dez dos 14 países da
América Latina analisados. Em 2010, isso ocorreu em seis países”, diz o estudo.
No Brasil, o aumento foi de 3,4% em 2008.
O relatório também revela que em pouco mais de uma década, entre 2000 e 2011,
os salários médios reais aumentaram 22,8% em nível mundial.
Desempenho chinês
Na Ásia, os salários quase dobraram no mesmo período. A melhor performance é
a da China, onde eles triplicaram nesse prazo, com taxa de crescimento anual
média de 12%, ”o que suscita questões sobre o eventual fim da mão de obra
barata na China”, diz a OIT.
Na América Latina e no Caribe, o crescimento dos salários na última década
foi de 15,1%, abaixo da média mundial. Mas nas economias desenvolvidas, o
aumento no período foi de apenas 5%, diz a OIT.
No leste europeu e na Ásia central, os salários também quase triplicaram na
última década, mas a OIT ressalta que o aumento decorre essencialmente da
transformação desses países em economias de mercado.
Apesar do crescimento dos salários reais nas economias emergentes, mesmo
durante a crise, existem diferenças consideráveis nos níveis de salários de um
país para outro, diz o estudo.
Um operário industrial brasileiro ganha, por hora de trabalho, US$ 5,40, a
metade do que é pago por hora trabalhada nesse setor na Grécia e menos do que na
Argentina (US$ 8,68), República Checa ou Eslováquia.
Nos Estados Unidos, um operário industrial ganha US$ 23,32 por hora
trabalhada e, na Alemanha, U$ 25,80.
A OIT afirma ainda que a produtividade dos trabalhadores aumentou (devido às
inovações tecnológicas) duas vezes mais do que os salários nas economias ricas
nas últimas duas décadas.
Nos Estados Unidos, a produtividade aumentou 85% nesse período, enquanto os
salários subiram apenas 35%.
Executivos brasileiros em cargos seniores de gerência já
ganham, em média, 5% a mais do que seus pares americanos, em um cenário de
expansão de salários em mercados emergentes, aponta estudo divulgado nesta
quinta-feira.
Segundo o levantamento da consultoria Hay Group, entre 2001 e 2011, salários
em cargos nesse nível (com bônus incluídos) aumentaram 2,8 vezes no Brasil, 3,5
vezes na China e três vezes na Indonésia.
Em comparação, no mesmo período esses salários cresceram 1,4 nos Estados
Unidos, 1,7 na Grã-Bretanha e duplicaram na Europa Ocidental.
“Um grande fator nessa equação é o fluxo de investimentos de corporações
globais em mercados emergentes, tentando se aproveitar de custos menores de
produção e um mercado de consumo crescente”, aponta o comunicado do Hay
Group.
“Como resultado, cresce (o esforço) para atrair e reter talentos-chave em
mercados emergentes – especialmente considerando que (esses talentos) são
limitados.”
Essa “limitação” se refere à falta de mão de obra especializada suficiente
para suprir a demanda por executivos seniores em países emergentes. Outro fator
importante para o alto nível salarial é o aumento do custo de vida em cidades
que têm atraído investimentos, como São Paulo e Rio.
No caso do Brasil, existe, ainda, a dificuldade burocrática de atrair
executivos estrangeiros para trabalhar aqui.
Salários crescentes
No Brasil, diz o Hay Group, os salários em alto nível gerencial eram, em
média, de US$ 57,8 mil/ano em 2001, o que equivalia a cerca de metade do valor
pago a executivos do mesmo nível nos Estados Unidos (US$ 112 mil/ano).
Hoje, porém, estão em média 5% maiores no Brasil (US$ 162,6 mil/ano, em
média, em comparação com US$ 154,8 mil/ano nos Estados Unidos).
Outras consultorias de RH consultadas pela BBC Brasil observam tendências
semelhantes.
“Percebemos isso claramente de dois anos para cá”, afirma à BBC Brasil
Marcelo de Lucca, da consultoria Michael Page. “Em alguns casos, executivos aqui
no Brasil estão ganhando mais do que seus chefes no exterior.”
“É desproporcional, e é difícil lidar com isso dentro das empresas, mas, se
elas querem se posicionar no mercado, precisam desse executivo.”
Estudo avaliou pagamentos a executivos seniores de empresas
globais
Em alguns casos, diz De Lucca, algumas empresas preferiram adiar a
contratação ou enviar um estrangeiro para o cargo, “mas isso é exceção: em
geral, elas preferem ter um brasileiro à frente (das operações no Brasil).”
O brasileiro Caio M., 39 anos, ilustra essa demanda por executivos
brasileiros. Após dez anos trabalhando no exterior, na Europa e na Ásia, ele
deixará o posto de diretor-financeiro global de uma empresa europeia para ser, a
partir de janeiro, vice-presidente de relações com investidores de uma empresa
brasileira.
Ganhará cerca de 40% a mais – talvez esse percentual chegue a 50%, se
considerada a remuneração variável.
“Aqui (na Europa) há uma limitação de carreira, estou no máximo que poderia
ter atingido. No Brasil, a possibilidade de evolução de carreira é maior”, diz à
BBC Brasil. “Além disso, o networking no Brasil é mais simples. Aqui, as redes
já estão formadas há muito tempo, é mais difícil entrar.”
Multinacionais ‘surpresas’
De acordo com o levantamento do Hay Group, a China foi o país onde a
remuneração de executivos mais aumentou proporcionalmente nos últimos dez anos:
247%, passando de US$ 35,6 mil/ano a US$ 123 mil/ano.
Outros países emergentes como Turquia, Emirados Árabes e África do Sul também
têm pago salários mais altos a seus executivos.
Na África do Sul, os salários dos executivos equivaliam, em 2001, a 40% de
seus pares americanos. Em 2011, porém, já eram praticamente iguais.
Para Nick Boulter, diretor-geral global do Hay Group, multinacionais
estabelecidas já se acostumaram à alta salarial de seus executivos em países
emergentes, mas “novas empresas globais estão surpresas” com os custos.
“Mas acho que a tendência é que em breve esses salários em nível gerencial
sejam parecidos globalmente”, opina Boulter à BBC Brasil. “Acho que se criará um
padrão global, e a variação será o custo de vida em determinadas cidades.”
A pesquisa do Hay Group avaliou executivos nacionais (brasileiros no Brasil e
americanos nos Estados Unidos, por exemplo), com base em dados de 14 milhões de
empregados em 20 mil empresas globais.
Brasil é o país com a maior diferença salarial entre pessoas com diploma
universitário e as com grau de instrução inferior, segundo um estudo feito pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado
nesta terça-feira.
De acordo com o secretário-geral da organização, Angel Gurría, a diferença
salarial existente no Brasil entre pessoas com ensino superior e as demais
representa “o triplo da média dos países da OCDE”.
A vantagem salarial média nos 34 países da OCDE entre pessoas que cursaram o
terceiro grau e as com nível de instrução menor é de 67% no caso dos homens e de
59% entre as mulheres.
O estudo “Olhar sobre a Educação 2012” da OCDE analisou os dados de 42
países.
Nem todos forneceram, no entanto, números sobre todos os aspectos
pesquisados. Apenas 32 países forneceram dados no quesito que indica o Brasil
com a maior diferença salarial entre pessoas com curso universitário e as
demais.
Recessão
O relatório aponta também que a diferença de salários entre pessoas com
ensino superior e as demais aumentou durante a recessão econômica mundial.
A vantagem salarial de homens com ensino superior passou de 58% em 2008 para
67% em 2010 nos países da OCDE.
No caso das mulheres com ensino superior, a diferença salarial em relação às
demais passou de 54% para 59% entre 2008 e 2010 nos países da organização.
Apesar das condições incertas do mercado desde 2008, a maioria das pessoas
com diplomas de curso superior “continua obtendo benefícios financeiros muito
vantajosos”, diz o secretário-geral da OCDE.
Investimentos maiores
O Brasil também se destaca no estudo em relação a investimentos realizados na
educação.
O país registrou o quarto maior aumento em gastos na educação no período de
2000 a 2009 entre os 33 países do estudo que forneceram estatísticas a
respeito.
Os investimentos em educação no Brasil passaram de 10,5% do total dos gastos
públicos em 2000 para 16,8% em 2009, diz o estudo.
Na OCDE, a média de gastos com educação é de 13% do total da despesa
pública.
O Brasil, segundo o estudo, também é o país que mais ampliou os gastos por
aluno no ensino primário e secundário entre 29 países que forneceram dados a
respeito.
Os gastos no Brasil com alunos do ensino primário e secundário aumentaram
149% entre 2005 e 2009, diz o relatório, que ressalta, no entanto, que o nível
anterior era bem abaixo do observado em outros países.
Ensino superior
Apesar da ampliação considerável dos investimentos em educação, o Brasil está
entre os países que menos aumentou os gastos com alunos do ensino superior,
ocupando a 23ª posição em uma lista de 29 países.
Houve, na realidade, uma queda de 2%, já que o nível de gastos com alunos do
ensino superior não acompanhou o aumento de 67% no número de universitários
entre 2005 e 2009, diz o relatório.
Segundo o estudo, o Brasil investe 5,5% de seu PIB na educação, abaixo da
média de 6,23% do PIB nos países da OCDE.
“Como muitos países da OCDE, a maior parte dos investimentos brasileiros é
feita no ensino primário e secundário. No caso do Brasil, isso representa 4,23%
do PIB, mais do que a média de 4% da OCDE”, diz o estudo.
“Em contraste, o Brasil investe apenas 0,8% do PIB no ensino superior, o
quarto nível de investimentos mais baixo entre 36 países (que forneceram dados
sobre o assunto).”
O Brasil também só investe 0,04% do PIB em pesquisas e desenvolvimento, a
menor fatia do PIB entre 36 países do estudo, afirma a OCDE.
Banco Central (BC) anunciou uma nova revisão da projeção para o crescimento do o Produto Interno Bruto (PIB) de 2012. A projeção anterior, de crescimento de 2,5%, dá lugar a um indice mais modesto: 1,6%. A revisão é baseada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado pelo BC.
A nova projeção do BC, curiosamente, está bem próxima da estimativa de 1,5% de expansão para o PIB deste ano por uma instituição financeira internacional, que foi considerada, na ocasião, “uma piada” pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
No mesmo relatório, o BC elevou sua projeção para o IPCA de 2012 de 4,7% para 5,2% no cenário de referência. A nova estimativa é 0,5 ponto porcentual maior do que a vista no documento divulgado em junho.
Com essa nova perspectiva, a inflação deste ano deve ficar mais distante da meta de 4,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A probabilidade de que a inflação ultrapasse o limite superior do intervalo de tolerância da meta deste ano está em 3%, segundo o BC. Esse patamar de inflação em 5,2% deve ser visto já no acumulado de 12 meses até o terceiro trimestre do ano. O cenário de referência leva em consideração que a Selic será mantida em 7,5% ao ano e que o dólar permanecerá cotado em R$ 2,05.
Já para o fim de 2013, o BC decidiu reduzir sua expectativa dentro do cenário de referência, de 5% para 4,9%. De acordo com o documento, a probabilidade de que a inflação ultrapasse o limite superior do intervalo de tolerância da meta para o período, também de 4,5%, está em torno de 13%. Para o primeiro trimestre do ano que vem, o IPCA acumulado em 12 meses é esperado em 5,2%, reduzindo-se para 5,1% no segundo trimestre e para 4,6% no terceiro.
A chance de estouro do teto da meta em 2013 caiu de 18% para em torno de 13%. Para 2012, segue em 3% no cenário de referência.
Com isso, a taxa de desemprego em sete das principais capitais do Brasil no mês de agosto, ficou situada em 11,1%, segundo um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese)e divulgado em 26/09 por sindicatos. O relatório realizado pela Dieese contrasta com a taxa oficial de desemprego, que está situada em 5,3%.
O Dieese limitou sua análise às cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Brasília, e estabeleceu que a taxa de desemprego passou de 10,7% em julho, a 11,1% em agosto.
O setor mais afetado pela diminuição da oferta de empregos foi o da construção, que durante agosto demitiu mais de 58 mil pessoas nas sete capitais regionais estudadas, informou o Dieese.Já a área que mais gerou novos postos de trabalho durante o oitavo mês de 2012 foi o comércio, que contratou cerca de 88 mil trabalhadores.
O Dieese foi fundado em 1955 e desde então, realiza estudos sobre a qualidade de vida dos trabalhadores, os custos das cestas básicas e outros indicadores sociais e econômicos.
Geração de emprego
Apesar da taxa de desemprego oficial em agosto ter sido a menor em dez anos, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostrou que o volume de empregos gerados em agosto com carteira assinada foi 56,23% menor do que o do igual mês do ano passado. Em agosto deste ano, o saldo líquido de criação de postos, já descontadas as demissões do período, ficou em 100.938. No mesmo período de 2011, o resultado foi de 230.619, levando-se em conta os dados ajustados, ou seja, que já incluem as informações do mercado de trabalho formal enviadas pelas empresas fora do prazo.
O resultado foi uma surpresa para o governo, segundo o diretor do departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rodolfo Torelly. Ele disse que a expectativa era de criação de aproximadamente 186 mil postos no mês passado, que é a média para o mês. “O resultado ficou abaixo do esperado. O mercado não está tão previsível”, comentou o diretor. “No mês de julho cresceu demais e, em agosto, cresceu menos do que esperávamos.”
Também o levantamento “Mercados – Endividamento e Inadimplência, Mitos e Verdades”, divulgado nesta pela Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mostra que 79% dos consumidores das classes D/E e 63% da classe C não têm o costume de aplicar dinheiro na poupança. A fatia dos que não poupam ficou em 51% na classe B e 44% na classe A.
“Poupar é uma intenção e os consumidores das classes mais baixa não poupam, provavelmente, porque não sobra”, disse o diretor de Sustentabilidade da Boa Vista, Fernando Cosenza. Nessa linha, os números mostram que 38% dos consumidores das classes C, D e E poupariam se tivessem mais renda, ante 32% na classe B e 24% na classe A.
Os dados da pesquisa mostram, segundo a Boa Vista, que o consumidor de baixa renda também não faz planejamento financeiro. “Embora 50% dos consumidores das classes D/E e 58% da classe C afirmem que fazem planejamento financeiro, com algum tipo de controle entre o que ganham e o que gastam, ainda assim classificamos como verdade a afirmação de que as classes mais baixas não têm esse planejamento”, disse Cosenza.
Segundo ele, “algum controle financeiro não é planejamento” e 90% dos entrevistados declaram que aprenderam a lidar sozinhos com o dinheiro ou com os pais, que também aprenderam sozinhos. “Defendemos que o planejamento financeiro é algo sistemático, o que não ocorre.”
A pesquisa mostrou ainda que 94% dos consumidores das classes D/E, 88% dos das classes B e C e 77% da classe A concordam com a afirmação que “o nome da pessoa é o maior patrimônio dela”. A afirmação é defendida também por 88% dos entrevistados que possuem restrição ao crédito, o chamado “nome sujo”.
Segundo Cosenza, no entanto, apesar desse porcentual, os consumidores de classes mais baixas não se protegem contra fraudes, como a contratação de crédito em nome de terceiros. Indagados se haveria o interesse do fornecimento de serviços para o monitoramento do CPF e, consequentemente, para proteção contra fraudes, houve uma divisão praticamente igual entre os interessados e o não interessados em todas as classes.
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