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Daniela Mercury: ‘A sociedade carioca é libertária, não combina com o prefeito que vocês têm’
A cantora Daniela Mercury criticou o prefeito Marcelo Crivella, sem citar seu nome, durante apresentação na 22ª edição da Parada LGBTI do Rio, que acontece desde as 16h deste domingo, na orla de Copacabana. O evento tradicional perdeu neste ano o apoio da Prefeitura do Rio e quase não aconteceu, por falta de verba. A realização só foi possível por conta de uma vaquinha online e do patrocínio de duas grandes empresas, além da disposição de artistas, que abriram mão de seus cachês.
— A sociedade carioca é libertária. Jamais combina com o prefeito que vocês têm — criticou Daniela, do alto do trio reservado às principais apresentações do evento.
Esta não foi a única referência ao prefeito do Rio no evento. Um dos responsáveis pelo evento, Almir França, afirmou mais cedo que a hashtag “#paradadaresistência” era um “recado para a prefeitura e para toda a sociedade”.
— A gente quer reafirmar, de uma forma muito comunitária, que essa população existe de fato, independente de política pública e de recursos. Esse recado (da hashtag) não é só para a prefeitura, mas para a população como um todo.
Parte do público também fez seu protesto pessoal. Um grupo levou um cartaz com os dizeres “bem na sua cara, Crivella”, lembrando o hit da cantora Pabllo Vittar.
A cantora Pabblo Vittar provocou frenesi ao subir ao trio principal da parada. Sua apresentação foi bem mais longa que a de outras cantoras. Sem tantos discursos dirigidos a políticos, Pabllo, entretanto, parou de cantar o hit “Na sua cara” por causa de um princípio de tumulto que se formou emmeio à multidão.
– Não quero briga na parada. Quer brigar, vai pra sua casa. Aposto que veio só pra dar close errado na festa da gente – reclamou.
A parada é organizada pelo Grupo Arco-Íris com patrocínio de empresas privadas e multinacionais, como Ambev e Uber, e apoio da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH). Este ano, o Bandeirão da Parada LGBTI será carregado por time de futebol gay.
O sofrimento de um homem que experimentou a reorientação sexual. Como a ciência provou que a terapia não existe
Aos 21 anos, por quatro meses, o assistente social paulista Dan, hoje com 34 anos, passou por sessões semanais com uma pessoa apresentada a ele como psicólogo por integrantes de uma ramificação da igreja evangélica frequentada por seus pais. Dan era ensinado a falar e a andar. Não tinha nenhuma sequela motora ou cognitiva a ser corrigida, causada por doença ou acidente. O “mal” que assolava Dan era a homossexualidade. “O (dito) psicólogo, acompanhado sempre por um pastor, dizia que eu tinha aprendido a ser gay em algum momento da vida, por conta de conflitos com o meu pai e porque sofri um abuso na infância”, diz Dan. “Achavam que, se eu aprendesse a andar, falar e me comportar de uma maneira que eles não achassem afeminada, eu aprenderia a ter desejo pelo sexo oposto.”
Dan não chegou à última etapa do tratamento, a internação em uma clínica mantida pela igreja em uma área afastada de Guarulhos, em São Paulo. Libertou-se antes. Não da homossexualidade, tratada pela igreja e por seus pais como doença a ser curada. Mas das explicações pseudocientíficas sobre sua orientação sexual, dadas entre orações e leituras da Bíblia. Dan reconstruiu sua vida longe do pai, da mãe e dos dois irmãos, que se mudaram, deixando-o na antiga casa da família. Hoje, faz mestrado sobre políticas sociais e diz não ter conflito a resolver sobre sua orientação sexual. Mas não esquece as marcas: viveu crises de pânico e depressão ao tentar sobreviver ao que ele define como “o caos” instalado pela experiência durante a descoberta de sua sexualidade. “Eu só me submeti a isso porque queria ser aceito”, diz Dan. “Você chega à terapia porque a sua família e a sociedade dizem que você está vivendo uma vida errada. A reorientação só reafirma isso.”
Uma decisão judicial de 15 setembro cria uma brecha perigosa para transformar em normalidade situações como a vivida por Dan, em um consultório psicológico improvisado em uma propriedade de igreja. A liminar, concedida pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, a um grupo de 23 psicólogos, determina que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reinterprete uma de suas resoluções. A diretriz da entidade, de 1999, estabelece as normas de atuação dos psicólogos sobre questões sexuais – e veta que ofereçam ou participem de serviços que proponham “tratamentos e cura das homossexualidades”. A liminar do juiz determina ao Conselho “que não interprete (a resolução) de modo a impedir os psicólogos de promover estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual”. Nos últimos cinco anos, três psicólogos foram denunciados ao Conselho pela prática. Dois foram cassados e um recebeu advertência pública.
Em sua decisão judicial, Carvalho não anula a resolução nem afirma que homossexualidade é doença. Mas torna aceitável o tratamento, como alerta o CFP, apoiado por especialistas e militantes de direitos civis. “O juiz manteve a resolução viva, mas a transformou em letra morta”, afirma o psicólogo Pedro Paulo Bicalho, diretor do CFP. A entidade recorreu contra a decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Usou um agravo de instrumento – recurso jurídico cabível quando uma decisão provisória, como a liminar, ameaça causar dano permanente a alguém. Há controvérsia também sobre a necessidade de a Justiça arbitrar a respeito da questão, puramente técnica. “Os órgãos profissionais podem, sim, vetar certos tipos de condutas”, afirma o professor de Direito Enéas Matos, da Universidade de São Paulo.
O debate legal também ocorre em outros países (leia o quadro abaixo). A proposta aparece sob expressões como terapias de reorientação ou (re)conversão sexual. “São termos que querem conferir cientificismo à velha ideia de cura gay, mas não passam de pseudociência”, afirma o psicólogo Oswaldo Rodrigues Junior, do Instituto Paulista de Sexualidade, em São Paulo. O veto da psicologia à prática se baseia num argumento simples: não é ético um profissional de saúde física ou mental oferecer tratamentos sem comprovação científica e causadores de sofrimento para condições que não são doenças.
Em 1973, a homossexualidade foi retirada do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria. O fortalecimento de movimentos sociais de então forçou os especialistas a rever a classificação. A homossexualidade não atende a requisitos como ser causada por patógenos ou provocar sofrimento. “Eventuais conflitos têm origem na sensação de inadequação causada por preconceitos da sociedade”, afirma a psicóloga Anna Paula Uziel, coordenadora do Laboratório Integrado em Diversidade Sexual e de Gênero, Políticas e Direitos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Em 1990, a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças e estendeu a orientação a todo o mundo.
O grupo de 23 psicólogos brasileiros que entrou com a ação defende o direito de os profissionais ajudarem a reorientar pacientes que manifestem esse desejo. “Apesar de sentir atração por pessoas do mesmo sexo, o paciente não se sente bem. Ele traz essa demanda e a gente não pode trabalhar nessa perspectiva?”, diz Adriano Lima, de São Paulo, um dos autores da ação. Segundo o consenso científico, há condutas previstas para esse tipo de condição, conhecida como orientação sexual egodistônica. “Cabe ao psicólogo desconfiar das causas desse conflito e fortalecer o paciente para ele exercer a sexualidade que quiser e escolher, sem direcionamento”, afirma Anna, da Uerj. Segundo o Conselho, a entidade nunca proibiu que profissionais e pacientes discutam questões da sexualidade. “Mas não cabe ao psicólogo tentar reverter orientação sexual. É o mesmo que propor embranquecer um negro que sofre com preconceito”, afirma Bicalho, do CFP. Em um trabalho publicado em 2009, Bicalho diz que, de 400 homossexuais entrevistados por ele, 70% afirmaram já ter sido encaminhados para “tratamento”. Na metade dos casos, a determinação partira dos pais.
Não existe evidência científica de que seja possível orientar a sexualidade. Em 2009, a Associação Americana de Psicologia publicou a análise de 75 estudos sobre o tema e encontrou apenas seis com metodologia rigorosa – nenhum achou prova de eficácia. Antes disso, em 2001, um único trabalho favorável à reorientação chegou a ter algum crédito. Mas, depois, foi desmentido pelo autor. O americano Robert Sptizer, um grande nome da psiquiatria que ajudou a definir o sistema de dignósticos que vigora até hoje, morreu em 2015 arrependido pelo trabalho equivocado. Na retratação, publicada em 2012, reconheceu que não usara parâmetros confiáveis – apenas o relato de pacientes. “Devo desculpas a qualquer gay que tenha desperdiçado tempo e energia em terapias reparativas”, escreveu.
Há evidências científicas de que a tentativa de reorientação, além de consumir dinheiro, tempo e energia, também faz mal. Em um estudo com 176 pessoas para quem a terapia falhou, 155 mostravam sinais de danos psicológicos de longo prazo. A sensação de inadequação e fracasso gerou mais depressão, abuso de substâncias e tentativas de suicídio. “Esse tipo de ‘terapia’ pode agravar a orientação egodistônica, não resolvê-la”, afirma o psiquiatra Jairo Bouer. Os sentimentos de Dan, cuja história abre esta reportagem, seguiram a cartilha da reorientação fracassada, após a experiência no consultório da igreja. “Me senti humilhado e fiquei mais deprimido. Pensei em suicídio”, afirma. Passou da hora de ninguém mais sofrer por esse motivo.
Transgêneros conseguem mais empregos na Índia após Suprema Corte reconhecer ‘terceiro gênero’
Empresas têm criado políticas para evitar discriminação desde decisão histórica de 2014
Durante uma sessão de treinamento para seu primeiro grupo de funcionários transgênero, gestores da nova empresa de metrô da cidade de Kochi, no Sul da Índia, perguntaram se eles tinham alguma preocupação. E eles tinham apenas uma: acesso aos banheiros.
— O projeto de construção estava completo então e as estações estavam prontas — lembra Reshmi Chandrathil Ravi, porta-voz da Kochi Metro Rail, uma nova rede na cidade portuária inaugurada no último fim de semana pelo primeiro-ministro Narendra Modi. — Então estamos transformando os grandes banheiros para pessoas com incapacitações em banheiros para todos os gêneros para que seu uso seja dividido com os incapacitados.
Os sinais nas portas dos banheiros agora foram removidos e novos sinais com “desenhos inclusivos” encomendados. E a empresa liberou seus funcionários transgênero para escolherem se querem usar o uniforme masculino ou feminino.
A Kochi Metro Rail é a primeira empresa estatal a recrutar funcionários da comunidade transgênero como parte da iniciativa do estado de Kerala de dar a este marginalizado grupo melhores oportunidades de emprego. Desde que a Suprema Corte da Índia deu às pessoas transgênero o reconhecimento como um “terceiro gênero” em 2014, um número cada vem maior de empresas indianas tem ativamente procurado contratar transgêneros e esboçou políticas para assegurar que eles não sejam discriminados no ambiente de trabalho.
O censo de 2011 da Índia registrou meio milhão de pessoas transgênero, mas ativistas estimam o número em cerca de 2 milhões. Menos da metade é alfabetizada e ainda menos têm trabalho, de acordo com o censo. Tradicionalmente, pessoas transgênero são relegadas à margem da sociedade. De homens para mulheres “hijras”, o grupo mais visível da comunidade transgênero, aparecem na mitologia hindu e são vistas como estranhezas auspiciosas cujas bençãos são buscadas em casamentos e nascimentos. Esta percepção popular das pessoas transgênero significa que elas têm que lutar para conseguir trabalhos comuns, dizem os ativistas. Mas as atitudes estão lentamente começando a mudar.
— Pelo menos 12 a 13 de nossas empresas integrantes já têm banheiros para todos gêneros. Isto começou a acontecer no ano passado — conta Rashmi Vikram, gerente sênior da Community Business, um grupo de caridade que apoia empresas que buscam ser mais socialmente inclusivas. — Algumas empresas transformaram seus banheiros para incapacitados em banheiros para todos os gêneros, todas capacidades, promovendo de certa forma que não há nenhum estigma associado a eles. Isto não precisou de grandes mudanças na infraestrutura, mas mandou uma mensagem positiva.
AMIGOS E BENEFÍCIOS
E algumas empresas foram além do acesso aos banheiros. A empresa global de tecnologia ThoughtWorks contratou uma pessoa transgênero em seu escritório em Bangalore como parte de uma iniciativa de diversidade no ano passado e seguiu em fornecer um “amigo de escritório” e um conselheiro externo para seu novo funcionário para ajudar na fase de adaptação. E numa iniciativa inédita, a IBM — apontada como a empresa mais inclusiva para a comunidade LGBT pela Workplace Pride Foundation, sediada em Amsterdã — vai, a partir deste ano, cobrir cirurgias de afirmação de gênero no seu plano de saúde corporativo, disse uma porta-voz da IBM Índia.
Já outra grande empresa indiana de tecnologia da informação que abriu um novo campus em Mumbai assegurou ainda na fase de planejamento que ele tivesse um banheiro unissex após pedidos de seus funcionários transgênero. Algumas empresas também estão ajudando de perto seus funcionários transgênero no período inicial no emprego e mantendo suas identidades com discrição a pedidos, mas os ativistas dizem que esta tendência ainda esta restrita às grandes empresas.
MUITO DESAFIOS
Nyra D’souza, uma mulher transgênero, nunca foi ao banheiro quando trabalhou numa firma de serviços terceirizados em Mumbai – ficava desconfortável no banheiro masculino e sua entrada não era permitida no banheiro feminino. Isto significava se segurar por 15 horas até conseguir chegar em casa.
Em entrevistas de emprego, ela ouvia que devia considerar moda, beleza ou cinema por um trabalho “em que pudesse ser ela mesma”. Mas quando foi entrevistada pela Godrej — uma corporação líder na Índia, sediada em Mumbai e com interesses que vão de bens de consumo ao mercado imobiliário — ela foi perguntada sobre sua experiência de trabalho, e não gênero. Isso, diz uma porta-voz da Godrej, está em linha com a política da empresa de tornar todas interações neutras de gênero.
— Tais experiências estão limitadas às grandes empresas — contou D’souza, que encontra outras pessoas de sua comunidade lutando para encontrar empregos, ou dignidade em seus locais de trabalho.
Depois da decisão da Suprema Corte, ativistas disseram que mais empresas estão recrutando pessoas transgênero, mas continuam relutantes em fazer adaptações.
— No último ano, recebemos quase 15 pedidos de empresas que querem contratar transgêneros, mas elas recuaram quando perguntamos sobre o acesso aos banheiros — disse Koninika Roy, do Humsafar Trust, organização sediada em Mumbai que trabalha com integrantes da comunidade LGBT e tenta encontrar empregos para eles.
A organização teve apenas um caso de sucesso no último ano.
Mas a Solidarity Foundation, grupo de defesa de direitos sediado em Bangalore que trabalha com pessoas de minorias sexuais, teve mais sucesso — ela conseguiu emprego para 15 pessoas transgênero ao longo do último ano.
— As empresas estão ficando mais abertas e falando mais sobre estes assuntos, mas a integração ainda não é parte de seu DNA — disse Shubha Chacko, diretora executiva da Solidarity Foundation.
Chacko citou o caso de uma pessoa transgênero detida na entrada do escritório por guardas de segurança no seu primeiro dia de trabalho.
— O maior desafio na Índia é a mentalidade. Eles conectam os transgêneros a pessoas que mendigam nas ruas, trabalham na indústria do sexo ou cantam em casamentos — disse Vikram, da Community Business. – Ainda temos um longo caminho a percorrer. Muito trabalho ainda precisa ser feito.
Parada Gay reúne multidão em São Paulo contra preconceito e por estado laico
21ª edição da parada LGBT tomou a avenida Paulista
Uma máxima da comunidade LGBT voltou a ser vivida em toda sua intensidade neste domingo em São Paulo: o fervo, ou seja, a festa, é sempre política. Na 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT, gays, lésbicas e transgêneros se reuniram para dançar, se divertir, mostrar sua solidariedade, provocar consciência de grupo e cobrar respeito aos direitos frente aos ataques no país que mais mata transgêneros. A maior parte dos participante que lotou a av. Paulista e seguiu em marcha dançante até o centro citava de cor o lema do encontro deste ano: a defesa do estado laico. A atração pop mais esperada, a cantora Anitta, que fez uma pequena apresentação, também fez discurso político em defesa dos direitos. A crise política também tingiu algumas palavras de ordem, com críticas ao Governo Temer e pedidos por nossas eleições diretas.
Fonte: El País
Com 19 trios elétricos, Parada Gay reúne multidão em São Paulo
Avenida Paulista foi tomada pelos participantes do evento. Anitta, Daniela Mercury e Naiara Azevedo se apresentaram.
Por Gabriela Gonçalves, G1 SP, São Paulo
Bandeira do orgulho LGBT é carregada pela Avenida Paulista, em São Paulo, durante a Parada Gay (Foto: Miguel Schincariol/AFP)
A 21ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo acontece neste domingo (18) em São Paulo. No total, 19 trios elétricos desfilaram em trajeto que começou na Avenida Paulista e desceu a Rua da Consolação, chegando ao Vale do Anhangabaú. Segundo os organizadores, o evento reuniu 3 milhões de pessoas. A Polícia Militar não divulgou números.
O evento começou oficialmente às 12h30. O tema deste ano é “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todas e todos por um estado laico”. Por volta das 18h30, os trios elétricos haviam chegado ao Vale do Anhagabaú, e o público aguardava os shows, que iam até 21h.
A Avenida Paulista ficou tomada pelos participantes, vários com fantasias especiais para o evento. A via também estava decorada, e as cores lembrando um arco-íris estão presentes em faxias de pedestres, em balões de gás e no Conjunto Nacional, prédio que é um dos símbolos da avenida.
Cantora Anitta na Parada Gay de São Paulo, na Avenida Paulista (Foto: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Anitta e Naiara Azevedo se apresentaram em um dos trios elétricos. Junto com elas, na festa batizada de Chá da Alice, estavam Márcia Freire, ex-vocalista da banda Cheiro de Amor, e a cantora amazonense Lorena Simpson.
Em entrevista à GloboNews, Anitta disse antes de apresentar-se de “suas crenças religiosas não têm a ver com a sua orientação sexual. Acho importante que todos aprendam a respeitar as diferenças do outro e a liberdade das pessoas”, afirmou.
Daniela Mercury também foi uma das atrações que levantou a multidão nesta tarde. Ela também se apresentou no encerramento do Carnaval deste ano e na Virada Cultural.
Daniela Mercury se apresentou e arrastou uma multidão na tarde deste domingo (18), na 21ª Parada do Orgulho LGBT na Avenida Paulista (Foto: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
Outro destaque foi a atriz e modelo Viviany Beleboni, de 28 anos, que neste ano estava com roupa de militar, para criticar o fundamentalismo religioso, o conservadorismo mundial e a falta de espaço para pessoas transexuais no Exército. Em 2015 ela apareceu “crucificada”, e em 2016 representou a Bíblia.
A transexual Viviany Beleboni participa da 21° Parada do Orgulho LGBT, na Avenida Paulista. Há 2 anos ela causou polêmica ao sair crucificada. (Foto: LUIS CLEBER/ESTADÃO CONTEÚDO)
A Prefeitura estima que 20% do público da Parada seja composto por turistas. Cerca de 600 mil pessoas que devem sair de outras cidades, estados e até países para participar do evento e movimentar a economia da capital paulista em aproximadamente R$ 45 milhões.
A Prefeitura de São Paulo investiu aproximadamente R$ 1,5 milhão na infraestrutura do evento – a quantia é a mesma disponibilizada para a edição do ano passado, segundo a gestão João Doria.
Participante da Parada do Orgulho LGBT neste domingo (18) em São Paulo (Foto: RODRIGO PIVAS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Ordem dos Trios
Abertura: Tema 2017
Famílias LGBT/Mães pela Diversidade
Prefeitura I
Prefeitura II
Prefeitura III
Prefeitura IV
Comerciários
Skol
Lésbicas e Bi
Gays e Bi
Segmento TT
Coletivos LGBT Apeoesp/CUT
Juventude
Saúde HIV/Aids
Governo SP
Divina Divas
Artistas da Noite LGBT
Uber
Paz
Pabllo Vittar se apresenta na Parada do Orgulho LGBT (Foto: Rafael Leal/G1)
Bruna Mastroiani participa todos os anos do evento e conta que em 2017 representa os anjos da diversidade. A parada tem a importância de falar sobre igualdade. Somos todos seres humanos e merecemos respeito, direitos e igualdade”, afirmou.
Bruna Mastroiani participa representando “anjos da diversidade” (Foto: Gabriela Gonçalves/G1)
Participantes da Parada do Orgulho LGBT neste domingo, na Avenida Paulista (Foto: Gabriela Gonçalves/G1)
Algumas faixas de pedestres da Avenida Paulista amanhecerem com as cores do arco-íris. (Foto: SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)
Arco-íris enfeita Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Via recebe a Parada Gay no domingo (18). (Foto: CRIS FAGA/FOX PRESS PHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO)
Cartazes enfeitam Avenida Paulista para a Parada Gay deste domingo (18) (Foto: DARIO OLIVEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO)
São Paulo é estado com maior número de uniões estáveis homoafetivas
São Paulo é o estado brasileiro com maior número de registro de união estável entre pessoas do mesmo sexo, indica o levantamento do Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB/SP). Foram lavradas 735 escrituras no país de janeiro a maio deste ano, segundo dados Central Notarial de Serviços Eletrônicos Compartilhados (Censec). O estado paulista é responsável por 20% deste total. Foram celebradas 144 uniões homoafetivas. No domingo, dia 18, a cidade de São Paulo receberá a 21ª edição da Parada do Orgulho LGTB.
O Rio de Janeiro é o segundo estado com mais lavraturas: são 94 uniões, que representam 12,8% do total. A publicitária Júlia Reis, 34 anos, que reside em Rio das Ostras, disse que em um relacionamento anterior, celebrou um contrato de união estável com a então companheira, o qual foi desfeito com a ajuda de um advogado. Neste sábado (10), ela vai casar com a hair stylist Nayara Camargo, de 32 anos. “Vou realizar um sonho. É a vitória dos nossos direitos. Queremos direitos iguais, não somos diferentes. É a vitória do amor”, afirmou.
Andrey Guimarães Duarte, presidente do CNB/SP, entidade que congrega os cartórios de notas paulistas, explica que atualmente, nos aspectos substanciais do direito, não há mais distinção entre o casamento e a união estável. “Há uma questão ainda cultural. O casamento tem uma carga maior, de formalidade. É uma instituição secular. Está enraizada nas pessoas. E tem todo um cerimonial”, disse. Ele destaca que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em reconhecer o direito sucessório também nos casos de união estável torna as diferenças ainda mais tênues.
Casamento
Aos casais do mesmo sexo não é permitida apenas a união estável, mas também o casamento civil. “A partir do momento que o STF reconheceu a união homoafetiva estável como entidade familiar, a lei acabou permitindo que [a união estável] seja convertida e equiparada ao casamento”, explica Duarte, referindo-se à decisão unânime, de 2011, do plenário do STF. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou resolução que obriga cartórios a celebrar o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em casamento.
Um desses casais é o estudante de biomedicina Pietro Pisani, de 27 anos, e o designer gráfico Tristan Roding, de 32 anos. Há dois anos juntos, eles não tinham pensado em oficializar a relação até que, em março, decidiram casar para poder solicitar um visto permanente no Brasil para Tristan, que é australiano. “Fiquei surpreso com a facilidade. Porque eu sabia que a união estável era reconhecida, mas o casamento, não. Essa questão burocrática não passava pelas nossas cabeças, mas, no fim, foi bom. Sinto que estou seguro pela lei e que vamos ter direitos como qualquer outro casal”, disse.
Ainda de acordo com o levantamento, o número de uniões estáveis homoafetivas estabilizou nos últimos anos depois de um crescimento de 153% em 2011. Entre 2014 e 2016, o volume anual ficou em torno de 1.900 lavraturas. Percentualmente, as uniões deste tipo entre casais do mesmo sexo continuam crescendo em maior ritmo do que entre as relações heterossexuais.
De acordo com CNB/SP, entre as vantagens da formalização está a comprovação de início de convivência, a possibilidade de estipular um regime de bens (comunhão parcial, universal, separação de bens) e a facilidade para incluir o companheiro como dependente em planos de saúde, odontológicos, clubes e órgãos previdenciários.
Casamento entre pessoas do mesmo sexo aumenta quase 16% em relação a 2014
De acordo ainda com o levantamento de 2015, os homens (86,7%) superaram as mulheres (77,7%) casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O IBGE divulgou hoje os dados de 2015 sobre registro civil
As uniões legais entre parceiros do mesmo sexo aumentaram 15,7%, entre 2014 e 2015 enquanto que o casamento entre pessoas de sexo diferentes cresceu 2,7%. O dado faz parte das Estatísticas do Registro Civil, divulgadas nesta quinta feira (24/11) pelo IBGE. A pesquisa, realizada anualmente, destaca que a união civil gay cresceu 51,7% desde que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, aprovou, em 2013, a Resolução n. 175, que determina a todos os Cartórios de Títulos e Documentos no território brasileiro a habilitar ou celebrar casamento civil.
De acordo ainda com o levantamento de 2015, os homens (86,7%) superaram as mulheres (77,7%) casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Entre as regiões do país, o Nordeste apresentou a maior proporção de casamentos entre solteiros, enquanto que no Centro-Oeste há mais união civil entre solteiros e divorciados.
O estudo Estatísticas do Registro Civil – resultado da coleta das informações prestadas pelos cartórios de registro civil de todo o país – traz informações sobre nascimentos, óbitos, taxa de mortalidade infantil, morte violenta de jovens, casamentos, casamentos homoafetivos e divórcios. Essas referências são encaminhadas para todos os municípios brasileiros e servem de mecanismo importante para o acompanhamento populacional do País, além de subsidiar a implementação de políticas públicas.
“A estabilidade do total de registros no Brasil em relação ao ano de 2015 foi fator decisivo para o aumento da cobertura de registros de nascimento ocorridos e registrados no ano de referência da pesquisa”, segundo o diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Luís Olinto Ramos.
Entre as informações levantadas, em 2015 foram registrados 2.945.344 nascimentos contra 2.904.964 em 2014, um aumento de 1,4%. A Região Sudeste foi a que mais contribuiu com novos brasileiros: aumento de 0,9% em relação aos nascimentos de 2014. Já a Região Norte apresentou uma variação negativa de -0,3%. No registro de óbitos chamou atenção que as mortes na faixa dos 15 aos 39 anos de idade, por causas externas são maiores entre os homens.
As Estatísticas mostram, também, os nordestinos solteiros foram os que mais casaram em 2015, enquanto que o Centro-Oeste apresentou a maior proporção entre solteiros e divorciados. Já a Unidade da Federação com maior taxa geral de divórcio foi Roraima (3,78‰) e a menor foi registrada no Rio Grande do Norte (1,11‰).
DF tem maior taxa de guarda compartilhada
Dentre os divórcios na Região Centro-Oeste, 16,6% terminaram em decisão de guarda compartilhada dos filhos menores, no Distrito Federal. O maior percentual do país. Dos 19.899 casamentos realizados em 2015, 99,4% foram entre pessoas do sexo masculino e feminino, 0,3% entre pessoas do mesmo sexo (masculino) e 0,3% entre pessoas do mesmo sexo (feminino), percentuais próximos ao registrado em 2014. Diferentemente do resultado nacional, o DF não apresentou aumento de casamentos homoafetivos entre 2014 e 2015.
As mortes violentas ainda atingiram mais jovens do sexo masculino, a exemplo do ano passado. Enre os registros de óbitos, foram registrados 11.933 em 2015, mais frequente em pessoas solteiras 38,8% e casadas 32%; 60,1% ocorreu em pessoas com 60 anos ou mais de idade. 4,1% (493) dos óbitos registrados ocorreu em pessoas menores de 1 ano de idade, sendo que 57,4% ocorreu em menos de 7 dias.
Um relatório pioneiro preparado pela Unesco mostra como os jovens LGBT são afetados pelo bullying na escola em várias partes do mundo e como a área educacional está lidando com esse problema
Fonte: Revista Planeta
Em alguns países, 85% do total de estudantes lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) sofrem violência homofóbica e transfóbica na escola, e 45% dos alunos transexuais desistem das aulas por isso. A violência homofóbica também tem como alvo 33% dos estudantes erroneamente identificados como LGBT, porque eles não parecem estar de acordo com as normas de gênero. Essas são as conclusões de “Out in the Open”, relatório global pioneiro sobre as respostas do setor de educação para a violência com base na orientação sexual e identidade de gênero ou expressão. Compilada pela Unesco, a obra aborda a natureza, o alcance e o impacto da violência, o status de respostas da área educacional e recomendações para o futuro.
O relatório foi divulgado em uma reunião de ministros da Educação organizada pela Unesco em Paris em maio. Embora não haja dados disponíveis de todos os países, o trabalho conclui que a violência homofóbica e transfóbica tem um impacto significativo sobre a educação, as perspectivas de emprego, a saúde e o bem-estar desses alunos. Na China, 59% das pessoas LGBT que responderam à pesquisa disseram que o bullying havia afetado negativamente seu desempenho acadêmico. Na Austrália houve uma alta correlação entre a vitimização e a falta de concentração nas aulas, notas mais baixas e assiduidade menor dos jovens transgênero.
A violência homofóbica e transfóbica também está ligada a uma saúde física e mental pior que a média, com riscos ampliados de ansiedade, pânico, depressão, automutilação e suicídio. Estudos da Bélgica, da Holanda, da Polônia e dos Estados Unidos sugerem que os alunos LGBT e os jovens em geral consideram ou tentam o suicídio entre duas e cinco vezes mais do que os colegas heterossexuais. A Unesco recomenda que a resposta do setor educacional se baseie nos direitos legais e seja inclusiva, participativa, centrada na aprendizagem, sensível ao gênero, assentada em evidências, apropriada à idade, adequada ao contexto e sensível à cultura.
Parada LGBT de SP chega à 20ª edição discutindo identidade
Parada LGBT 2016, São Paulo, SP
O tema deste ano é a discussão da lei de indentidade de gênero (“Lei de Identidade de Gênero, Já! – Todas as pessoas juntas contra a Transfobia!”, em favor do segmento T: mulheres transexuais, homens trans e travestis. A lei está em tramitação na Câmara dos Deputados.
O evento, com 17 trios elétricos, foi organizado pela Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo (APOGLBT) e tem apoio da Four X Entertainment. A concentração começou a partir das 10h do dia 29/5/16, em frente ao MASP, na Avenida Paulista.
O 15º Ofício de Notas do Rio, na Barra, oficializou, na última terça-feira, a primeira união entre três mulheres no Brasil. As chamadas relações poliafetivas viraram um dos assuntos do momento, inspirando, inclusive, a série documental do GNT “Amores Livres”, de João Jardim, diretor de “Lixo extraordinário”, indicado ao Oscar.
O relacionamento que foi reconhecido em cartório envolve uma empresária, de 32 anos, uma dentista, também de 32, e uma gerente administrativa, de 34. Elas constituíram uma união que inclui testamentos de bens e vitais (caso uma das mulheres esteja à beira da morte, ligada a aparelhos, por exemplo, apenas as outras duas podem decidir o que fazer).
Foram apenas três semanas entre a decisão de formalizar a união, assistida pela advogada Marta Mendonça, e a assinatura dos papéis. A ideia surgiu após a empresária ter resolvido que vai engravidar em 2016. Na certidão do nascimento do bebê, ela quer os sobrenomes das três. E elas estão dispostas a brigar na Justiça para que esse desejo vire realidade.
— Somos uma família. Nossa união é fruto de amor. Vou engravidar, e estamos nos preparando para isso, inclusive, financeiramente. A legalização é uma forma de a criança e de nós mesmas não ficarmos desamparadas. Queremos usufruir os direitos de todos, como a licença-maternidade — diz a empresária.
O trio, que não mudou os sobrenomes, mora em um apartamento de três quartos — mas todas dormem na mesma cama. O sexo pode acontecer a três ou entre as duas que estiverem mais dispostas na hora. Ciúme? Só no início da relação. Hoje, garantem não ter mais.
A advogada Fernanda de Freitas Leitão, tabeliã do 15º Ofício, explica quais são os benefícios para quem constitui esse tipo de união:
— Pleitear pensão previdenciária, admissão no plano de saúde e declaração conjunta do Imposto de Renda. Além disso, é possível estabelecer direitos patrimoniais. Porém, depois de lavrada a escritura de união poliafetiva, não é garantido que ela produzirá os efeitos pretendidos nos órgãos competentes.
A filosofia ‘‘não à monogamia’’ faz sucesso na literatura, no cinema e na TV, como mostra ‘‘Amores livres’’. Jorge Amado escreveu “Dona Flor e seus dois maridos”, cujo título já explica tudo. Em ‘‘Eu, tu, eles’’, de Andrucha Waddington, a personagem de Regina Casé mantinha relações com três homens. Na telinha, em 1985, tivemos a Zelda Scott, personagem de Andréa Beltrão em “Armação ilimitada”: ela namorava os personagens de André Di Biase (Lula) e Kadu Moliterno (Juba). Ainda na TV, em “Império”, foi um sucesso o papel de Viviane Araujo, a Nana, que terminou o folhetim ao lado dos personagens de Aílton Graça, Xana, e Lucci Ferreira, Antônio.
No Rio, uma vez por mês, pessoas que mantêm relações poliafetivas se reúnem no Parque Lage.
“Ô Malafaia, vai procurar rola”, afirma Boechat ao vivo na BandNews FM
Reprodução/Band
O episódio da pedrada que uma menina de 11 anos, praticante do candomblé, está rendendo discussões bastante acaloradas. Nesta sexta-feira (19), por exemplo, uma envolvendo o jornalista Ricardo Boechat, da Band, e o pastor Silas Malafaia.
Durante seu programa matinal na rádio BandNews FM, Boechat afirmou que as igrejas evangélicas estavam incentivando a violência e o ódio. No mesmo momento, Malafaia usou o Twitter para afirmar que o jornalista estava “falando asneira” e o desafiou para um debate ao vivo.
Assim que soube das manifestações no Twitter, Boechat respondeu ao vivo (ouça o áudio no vídeo abaixo), afirmando que ele “rouba dinheiro dos fiéis”. Por duas vezes, o jornalista mandou Malafaia “procurar rola”.
Imediatamente o pastor começou a reagir em seu Twitter e, mais tarde, afirmou em vídeo divulgado em sua rede social (assista abaixo) que iria se encontrar com Boechat na Justiça.
Nestes dias, nas redes sociais, principalmente no Facebook, a polêmica em torno da encenação da crucificação de Jesus durante a parada do orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), em São Paulo, no dia 7 do corrente mês, chamou a atenção de todos. De modo geral, cristãos de inúmeras Igrejas publicaram seu repúdio sobre o uso indevido da cruz de Cristo no evento.
As opiniões são diversas a respeito do fato. No mundo religioso, entre os mais conservadores, as condenações são veementes. Há o que podemos chamar de demonizaçãoda população LGBT. Entre os neopentecostais, tanto católicos quanto evangélicos, opiniões extremistas são de causar vergonha: julga-se e condena-se em nome de Jesus. É possível analisar o fato à luz do evangelho, utilizando-nos do remédio da misericórdia e não de condenações desnecessárias? Sim, é o que faremos no breve espaço deste artigo.
Inicialmente, é preciso dizer que não se trata de apoiar a religião e condenar pessoas homoafetivas, nem de absolvê-las em detrimento da religião. Os vocábulos juízo e condenação são inadequados ao diálogo entre o mundo religioso e o mundo homoafetivo. Dois motivos inicialmente podem ser considerados: primeiro, porque Jesus proibiu, severamente, o julgamento e condenação das pessoas; segundo, porque não há uma separação entre os dois mundos. Não é nenhuma novidade o fato de que no mundo religioso encontramos inúmeras pessoas homoafetivas. Este segundo motivo já coloca as Igrejas em uma profunda contradição. A história desautoriza as Igrejas para emitirem qualquer condenação a pessoas homoafetivas.
Olhando para o evangelho, encontramos Jesus no meio dos pecadores públicos, sendo acusado decomilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e pecadores. Isto foi um escândalo para a época. Além disso, Jesus tinha a fama de ser um violador das leis judaicas. Estas e outras coisas lhe renderam perseguições e o levaram à morte de cruz. Viver livremente entre os pecadores: eis a opção de Jesus.
Aliás, Jesus inaugurou o Reino de seu Pai a partir da realidade dos pecadores. Teologicamente falando, Deus se manifestou na humanidade, na pessoa de Jesus, entre os pecadores, para a salvação destes. Quem nega esta verdade, nega o próprio Cristo e com ele não tem nenhum vínculo. Ele revelou que com o Pai e o Espírito, a salvação acontece a partir das vítimas das opressões de todos os tempos e lugares. Jesus não era filho de sacerdote, nem foi criado na “pureza” do Templo, mas nasceu em Nazaré, cidade mal afamada do Império Romano. Questionava-se se poderia sair algo bom de Nazaré!
Este é o Cristo da genuína fé cristã. Não há outro. É ele que se encontra no evangelho, e não há outro evangelho senão o dele. Seu mandato missionário é claro: Ide e anunciai a Boa Notícia para toda a humanidade!
Os cristãos, chamados a segui-lo, têm esta missão a cumprir: anunciar a Boa Notícia. Nesta não há julgamento e condenação de pessoas. A ninguém Jesus conferiu o poder de julgar e condenar. Quem se intitular juiz de seu próximo em nome de Jesus está se condenando. Não há meio termo: Quem condenar será condenado! Este é um princípio evangélico que encontra seu fundamento em um outro: Todos somos irmãos.
Diante de Deus todos somos pecadores. Somente Deus é Santo. Um pecador não tem autoridade para julgar e condenar outro pecador, pois um cego não guia outro cego. Portanto, peca gravemente quem julgar e condenar pessoas homoafetivas. Deus não condenou estas pessoas, nem nas Escrituras nem na pessoa de Jesus.
O que na Bíblia está escrito como possibilidade de condenação de homoafetivos é algo que precisa ser lido à luz do contexto epocal (Quem, onde, quando, para quem e com que finalidade escreveu). Por isso, extrair versículos bíblicos, descontextualizando-os, para julgar e condenar pessoas é um pecado grave que se comete contra o Deus que inspirou o texto sagrado.
O princípio que rege a genuína hermenêutica bíblica é: A Bíblia não foi escrita para condenar as pessoas, em hipótese alguma. Em nenhuma passagem bíblia Deus condena o ser humano à perdição eterna. A vingança, o preconceito, a discriminação, a acepção de pessoas e toda espécie de comportamento desumanizador não tem nenhuma legitimidade nas Escrituras Sagradas. Estas foram escritas para transmitir a mensagem de salvação e não de condenação da humanidade. Quem julga e condena em nome de Deus e com pseudofundamento na Bíblia irá responder diante de Deus por tão grave pecado.
Todas as vítimas das inúmeras injustiças que se cometem neste mundo podem entrar em plena comunhão com a cruz de Cristo. Na cruz, Jesus se uniu a todas aquelas pessoas feridas em sua dignidade, perseguidas e assassinadas. Em Jesus, as pessoas homoafetivas são nossas irmãs. Também elas foram remidas no sangue de Jesus.
E para o escândalo dos cristãos, juntamente com os ladrões e prostitutas, elas entrarão no Reino de Deus primeiro do que os líderes religiosos. O próprio Jesus fez tal afirmação, dirigindo-se às autoridades religiosas de seu tempo.
Quando julgam e condenam os pecadores, os cristãos se esquecem dessa parte do evangelho, fazendo o que Jesus reprova. Todo sofredor, independentemente de sua situação sexual, encontra acolhida no coração amoroso da Comunidade Trinitária. Esta é Amor e neste não há julgamento e condenação de quem quer que seja.
Deus é incapaz de condenar porque Ele é amor. Ele somente cura, restaura, concede a vida e salva. Por isso, é pura misericórdia infinita. Os cristãos precisam aprender com Jesus, seu Senhor e Mestre, a serem misericordiosos e amorosos, sendo, somente desse modo, fieis ao evangelho.
A atriz Viviany Beleboni, transexual de 26 anos, que apareceu na parada da comunidade LGBT, utilizando-se do símbolo da cruz, como “crucificada”, está em plena sintonia com o sentido teológico da cruz de Cristo. Na cruz se encontram os crucificados da história: as vítimas das inúmeras formas de violência que se cometem neste mundo, contra as “minorias abraâmicas” (expressão do santo bispo dom Helder Câmara).
A cruz de Jesus está em todos os lugares nos quais as pessoas estão sendo massacradas. Jesus não se encontra nas imagens foleadas a ouro e prata de nossas Igrejas, mas se encontra sofrendo na carne das vítimas do ódio, do preconceito, da discriminação, do racismo e toda forma de ostracismo social.
O sentido da cruz está no Crucificado. É ele o centro da fé cristã. Jesus não foi levado ao madeiro da cruz para transformá-la num símbolo religioso. Ele não pensava em símbolo, mas nas pessoas massacradas pelo Império e pelos fardos pesados impostos pelos religiosos de sua época.
Na ótica do Reino, Deus não está preocupado se uma pessoa é lésbica, gay, travesti, transexual ou heterossexual. Todos são irmãos e seus filhos amados. Este julgamento e acepção que se faz não é coisa de Deus, mas problema humano. Trata-se da dificuldade que se tem em aceitar o outro como ele é. Trata-se, ainda, da dificuldade que se tem em aceitar a diversidade de todas as realidades.
O mundo nunca foi nem jamais vai ser uniforme. As Igrejas precisam aprender a pedagogia de Jesus, presente em seu agir missionário: Aproximar-se das pessoas, escutá-las com a devida atenção e respeito, buscar compreendê-las em seus contextos e histórias, amá-las para que se sintam acolhidas, redimidas e salvas. Este é o remédio da misericórdia.
É preciso também compreender que os símbolos apontam para a realidade, e que esta é mais importante que aqueles. Não são os símbolos que salvam, e não foi Deus quem o criou. A cruz simboliza salvação, não condenação. Jamais se pode condenar uma pessoa por ela ter se identificado com a cruz de Jesus. Isto é ignorância, covardia, desumanidade, farisaísmo, pecado grave.
Por fim, queremos concluir nossa reflexão, dando ênfase a algumas afirmações necessárias para uma fé esclarecida, sadia e restauradora: 1) Deus é Amor e quem Nele crê só está na verdade se amar o próximo sem cair na tentação de mudá-lo; 2) Deus é Misericórdia e quem Nele crê só está na verdade se aprender a perdoar o próximo, sem guardar ressentimentos; 3) Deus é Comunhão e quem Nele crê só está na verdade se encontrá-lo no rosto sofrido do outro, na acolhida deste rosto revelador do amor divino; 4) Deus é Paz e quem Nele crê só está na verdade quem aprendeu a ser pacífico, não compactuando com a cultura da eliminação do outro, por causa de suas diferenças e 5) Deus é Liberdade e quem Nele crê só está na verdade quando se coloca a serviço da libertação integral do outro.
Quem reforça a opressão do outro é inimigo de Deus. Religião sem amor é hipocrisia, e somente o amor liberta as pessoas de seus males.
Fonte: Yahoo
Centenas de pessoas participam de ato contra a intolerância religiosa na Zona Norte do Rio
Manifestação contou com a presença da menina Kayllane Campos, de 11 anos, atingida há uma semana por uma pedrada enquanto saía de uma festa de candomblé
RIO – Por volta das 10h do dia 21/6/15, centenas de fiéis e representantes de diferentes credos se reuniram na praça do Largo do Bicão, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio, para um ato contra a intolerância religiosa no país. A manifestação acontece uma semana depois de a menina Kayllane Campos, de 11 anos, ter sido atingida na cabeça por uma pedrada quando deixava uma festa de candomblé no bairro.
Estiveram presentes no ato líderes das igrejas Católica, Evangélica e Batista, entre outras, além de representantes das religiões africanas. Os deputados federais Chico Alencar (PSOL-RJ) e pastor Ezequiel Teixeira (Solidariedade-RJ), e a secretária do Estado, Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Cristina Cosentino, também participaram da manifestação, que contou com a realização de orações e cantos de diversas religiões.
Acompanhada da avó Kátia Marinho, e da mãe, Karina Coelho, Kayllane chegou ao ato pouco após o seu início, e disse perdoar o seu agressor, ressaltando que a violência não perturbou o amor à sua religião.
— Esse susto não abala a minha fé, ela vai sempre continuar — afirmou a jovem
Para a avó de Kayllane, a violência contra a neta, e a comoção causada por ela, serviu para reforçar que “somos todos iguais”:
— Isso foi para provar que somos todos iguais, cada um com a sua religião. Claro que as religiões africanas costumam ser o alvo principal da intolerância, mas é algo que afeta a todos. O que queremos é respeito para todos, independentemente da sua religião — disse ela, cuja filha, Karina, é evangélica.
Interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalaô Ivanir dos Santos disse que a agressão contra Kayllane é corriqueira em diversos locais do Brasil, reforçou a importância da punição dos responsáveis e clamou por uma postura do governo federal a respeito desse tipo de violência:
— Isso é algo que ocorre todos os dias nesse país com membros das religiões africanas. A diferença no caso dela é que a agressão aconteceu em uma via pública. Mas casos semelhantes, que considero um tipo de fascismo, são frequentes em escolas, centros religiosos e outros lugares, e não vêm a público. É preciso encontrar os culpados da agressão e, mais do que isso, descobrir a qual igreja pertencem, porque este tipo de ódio costuma ser incutido nas pessoas — afirmou o babalaô. — Por isso, também é preciso que o governo federal estabeleça um plano nacional de combate à intolerância religiosa, algo que é nossa bandeira há anos.
O babalaô informou que o ministro dos Direitos Humanos, Pepe Vargas, virá ao Rio de Janeiro para participar de uma audiência pública sobre o tema, e criticou algumas lideranças evangélicas que se recusam em dialogar sobre a questão.
— Na reunião com o ministro nesta semana pediremos novamente por um plano nacional de combate à intolerância religiosa ao governo federal. Agora, tão importante quanto isso, é que algumas lideranças evangélicas também aceitem o diálogo sobre o assunto, o que não tem acontecido. Já tentamos dialogar com o pastor Silas Malafaia sobre o tema e não tivemos sucesso, por exemplo — afirmou Ivanir dos Santos.
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