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Calor inclemente de até 50ºC causa crise energética na Índia e prejudica produção de trigo, já afetada por guerra na Ucrânia
Aquecimento global provoca a onda de calor mais forte em 122 anos da série histórica; estimativas apontam que colheita será de 10% a 50% menor nesta temporada, em um momento de escassez global de alimentos devido a conflito europeu
NOVA DÉLHI — A Índia enfrenta uma onda de calor sem precedentes, com vidas, colheitas e o fornecimento de eletricidade sob ameaça devido a temperaturas que chegam a 50°C.
O calor queimou os campos de trigo na Índia, reduzindo a produção do segundo maior produtor global do produto e diminuindo as expectativas de exportações, em um momento de escassez global de alimentos devido à guerra na Ucrânia.
A onda de calor, que se deve ao aquecimento climático global, atinge também áreas do Paquistão, atingindo mais de 1 bilhão de pessoas ao todo.
O calor deve se prolongar até o início de junho, somando mais de três meses ao todo. Partes da Índia testemunharam os mais quentes meses de março e abril já registrados em 122 anos da série histórica.
Os meses de verão na Índia — abril, maio e junho — são sempre extremamente quentes na maior parte do país antes que a estação de chuvas de monções amenizem as temperaturas, a partir de julho. Mas a onda de calor deste ano chegou antes do previsto, tendo ficado particularmente intensa na ultima década.
— Esta é a primeira vez que tivemos um clima tão horrível em abril. Normalmente, estamos preparados para isso a partir de maio — disse Somya Mehra à Al Jazeera, em Nova Délhi.
Desde 2010, as ondas de calor mataram mais de 6,5 mil pessoas na Índia, e cientistas dizem que as mudança climáticas as tornam mais duras e frequentes no Sul da Ásia.
Em fevereiro, um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) alertou que a Índia era vulnerável às mudanças climáticas.
Pesquisa conduzida pela hidroclimatologista Arpita Mondal, no Instituto Indiano de Tecnologia, indicou que a poluição urbana tambem pode desempenhar um papel, com o carbono e poeira absorvendo luzes do sol e levando ao aquecimento maior de cidades indianas.
No Centro e no Norte, o termômetros chegaram a 46ºC. Na capital, as temperaturas passaram de 40°C por vários dias, ainda sem atingir o pico de calor esperado para este verão. Segundo o serviço meteorológico do país, as temperaturas só devem diminuir em junho.
Efeito nas colheitas
O trigo é muito sensível ao calor, e as altas temperaturas em março encurtaram o importante período de enchimento de grãos, reduzindo o peso da colheita.
As estimativas apontam que a colheita será de 10% a 50% menor nesta temporada, de acordo com quase mais de 20 agricultores e funcionários do governo consultados pela Bloomberg.
Isso deve dar um sério golpe na oferta global de trigo, após a guerra da Rússia contra a Ucrânia interromper os fluxos comerciais da região do Mar Negro.
A guerra levou as nações importadoras a buscarem suprimentos na Índia, com o primeiro carregamento sendo preparado para o Egito, o maior comprador. A menor produção pode colocar em risco a capacidade da Índia de compensar a redução na oferta.
A safra menor também está levantando preocupações para o mercado interno, com milhões de pessoas dependendo da agricultura como seu principal meio de subsistência e fonte de alimentos.
A produção mais fraca levará a uma queda na renda dos agricultores, enquanto os custos de fertilizantes e do combustível dispararam. O governo também compra trigo para seu programa de ajuda alimentar.
Crise energética
As condições meteorológicas também agravarão a crise de energia da Índia, pois a demanda por aparelhos de ar-condicionado aumenta, em um momento em que as usinas de eletricidade enfrentam escassez aguda de carvão. Blecautes ocorrem com frequência durante o dia.
A demanda de energia em toda a Índia subiu 13,2% em abril, enquanto a necessidade de eletricidade só no Norte aumentou entre 16% e 75%, segundo dados do governo. Espera-se que o consumo energético suba ainda mais, pois a previsão é de temperaturas máximas acima do normal na maior parte do Centro-Oeste, Noroeste, Norte e Nordeste.
Em abril, as concessionárias de energia não tiveram como dar conta da demanda inédita, e houve blecautes em larga escala. O fornecimento de energia ficou aquém da demanda em 1,8%, o pior índice desde outubro de 2015.
Em Délhi, o consumo energético aumentou 42% em abril, enquanto em estados do Norte, como Punjab e Rajasthan, o consumo subiu 36% e 28%, respectivamente, mostraram os dados do governo.
Himachal Pradesh e Uttarakhand, dois outros estados montanhosos lotados de turistas que buscam um refúgio do calor das planícies, viram a demanda de energia aumentar em mais de um sexto por causa das temperaturas mais altas.
A Índia provavelmente enfrentará ainda mais cortes de energia, já que os estoques de carvão das concessionárias, que estavam nos níveis mais baixos antes do verão em pelo menos nove anos, caíram 13%, apesar da estatal Coal India, que representa 80% da produção de carvão da Índia , ter aumentado a sua produção em mais de 27%.
Fama de Givaldo resume misoginia e racismo que fundaram e assolam o Brasil
No começo de março, viralizou nas redes sociais um vídeo de um personal espancando homem em situação de rua em Planaltina (DF). Gilvaldo Alves de Souza foi vítima de tal violência após Eduardo Alves afirmar tê-lo visto transando com sua esposa.
Hoje famoso, o caso rapidamente virou febre nas redes sociais após uma entrevista de Givaldo descrevendo o ato sexual com a mulher. Enquanto o público discutia se a fala de Gilvaldo era uma objetificação da mulher ou um elogio às supostas “habilidades” dela durante o ato sexual, ficou flagrante o desrespeito da mídia e de ambos os homens envolvidos quando o assunto é a privacidade e a vida pessoal de uma mulher.
Alguém pensou na imagem da mulher?
Sem poupar detalhes, o personal trainer contou para a mídia que a esposa foi vítima de um episódio psiquiátrico, e logo o laudo mental da paciente foi divulgado em todo o Brasil sem o seu consentimento. O público logo começou a repercutir informações do laudo, que apontava transtornos psicológicos desde 2017 com dados íntimos e privados como “comportamentos inadequados, falso reconhecimento, doação de pertences e resistência em se vestir”.
Quando pessoas se tornam objetos de um reality show no qual ninguém se inscreveu, quem perde é a sociedade e a humanidade, e essa falta de empatia não pode se tornar piada
Em entrevistas posteriores ao laudo, Givaldo explicou que não se arrepende de ter ficado com a mulher, mesmo após a violência que sofreu de seu marido. “Se eu pudesse não olharia para trás, para aquela voz doce e suave. Mas eu não posso me arrepender porque o prazer que ela me deu, foi o prazer que todo homem queria ter. A dor só me transporta até ela. Ela merece alguém que possa satisfazê-la sem possibilitar que ela se exponha”, afirmou.
O caso escancara o desrespeito flagrante pela privacidade e direitos das mulheres, que em casos como esse têm até mesmo seus laudos médicos divulgados sem consentimento e precisam lidar com os julgamentos e a exclusão social e profissional decorrente de tal ato. Desesperada, a mulher entrou em crise e foi internada em uma instituição psiquiátrica, o que aumentou ainda mais o estigma em volta do caso. Ninguém, entretanto, discutiu os motivos pelos quais ela teria ficado “louca”, especialmente diante de uma sociedade misógina que violentou seus direitos pessoais e a tratou como objeto de escárnio e entretenimento. Até pagode fizeram, como puro espetáculo da vida humana.
História da loucura
A história da repressão feminina é mais antiga que a sociedade tal qual a conhecemos, e fruto de ideias patriarcais e coloniais que consideram que a mulher é um objeto adendo ao homem sem vontade própria ou direito de existência independente. Conceitos como histeria, por exemplo, mostram como a história da sociedade ocidental é indissociável da misoginia – a palavra histeria vem do grego hystera, que significa útero.
No século 19, com o início dos estudos do que se tornaria a psiquiatria moderna, a histeria deixou de ser um termo atrelado ao feminino, e começaram os estudos sobre a questão da neurose. Isso desmistificou o termo, mas o destino das mulheres não mudou: qualquer ato considerado subversivo ou minimamente independente podia terminar em internamento compulsório, e muitas passavam a vida toda em manicômios, muitas vezes internadas pelos próprios pais ou maridos.
Na Idade Média, mulheres com conhecimento ancestral ou qualquer tipo de comportamento autônomo podiam ser denunciadas e queimadas como bruxas pela Inquisição. Só na Escócia, mais de 3.800 mulheres foram executadas por bruxaria entre os séculos 15 e 18. Em “História da Loucura”, o filósofo francês Michel Foucault falou sobre os dispositivos de “normalização”, que excluíam sistematicamente corpos considerados fora do padrão masculino, branco e normativo sexualmente, o que resultava no extermínio de mulheres dissidentes e pessoas fora do padrão de beleza ou de sexualidade considerada desviante.
“O dispositivo de normalização se centraria na gestão da vida individualizada e biológica, a partir da articulação entre o saber e o poder que produzem discursos que sujeitam o corpo, num processo duplo: de exclusão do diferente ao se criar a norma e depois de captura dessa anormal, num processo de inclusão, controle e degradação”, explica. Esse dispositivo de dominação é visto cotidianamente em uma sociedade que massacra e exclui mulheres, minorias e pessoas LGBTQIA+. Quanto mais longe do padrão dominante, maior a possibilidade da pessoa (em geral uma mulher, especialmente as mulheres pretas e trans) ser considerada “louca” e institucionalizada como ferramenta de controle político.
Em meio ao caso de Givaldo, ninguém defendeu a mulher da exposição do marido, de um laudo divulgado abertamente por polícia e mídia e das consequências psiquiátricas do caso. Quem irá ajudá-la quando a polêmica passar? Quais empresas se preocuparão em inseri-la no mercado de trabalho, qual política pública será capaz de ampará-la? Uma vez considerada “louca”, não existe caminho de volta para a mulher, vítima de dispositivos sociais muito além do controle do indivíduo.
Violência psiquiátrica
No livro “Holocausto Brasileiro”, a jornalista Daniela Arbex relatou casos de atrocidades, genocídio de estado e políticas públicas de apagamento no Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais. O livro-reportagem denunciou a morte de mais de 60 mil internos, além do sofrimento dos sobreviventes e seus descendentes.
Uma das questões que chama a atenção no livro é a internação compulsória de mulheres grávidas ou apenas consideradas como “problemas” para suas famílias. Uma delas foi mandada para o Colônia, grávida de três meses, pelo patrão que a estuprou. Grande parte do quadro de pacientes do hospício era formado por trabalhadoras sexuais, alcoólatras, pessoas LGBTQIA+ e mães solteiras, o que evidencia que muitas mulheres consideradas “loucas” são na verdade vítimas de sistemas opressores contra os quais nunca tiveram chance. Nas palavras de Valeska Zanello, pós-doutora em psicologia clínica e professora adjunta do Departamento de Psicologia da UnB, “a história da psiquiatria é feita de homens falando sobre mulheres loucas”.
Violência contra a mulher
No Brasil, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem. De acordo com pesquisa da Agência Senado, 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. Para 75% das entrevistadas, o medo leva a mulher a não denunciar.
De acordo com um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre março de 2020 e dezembro de 2021, o Brasil registrou 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro e estupro vulnerável de vítimas do gênero feminino. Em 2021, em média, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada sete horas. Foram registrados 56.098 boletins de ocorrência de estupros, o que significa que, em 2021, uma menina ou mulher foi vítima de estupro a cada 10 minutos, considerando apenas os casos que chegaram até as autoridades policiais.
Enquanto discutimos o ataque contra a sanidade da mulher em questão, Givaldo, o homem em situação de rua espancado, teve um destino diferente. Depois de virar meme, ele foi apadrinhado por influenciadores, recebeu convites para ser candidato político e foi fotografado tomando sol em uma cobertura da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Givaldo tem conta no TikTok, mais de 500 mil seguidores e começou a receber cachê para aparecer como presença VIP em festas de famosos no Rio de Janeiro e São Paulo. Em suas redes sociais, começou a ostentar uma vida de luxo com fotos em piscinas de borda infinita, festas pela madrugada e rodadas sem fim de champanhe. A influenciadora Grazi Mourão, famosa na plataforma adulta OnlyFans, tirou fotos ao lado de Givaldo, e divulgou um vídeo no qual os dois se beijam.
A ascensão meteórica de Givaldo não é o problema em si. Não há nada de errado em aproveitar um momento de fama para sair de uma situação precária, e precisamos mudar o alvo dos questionamento: o problema não é a fama de Givaldo ou o que ele alcançou, e sim o fato de que, no meio dessa trajetória, uma mulher foi ridicularizada, massacrada pela mídia e alvo de chacota e quebra de sigilo médico. Não foi Givaldo quem divulgou seu laudo ou falou de potenciais problemas psiquiátricos, mas precisamos repensar uma sociedade que gosta de dar risada às custas do sofrimento de uma mulher. Ele expôs e continua expondo uma mulher.
Givaldo também é alvo de racismo e aporofobia
É impossível falar sobre esse caso sem citar o racismo flagrante enfrentado por Givaldo em toda a cobertura midiática. Não podemos esquecer que, mesmo agora famoso, ele foi espancado pelo personal trainer Eduardo Alves em março, além de ter sido acusado de estupro por ele mesmo após a mulher afirmar que o ato sexual foi consensual.
Se o consentimento foi dado em sã consciência é impossível afirmar, mas vale lembrar que, pela Constituição brasileira, Givaldo não pode ser acusado de estupro de forma pública de forma tão irresponsável. Homem preto, pobre e em situação de rua, é alvo fácil de ódio e linchamento em uma situação como essa, e nenhuma fama protege pessoas pretas para sempre em um dos países mais racistas e violentos do mundo como o Brasil.https://www.instagram.com/p/CblCsoKP3Nf/embed/captioned?cr=1&v=12
O ódio contra pessoas pobres e em situação de rua também é notório no Brasil, como aponta o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, de São Paulo. Responsável pelo atendimento e cuidado diária da população em situação de rua na região da Cracolândia, o religioso explica que o uso de grades, lanças e muros para impedir a aproximação e permanência de pessoas é prática comum nas principais capitais do país. “Com o aumento da miserabilidade e da pobreza na população, o número da população de rua também aumenta. E proporcionalmente aumenta a rejeição. Com isso cresce também a hostilidade, o rechaço e essa arquitetura hostil”, explicou, em entrevista à Globo.
Além de pensarmos nos desdobramentos que a mulher atingida por esse caso sofreu e sofrerá por muitos anos, é necessário lembrar que Givaldo não escolheu a fama: ele foi procurado pelos veículos de mídia, que exploraram a história ao máximo, sem considerar as condições psicológicas de uma pessoa que passou anos morando na rua em situações precárias de saúde e alimentação. A sanidade de Givaldo também merece atenção, e transformar um homem preto em entretenimento é outra prática corriqueira do Brasil colonial.
Sociedade do espetáculo
O caso de Givaldo se tornou um espetáculo travestido de notícia, em um caso que reúne de forma cruel violência contra a mulher, estigmatização da saúde mental, o estereótipo do homem preto sexualizado, mulheres sendo tratadas como objetos descartáveis e a história de uma pessoa em situação de rua transformada em herói para ser descartada sem clemência em algumas (poucas) semanas.
O sofrimento de pessoas em situações vulneráveis jamais deveria ser considerado entretenimento, e explorar laudos médicos sigilosos e clichês sobre “mulheres loucas” nunca deveria ser jornalismo. Em um desdobramento assustador desse circo de horrores, Givaldo já foi flagrado em dois eventos tentando agarrar mulheres à força, em mais uma imagem que o público não deveria levar na brincadeira. Quando pessoas se tornam objetos de um reality show no qual ninguém se inscreveu, quem perde é a sociedade e a humanidade, e essa falta de empatia não pode se tornar piada. 0:48 1:00 Deolane Bezerra critica fama repentina de homem em situação de rua que virou meme: “Nojento”Nosso objetivo é criar um lugar seguro e atraente onde usuários possam se conectar uns com os outros baseados em interesses e paixões. Para melhorar a experiência de participantes da comunidade, estamos suspendendo temporariamente os comentários de artigos
Ondas de calor e mudanças climáticas podem acabar com 80 milhões de emprego até 2030, diz OIT
Prejuízos chegariam a trilhões de dólares; agricultura e construção seriam setores mais afetados
As mudanças climáticas e o aumento do estresse térmico na agricultura e em outros setores industriais vão provocar uma perda da produtividade equivalente a 80 milhões de empregos até 2030, advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT), nesta segunda-feira.
Em um novo relatório, a OIT considera que 2,2% do total das horas trabalhadas no mundo poderão se perder por causa das altas temperaturas, segundo projeções baseadas em um aquecimento mundial da ordem de 1,5ºC até o final do século.
O impacto será maior no Sul da Ásia e na África Ocidental, onde cerca de 5% das horas trabalhadas poderão ser perdidas até 2030, ressaltam os autores do relatório, intitulado “Trabalhar em um planeta mais quente: O impacto do estresse térmico na produtividade laboral e no trabalho decente”.
No total, as perdas econômicas representariam cerca de US$ 2,4 trilhões em escala mundial.
— A grosso modo, isso é o equivalente à economia do Reino Unido — comparou Catherine Saget, coautora do estudo, em entrevista coletiva.
O estresse térmico representa um calor superior ao que o corpo pode tolerar sem sofrer danos psicológicos, indica a OIT, acrescentando que ele costuma chegar quando as temperaturas superam os 35ºC junto com uma forte umidade.
— O impacto do estresse térmico na produtividade é uma grave consequência das mudanças climáticas — afirmou Saget. — Podemos esperar um aumento das desigualdades entre países de alta renda e países de baixa renda, e também que as condições trabalhistas se degradem para os mais vulneráveis, levando a deslocamentos da população.
Os dois setores mais expostos são a agricultura, que emprega 940 milhões de pessoas no mundo e deve representar 60% das horas de trabalho perdidas até 2030; e a construção, cuja produtividade cairia 19%.
Nicolas Maitre, economista na OIT, explicou que a Europa tampouco se livrará do impacto das mudanças climáticas nesse sentido
— Esperam-se mais períodos como os que tivemos ultimamente, cada vez mais frequentes e mais intensos — disse, referindo-se às ondas de calor no verão europeu.
Para evitar o risco de estresse térmico, a OIT estimula a “criação de infraestruturas adequadas e de melhores sistemas de alerta precoce durante as ondas de calor”.
Céu ‘arde’ com cremações na Índia, relata repórter do NYT
Em Nova Délhi, um em cada três habitantes está contaminado pelo coronavírus; país lidera ranking global de contágio, com mais de 350 mil novos casos por dia, diz Jeffrey Gettleman, do New York Times
NOVA DÉLHI — Os crematórios estão tão cheios de corpos que é como se uma guerra tivesse acontecido. O fogo das cremações queima o tempo todo. Muitos lugares estão realizando cremações em massa, dezenas de cada vez, e à noite, em certas áreas de Nova Délhi, o céu chega a arder.
Doença e morte estão por toda parte. Dezenas de casas no meu bairro têm pessoas doentes. Um dos meus colegas está doente. Um dos professores do meu filho está doente. O vizinho duas portas abaixo, à nossa direita: doente. Duas portas à esquerda: doente.
— Não tenho ideia de como peguei isso — disse um bom amigo que agora está no hospital, antes de sua voz sumir, doente demais para terminar a frase.
Ele mal conseguiu um leito. E o remédio que seus médicos dizem que ele precisa não é encontrado em nenhum lugar da Índia.
Estou sentado no meu apartamento esperando chegar a minha vez de ser infectado pela doença. É assim que a gente se sente agora em Nova Délhi, com a pior crise de coronavírus do mundo avançando ao nosso redor. O vírus está lá fora, eu estou aqui dentro e sinto que é apenas uma questão de tempo antes que eu também fique doente.
A Índia agora está registrando mais infecções por dia — cerca de 350 mil — do que qualquer outro país desde o início da pandemia, e esse é apenas o número oficial, que a maioria dos especialistas acredita ser subnotificado
Nova Délhi, a extensa capital de 20 milhões de habitantes da Índia, está sofrendo um aumento desastroso do número de novos casos. Há alguns dias, a taxa de diagnósticos positivos de Covid-19 atingiu impressionantes 36% — o que significa que mais de uma em cada três pessoas testadas estava infectada. Há um mês, era menos de 3%.
As infecções se espalharam tão rápido que os hospitais ficaram completamente lotados. Pessoas são rejeitadas aos milhares. Os remédios estão acabando, assim como o oxigênio. Os doentes ficaram presos em filas intermináveis nos portões dos hospitais ou em casa, literalmente com falta de ar.
Embora Nova Délhi esteja sob quarentena, a doença ainda está se alastrando. Médicos em toda a cidade e alguns dos principais políticos da capital têm feito pedidos desesperados de socorro ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, nas redes sociais e na TV, implorando por oxigênio, remédios e ajuda.
Especialistas sempre alertaram que a Covid-19 poderia causar um verdadeiro caos na Índia. Este país é enorme — tem 1,3 bilhão de pessoas —, é densamente povoado e, em muitas regiões, é muito pobre.
O que estamos testemunhando é muito diferente do ano passado, durante a primeira onda de coronavírus na Índia. Antes, era o medo do desconhecido. Agora sabemos do que se trata. Conhecemos a totalidade da doença, sua escala e velocidade. Conhecemos a força terrível desta segunda onda, atingindo todos ao mesmo tempo
O que temíamos durante a primeira onda do ano passado, e que nunca realmente se materializou, agora está acontecendo diante de nossos olhos: uma pane, um colapso, uma percepção de que muitas pessoas morrerão.
Como correspondente estrangeiro há quase 20 anos, cobri zonas de combate, fui sequestrado no Iraque e jogado na prisão em diversos lugares.
Isso é perturbador de uma maneira diferente. Não há como saber se meus dois filhos, minha mulher ou eu estaremos entre aqueles que terão um caso leve e depois recuperarão a saúde ou se ficaremos realmente doentes. E se ficarmos realmente doentes, para onde iremos? As UTIs estão cheias. Os portões de muitos hospitais foram fechados.
Uma nova variante conhecida aqui como “o mutante duplo” pode estar causando muitos danos. A ciência ainda é incipiente, mas pelo que sabemos, essa variante contém uma mutação que pode tornar o vírus mais contagioso e outra que pode torná-lo parcialmente resistente às vacinas. Os médicos estão muito assustados. Alguns com quem falamos disseram que haviam sido vacinados duas vezes e ainda estavam gravemente doentes, um péssimo sinal.
Então o que se pode fazer?
Tento ser positivo, acreditando que é um dos melhores impulsionadores da imunidade, mas me vejo vagando atordoado pelos cômodos do nosso apartamento, abrindo latas de comida e preparando refeições para meus filhos, sentindo como se meu corpo e minha mente estivessem virando mingau. Tenho medo de atender meu telefone e receber outra mensagem sobre um amigo que está piorando. Ou pior. Tenho certeza de que milhões de pessoas já se sentiram assim, mas comecei a imaginar os sintomas: Minha garganta está doendo? E aquela dor de cabeça lá no fundo? Está pior hoje?
Por mais difícil e perigoso que seja em Délhi para todos nós, provavelmente vai piorar. Epidemiologistas dizem que os números continuarão subindo, para 500 mil casos notificados por dia em todo o país e até 1 milhão de indianos mortos por Covid-19 em agosto.
Não precisava ser assim.
Modi continua popular na sua base, mas mais pessoas o estão culpando por não ter preparado a Índia para esse aumento e por realizar comícios políticos lotados nas últimas semanas, onde poucas precauções foram aplicadas — possíveis eventos de supertransmissão do vírus.
— As normas de distanciamento social foram totalmente desconsideradas— disse um locutor de Délhi outro dia, durante a transmissão de um dos comícios de Modi.
Na Índia, como em qualquer outro lugar, os ricos podem amortecer o golpe. Mas desta vez é diferente. Um amigo bem relacionado ativou toda a sua rede para ajudar alguém próximo a ele, um jovem com um caso grave de Covid. O amigo do meu amigo morreu. Nenhuma ajuda poderia levá-lo a um hospital. Havia muitas outras pessoas doentes.
— Eu tentei tudo ao meu alcance para conseguir um leito para esse cara, e não conseguimos — disse meu amigo. — É o caos
Seus sentimentos estavam à flor da pele.
— Isto é uma catástrofe — disse. — Isso é assassinato. FONTE: O GLOBO
21% das famílias mais pobres estão sem renda na pandemia, diz diagnóstico
Pesquisa com mais de 20 mil famílias em todo o Brasil mostra ainda que 38% dependem de doações para se alimentar
Por Gilson Garrett Jr.Publicado em: 20/09/2020 às 08h16Alterado em: 18/09/2020 às 20h34access_timeTempo de leitura: 3 min
(Kay Fochtmann / EyeEm/Getty Images)
A pandemia reduziu ainda mais a renda das famílias brasileiras. Além disso, muitas delas não conseguiram acesso ao auxílio de 600 reais do governo federal. Com isso, 21% dos mais pobres estão sem renda alguma, segundo um levantamento inédito feito pela empresa Bússola Social.
A pesquisa revela que 12,5% das famílias vivem com menos de 500 reais por mês e 31,5%, com renda entre 500 e 1.000 reais mensais. Ainda de acordo com os dados, em 71% das famílias pelo menos um membro perdeu o emprego durante a pandemia do coronavírus.
Todas essas informações resultaram no Diagnóstico Familiar, uma grande plataforma gratuita, que fornece informações em tempo real para a gestão de projetos sociais de Organizações Não Governamentais, empresas e do poder público. Mais de 20 mil famílias em todo o Brasil, que são atendidas por projetos sociais, responderam aos questionários sobre renda, alimentação e distanciamento social durante a pandemia.
“Fica muito difícil para as famílias garantir seu próprio sustento com a crise econômica e a situação foi se agravando com a pandemia. O grande objetivo da plataforma é ajudar e entender o que está acontecendo no Brasil para que as instituições possam planejar ações”, explica Áureo Giunco Júnior, co-fundador da Bússola Social e idealizador do Diagnóstico Familiar.
Sem uma fonte de renda, as famílias não têm acesso a alimentos básicos e dependem de doações. Para 14,1% a única maneira de conseguir comida é com a ajuda de outras pessoas.
Além do aperto na renda, a inflação está pressionando ainda mais quem ganha menos. No ano, o Indicador Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de Inflação por Faixa de Renda para as famílias muito pobres acumula alta de 1,5%. Para os mais ricos, há retração de 0,07% no índice.
“Deveria haver uma distribuição de renda de forma emergencial para as pessoas terem acesso a comida. É garantir a asistência mínima e direitos básicos. O governo precisa também planejar como vai se dar a retomada econômica, mas como as pessoas que perderam o emprego serão recolocadas no mercado de trabalho”, avalia Giunco.
Auxílio emergencial
Instituído em abril para conter os efeitos da pandemia sobre a população mais pobre e os trabalhadores informais, o auxílio emergencial começou a ser pago com parcelas mensais de 600 reais a 1.200 reais (no caso das mães chefes de família) a cada beneficiário. Fonte: Exame
Bill Clinton volta a ser ligado a abusos de Jeffrey Epstein, dizem documentos
Uma nova leva de documentos, parte de uma ação movida pela ativista Virginia Roberts Giuffre nos Estados Unidos contra a socialite britânica Ghislaine Maxwell, ex-parceira de Jeffrey Epstein, e suspeita de operar com ele uma rede de tráfico de mulheres, revela detalhes das acusações feitas por Giuffre contra Maxwell e Epstein, e volta a conectar o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, ao caso.
Atenção. O conteúdo descrito a seguir, parte dos documentos revelados pela justiça americana e divulgado na imprensa internacional, pode chocar pessoas suscetíveis a temas de violência sexual e abuso de menores.
Segundo Giuffre, ela foi “cooptada” por Epstein e Maxwell quando ainda era uma adolescente, e “treinada como uma escrava sexual”, de acordo com as palavras usadas por ela em depoimento. Giuffre diz que era frequentemente usada e pressionada a fazer sexo com os “convidados” da dupla, entre eles o Príncipe Andrew, membro da família real inglesa, além de outros ricos empresários, políticos americanos, pelo menos um “famoso cientista” e um designer de moda. As informações são do jornal inglês The Guardian.
Ghislaine Maxwell atualmente está presa nos Estados Unidos, à espera da conclusão de seu julgamento. Epstein foi encontrado morto em agosto do ano passado, enforcado em sua cela, em Nova York.
“Havia muitas garotas envolvidas”, diz Giuffre, segundo os documentos revelados. “Era algo contínuo.”
Segundo os documentos, o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, é acusado por Giuffre de ter visitado a ilha onde Epstein tinha uma mansão, nas Ilhas Virgens Americanas, no Mar do Caribe, em pelo menos uma ocasião. Giuffre diz ter visto Clinton na propriedade de Epstein.
A ilha é descrita por Giuffre como um “local onde orgias ocorriam constantemente”. Clinton já negou anteriormente qualquer relação com as atividades criminosas de Epstein, e nesta sexta-feira (31) voltou a refutar a história de que teria visitado a ilha, em comunicado enviado à revista Newsweek. “Ele nunca esteve na Little St. James Island”, disse um porta-voz de Clinton. “Ele também não falava com Epstein havia mais de uma década, muito antes de seus terríveis crimes terem vindo à tona.”
Quando questionada se Epstein comentava sobre o fato de muitas das garotas serem menores de idade, Giuffre respondeu que sim, segundo os documentos revelados nesta semana. “O pior [caso] que ouvi da própria boca dele foi o dessas lindas garotas de 12 anos que chegaram de avião para o aniversário dele. Foi um presente de aniversário de um dos amigos dele, e elas haviam vindo da França”, afirma. Fonte: YAHOO
O Brasil vive uma das situações mais críticas de sua história na área do ensino, com escolas fechando as portas, faculdades demitindo e alunos sem aulas — até mesmo as virtuais. Tudo isso coloca em risco não apenas as gerações do amanhã, mas o próprio desenvolvimento do País
INDEFINIÇÃO Estudante Amanda Minet está sem aulas presenciais e virtuais desde março: continuação do curso é incerta (Crédito: GABRIEL REIS)
No campo da educação, 2020 é um ano praticamente encerrado — e perdido no tempo. Uma combinação de fatores não lhe poderia ter sido mais nociva, alguns deles decorrentes uns dos outros, já os demais fixados pelas mais diversas razões: pandemia, caos econômico, crise política, desgoverno total do País. Junte-se a isso uma gestão federal que olha o setor educacional como inimigo e tenta ideologicamente o seu aparelhamento — estratégia típica de regimes autoritários. Ilustra a desimportância que o presidente Jair Bolsonaro dá à educação o fato de que o Brasil já vai para mais de duas semanas sem um ministro para esse setor — e, até agora, somando-se os três que passaram pela pasta (o último, o das mentiras, sequer tomou posse) o resultado é zero. O primeiro foi um pândego, o segundo trocava Franz Kafka por Kafta e o último sofre de mitomania. Não é apenas a educação que sai lesada, mas, também, o próprio desenvolvimento do País.
O apagão começa no ensino infantil particular. Sem conseguir refinanciar dívidas e com a perda de quase metade dos alunos, a única saída para muitas escolas de pequeno porte foi fechar as portas. A falta de aderência ao ensino à distância por parte de crianças (o que é mais que normal) e a desistência de muitos pais desempregados levaram a uma situação insustentável. Estima-se que até 10% dos alunos deixaram as escolas privadas de ensino fundamental em todo o País, mas a evasão em escolas que atendem crianças de zero a três anos pode chegar até 80%. A situação pode ser exemplificada pela carioca Ednalva Maria dos Santos, mãe da garotinha Alice, de três anos de idade. Ela retirou a menina da escolinha no bairro de Cavalcante, na zona Norte do Rio de Janeiro. Ednalva é a única que ainda tem emprego na família. “O escola até reduziu a mensalidade, mas a minha situação financeira está desesperadora”, diz ela. Além do monstro da miséria, há outro monstro, esse invisível e que se chama coronavírus. Juntamente à falta de dinheiro, aí vem o medo de morrer, esse generalizado em todo o mundo: “não vou ter coragem de levar minha filha quando as aulas voltarem porque o risco ainda é grande”.
Estima-se que até 300 mil docentes podem ter perdido seus empregos em todo o País. Em São Paulo, das 11 mil escolas que atendem desde o ensino infantil até o técnico, 80% possuem menos de 500 alunos, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp). A expectativa é de que essas insituições tenham perdido o equivalente a uma receita mensal completa, de acordo com o presidente da entidade, Benjamin Ribeiro da Silva. Com isso, cerca de 30% dos berçários, que atendem crianças de zero a três anos, não sobreviverão: alunos das primeiras séries do ensino fundamental deverão migrar para as escolas públicas, que poderão não absorver tanta demanda. No ensino médio, que historicamente tem dificuldade de evitar a evasão de jovens entre 15 e 17 anos, três em cada dez alunos já pensa em abandonar os estudos — aumento significativo, uma vez que anteriormente o nível de abandono era de 11,8%. Ou seja: lamentavelmente, de um patamar já alto passou-se a outro mais elevado ainda. Isso coloca em risco o futuro de gerações e o desenvolvimento da Nação.
No ensino superior particular, a inadimplência atingiu níveis recordes e, em maio, 23,9% dos estudantes não conseguiram pagar suas mensalidades. Cerca de 32,5% dos alunos acabaram trancando a matrícula ou desistiram do curso em abril. E aí entra diretamente a pandemia: a implantação de novas tecnologias e a possibilidade de reduzir estruturas físicas e, consequentemente, os custos, colocou na berlinda o corpo docente. Mais de 800 professores universitários foram demitidos no final do semestre,quando as faculdades passaram a montar salas com 200 ou até 300 alunos conectados numa única aula. A decorrência inevitável foi a redução do número de professores e, em média, houve o corte geral de quase 30% do corpo docente. Professor em de mestrado de educação, em São Paulo, Ricardo Casco estava encerrando os trabalhos do semestre após a adaptação de aulas ao ambiente virtual. No final de junho, quando foi inserir as notas dos alunos no sistema, não conseguiu mais acesso. Seu e-mail também havia sido bloqueado. Quando ligou para a faculdade só disseram que receberia um telegrama. “Fui demitido sumariamente sem nem saber o porquê”, diz ele.No ensino superior público, a crise é ainda maior, já que muitas faculdades não conseguiram sequer implantar ensino remoto, deixando alunos sem aulas o primeiro semestre inteiro. Amanda Minet, por exemplo, que estuda arquitetura, nem teve a chance de aulas virtuais. Até a semana passada ela aguardava uma decisão de sua faculdade para saber como será a continuação do curso. “Fiquei perdida”, diz a universitária. Fonte: Isto é
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