Zimbábue: militares estão “em processo de tomar o comando”
Afirmação é do secretário-geral do partido da oposição no Zimbábue, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC-T), Douglas Mwonzora

© Reuters
Em uma entrevista telefônica a partir do Zimbábue com o canal sul-africano ANN7, Mwonzora reiterou: “Esta é a definição padrão de um golpe de Estado. Se isto não é um golpe, o que será?”.
Mwonzora acrescentou que o partido governante, a União Nacional Africana do Zimbábue – Frente Patriótica (ZANU-PF) “estão em fase de negação, mas que já não têm o controle”.
O exército do Zimbábue desmentiu na madrugada de hoje que esteja em curso um golpe de Estado militar, garantindo que o Presidente, Robert Mugabe, se encontra em segurança, depois de uma noite de agitação na capital, com soldados armados e veículos militares nas ruas da capital e o registro de pelo menos três explosões.
Em relação à mensagem que um porta-voz do exército leu na televisão nacional na noite da terça-feira (14), em que descartou que estivesse a ocorrer um “golpe militar”, Mwonzora considerou que “é um comunicado normal quando os militares intervêm”.
“Há muito ressentimento contra (o Presidente) Robert Mugabe e a sua esposa (Grace)”, sublinhou o político da oposição, que pediu aos cidadãos que “tenham cuidado”, já que a “situação é anormal”.
Embora o secretário-geral do MDC-T tenha dito que “é a hora de salvar o país”, também afirmou que “não será permitido um derramamento de sangue”.
O mesmo canal de televisão contatou um porta-voz do ZANU-PF, Kennedy Mandaza, que se encontrava na África do Sul, e que apenas disse que “está a seguir de perto o desenvolvimento da situação no Zimbábue”.
A conversa telefônica com Mandaza caiu após ser questionado pelo paradeiro do Presidente Mugabe, que segundo o canal sul-africano SABC, poderá encontrar-se sob prisão domiciliar.
A tensão no Zimbábue começou a aumentar na tarde de terça-feira, depois de vários tanques terem sido vistos em direção a Harare, um dia depois do chefe das forças armadas do país, o general Constantino Chiwenga, ter condenado a demissão do vice-presidente do país. Ele teria advertido de que seriam tomadas “medidas corretivas” caso se mantivesse a eliminação dos veteranos no partido de Mugabe (de 93 anos e no poder desde a independência do Zimbabué, em 1980).
O ZANU-PF disse que as palavras de Chiwenga sugeriam uma “conduta de traição” destinada a “incitar à insurreição e ao desafio violento da ordem constitucional”.
A atual crise no Zimbábue surge após a destituição, na semana passada, do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que era apontado como sucessor de Mugabe, tal como a primeira-dama Grace Mugabe.
Mnangagwa, há muito considerado o braço direito do Presidente, foi humilhado e demitido das suas funções e fugiu do país após um braço-de-ferro com a primeira-dama, Grace Mugabe.
Figura controversa conhecida pelos seus ataques de cólera e dirigente do braço feminino do partido do marido, a primeira-dama de 52 anos tem muitos opositores, tanto no partido quanto no Governo. Com este afastamento, fica na posição ideal para ser a sucessora do marido, que apesar da idade avançada e da saúde frágil foi nomeado pela Zanu-PF como candidato às eleições presidenciais de 2018.
Fonte: Notícias ao Minuto
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