Manifestantes protestam contra foro privilegiado e voto em lista fechada em São Paulo

Vários quarteirões da Paulista são ocupados no protesto convocado pelo Vem Pra Rua

    Grupo protesta contra corrupção, contra voto em lista fechada e pelo fim do foro privilegiado em São Paulo – Agência O Globo / Marcos Alves
    Milhares de manifestantes vestindo verde e amarelo ocupam vários quarteirões da Avenida Paulista, em São Paulo, em protesto a favor da Operação Lava-Jato na tarde deste domingo. Embora tenha começado tímido, o ato reuniu o maior número de pessoas por volta de 16h, quando pelo menos quatro quarteirões foram totalmente ocupados pelos manifestantes. Até 18h, a Polícia Militar não havia estimado o número de pessoas no ato.

    Um dos organizadores foi o movimento Vem pra Rua, que, além de defesa da Lava-Jato, defende o fim do foro privilegiado, a renovação política em 2018 e se posiciona contra alguns dos pontos da reforma política em debate preliminar entre líderes partidários, como o aumento do fundo partidário e o voto em lista fechada.

    Também participaram do ato grupos com o Movimento Acorda Brasil, que conta com apoio da Associação Médica Brasileira, e o MBL, que centraram suas críticas ao PT e ao ex-presidente Lula. O MBL estimou em 15 mil pessoas os participantes do ato.

    Pessoas maiores de 50 anos eram maioria no ato, que também contava com algumas famílias e poucos jovens. O Vem pra Rua lançou um novo bordão: “voto em pessoa; em lista, não / isso é trambique pra enganar o povão”.

    Neste domingo, a maior parte das mensagens nos cartazes traziam palavras de apoio ao juiz Sérgio Moro, pelo fim do foro e contra o ex-presidente Lula. Alguns poucos manifestantes pediram a saída de Michel Temer da Presidência da República. Pelo menos sete caminhões de som tocavam músicas com menção à temática do combate à corrupção.

    PROTESTO EM DEFESA DA LAVA-JATO REÚNE MANIFESTANTES EM SÃO PAULO

    • Grupo ocupa vários quarteirões da Avenida PaulistaFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

    • Manifestantes ocupam a Avenida Paulista e estendem faixa pedindo fim do foro privilegiadoFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

    • Manifestante com placa com referência à tragédia do Rio DoceFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

    • Grupo de manifestantes pede pressa para julgamento de casos envolvendo políticos no STFFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

    • Manifestante com nariz de palhaçoFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

    • Grupo carrega cartazes contra candidatura do ex-presidente Lula ao Planalto em 2018Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

    Um boneco inflável do ex-presidente Lula vestido de presidiário foi instalado ao lado de um dos caminhões. No trio do Vem pra Rua, a atriz Regina Duarte lembrou a frase que ficou famosa na eleição de Lula em 2002, quando disse no programa do PSDB que tinha “medo” da chegada do petista à Presidência.

    — Vocês são a razão do fim do meu medo — disse a atriz, neste domingo.

    Logo no início do ato, Rogério Cherquer, um dos líderes do “Vem pra Rua”, disse que a pauta agora é mais “complexa”, e não mais “a favor ou contra a Dilma, a favor ou contra o impeachment”.

    — O Congresso, com ajuda do governo federal, está tentando empurrar goela abaixo do povo brasileiro medidas que visam beneficiar apenas os poderosos — disse o líder do “Vem pra Rua”, para quem no foro especial “o maior privilégio não é ser julgado pelo Supremo, mas ser julgado por ninguém, pois os crimes prescrevem e a impunidade prevalece”.

    CHAPA DILMA/TEMER

    Chequer e o advogado Miguel Reale — que foi um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma — preferiram não entrar no mérito da possível cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE, mesmo depois da divulgação dos depoimentos da Odebrecht no processo que tramita em Brasília:

     

    — Está na cara de que havia uma série de coisas erradas ali. Mas sobre a constituição de crime, temos que aprofundar a Justiça. Não somos juizes, somos a sociedade organizada, afirmou Cherquer.

    Para o líder do Vem pra Rua, “mais importante até que a estabilidade econômica do país, é que os crimes sejam apurados”. Miguel Reale também não acredita que no argumento econômico para manutenção do atual presidente. Mas diz não poder opinar sobre a cassação:

    — Não conheço o assunto a fundo. Os elementos pela cassação são inquestionáveis, mas a grande questão que se coloca é verificar se haverá a divisão da chapa para fins de análise das contas —afirmou.

    Fonte: O Globo