5 conselhos clássicos de carreira que já estão ultrapassados

O mundo do trabalho se transformou radicalmente na última década, e certos comportamentos que no passado traziam sucesso já não valem mais

Decisões de carreira Há pouco mais de uma década, a ideia de permitir horários flexíveis aos funcionários soava como absurdo aos ouvidos da maioria das empresas. Hoje, o empregador que não está aberto a essa ideia pode afastar seus melhores talentos, principalmente se forem jovens

Essa é apenas uma entre tantas mudanças de comportamento que solaparam algumas “verdades universais” do mundo do trabalho — como o pressuposto de que um profissional sério começa e encerra o expediente sempre no mesmo horário, por exemplo.

Segundo o coach João Luiz Pasqual, muitos conselhos clássicos de carreira já não fazem mais sentido atualmente porque as relações profissionais se tornaram muito mais fluidas.

“O ambiente físico e psicológico das empresas se tornou menos controlador”, explica ele. “Ao mesmo tempo, a relação entre empregador e funcionário deixou de ser apenas financeira, comercial, e passou a envolver a busca por propósito, por significado”.

Menos formal, mais livre em alguns aspectos e certamente mais exigente, o mercado de trabalho passou a preferir a transparência à obediência. “As empresas não querem mais o funcionário que só fala o que elas querem ouvir”, afirma Carolina Cabral, gerente da consultoria Robert Half. “Preferem alguém sincero, que diga quando o negócio está no caminho errado”.

Diante de tantas mudanças, veja a seguir 5 conselhos sobre gestão de carreira que já ficaram completamente ultrapassados:

Conselho ultrapassado #1: “Fique o maior tempo possível em cada emprego”

Segundo Cabral, da Robert Half, a estabilidade ainda é um fator observado pelos recrutadores quando eles avaliam um currículo. Passagens profissionais muito curtas podem dar a entender que o candidato é pouco resiliente ou que tem problemas de relacionamento.

Porém, a recomendação de ficar o maior tempo possível no mesmo emprego, para provar a sua capacidade de ser fiel a um empregador, não vale mais em todos os casos. “Se você não está subindo na hierarquia e sequer está recebendo novas responsabilidades, a sua permanência prolongada naquele emprego hoje pode ser vista como estagnação”, diz a recrutadora.

Conselho ultrapassado #2: “Faça pós-graduação o quanto antes”

Ter um diploma, por si só, está fazendo cada vez menos diferença para novas gerações. Para se traduzir em oportunidades, a educação precisa fazer sentido dentro do seu plano de carreira. Por isso, diz Cabral, não faz mais sentido se apressar para fazer uma pós depois de acabar a faculdade.

“Deixe para fazer o curso no momento em que você tiver mais certeza do que quer”, recomenda ela. Para Rafael Souto, presidente da consultoria Produtive, o ideal é buscar a pós-graduação com pelo menos dois anos de graduação, à exceção de pessoas que já têm certeza do que pretendem fazer ou já atuam na área escolhida.“Quando você percebe que não tem conhecimentos que precisa ter, pode antecipar a especialização”, diz ele

Conselho ultrapassado #3: “Tenha uma única especialidade”

Já não é mais seguro se tornar um “hiper especialista” em uma determinada área da sua profissão, de acordo com o coach João Luiz Pasqual. “O mercado quer um profissional que entenda profundamente de um determinado tema, sim, mas não só daquele tema”, explica ele.

Isso advém do papel da interdisciplinaridade para a inovação e da valorização do “olhar de proprietário” pelas empresas, que agora querem um profissional preocupado com o negócio como um todo. Porém, o extremo oposto também não é uma boa ideia. Se você domina um grande leque de temas, mas não conhece profundamente nenhum deles, também corre o risco de ficar para trás

Conselho ultrapassado #4: “Obedeça sem questionar”

Na época em que a relação entre funcionários e empresas era pautada apenas pela troca de dinheiro por trabalho, o empregador queria simplesmente ser obedecido. Hoje, remunera pessoas para pensar em soluções para seus problemas — e não importa o nível hierárquico. “O mercado hoje quer um profissional resiliente, mas não um mero executor de tarefas”, diz Pasqual.

Isso significa que as empresas não apenas aceitam ser contestadas em alguns momentos, como também esperam por isso. “Hoje é preciso assumir uma postura de protagonismo dentro da empresa, então você pode e deve se manifestar sobre o que julga importante”, recomenda o coach.

Conselho ultrapassado #5: “Se a verdade for desagradável, minta”

Você foi demitido porque cometeu um erro grave? Seu inglês não é tão bom assim? Antigamente, muita gente diria para você omitir ou distorcer essas informações no seu currículo ou na entrevista de emprego. Hoje em dia, a recomendação é oposta: ainda que a verdade soe mal, seja sincero.

Em processos seletivos, candidatos mentirosos são facilmente pegos pelo cruzamento de informações entre empresas e consultorias de recrutamento. Segundo Cabral, esconder uma falha é pior do que expô-la e buscar explicá-la. Ao contrário do passado, quando se valorizava uma figura idealizada do funcionário, o empregador atual prefere profissionais imperfeitos, mas autênticos.

Fonte: Exame

 

Consultoria lista profissões que devem sumir do mapa em 2025

E também enumera as que estarão em alta até lá

Central de atendimento: operador de telemarketing é uma das profissões que deve acabar até 2025 – Custódio Coimbra / Custódio Coimbra

 

— O mercado, nos próximos anos, aposta em profissionais que têm facilidade de se relacionar com várias culturas e perfis diferentes ao mesmo tempo. O grande ponto para que você tenha sucesso não está ligado necessariamente ao que você sabe e sim a como você consegue interpretar, analisar e interligar os dados disponíveis — afirma Antonio Gil, sócio da área de Gestão de Pessoas da Ernst & Young no Rio.

José Augusto Figueiredo, presidente no Brasil e vice-presidente na América Latina da consultoria LHH, lembra que a robotização é um tópico inevitável neste debate. Segundo ele, todas as forças de trabalho que podem ser eficientemente substituídas por máquinas, uma hora ou outra, deixam de existir.

— É o caso dos caixas de banco, cada vez menos procurados em função dos dispositivos eletrônicos, ou profissionais que cuidavam do check-in em companhias aéreas, uma atividade que foi praticamente toda robotizada — ilustra ele.

Por outro lado, como pondera Figueiredo, carreiras pautadas na interpretação humana e na emoção tendem a oferecer mais segurança neste sentido.

— Dificilmente uma enfermeira, um psicólogo ou um gestor de pessoas será substituído desta maneira — menciona ele.

Mas prever o fim de uma determinada profissão, entretanto, não deve ser necessariamente algo apocalíptico. Na opinião de Figueiredo, cabe ao profissional observar as tendências e se antecipar às mudanças.

— Às vezes, precisamos nos adiantar em dez anos — resume ele. — Temos que estar sempre aprendendo novas tecnologias e observando os caminhos possíveis para aquela área de atuação. A profissão de carteiro, por exemplo, certamente está ameaçada pelo declínio no volume de correspondências. Entretanto, o trabalho com uma empresa de logística está cheio de possibilidades, já que a entrega de compras feitas pela internet só aumenta.

A especialização é o caminho que o profissional deve encontrar para sobreviver, acredita Celso Georgief, especialista em Recursos Humanos e sócio diretor da DSG Brasil. Ele concorda em parte com a lista feita pela Ernst & Young.

— Não acredito no fim da profissão de contador, por exemplo. A função será aperfeiçoada, e este profissional deverá estar capacitado para maior envolvimento com aspectos de auditoria, departamento financeiro e análise de gestão — afirma ele.

Especialista em consultoria contábil, o fundador do Grupo Insigne, Sérvulo Mendonça, também acredita na transformação da profissão, fruto de adaptações educacionais, currículos, formas e modelos de atuação e técnica mais vinculada aos mecanismos tecnológicos.

— Essa afirmação pode fazer com que jovens talentos não busquem as tais profissões — alerta ele.

Para os que têm uma profissão em iminência de extinção, Georgief alerta para a necessidade de um redirecionamento de carreira. E para ontem.

— Este profissional precisa estar atento a oportunidades ou áreas que são atraentes e ter criatividade e coragem para tentar a mudança. Um profissional de coaching poderá ajudar nisso — aconselha.

FUTURO LOGO ALI

Em contrapartida, professores, tão desvalorizados no aspecto financeiro, segundo o estudo, terão dias melhores. Antonio lembra que o ensino passará a ser pontual, atendendo às necessidades e demandas específicas de cada indivíduo, além de haver a consolidação do ensino à distância.

Funcionária da Cultura Inglesa, Vaddie Najnan já vive esta realidade. Professora de inglês desde 2003, ela passou a se dedicar inteiramente às aulas online.

— A vantagem é que consigo organizar os meus horários e trabalhar de casa. No dia a dia não há muito diferença, principalmente para os alunos, que têm rendimento muito bom ao falar, escutar e pensar o tempo todo em inglês — relata ela, lembrando que o seu valor salarial é o mesmo de um professor do curso presencial da empresa.

O jovem que está entrando agora no mercado de trabalho não encontra instituições para prepará-lo para este novo mundo, acredita Tiago Mattos, fundador da escola de atividades criativas Perestroika, especialista em futurismo.

— O sistema que conhecemos hoje foi todo inspirado pelo sistema de educação pública, massificada e gratuita, concebido na Europa. Ele foi criado à imagem e semelhança do contexto profissional da época: a Revolução Industrial. Portanto, as escolas hoje nos preparam para um trabalho em fábricas. As universidades pararam no tempo. A maioria prepara os estudantes para profissões que não existem mais — afirma ele, que consegue ver modelos de aprendizagem que se massificarão em breve:

— Vejo pelo menos três no curto prazo. A aprendizagem móvel (via celular, no momento em que o estudante desejar); aulas em realidade virtual (que nos permite viver situações que seriam impossíveis de reproduzir analogicamente); tutores via inteligência artificial (como o Smart toy Cognitoy), que promoverão uma aprendizagem mais de acordo com a curiosidade do aluno do que com a intenção do professor. Sem falar, claro, no autodidatismo (via plataformas colaborativas ou tutoriais do Youtube) — relata o especialista em futurismo.

SEM PREPARAÇÃO

Antonio Gil, da Ernst & Young: jovens não têm tanto medo de errar – Divulgação
 

Nem as unidades educacionais nem as empresas estão prontas. Segundo a análise da Ernst & Young, atualmente, apenas 27% das empresas acreditam estar preparadas, enquanto menos de 50% das corporações possuem talentos na casa preparados para assumir posições críticas.

— A informação empoderou as pessoas. Hoje, os jovens conseguem comparar organizações sob as mais diversas perspectivas. Aquela estrutura tradicional de organograma está sendo desafiada — diz Oliver Kamakura, sócio da área de Gestão de Pessoas da consultoria, que destaca mudanças ainda na filosofia de vida desta geração:

— A motivação das pessoas para trabalhar oito horas por dia não é mais somente o dinheiro e sim a identificação com um propósito alinhado ao seu objetivo pessoal — salienta.

Antonio Gil Franco, também sócio da área de Gestão de Pessoas da Ernst & Young, acredita que a nova geração de trabalhadores se preocupa muito mais em fazer parte de uma empresa que ela tenha orgulho.

— Um estudo mostra que, em 2025, o indivíduo poderá ter passado por mais de 10 postos de trabalho até os 25 anos. É uma geração que não tem tanto medo de errar e de se expor. Mesmo em um cenário de crise, é muito critica. Eles entendem que o nome deles é importante, querem ter uma legado — explica ele.

EMPREGOS QUE PODEM DEIXAR DE EXISTIR EM 2025

Operador de telemarketing

Contador

Reparador de relógios

Analista de crédito

Corretor de seguros e imóveis

Árbitro de futebol

Lavrador rural

Caixa

Digitador

EMPREGOS QUE SERÃO POPULARES EM 2025

– “Professional triber”: Profissional freelancer, especialista em unir pessoas de diferentes em culturas em torno de um projeto comum. Cada vez mais a diversidade está presente no mercado de trabalho e essa função tem a habilidade de integrar as pessoas para que tenham a melhor performance e harmonia em equipe.

– Professor freelancer: O ensino passa a ser pontual, atendendo às necessidades e demandas específicas de cada indivíduo. Sem falar no incremento do ensino à distância, por meio de tecnologias de vídeo conferências.

– Fazendeiros Urbanos: Aumento da conscientização do consumo e produção autônomas de alimentos orgânicos em áreas urbanas.

– Cuidadores: A diminuição da natalidade e o aumento da idade laboral dos indivíduos vão impulsionar a função dos cuidadores. A elevação da expectativa de vida da população, a aposentadoria tardia e a mudança do comportamento das famílias que passam a ter menos filhos são exemplos que contribuem para esse crescimento.

– Instaladores domésticos especialistas em tecnologia (Smart house): Maior procura por especialistas em casas inteligentes e aumento da demanda por casas automatizadas.

– Designer especializado em impressão 3D: Maior procura por aplicações em 3D. As impressoras facilitam a transformação da ideia em matéria. Exemplos: próteses e impressão de projetos tridimensionais.

– Designer de realidade virtual: Aumento do acesso ao ambiente de realidade virtual, por meio de especialistas na criação desses ambientes. Exemplos: visitas virtuais a museus, países, pontos turístico, etc.

Na opinião de Celso Georgief, especialista em Recursos Humanos e sócio diretor da DSG Brasil, essas profissões também estarão em alta em 2025:

– Perito forense digital

– Especialistas em energias alternativas

– Direito em geral, principalmente Direito internacional e arbitragem

– Analisa de gestão

– Consultoria estratégica

As profissões voltadas para qualidade de vida também estarão em alta, já que as pessoas vão viver mais e cada vez mais se preocupam com a qualidade de vida que terão.

Mestre de cerimônias – Conduz eventos públicos, corporativos e sociais presenciais, seguindo roteiro elaborado por organizadores.

Entregador de publicações – Entrega correspondências, objetos e publicações, organizando e fazendo triagem dos mesmos.

Concierge – Recepciona e prestam serviços de apoio a clientes, pacientes, hóspedes, visitantes e passageiros; presta atendimento telefônico e fornece informações em diversos estabelecimentos.

Entrevistador social – Entrevista famílias de baixa renda, orienta sobre os programas sociais e políticas públicas, e encaminha para órgãos competentes, caso necessário.

Agente de combate a endemias – Realiza ações de controle de endemias, promove educação sanitária e ambiental e orienta a comunidade para promoção de saúde por meio de inspeções domiciliares.

Casqueador de animais – Monitora doenças, lesões e traumatismos em animais. Corta excessos de cascos, limpa e higieniza ferimentos no local.

Ferrador de animais – Coloca e substitui ferraduras em animais, detecta presença de ferimentos nas patas e recomenda encaminhamento a veterinário, se necessário.

Tapeceiro de autos – Responsável por fabricar ou reformar estofamento e revestimento interno de veículos.

Condutor de ambulância – Transporta pacientes e auxilia equipes de saúde nos atendimentos de urgência e emergência.

Operador de abastecimento de combustível de aeronave – Realiza operações de abastecimento e destanqueio de combustível de aeronaves.

Monitor de sistemas eletrônicos de segurança interno – Ativa e monitora os sistemas, analisa os eventos e imagens recebidos da central de alarme monitorada, identifica problema e encaminha ocorrências ao setor responsável.

Monitor de sistemas eletrônicos de segurança externo – Monitora os equipamentos e sistemas da central de monitoramento, realizar inspeção técnica no local monitorado, realizar manutenções corretiva e preventiva dos sistemas.

Já as profissões que resistem à crise são:

Trabalhadores nos Serviços de Manutenção de Edificações

Operadores de Telemarketing

Recepcionistas

Técnicos Auxiliares de Enfermagem

Trabalhadores Auxiliares nos Serviços de Alimentação

Garçons, Barmen, Copeiros e Sommeliers

Trabalhadores de Cargas e Descargas de Mercadorias

Professores de Nível Médio na Educação Infantil

Enfermeiros de Nível Superior e Afins

Trabalhadores Agrícolas na Fruticultura

Caixas e Bilheteiros (exc. bancos)

Trabalhadores na Exploração Agropecuária em Geral

Cuidadores de Crianças, Jovens, Adultos e Idosos

Farmacêuticos

Trabalhadores na Pecuária de Pequeno Porte

Fonte: O Globo e G1