Bonecas sexuais que falam, um remédio para a solidão na China

Bonecas sexuais que falam, um remédio para a solidão na China

Uma boneca robô em 1º de fevereiro de 2018 em fábrica de Dalian, no nordeste da China – AFP

As bonecas sexuais da “nova geração” falam, tocam música e colocam para funcionar uma lava-louças se for pedido. Na China, com muito mais homens do que mulheres, uma empresa oferece mulheres feitas de silicone para solteiros e idosos que sofrem de solidão.

Os corpos nus das bonecas estão alinhados na oficina da empresa especializada Exdoll, localizada na cidade portuária de Dalian (nordeste).

“Me chamo Xiaodie, mas você pode me chamar de ‘baby’”, responde ela em mandarim com voz de robô.

O engenheiro pede que toque uma música. Dito e feito. A boneca emite uma balada tradicional.

A Exdoll se baseia nos progressos da inteligência artificial para criar bonecas capazes de se expressar. Seu objetivo é combater a solidão dos solteiros, idosos e deficientes.

Na China, o desequilíbrio entre homens e mulheres é enorme: 33,6 milhões a mais de homens do que mulheres em uma população de 1,4 bilhão de habitantes.

Isto se deve à chamada política do filho único que, entre os anos 1970 e 2015, proibia que a maior parte dos casais tivesse mais de um descendente.

– Minissaia e silicone –

A preferência pelos homens – que transmitem o sobrenome e quando adultos fornecem mão de obra à família – levava alguns casais a recorrer a abortos seletivos.

Atualmente, no país nascem 114 meninos a cada 100 meninas, uma defasagem muito maior em relação à média mundial. O envelhecimento rápido da população leva a um grande número de idosos viúvos.

“A China tem uma escassez de mulheres. É um fator que alimenta a demanda de nossos produtos. Mas nossas bonecas não se limitam a propor sexo”, explica à AFP Wu Xingliang, diretor de Marketing da Exdoll.

Sentado entre duas bonecas – uma com minissaia e outra com uniforme de aluna japonesa -, Wu está convencido de que a empresa para a qual trabalha pode resolver alguns problemas sociais.

As bonecas inteligentes “podem manter conversas profundas e ajudar com as tarefas domésticas. No futuro, inclusive, poderão prestar assistência médica”, afirma.

Xiaodie está equipada com uma função Wi-Fi similar ao sistema Siri dos iPhones. Pode navegar pela Internet, ser controlada via smartphone e responder às ordens vocais.

A moça virtual, que custa 25 mil iuanes (3.200 euros, 4.000 dólares), também liga e desliga eletrodomésticos conectados, como as lava-louças.

– ‘Mais excitante’ –

A empresa, que emprega 120 pessoas, começou a desenvolver as bonecas-robôs em 2016 e sairão à venda nos próximos meses.

A cada mês o grupo também fabrica cerca de 400 bonecas “tradicionais” sob medida. Os clientes podem escolher a altura, o tamanho dos seios, a quantidade de pelo púbico, a cor da pele, dos olhos e do cabelo.

A Exdoll confia em melhorar seus modelos no futuro, acrescentando reconhecimento vocal, expressões faciais complexas e a capacidade de seguir o usuário visualmente.

“Queremos um robô com o rosto mais bonito possível e o corpo mais excitante possível”, resume Qiao Wu, diretor de Desenvolvimento da empresa.

Segundo ele, as primeiras bonecas com inteligência artificial ultrarrealistas estarão disponíveis daqui a 10 anos.

A China fabrica mais de 80% dos brinquedos sexuais produzidos no mundo. O setor emprega um milhão de pessoas no país e representa 6,6 bilhões de dólares em volume de negócio. O curioso é que estas bonecas-robôs não desagradam os defensores chineses dos direitos das mulheres.

“Um grande número de homens espera o mesmo das mulheres: sexo, tarefas domésticas, filho. Não as consideram indivíduos”, declara à AFP a militante feminista Xiao Meili. “Se todos estes desgraçados comprarem uma boneca, livrarão um certo número de mulheres destes tipos”.

Fonte: Época

 

Homens japoneses desistindo de mulheres

[Imagem: 0,,36220011,00.jpg]“Herbívoros”, uma nova categoria social no Japão do século XXIAcrise, o pessimismo e a falta de comunicação são os motivos que levam cada vez mais rapazes japoneses a mostrarem indiferença com relação ao sexo e se dedicarem ao cuidado pessoal, algo que deu lugar a uma nova categoria social batizada de “herbívoros”.Segundo uma pesquisa do Ministério de Saúde japonês divulgada este ano, 21,5% dos varões entre 20 e 25 anos expressa indiferença ou aversão ao sexo, embora o número seja maior entre os adolescentes de 16 a 18 anos, grupo em que 36,1% não estão interessados em relações sexuais.Os considerados “herbívoros” geralmente se interessam por moda, são menos competitivos em seus ambientes de trabalho, são mais apegados a suas mães e têm sempre problemas nos respectivos orçamentos.Mas, sobretudo, não estão interessados em sair com mulheres, de acordo com Megumi Ushikubo, autora do livro “Soshokukei Danshi Olho-man Ga Nippon wo Kaeru” (“Os refinados homens herbívoros estão mudando o Japão”).

Em um país com uma das taxas de natalidade mais baixas do planeta (1,3 filho por mulher) e que, além disso, envelhece rapidamente, este fenômeno social é preocupante frente a um futuro no qual os jovens não encontram as condições para desenvolver uma família.

De acordo com dados oficiais, em 2009, em meio à crise financeira, 1,78 milhão de japoneses – principalmente jovens – tinham empregos apenas em período parcial, número que parece seguir aumentando.
Estes jovens, que vivem uma situação de instabilidade trabalhista, ganham em torno de 2 milhões de ienes anualmente (17.656 euros), menos que a renda per capita de 31.414 euros que o país registrou em 2010.

Por outro lado, apenas 68,8% dos estudantes universitários que vão se formar em março tinham emprego assegurado no final do ano passado, um número alarmante em um país onde há pouco o cidadão podia assegurar o futuro de sua carreira com tranquilidade.

Diante deste panorama, os jovens “não têm a mesma confiança” que seus antecessores, que graças à sua estabilidade podiam comprar casas ou automóveis com vistas a formar uma família, disse à Agência Efe Renato Rivera, sociólogo especializado em estudos japoneses.

Atualmente, parte dos jovens não pode convidar as mulheres do país a um bom restaurante ou ao cinema, nem adquirir automóveis caros em um país tradicionalmente caracterizado pelo luxo. Sem deixar de ser consumidores, os “herbívoros” preferem comprar artigos de moda e cuidado pessoal.

Ainda fazem parte deste panorama as redes sociais virtuais e a proliferação dos telefones celulares, utilizados por quase todos os adolescentes para trocar mensagens de texto, em detrimento de uma comunicação direta verbal.

Para os especialistas, uma parte dos jovens japoneses parece ter entrado em um círculo vicioso e não socializa com mulheres por falta de recursos e por incapacidade de comunicar-se, portanto tornam-se mais introvertidos e se desinteressam pelo sexo.

“É como estar em uma dieta: de tanto deixar de comer, o apetite se reduz”, avalia Rivera, professor da Universidade de Meiji, em Tóquio.

Para o sociólogo, os “herbívoros” se parecem um pouco com os “otakus” (fanáticos por mangás e animações), que passam a maior parte do tempo conectados a computadores e videogames.

A diferença, segundo Rivera, é que em geral os “otakus” são mais anti-sociais, têm interesse pelo sexo mas não pelas relações permanentes, e contam com maior poder aquisitivo, já que são eternos consumidores das novidades tecnológicas.

Apatia sexual japonesa ameaça economia global

Homens Herbívoros?Homens Herbívoros?

Os japoneses tem tanta aversão a relacionamentos amorosos que a mídia do Japão tem até um nome pra isso: sekkusu shinai shokogun, ou “síndrome do celibato”, de acordo com uma história amplamente divulgada pelo The Guardian (Why have young people in Japan stopped having sex?) sobre os baixos índices de casamentos, nascimentos e sexo mesmo, puro e simples.

Mas isso é mais que uma história sobre o Japão e seus subterfúgios culturais: é uma história sobre a economia global. Japão é a 3a. maior economia do mundo, crucial para o comércio e um significante fator de bem estar para todos os envolvidos na economia. O Japão detém quase o mesmo valor da dívida americana que a China. É parceiro comercial top dos Estados Unidos, China e muitos outros países.

A economia japonesa tem um problema que pode afetar a negativamente todos nós. E a maior causa desse problema é demográfico: os japoneses não estão tendo bebês para sustentar a economia. A razão é simples, eles não estão mais interessados em namorar ou se casar, em parte porque estão cada vez menos interessados em sexo.

DesencontrosDesencontros

Veja alguns números, alguns do Guardian outros do estudo do Centro Populacional do Japão.
• Gente demais que não acha graça em sexo: 45% das mulheres e 25% dos homens com idade entre 16 e 24 anos “não estão interessados ou desprezam o contato sexual.”
• Mais da metade dos japoneses são solteiros. 49% de mulheres e 61% dos homens entre 18 e 34, não estão em nenhum tipo de relacionamento romântico.
• Em qualquer grupo etário, o percentual de japoneses e japonesas que não estão num relacionamento romântico cresce regularmente desde a década de 1990.
• Aproximadamente ¼ dos japoneses não querem relacionamentos românticos e 23% das mulheres e 27% dos homens não estão interessados em nenhum tipo de relacionamento romântico.
• Mais de 1/3 das mulheres em idade de engravidar nunca fizeram sexo: 39% das mulheres e 36% dos homens entre 18 e 34. E essa porcentagem não mudou quase nada na última década, mas é extraordinariamente alta.
• O Instituto de População Japonesa projeta que as mulheres entre 20 e 25 anos tem 25% de chance de nunca se casarem e 40% de chance de nunca terem filhos.

Essas tendências não são novas. Desde 2006, as japonesas reclamam dos soshoku danshi ou “homens herbívoros,” aqueles que não tem interesse pelo sexo oposto. Há toda uma indústria no Japão que ajuda homens que renegam sua vida romântica, através de vídeos com jogos que simulam relacionamentos e até retiros nos feriados.

Do outro lado, as japonesas, frequentemente evitam relações românticas, porque as leis e as normas japonesas podem dificultar muito a vida das mulheres que querem construir tanto uma carreira e como uma família. Apesar de ser um país riquíssimo e com altos índices educacionais, o Japão tem um dos piores sistemas de igualdade entre sexos. Tem um estilo de economia europeu, mas códigos familiares asiáticos. E as mulheres que querem trabalhar estão presas no meio desta contradição.

A pressão é enorme! Não é só a falta de creches, mas espera-se das mulheres que ficam grávidas ou se casam que se demitam de seus empregos. Assim, avançar na carreira se torna algo impossível.

Há uma palavra para mulheres casadas que trabalham oniyome, ou “esposa do diabo.” Como elas são forçadas a escolher entre se casar e ter um emprego, a maioria escolhe o último. Este pessimismo sobre o casamento parece ser, parcialmente, o responsável pela falta de interesse em relacionamento românticos, e portanto em sexo.

Este artigo foi publicado originalmente no The Washington Post com o título “Japan’s sexual apathy is endangering the global economy” e foi traduzido livremente por mim. Veja em detalhe os quadros que mostram as razões comuns para continuar solteiro, em “notas” logo abaixo.

 

Fonte: Uol

Mais de 20% das grávidas sofrem sexismo ou maus-tratos no trabalho no Japão

A situação é pior, já que dois terços das vítimas têm medo de denunciar os fatos

Mais de uma mulher grávida em cada cinco sofre abuso moral ou físico por seus superiores ou colegas de trabalho – Gustavo Azeredo / Agência O Globo
Cerca de 29% das trabalhadoras japonesas dizem ter sofrido alguma forma de sexismo e 21,4% foram maltratadas na empresa durante a gravidez, de acordo com um estudo encomendado pelo ministério do Trabalho e Saúde.

Embora o significado da palavra japonesa “sekuhara” (assédio sexual) seja muito mais amplo no Japão do que na Europa (um convite para jantar de um superior pode ser considerado como tal), os dados mostram que as ideias sexistas, preconceituosas ou muito relacionadas com vida privada são um verdadeiro problema para as mulheres no mundo dos negócios.

A situação é ainda pior, considerando que dois terços das vítimas têm medo de denunciar os fatos.

O estudo, cujos resultados acabam de ser publicados, foi realizado no ano passado com 4.654 funcionárias de 1.711 empresas, e complementados por um estudo na internet com mais de 5.000 respostas. Todas as mulheres que participaram do estudo tinham idades entre 25 e 44 anos.

Cerca de um terço das mulheres se queixam de ter de suportar carícias e/ou convites inapropriados (mesmo propostas de sexo), comentários com alusões à sexualidade, fotografias indecentes expostas no local de trabalho, perguntas sobre sua privacidade, entre outros.

Por outro lado, mais de uma mulher grávida em cada cinco sofre abuso moral ou físico por seus superiores ou colegas de trabalho.

Este fenômeno é chamado de “matahara” (assédio relacionado à maternidade) e é um dos principais motivos para a interrupção no trabalho antes do nascimento da criança ou pode até degenerar em acidentes (abortos espontâneos, parto prematuro).

Fonte:O globo

Por que os jovens japoneses estão cada vez menos interessados em sexo

Pesquisa do governo mostra que tem aumentado a proporção de pessoas entre 18 e 34 anos que são virgens e de solteiros que não estão em um relacionamento.


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 O comediante Ano, de 26 anos, diz sentir-se intimidado pelas mulheres (Foto: BBC)

O comediante Ano, de 26 anos, diz sentir-se intimidado pelas mulheres (Foto: BBC)

O Japão é conhecido por sua cultura sexual. Seja qual for sua preferência ou fantasia, há alguém para realizá-la no país que inventou o conceito de motel, há quase meio século. Jovens japoneses, no entanto, estão quebrando essa tradição e abrindo mão do sexo.

Uma pesquisa mostra que é cada vez mais comum ser virgem no país entre pessoas de 18 a 34 anos. E a proporção de japoneses solteiros que não têm um relacionamento está em alta. O que há por trás dessa mudança?

Ano Matsui, um comediante de 26 anos, diz não ter se relacionado até hoje com uma mulher por falta de autoconfiança. “Nunca fui popular entre as meninas. Uma vez chamei uma para sair, e ela disse não. Isso me traumatizou”, conta.

Matsui afirma que há muitos homens como ele, com “medo das mulheres”. “Temos medo de sermos rejeitados. Então, passamos nosso tempo com hobbies, como animação”, diz ele. “Eu me odeio por isso, mas não há nada que possa fazer para mudar.”

País é famoso por sua cultura sexual, mas os jovens vêm quebrando essa tradição (Foto: BBC)País é famoso por sua cultura sexual, mas os jovens vêm quebrando essa tradição (Foto: BBC)

País é famoso por sua cultura sexual, mas os jovens vêm quebrando essa tradição (Foto: BBC)

 

‘Prefiro dormir’

 

Tal comportamento vem se tornando mais frequente, indica um estudo do governo japonês realizado em 2015 e divulgado no fim do ano passado.

O levantamento do Instituto Nacional de Pesquisa Populacional e Previdência Social aponta que 42% dos homens e 44,2% das mulheres entre 18 e 34 anos são virgens atualmente. É mais do que na pesquisa anterior, de 2010, quando 36,2% dos homens e 38,7% das mulheres desta faixa etária declararam o mesmo.

“Sexo não é algo que desejo ou preciso”, diz Anna, uma executiva de 24 anos. “Prefiro dormir ou comer.”

A executiva Anna, de 24 anos, diz não desejar sexo e que namorar tiraria sua liberdade (Foto: BBC)A executiva Anna, de 24 anos, diz não desejar sexo e que namorar tiraria sua liberdade (Foto: BBC)

A executiva Anna, de 24 anos, diz não desejar sexo e que namorar tiraria sua liberdade (Foto: BBC)

Ela conta que, quando foi para a faculdade, se viu pela primeira vez na vida longe dos pais e de sua rígida educação. “Finalmente, podia ficar até tarde da noite na rua bebendo com amigos. Um namorado ia limitar minha liberdade. Não quero isso.”

O estudo mostra que, assim como Anna, quase 70% dos homens solteiros e 60% das mulheres solteiras não estão em um relacionamento.

Os índices só vêm aumentando desde que o estudo começou a ser realizado, há 30 anos. Em 1987, 48,6% dos homens solteiros e 39,5% das mulheres solteiras não estavam em um relacionamento.

“Ter um relacionamento não é fácil”, diz a artista plástica Rokudenashiko, de 45 anos. “Um rapaz precisa começar chamando uma moça para sair. Muitos homens não se dão a esse trabalho. Eles veem pornô na internet e se satisfazem sexualmente dessa maneira.”

 Pesquisa aponta que cresceu a proporção de virgens entre quem tem entre 18 e 34 anos (Foto: BBC) Pesquisa aponta que cresceu a proporção de virgens entre quem tem entre 18 e 34 anos (Foto: BBC)

Pesquisa aponta que cresceu a proporção de virgens entre quem tem entre 18 e 34 anos (Foto: BBC)

 Estudo também aponta um aumento dos solteiros que não estão em um relacionamento (Foto: BBC) Estudo também aponta um aumento dos solteiros que não estão em um relacionamento (Foto: BBC)

Estudo também aponta um aumento dos solteiros que não estão em um relacionamento (Foto: BBC)

 

Preocupação

 

Essa tendência é preocupante, porque o Japão é um dos países com a menor taxa de nascimentos do mundo. E sua população está envelhecendo rapidamente: mais de um quarto dos 127 milhões de habitantes têm mais de 65 anos.

Isso levou o governo a criar incentivos para que as pessoas se casem e tenham filhos. Uma das metas estabelecidas pelo governo do premiê Shinzo Abe é elevar o índice de fertilidade de 1,4 nascimento por mulher para 1,8 até 2025.

Mas a pesquisa sobre comportamento sexual e relacionamentos traz uma boa notícia nesse sentido ao mostrar que a proporção de solteiros que pensam em se casar no futuro se mantém alta. São 85,57% entre os homens (em comparação com 86,3% no estudo anterior) e 89,3% entre as mulheres (antes, eram 89,4%).

“Eles querem se casar em algum momento, mas tendem a adiar isso”, disse ao jornal Japan Times Futoshi Ishii, pesquisador-chefe do estudo. “Acabam se casando mais tarde ou ficando solteiros, contribuindo assim para o baixo índice de nascimentos do país.”

 Fonte: G1

Os japoneses que desistem das mulheres pelo ‘amor’ a bonecas

O japonês Masayuki Ozaki, de 45 anos, diz estar apaixonado por sua boneca sexual.

“Mesmo quando as coisas não vão bem no trabalho, ou se eu tiver um dia ruim, me sinto seguro ao saber que ela está sempre acordada, me esperando”, diz ele.

Dados indicam um número crescente de homens japoneses substituindo as parceiras de carne e osso.

Cerca de 2 mil bonecas são vendidas no país todos os anos, com preços a partir de R$ 20 mil.

Alguns clientes desenvolvem uma relação emocional com elas.

É o caso de Senji Nakajima, de 62 anos, que diz ter “desistido” de namorar seres humanos.

Para especialistas, por trás dessa tendência, está a solidão masculina.

Fonte: BBC

 

Japoneses encontram o amor em bonecas de silicone

Muitos homens no país têm as chamadas boneca do amor e não as consideram objetos sexuais, mas sim seres com alma

 

Senji Nakajima dorme abraçado com sua boneca Saori em um hotel

Senji Nakajima dorme abraçado com sua boneca Saori em um hotel Foto: Behrouz Mehri/ AFP

 

Quando a chama do amor se apagou definitivamente entre ele e sua esposa, Masayuki Ozaki tomou uma decisão incomum para preencher o vazio. Ele comprou uma boneca de silicone que se tornou, ele diz, o amor de sua vida. Mayu, tem tamanho natural e aspecto muito realista, apesar de seu olhar vazio, ela compartilha a cama na casa da família em Tóquio, onde também vivem sua mulher e a filha adolescente.

 

 

“Depois que minha mulher deu à luz, nós paramos de fazer amor e eu senti uma solidão profunda”, disse o fisioterapeuta de 45 anos à AFP.

 

“Eu li um artigo em uma revista sobre essas bonecas e fui ver uma exposição. Me apaixonei”, suspira Ozaki, que passeia com Mayu em uma cadeira de rodas, coloca perucas, vestidos e lhe dar joias.

 

 

 

“Quando minha filha entendeu que não era uma Barbie gigante, ela teve medo e pensou que era nojento, mas agora tem idade suficiente para compartilhar roupas com Mayu”, explica.

 

“As mulheres japonesas têm um coração duro”, diz ele, enquanto caminhava com a boneca por uma praia. “Elas são muito egoístas. Quaisquer que sejam os meus problemas, Mayu sempre está aqui. Eu a amo muito e quero estar sempre com ela, ser enterrado com ela. Eu quero levá-la para o paraíso.”

 

Como ele, muitos homens têm no Japão este tipo de bonecas chamadas “Rabu Doru” (boneca do amor), especialmente os viúvos e pessoas com deficiência, e não as veem como meros objetos sexuais, mas como seres com uma alma.

 

“Meu coração bate a mil por hora, quando eu volto para casa com Saori”, disse Senji Nakajima, 62 anos, durante um piquenique com sua parceira de silicone.

 

 

Senji Nakajima tem 62 anos, é empresário, casado e tem dois filhos

Senji Nakajima tem 62 anos, é empresário, casado e tem dois filhos Foto: Behrouz Mehri/ AFP

 

 

“Nunca me passaria pela cabeça traí-la, nem com uma prostituta, porque para mim ela é humana”, diz o empresário, casado e com dois filhos.

 

Yoshitaka Hyodo, blogueiro de 43 anos, tem mais de dez dessas bonecas. Ele também tem uma namorada, de carne e osso, que parece bastante compreensiva.

 

“Fazemos isso para se comunicar em um nível emocional”, diz o homem, que também é fã de objetos militares, rodeado de mulheres de plástico usando trajes do exército.

 

Cerca de duas mil bonecas de silicone são vendidos a cada ano no arquipélago japonês, de acordo com profissionais da indústria. Equipadas com uma cabeça e uma vagina removível, vale cerca de 5,3 mil euros (pouco mais de US$ 6 mil).

 

“O que chamamos pomposamente de ‘indústria’ das bonecas do amor é um artesanato de nicho”, escreve a antropóloga Agnès Giard, que em 2016 dedicou um livro a esse fenômeno e sua história no Japão.

 

A primeiras apareceram em 1981. A versão de silicone, depois o látex e o vinil, são 2001.

 

“A tecnologia tem feito grandes progressos desde as horríveis bonecas infláveis dos anos de 1970”, diz Hideo Tsuchiya, diretor da Orient Indústria, um dos fabricantes japoneses. “Têm agora um aspecto incrivelmente autêntica e você tem a sensação de tocar a pele humana. Mais e mais homens as compra porque eles sentem que podem se comunicar com elas.”

 

Já no século 17, em histórias de ficção citados por Agnès Giard, homens encomendavam para artesãos bonecas que se parecessem com suas amadas, que o destino havia separado.

 

Longe dessas histórias, Riho, a esposa de Ozaki, tenta não pensar sobre o ser artificial que está ocupando o quarto de seu marido. “Eu me limito ao trabalho doméstico”, diz ela, com lágrimas nos olhos “jantar, limpeza, roupas”.

Fonte: Estadão

Japoneses encontram o amor em bonecas de silicone

“Depois que a minha mulher deu à luz, deixamos de fazer amor e senti uma profunda solidão”, diz japonês que comprou uma boneca de silicone

Quando o fogo da paixão se apagou definitivamente entre ele e sua esposa, Masayuki Ozaki tomou uma decisão curiosa para preencher seu vazio. Comprou uma boneca de silicone que se tornou – ele garante – o amor de sua vida.

Com tamanho natural e aparência muito realista, apesar do olhar perdido, Mayu divide sua cama na casa da família em Tóquio, onde também moram sua mulher e a filha adolescente do casal.

“Depois que a minha mulher deu à luz, deixamos de fazer amor e senti uma profunda solidão”, contou à AFP este fisioterapeuta de 45 anos.

“Li um artigo em uma revista sobre o tema destas bonecas e fui ver uma exposição. Foi amor à primeira vista”, suspira Ozaki, que leva Mayu para passear em cadeira de rodas, põe perucas nela, a veste e dá joias de presente.

“Quando minha filha entendeu que não era uma Barbie gigante, ficou com medo e achou nojento, mas agora já é suficientemente crescida para dividir a roupa com Mayu”, explica.

‘É humana’

“As mulheres japonesas têm o coração duro”, reclama, enquanto passeia com a boneca por uma praia. “São muito egoístas. Sejam quais forem meus problemas, Mayu, ela, sempre está aqui. Sou louco por ela e quero estar sempre com ela, que me enterrem com ela. Quero levá-la ao paraíso”.

Assim como ele, muitos homens no Japão possuem este tipo de bonecas, chamadas “rabu doru” (boneca do amor), sobretudo viúvos e portadores de deficiência, e não as veem como meros objetos sexuais, mas como seres com alma.

“Meu coração bate a mil por hora quando volto para casa com Saori”, garante Senji Nakajima, de 62 anos, enquanto vai fazer piquenique com sua companheira de silicone.

“Nunca me passaria pela cabeça enganá-la, nem com uma prostituta, porque para mim ela é humana”, explica este empresário, casado e pai de dois filhos.

Yoshitaka Hyodo, blogueiro de 43 anos, tem mais de dez dessas bonecas. Ele também tem uma namorada, de carne e osso, aparentemente bastante compreensiva.

“Agora é mais para se comunicar em um nível emocional”, afirma este homem, também fã de objetos militares, cercado de mulheres de plástico, às quais veste como soldados.

Uma atividade artesanal

Umas duas mil bonecas de silicone são vendidas no arquipélago todos os anos, segundo profissionais do setor. Equipadas com cabeça e vagina desmontáveis, custam 5.300 euros (algo mais que 6.000 dólares).

“O que chamamos com pompa de ‘a indústria’ das bonecas do amor é uma atividade artesanal de nicho”, escreve a antropóloga Agnès Giard, que em 2016 dedicou um livro a este fenômeno e sua história no Japão.

As primeiras surgiram em 1981. A versão em silicone, depois em vinil e em látex, é do ano 2001.

“A tecnologia fez grandes progressos desde as horríveis bonecas infláveis dos anos 1970”, explica Hideo Tsuchiya, diretor da Orient Industry, um dos fabricantes japoneses.

“Agora têm uma aparência incrivelmente autêntica e você tem a sensação de tocar pele humana. Cada vez mais homens as compram porque têm a impressão de poder se comunicar com elas”.

Já no século XVII, em histórias de ficção citadas por Agnès Giard, homens encomendavam a artesãos bonecas que se pareciam com a sua amada, da qual o destino os tinha separado.

Longe destes relatos românticos, Riho, a mulher de Ozaki, tenta não pensar no ser artificial que ocupa o quarto do marido.

“Em me limito aos trabalhos domésticos”, diz, com lágrimas nos olhos: “o jantar, a limpeza, a roupa”.

Fonte: em