‘Capital’ da facção Estado Islâmico é bombardeada por coalizão

A coalizão liderada pelos Estados Unidos realizou, em 5/7/15,  38 ataques aéreos na Síria e no Iraque contra a facção terrorista Estado Islâmico (EI).

Dezoito dos ataques ocorreram em Raqqa, considerada a capital do califado declarado pela milícia sunita em 29/6/14 na região.

Ainda na Síria, ocorreram bombardeios nas imediações de Hasaka e Kobani.

Estado Islâmico

“Essa foi uma das maiores ações que já conduzimos. A capacidade do EI de se movimentar a partir de Raqqa foi enfraquecida”, disse Thomas Gilleran, porta-voz da coalizão.

Já no Iraque, houve 12 ataques aéreos.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ao menos 23 membros do EI foram mortos nos ataques.

O grupo, no entanto, informou que uma escola de Raqqa também foi atingida, deixando seis civis mortos, incluindo uma criança.

Em comunicado, a coalizão militar informou que unidades táticas e veículos da facção foram atingidos e 16 pontes destruídas, dificultando o trânsito dos terroristas pelos territórios sírio e iraquiano.

Em maio, o EI conquistou a importante cidade iraquiana de Ramadi, a capital da província de Anbar.

Ataques dos EUA contra o EI ocorrem desde agosto de 2014. Segundo analistas, a estrutura da facção remonta a pelo menos 1999 e foi fortalecida por décadas desastrosas de política regional.

EUA gastam US$ 9 milhões ao dia para combater ‘Estado Islâmico’

A coalizão liderada pelos Estados Unidos realizou milhares de ataques aéreos no Iraque e Síria

Os Estados Unidos gastam, em média, mais de US$ 9 milhões (US$ 28 milhões) por dia para combater o grupo autodenominado “Estado Islâmico”, e os custos totais já passaram de US$ 2,7 bilhões (US$ 8,4 bilhões) desde o início da campanha de bombardeios contra o grupo radical.

Uma coalizão internacional realiza ataques aéreos no Iraque e na Síria – onde os extremistas dominam partes consideráveis do território – desde agosto de 2014.

O primeiro balanço dos custos da operação para os Estados Unidos, divulgado pelo Pentágono, mostra que dois terços da conta total são pagos pela Força Aérea americana.

Os números são apresentados um dia depois de o Congresso americano ter rejeitado um projeto de lei que proibia mais gastos na operação.

General Martin Dempsey não descarta convocação de mais ataques aéreos

O custo da operação militar dos Estados Unidos aumentou consideravelmente desde seu início, em agosto de 2014, no Iraque.

Nesta semana, a Casa Branca anunciou que vai enviar mais 450 militares para treinar tropas do Iraque em seu esforço para retomada de territórios sob o domínio do “EI”, o que aumentou o total de funcionários militares americanos no país para 3,5 mil.

Mas as autoridades destacam que não há soldados em combate, apenas em funções de treinamento das forças locais.

Na quinta-feira, o mais alto general dos Estados Unidos afirmou que a intervenção do país no Iraque pode se estender ainda mais.

Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas americanas, afirmou que a realização de mais ataques aéreos, que colocaria os soldados mais próximos da linha de frente, continua sendo considerada como mais uma opção para o futuro da missão.

E Dempsey também levantou a possibilidade de estabelecer uma rede de centros de treinamento dos americanos no norte do Iraque.

Quem será capaz de conter o ‘Estado Islâmico’ no Iraque

As tropas do governo iraquiano abandonaram suas posições na cidade de Ramadi, o que fez com que a capital da maior Província do Iraque – a apenas 112 km de Bagdá – caísse nas mãos do grupo autodenominado “Estado Islâmico”.

A polícia e o Exército fizeram um recuo caótico após dias de intenso combate. O “EI” afirma ter capturado tanques e lançadores de mísseis largados pelos militares.

Eventos semelhantes ocorreram quando o “EI” ocupou Mosul – a segunda maior cidade do Iraque -, Fallujah e Tikrit (todas em 2014), ainda que esta última tenha sido retomada pelo governo.

O que explica a falência do governo iraquiano em enfrentar o “EI”? Será que outras froças armadas – como milícias xiitas – têm poder de fogo para vencer os extremistas?

Corrupção

No papel, as forças militares do Iraque têm tamanho considerável: um Exército de 193 mil e estimados 500 mil policiais e paramilitares, segundo estimativas de 2014 de grupos internacionais de estudos estratégicos.

A agência americana CIA calcula que o “EI” tenha até 31 mil combatentes no Iraque e na Síria – ou seja, numericamente bastante inferior às tropas oficiais. Mas esses números parecem não refletir a realidade do campo de batalha.

Jaqueta militar abandonada em área de combate em Mosul, em junho de 2014; organização é alvo de escândalos de corrupção

Uma investigação sobre a corrupção no Exército iraquiano, em novembro de 2014, identificou 50 mil nomes falsos na folha de pagamento da instituição.

Conhecidos internamente como “soldados fantasmas”, eles já não se apresentavam mais para combate ou de fato não existiam. Mas seus salários continuavam a ser pagos.

Falhas organizacionais

A máquina militar de Saddam Hussein foi completamente desmantelada após a derrubada do ex-presidente pelas forças americanas, em 2003, e foi substituída por um Exército nacional não-sectário – ou pelo menos assim se esperava. Mas claramente houve erros no caminho.

Pode ter sido um erro tentar estabelecer um Exército em estilo ocidental, porém sem o preparo suficiente. A saída das forças americanas do país, no fim de 2011, pôs fim ao treinamento e à orientação provida às tropas iraquianas, que ficaram despreparadas para combates futuros.

Além disso, antigos líderes militares da época de Saddam estão hoje entre os mais importantes comandantes do “Estado Islâmico”.

Milícia xiita

Quando Mosul foi dominada pelo “EI”, em junho de 2014, uma aliança de combatentes – chamada Força de Mobilização Popular, com dezenas de milhares de integrantes – foi formada para conter a ameaça do grupo extremista.

Simpatizantes do “EI” em Fallujah, em 2014; apesar de serem numericamente menores que o Exército, grupo rebelde tem conseguido vitórias importantes

O Serviço Árabe da BBC relata que essa força é composta por dois grupos principais: um primeiro oriundo de fortes organizações paramilitares, como a Brigada Badr, braços do Hezbollah e outros (há relatos de que esses soldados sejam apoiados pelo Irã); e um segundo grupo, estimulado por clérigos xiitas a combater o sunita “EI”.

Poucos dias depois de militantes do “EI” terem tomado o controle de Mosul, o mais importante clérigo xiita local fez um chamado às armas.

Segundo relatos recentes de Bagdá, muitos jovens xiitas têm se alistado em mesquitas e treinado para entrar nos campos de batalha.

Mas será que a Mobilização Popular conseguirá derrotar o “EI” em Ramadi?

O grupo conseguiu, recentemente, impor uma derrota militar ao “Estado Islâmico” ao retomar Tikrit. Mas as milícias também foram acusadas por grupos de direitos humanos de promover “ataques de vingança” contra sunitas da região.

Jaafar al-Hussaini, porta-voz do Kataib Hezbollah-Iraq, um dos grupos que integram a Mobilização, disse à BBC que, ainda que as milícias xiitas sejam aliadas próximas do Exército iraquiano, os sunitas não os aceitam nesse papel.

Na Província de Anbar, até mesmo tribos sunitas que apoiam o governo central iraquiano rejeitam a presença da Mobilização como força libertadora na região.

O líder sunita Abdurazak Al-Shamari afirmou recentemente que “ninguém pode libertar áreas sunitas a não ser os seus filhos”.

EUA oferecem recompensa de US$ 20 milhões por líderes do Estado Islâmico

Entre os procurados do “Estado Islâmico” estão porta-voz e chefe de homens-bomba

O governo americano está oferecendo um total de US$ 20 milhões (R$ 61 milhões) em recompensa por informações que levem a quatro supostos líderes do autoproclamado Estado Islâmico.

Os quatro foram identificados como Abdul Rahman Mustafa al-Qaduli, Abu Mohammed al-Adnani, Tarkhan Tayumurazovich Batirashvili e Tariq bin al-Tahar bin al-Falih al-Awni al-Harzi.

Eles foram colocados em uma lista de procurados do Programa Recompensas para a Justiça.

Na terça-feira, o Estado Islâmico assumiu a autoria de uma tentativa de atentado contra uma competição de caricaturas sobre o profeta Maomé no Texas no último domingo.

A organização afirmou que “dois soldados do califado” atacaram o evento no centro de conferência de Garland, perto de Dallas.

O Departamento de Estado americano ofereceu US$ 7 milhões por informações que levem a Abdul al-Qaduli, descrito como uma autoridade da cúpula do Estado Islâmico que antes pertencia às fileiras da al-Qaeda no Iraque.

Além disso, Washington ofereceu US$ 5 milhões para Adnani e Batirashvili e até US$ 3 milhões por Harzi.

Adnani foi descrito como porta-voz do EI e Batirashvili – que também é conhecido como Omar Shishani – como um comandante de operações de campo no norte da Síria.

Harzi seria o chefe dos homens-bomba do grupo.

O “Estado Islâmico” conquistou partes do território leste da Síria e do norte do Iraque e os declarou um califado. Passou então a impor na região uma dura interpretação da lei islâmica.

O Departamento de Estado disse que o grupo é responsável por abusos sistemáticos de direitos humanos, incluindo execuções em massa, estupros e assassinatos de crianças.

Zawahiri encabeça a lista

A recompensa mais alta oferecida pelo programa é de US$ 25 milhões – por Auman al-Zawahiri, que se tornou líder da al-Qaeda em junho de 2011, após a morte de Osama Bin Laden.

O governo americano também oferece até US$ 10 milhões pelo líder do “Estado Islâmico” Abu Bakr al-Baghdadi.

Na terça-feira, a organização extremista afirmou em uma rádio que a exibição em Garland estava “exibindo imagens negativas do profeta Maomé”.

A organização do evento havia oferecido um prêmio de US$ 10 mil pela melhor caricatura de Maomé.

Contudo, retratar o profeta Maomé é considerado ofensivo pelos muçulmanos.

Dois extremistas foram mortos por um policial quando abriram fogo do lado de fora do evento no domingo.

Mais cedo, autoridades americanas haviam duvidado do envolvimento direto do grupo no episódio.

Imagens exclusivas mostram brutalidade e opressão da vida sob ‘Estado Islâmico’

Imagens exclusivas obtidas pelas BBC em Mosul, a segunda cidade mais importante do Iraque, mostram como o grupo extremista autodenominado “Estado Islâmico” controla a vida cotidiana daqueles que vivem nos territórios conquistados pelos militantes.

A queda de Mosul marcou o início do veloz avanço dos militantes pelo norte do país, o que forçou milhares de pessoas a deixar suas casas em busca de refúgio do conflito.

Filmados secretamente, os vídeos obtidos pelo jornalista Ghadi Sary, da BBC, exibem uma mesquita xiita sendo explodida, escolas abandonadas e mulheres sendo forçadas a cobrir seus corpos.

Moradores relatam como é viver constantemente sob perseguição e com medo de serem punidos por desrespeitar a rígida interpretação a lei islâmica pelo “EI”.

Desde a captura de Mosul, no Iraque, a vida na cidade mudou radicalmente

‘Homens foram açoitados porque suas mulheres estavam sem luvas’

Feitos ao longo de vários meses, os vídeos dão mostras de como é o dia a dia sob o controle dos militantes, com destaque às exigências para que as mulheres não exibam seu corpo em público.

O código de vestimentas para elas é bastante rígido: cobrir-se de preto dos pés à cabeça. Em um dos vídeos, uma mulher é repreendida por ter deixado as mãos à mostra.

“Um dia, estava tão entediada que pedi a meu marido para me levar para passear, mesmo que tivesse que usar um khimar (um tipo de véu que encobre a cabeça, pescoço e ombros, mas deixa o rosto visível) completo”, conta Hanna, mulher que mora na cidade.

“Não tinha saído de casa desde que o ‘EI’ tomou a cidade. Conforme me preparava, meu marido me disse que eu seria forçada a colocar um niqab (véu sobre a face). Fiquei chocada e pensei em ficar em casa, mas acabei cedendo.”

“Fomos para um bom restaurante próximo ao rio que costumávamos frequentar quando éramos noivos. Assim que sentamos, meu marido me disse que eu poderia finalmente mostrar meu rosto, já que não havia militantes à vista e o restaurante era um local familiar. Fiquei feliz e ergui o véu com um grande sorriso no rosto. Instantaneamente, o dono do restaurante se aproximou, implorando que meu marido me pedisse para escondê-lo de novo, porque os integrantes do ‘EI’ faziam inspeções de surpresa e ele poderia ser açoitado se eles me vissem daquele jeito”, relata.

“Já tínhamos ouvido histórias de homens que foram açoitados, porque suas mulheres estavam sem luvas. Os pais de outra mulher foram proibidos de dirigir. Aqueles que fizeram objeções foram espancados e humilhados. Acatamos o pedido do dono do restaurante. Mas comecei a pensar a que ponto a situação chegou.”

‘EI confiscou minha casa e marcou-a com um N (referente a cristãos)’

A filmagem secreta foi levada de casa em casa e para fora da cidade. Ela mostra como minorias étnicas e religiosas em Mosul tiveram seus bens confiscados pelo “Estado Islâmico”. Muitas áreas residenciais antes habitadas por essas minorias hoje estão vazias.

Mariam, uma ginecologista cristã, foi uma das pessoas forçadas a deixar suas casas.

“Sou uma leitora voraz e tenho uma grande coleção de livros, que continuava a crescer conforme amigos e familiares me doavam seus livros ao deixar o Iraque por saberem que não iria embora e cuidaria deles. Fui ameaçada e assediada (por extremistas sunitas) antes da captura de Mosul, mas continuei a fazer partos de mulheres de todas as religiões e grupos étnicos. Nunca discriminei meus pacientes, porque acredito que todos merecem os mesmos cuidados”, diz ela.

“No entanto, tive que fugir de Mosul quando a cidade foi tomada. Escapei com meu corpo ileso, mas minha alma permaneceu na cidade, em casa, com meus livros. Depois de me mudar para Irbill (região curda do Iraque), recebi notícias chocantes: o ‘EI’ havia confiscado minha casa e a marcado com a letra N (para nasrani, palavra usada pelos militantes para se referir a cristãos). Liguei imediatamente para amigos em Mosul e implorei para salvarem meus livros. Mas era tarde demais. Eles disseram que minha biblioteca havia sido jogada na rua. Um dos meus vizinhos conseguiu resgatar alguns livros preciosos, que agora estão escondidos.”

‘Em caso de adultério, o homem é jogado de um prédio’

Vídeos mostram mesquitas e templos sendo destruídos. Moradores relatam punições brutais para todos que violam a interpretação dos jihadistas da lei islâmica, que é imposta em todo o “califado” que os militantes disseram ter criado semanas após a tomada de Mosul.

Entre eles está Zaid: “Desde que o ‘EI’ tomou a cidade, o grupo vem aplicando as ‘Leis do Califado’, como eles as chamam. A punição mínima é o açoitamento, que é aplicada a casos como fumar um cigarro. Roubos são punidos com a amputação da mão”.

“Em caso de adultério, se for homem, é jogado do alto de um prédio. Se for mulher, é apedrejada até a morte. Estas punições são realizadas em público para intimidar as pessoas, que são obrigadas a testemunhá-las”, diz Zaid.

“Conheço muitas pessoas que foram presas pelo ‘EI’. Algumas são meus parentes. Algumas foram mortas, porque trabalhavam nas forças de segurança. Outras foram libertadas. Elas contam histórias inimagináveis de atrocidades cometidas por militantes nas prisões. Muitas das que são libertadas preferem o silêncio. Não falam, porque morrem de medo de serem presas novamente.”

Fouad foi uma das pessoas presas pelo “Estado Islâmico”: “Eles vieram até minha família em busca de meu irmão. Quando não o encontraram, decidiram me levar para a prisão em seu lugar. Eles me torturaram. O cara que fez isso só parava quando ficava cansado. Ele estava o tempo todo muito nervoso e não dava ouvidos ao que os prisioneiros diziam. Ele me açoitou com um cabo de energia e me torturou psicologicamente”.

“Quando meu irmão se entregou, eles descobriram que as acusações contra ele eram falsas, mas me mantiveram preso até considerarem que eu estava bem o suficiente para ir embora. Eles me bateram tão forte com aquele cabo que as marcas nas minhas costas ainda são visíveis.”

‘Até passatempos simples, como piqueniques, estão proibidos’

A vida dos moradores da cidade em nada lembra o passado. Os vídeos mostram que falta combustível, há muita poluição, a construção civil foi suspensa e muitas escolas fecharam.

Hisham diz que as mudanças são impressionantes: “Todos os militares e trabalhadores não têm mais renda, porque não há mais empregos. Os ricos vêm usando suas economias. Quem ainda ganha um salário tenta sobreviver. Mas os pobres foram deixados à mercê de Deus”.

“Perdi meu emprego e fui forçado a abandonar os estudos”, prossegue ele. “Assim como todos, tenho meus direitos básicos negados. De acordo com o ‘EI’, tudo é haram (proibido), então, fico em casa o tempo todo. Até mesmo passatempos simples, como piqueniques, estão proibidos, sob o pretexto de que são um desperdício de tempo e dinheiro.”

“O ‘EI’ fica com um quarto do salário de qualquer um, como contribuição para a reconstrução da cidade. As pessoas não podem dizer não, porque seriam severamente punidas. O grupo controla tudo. O aluguel é pago a ele, e os hospitais são para uso exclusivo de seus membros. O grupo substituiu até mesmo os imãs das mesquistas com pessoas pró-‘EI’. Muitos de nós paramos de ir à mesquita, porque quem comparece deve jurar lealdade, e odiamos isso.”

“Enquanto isso, meu irmão foi punido com 20 chibatadas, porque ele não quis fechar sua loja durante o momento da oração – como se a religião pudesse ser imposta à força!”

‘Vi meu irmão desenhando a bandeira do EI’

As filmagens mostram como os militantes têm usado formas cada vez mais sofisticadas para controlar os habitantes da cidade, como a implantação de “centros de mídia” para disseminar suas mensagens.

Mahmoud sentiu os efeitos dessa propaganda em sua casa: “Meu irmão de 12 anos permaneceu na escola mesmo após ela passar a ser controlada pelo ‘EI’. Pensamos que, sem nenhuma outra alternativa, ele poderia ao menos continuar a ter algum tipo de educação e que isso seria melhor do que nada. Mas um dia cheguei em casa e encontrei meu irmão desenhando a bandeira do grupo e cantarolando uma das canções mais famosas. Fiquei doido e comecei a gritar com ele.”

“Peguei o desenho e o rasguei em mil pedaços na frente dele. Ele se assustou e correu para nossa mãe chorando. Alertei que, se ele desenhasse a bandeira ou cantasse alguma música dessas pessoas, eu o colocaria de castigo, o proibiria de ver seus amigos e pararia de falar com ele. Tiramos ele imediatamente da escola, porque preferimos que ele não tenha qualquer educação a ser educado pelo ‘Estado Islâmico’. Cheguei à conclusão de que o objetivo dessa organização é plantas sementes de violência, ódio e sectarismo na mente das crianças.”

‘Eles plantaram bombas e encheram a cidade com atiradores’

Nas imagens, os militantes são vistos transportando armamento pesado (em parte obtido depois que as forças iraquianas fugiram) e retaliando ataques com artilharia antiaérea.

Zaid explica que são precauções: “Eles sabem que o Exército tentará retomar Mosul. Eles destruíram a cidade cavando túneis, construindo barricadas, plantando minas e bombas e enchendo a cidade com atiradores. Apesar disso, se o governo conseguir retomar Nineveh e Mosul, ficarei muito feliz. Espero que as pessoas que se mudaram ou se refugiaram possam retornar, para que trabalhemos juntos para construir um Iraque unido e seguro. O ‘EI’ é inimigo da humanidade.”

“Fico preocupado com a forma como o Exército retomará a cidade, no entanto. Acho que as violações cometidas em Tikrit pela Mobilização Popular (grupo pró-governo formado em sua maioria por milícias xiitas) acontecerão também aqui. O governo deveria armar a população local para que ela possa proteger a cidade por conta própria. Com a ajuda de Deus, derrotaremos o ‘EI’.”

Fonte: BBC

Iraque inicia contra-ataque para retomar Ramadi do Estado Islâmico

Soldados iraquianos têm ajuda de milícias xiitas e de bombardeios aéreos.
Coalizão lançou 22 ataques no Iraque e na Síria desde 22/5/15

 

Um comboio de tropas do exército do Iraque e de milícias muçulmanas xiitas partiram de uma base perto da cidade de Ramadi neste sábado (23) para avançar em direção às áreas controladas pelo grupo Estado Islâmico (EI), disse um porta-voz xiita. A contra-ofensiva foi lançada para reverter as impressionantes conquistas dos insurgentes jiahdistas na região.

A tomada de Ramadi pelo EI, em 17 de maio, poderá ser um golpe devastador para o fraco governo central de Bagdá. Os jihadistas muçulmanos sunitas do grupo agora controlam grande parte da província de Anbar, da qual Ramadi é capital, e podem ameaçar as aproximações do Ocidente sobre Bagdá, que fica a 100 km de Ramadi, ou até mesmo avançar pelo sul, rumo ao coração do reduto xiita do Iraque. O grupo também tomou controle de um posto de fronteira entre Síria e Iraque, o que permitiria a ele ampliar sua área de influência.

O contra-ataque do Exército conta com a ajuda de grupos paramilitares xiitas, enviados pelo premiê iraquiano, Haider al-Abadi, um xiita, em desvantagem devido à moral e coesão baixas entre suas forças de segurança. A medida, no entanto, tem risco de aumentar a tensão com a população de Anbar, província predominantemente sunita.

Jaffar Husseini, porta-voz do grupo paramilitar xiita Kataib Hezbollah, disse que enviou mais de 2 mil reforços que haviam conseguido proteger Khalidia e a estrada que a liga à Habbaniya.

Sunitas deslocados que fogiram da violência na cidade de Ramadi, no Iraque, chegam aos arredores de Bagdá (Foto: REUTERS/Stringer)Sunitas deslocados que fogiram da violência na cidade de Ramadi, no Iraque, chegam aos arredores de Bagdá (Foto: REUTERS/Stringer)

“Hoje vamos testemunhar o lançamento de algumas operações táticas que preparam o terreno para uma eventual libertação de Ramadi”, disse à agência Reuters, por telefone.

Azzal Obaid, membro do Conselho Provincial de Anbar, disse que centenas de combatentes xiitas, que chegaram à base aérea de Habbaniya na semana passada, depois que o EI tomou Ramadi, se posicionaram em Khalidiya e estavam se aproximando de Siddiqiya e Madiq, cidades no território disputado perto de Ramadi.

Comandantes da operação disseram à France Presse que as tropas iraquianas conseguiram reconquistar posições do EI. Um coronel da polícia iraquiana que pediu anonimato citou a libertação da delegacia de Husaybah, sete quilômetros ao leste de Ramadi, e de seus arredores. Segundo ele, também apoiam a operação a polícia local e a federal, assim como a força de intervenção rápida do ministério do Interior e combatentes tribais.

Bombardeios aéreos
Os soldados iraquianos também contam com a ajuda da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que desde sexta-feira realizou 22 ataques aéreos contra alvos do Estado Islâmico desde 22/5/15, incluindo quatro perto de Ramadi.

Os ataques próximos de Ramadi atingiram unidades táticas, veículos armados e uma posição de luta em territórios controlados por militantes.

Forças de coalizão atacaram ainda cinco locais em poder do Estado Islâmico na Síria entre sexta e sábado, segundo um comunicado da Força Tarefa Conjunta Combinada emitido neste sábado.

A perda de Ramadi é o mais grave revés para as tropas iraquianas em quase um ano e lançou dúvidas sobre a eficácia da estratégia dos Estados Unidos, de fazer ataques aéreos para ajudar Bagdá a parar o Estado Islâmico, que controla um terço do Iraque e da vizinha Síria.

Fuga de moradores
A tomada de Ramadi pelo EI provocou a fuga de quase 25 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A mioria delas foi para a capital Bagdá. Muitos tiveram que escapar do grupo extremista pela segunda vez, já que 130 mil deixaram a cidade iraquiana em abril.

“Nada é mais importante agora do que ajudar as pessoas que fogem de Ramadi. Elas estão em apuros e precisamos fazer todo o possível para ajudá-las”, disse a coordenadora humanitária da ONU no Iraque, Lise Grande.

Agências da ONU e outras organizações de ajuda estão dando assistência a mais de 2,5 milhões de pessoas deslocadas e refugiadas no Iraque, mas os recursos estão quase acabando e 56 programas de saúde terão de fechar em junho, acrescentou o comunicado.

Civis refugiados recebem ajuda humanitária da ONU em um acampamento em Amiriyat al-Fallujah, no Iraque. A entidade está apressando a ajuda com alimentos para os milhares de moradores que fugiram de Ramadi após a cidade ser tomada pelo Estado Islâmico (Foto: Hadi Mizban/AP)Civis refugiados recebem ajuda humanitária da ONU em um acampamento em Amiriyat al-Fallujah, no Iraque. A entidade está apressando a ajuda com alimentos para os milhares de moradores que fugiram de Ramadi após a cidade ser tomada pelo Estado Islâmico (Foto: Hadi Mizban/AP)

Os Estados Unidos e seus aliados realizaram, nesde sábado (24), 28 ataques aéreos na Síria e no Iraque contra os militantes do grupo Estado Islâmico (EI), disseram militares dos EUA neste domingo. Do total, 11 ataques aéreos foram lançados na Síria e 17 no Iraque.

Na Síria, os ataques da coalizão internacional deste sábado atingiram as posições do EI perto de Kobani e perto de Al Hasakah, disseram militares dos EUA.

Naquele país, a recente tomada do grupo é a cidade de Palmira, que segundo analistas ouvidos pela agência France Presse deixa os jihadistas em posição de executar ofensivas contra a capital Damasco e Homs, a terceira maior cidade do país.

Em Palmira o EI assassinou ao menos 400 pessoas, a maioria, mulheres e crianças, segundo informações divulgadas pela rede de televisão estatal síria.

A informação veio de moradores da cidade antiga, que é conhecida por Tadmur em árabe e possui cerca de 50 mil habitantes.

Ativistas afirmara em redes sociais que centenas de corpos estavam nas ruas, depois que o grupo extremista assumiu o controle da cidade na quarta-feira (20).

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos confirmou que algumas pessoas foram decapitadas na cidade, mas não estimou o número de mortos. Pelo menos 300 soldados morreram em combates, segundo o órgão.

Patrimônio
A cidade de Palmira é famosa por suas colunas romanas, templos e torres funerárias, vestígios de um brilhante passado. Situada 210 km ao nordeste de Damasco, a “pérola do deserto”, considerada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco, é um oásis que viu seu nome aparecer pela primeira há 4.000 anos e foi um local de trânsito das caravanas entre o Golfo e o Mediterrâneo, assim como uma etapa na Rota da Seda.

Colunas preservadas de Palmira, em foto de 2010 (Foto: Mohamed Azakir/Reuters)Colunas preservadas de Palmira, em foto de 2010 (Foto: Mohamed Azakir/Reuters)

Em 23/5/15, uma bandeira do EI foi fixada na cidade histórica, de acordo com fotos postadas na Internet durante a noite por simpatizantes do grupo. “A cidadela de Tadmur está sob o controle do Califado”, dizia a legenda de uma das fotos.

Ataques no Iraque
Os ataques aéreos no sábado no Iraque incluíram quatro áreas perto de Ramadi, que foi capturada por forças do EI uma semana atrás, disse o comunicado. Os bombardeios ajudam a contra-ofensiva do Exército do Iraque, lançada em 23/5/15, para reaver a Cidade

A tomada de Ramadi pelo EI, em 17 de maio, poderá ser um golpe devastador para o fraco governo central de Bagdá. Os jihadistas muçulmanos sunitas do grupo agora controlam grande parte da província de Anbar, da qual Ramadi é capital, e podem ameaçar as aproximações do Ocidente sobre Bagdá, que fica a 100 km de Ramadi, ou até mesmo avançar pelo sul, rumo ao coração do reduto xiita do Iraque.

Sunitas que fugiram da violência em Ramadi, após o grupo Estado Islâmico tomar controle da cidade, chegam nos arredores de Bagdá (Foto: REUTERS/Stringer)Sunitas que fugiram da violência em Ramadi, após o grupo Estado Islâmico tomar controle da cidade, chegam nos arredores de Bagdá (Foto: REUTERS/Stringer)

A perda de Ramadi é o mais grave revés para as tropas iraquianas em quase um ano e lançou dúvidas sobre a eficácia da estratégia dos Estados Unidos, de fazer ataques aéreos para ajudar Bagdá a parar o Estado Islâmico, que controla um terço do Iraque e da vizinha Síria.

A tomada de Ramadi pelo EI provocou a fuga de quase 25 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A maioria delas foi para a capital Bagdá. Muitos tiveram que escapar do grupo extremista pela segunda vez, já que 130 mil deixaram a cidade iraquiana em abril.

Fonte: G1