Idosa cuida de 100 gatos após morte da filha e separação: ‘São minha vida’

‘Falam que sou acumuladora de bicho, mas não os deixo’, diz aposentada.
Moradora de Tatuí (SP) tem 68 anos; animais vivem em cômodos da casa.

Aposentada dá ração a gatos que vivem nos fundos da casa (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)Aposentada dá ração a gatos que vivem nos fundos da casa (Foto: Caio Gomes Silveira/G1)

A aposentada Rose Morini, de 68 anos, começou a cuidar de gatos depois que, em menos de cinco anos, o casamento de três décadas terminou e a única filha, de 23 anos na época, morreu vítima de um enfarto. Após os traumas pessoais, ela decidiu adotar animais abandonados dentro da casa onde vive em Tatuí (SP) e hoje, 15 anos depois, totaliza 100 bichos espalhados pelo local. “São minha vida. Uso toda minha energia e gasto tudo o que tenho com eles. Faço por amor”, afirma.

A idosa faz carinho no gato Negão, que teria salvado a vida dela (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)A idosa faz carinho no gato Negão que teria salvo a
vida da aposentada (Foto: Caio Gomes Silveira/G1)

Os animais habitam todos os cômodos da casa. Vivem e dormem no quarto da idosa, além da cozinha e até no banheiro. Sobem em qualquer móvel, desde a própria cama da dona até a pia da cozinha. O local com o maior número de gatos é o quintal. Devido a tantos animais dentro de uma só casa, uma das maiores dificuldades é a limpeza.

“Os gatos fazem as necessidades em baldes forrados por papel de jornal. Mesmo assim limpo a casa desde a hora que acordo até dormir. As pessoas me dizem que sou uma acumuladora de bichos, que sofro cuidando deles porque quero. Mas não saio à procura deles nas ruas, pois muita gente sabe que cuido, então, jogam eles em frente de casa. Tenho só duas opções: ou trazer para dentro ou deixá-los para morrer, mas não os deixo”, reflete.

Amarrei uma corda no teto do corredor […] quando estava a poucos instantes de empurrar a cadeira, um gato cego veio atrás de mim e começou a puxar minha saia, me impedido. Foi como se ele dissesse: ‘Sua covarde, se você for embora, quem vai cuidar de nós?”
Rose Morine, idosa que cuida de 100 gatos

A idosa ressalta que o amor pelos gatos é a única coisa capaz de superar a depressão. Ela conta até que já pensou em se suicidar e foi impedida por um dos animais.

“Era um dia muito triste. Era festa de Ano Novo de 2012. Eu estava sozinha em casa enquanto todas as outras pessoas estavam com suas famílias. Durante a queima de fogos eu amarrei uma corda no teto do corredor. Pensei ‘ninguém vai se importar se eu for, pois ninguém se lembrará de mim.’ Mas enquanto pensava em besteiras, um gato cego veio atrás de mim e começou a puxar minha saia, me impedindo. Foi como se ele dissesse: ‘Sua covarde, se você for embora, quem vai cuidar de nós?’, descreve.

O gato que teria salvado a vida dela é chamado de Negão. Além dele, muitos bichos têm nomes dados por aparências físicas ou pela personalidade. Assim como o Hitler e o Morto, que são bravo e calmo, respectivamente, segundo ela. Os mais antigos estão há mais de dez anos com a idosa. Todos são cadastrados e passam por veterinários para evitar doenças. Ainda segundo a aposentada, mesmo querendo parar de pegar os animais que são abandonados, eles não param de chegar: Só em abril foram mais nove.

A ajuda vem só de algumas vizinhas e de outros apaixonados pelos animais, diz Rose. Mas o auxílio não é suficiente: com gastos mensais que chegam a R$ 1 mil e benefício da aposentadoria de um salário mínimo de R$ 788, a solução, às vezes, é vender o que tem dentro de casa, conta a idosa.

“Vendo desde roupa, cobertor e até aspirador de pó. Às vezes ganho algumas coisas das vizinhas também. Todo mês é uma luta para dar conta de tudo: ração, produtos de limpeza, remédios, comida. Mas no fim eu consigo. Tudo o que queria atualmente eram três dias de folga, só para dormir até tarde. Mas não consigo. E pensar que o primeiro gato que tive eu roubei quando tinha 8 anos. Acho que, de raiva, jogaram uma praga para que eu tivesse um monte deles (risos)”, conta.

Aposentada dorme com alguns dos mais de 20 gatos que vivem no quarto (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)Aposentada dorme com alguns dos mais de 20 gatos que vivem no quarto (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)
Idosa passa os dias fazendo carinho nos 100 gatos que possui (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)Idosa passa os dias fazendo carinho nos 100 gatos que possui (Foto: Caio Gomes Silveira/ G1)

Dono e cão têm conexão parecida com a de mãe de filho, diz estudo

Troca de olhares entre o cão e seu dono aumenta nível de hormônio.
Pesquisadores documentaram interações entre cães e donos.

O vínculo especial que existe entre o homem e seu melhor amigo, o cachorro, é construído em um processo hormonal ativado quando se olham, que funciona de maneira semelhante ao que se dá entre mãe e filho, apontou um estudo publicado nesta quinta-feira (16) pela revista “Science”.

Uma equipe, liderada por Miho Nagasawa, da universidade japonesa Azabu, comprovou como o olhar entre o cachorro e seu dono dispara nos dois os níveis de ocitocina no cérebro, hormônio relacionado a padrões sexuais e a conduta paternal e maternal.

A ocitocina atua também como neurotransmissor no cérebro e tem um papel importante no reconhecimento e estabelecimento de vínculos sociais, assim como na formação de relações de confiança entre as pessoas.

Para realizar esta pesquisa, os cientistas puseram vários cachorros com seus donos em um quarto e documentaram cada interação entre eles durante 30 minutos.

Depois, mediram os níveis de ocitocina tanto na urina dos cães como na de seus donos e descobriram que o contato visual constante entre eles elevou os níveis do hormônio nos cérebros de ambos.

Ocitocina no focinho
Em um segundo experimento, os pesquisadores passaram ocitocina nos focinhos de alguns cachorros e os colocaram em um quarto com seus donos e alguns desconhecidos.

Os animais responderam aumentando o tempo que olhavam para seus donos e, após meia hora os níveis de ocitocina cresceram nos donos dos cachorros tratados.

Como os lobos não tiveram esta mesma resposta, mesmo quando foram criados por humanos, os pesquisadores sugerem que este mecanismo de conexão entre o homem e o cachorro tenha surgido durante o processo de domesticação destes animais.

“O mesmo mecanismo de conexão, baseado no aumento da ocitocina ao se olharem, que fortalece os laços emocionais entre mães e seus filhos, ajuda a regular também o vínculo entre os cachorros e seus donos”, concluiu a pesquisa.

Fonte: Yahoo e G1