Jornal ‘Charlie Hebdo’ aumenta tiragem para 7 milhões de exemplares
Publicação alvo de atentado em Paris já havia aumentado para 5 milhões.
Ataque terrorista em Paris na semana passada deixou 12 mortos.
O jornal satírico francês “Charlie Hebdo” anunciou, em 17/1/15, que voltará a ampliar sua tiragem de cinco para sete milhões de exemplares após o atentado em Paris.
A revista, cuja tiragem normal é de 60 mil exemplares, havia inicialmente ampliado a primeira edição posterior ao ataque para cinco milhões.
Além disso, o site oferece a possibilidade de assinar a revista, fazer uma doação ou baixar em aplicativos o último número, no qual uma caricatura de Maomé – que transformou a revista em alvo terrorista – abre o novo exemplar com um cartaz em que se lê a frase que representou o apoio do mundo A favor da liberdade de expressão: “Je suis Charlie”.
A sede da revista em Paris foi atacada no último dia 7 pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi, que mataram 12 pessoas, inclusive seu diretor, Stéphane Charbonnier, o Charb, e quatro dos cartunistas mais famosos da França.
Fontes: G1 e Uol
Uma sequência de ataques deixou ao menos 16 pessoas mortas na França desde a última quarta-feira, quando homens armados invadiram a sede do jornal satírico “Charlie Hebdo”. Saiba quem foram os mortos em cada episódio:
Sequestro em mercado de Paris
– Quatro reféns ainda não identificados morreram em 9/1/15, após uma ação policial ter acabado com um sequestro em um mercado kosher de Paris.
– Amedy Coulibaly, 32 anos
Segundo uma fonte do citada pela agência de notícias France Presse, Coulibaly foi visto em 2010 em companhia de Chérif Kouachi, apontado como autor do ataque ao jornal “Charlie Hebdo”. Segundo o jornal “Le Point”, Coulibaly também pertenceria a “Buttes Chaumont”, rede de militantes jihadistas.
Sequestro em Dammartin-en-Goële
– Chérif Kouachi, 32 anos
Francês com ascendência argelina, Chérif é um dos suspeitos de ter invadido o jornal “Charlie Hebdo”, em um ataque que deixou 12 mortos. Ao lado do irmão, Said, ele ficou foragido por três dias até invadir uma fábrica em Dammartin-en-Goële e fazer reféns. O sequestro terminou na tarde desta sexta, com a morte de Chérif e do irmão. Segundo a polícia, Chérif havia sido preso por envolvimento com o radicalismo islâmico
– Said Kouachi, 34 anos
Ao lado do irmão, é suspeito de ter cometido o ataque ao jornal na quarta e o sequestro à fábrica na sexta-feira. A polícia o matou durante a operação para libertar os reféns.
Ataque a policial
– Uma policial que não foi identificada morreu em um tiroteio em Paris, em 8/1/15. Segundo os jornais franceses, o autor do ataque é Amedy Coulibaly.
De acordo com informações da rede norte-americana de TV “CNN”, a polícia estaria negociando com os suspeitos. Agências de notícias informam que os possíveis atiradores estariam dispostos a “morrer como mártires”. “A prioridade é estabelecer um diálogo para que haja uma solução o mais pacífica possível”, assinalou o porta-voz do Ministério do Interior, Pierre Henry Brandet, apontando que o desenlace da crise “pode ainda levar um tempo”.
A comuna de Dammartin-en-Goele tem menos de 10 mil habitantes. Pelo menos quatro escolas estão fechadas por causa da caçada policial, e os moradores foram orientados a não saírem de suas casas. Os dois suspeitos de terem cometido o atentado à Revista Charlie Hebdo, que matou 12 pessoas, em Paris, estão sendo perseguidos pelas forças de segurança francesas e fizeram uma pessoa refém em uma pequena empresa especializada em impressão e publicidade, em Dammartin-en-Goele, a cerca de 40 km da capital, não muito longe do aeroporto Charles de Gaulle, informaram nesta sexta-feira (9) fontes policiais à imprensa francesa.
De acordo com informações da rede norte-americana de TV “CNN”, a polícia estaria negociando com os suspeitos. Agências de notícias informam que os possíveis atiradores estariam dispostos a “morrer como mártires”. “A prioridade é estabelecer um diálogo para que haja uma solução o mais pacífica possível”, assinalou o porta-voz do Ministério do Interior, Pierre Henry Brandet, apontando que o desenlace da crise “pode ainda levar um tempo”.
A comuna de Dammartin-en-Goele tem menos de 10 mil habitantes. Pelo menos quatro escolas estão fechadas por causa da caçada policial, e os moradores foram orientados a não saírem de suas casas.
Segundo informações do “Le Figaro”, todos os estudantes foram levados para uma única escola, que está fechada e tem as janelas cobertas. Policiais fazem guarda em frente ao local, bloqueando todas as saídas. Nenhuma criança poderá sair até a conclusão da operação. Elas assistem a desenhos animados para ficarem calmas.
O governo da França disse ter poucas dúvidas de que as duas pessoas na instalação industrial são os irmãos Said e Cherif Kouachi. “Temos quase certeza que esses dois indivíduos estão cercados naquele prédio”, disse o porta-voz do Ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet, à emissora de televisão iTele.
No terceiro dia de buscas, houve um tiroteio durante a perseguição aos irmãos Kouachi, segundo fontes policiais. Cherif e Said Kouachi roubaram um carro Peugeot 206 em Montagny-Sainte-Félicité de uma mulher, que disse ter reconhecido os irmãos Kouachi, e iniciou-se uma perseguição. Segundo as autoridades francesas, os suspeitos estariam com armas de assalto e possivelmente uma bazuca.
A imprensa francesa informou ainda que voos com destino ao aeroporto Charles de Gaule, o maior da França, foram desviados para evitar a região de Dammartin-en-Goële.
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, confirmou que uma operação policial, com 88 mil agentes e helicópteros, está em andamento no nordeste do país, mas não deu mais detalhes. “Temos indicações da presença dos terroristas que nós queremos pegar”, afirmou.
De acordo com ele, o estado de saúde de quatro das onze pessoas feridas no ataque é grave, “mas elas não correm risco de morte”. Os outros sete feridos tiveram ferimentos leves e já receberam alta do hospital.
A empresa onde está sendo feita a operação foi identificada como Création Tendance Découverte (CTD). Ela conta com quatro funcionários, segundo seu site.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou nesta sexta-feira que a França está em guerra “contra o terrorismo, não contra uma religião”, e estimou que serão necessárias novas medidas “para responder à ameaça”. “Estamos em uma guerra contra o terrorismo. Não estamos em uma guerra contra uma religião, contra uma civilização”, disse.
A França decretou ontem dia de luto nacional pelas 12 vítimas. Às 20h (17h de Brasília), a Torre Eiffel desligou as luzes em homenagem aos mortos.
Ligação com a Al Qaeda
Nesta sexta-feira veio à tona que um dos suspeitos, Said, viajou ao Iêmen em 2011 para receber treinamento de militantes islâmicos ligados à Al Qaeda. As informações são de funcionários do alto escalão do governo americano à emissora “CNN” e ao jornal “New York Times”. Os serviços de Inteligência dos Estados Unidos estão averiguando se o grupo vinculado à Al Qaeda ordenou explicitamente o ataque contra a revista, mas, por enquanto, não há indicações de que os irmãos tenham recebido instruções diretas do grupo ou façam parte de uma célula terrorista na França, explicaram as mesmas fontes.
Também foi anunciado que os dois irmãos estavam numa lista de pessoas proibidas de viajar em voos para os EUA. Um terceiro suspeito, Hamyd Mourad, entregou-se voluntariamente em 7/1/15 e disse ser inocente.
Ato heroico
Os islamitas somalis ligados ao Estado Islâmico classificaram nesta sexta-feira o atentado de “heroico”, em um comunicado à rádio Andalus.
“Charlie Hebdo insultou nosso profeta e indignou milhares de muçulmanos. Os dois irmãos (suspeitos do ataque) são os primeiros a ter se vingado”, afirma a nota divulgada pela emissora oficial do movimento.
Luta contra o terrorismo
A cúpula europeia prevista para 12 de fevereiro em Bruxelas será dedicada à luta antiterrorista, anunciou hoje o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. “Falei com o presidente (francês François) Hollande ontem à noite e tenho a intenção de utilizar a reunião de chefes de Estado e de governo de 12 de fevereiro para abordar a resposta que a UE pode fornecer aos desafios” da luta antiterrorista, disse Tusk após uma reunião em Riga com a primeira-ministra da Letônia, Laimdota Straujuma. (Com agências internacionais)
Segundo informações do “Le Figaro”, todos os estudantes foram levados para uma única escola, que está fechada e tem as janelas cobertas. Policiais fazem guarda em frente ao local, bloqueando todas as saídas. Nenhuma criança poderá sair até a conclusão da operação. Elas assistem a desenhos animados para ficarem calmas.
O governo da França disse ter poucas dúvidas de que as duas pessoas na instalação industrial são os irmãos Said e Cherif Kouachi. “Temos quase certeza que esses dois indivíduos estão cercados naquele prédio”, disse o porta-voz do Ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet, à emissora de televisão iTele.
No terceiro dia de buscas, houve um tiroteio durante a perseguição aos irmãos Kouachi, segundo fontes policiais. Cherif e Said Kouachi roubaram um carro Peugeot 206 em Montagny-Sainte-Félicité de uma mulher, que disse ter reconhecido os irmãos Kouachi, e iniciou-se uma perseguição. Segundo as autoridades francesas, os suspeitos estariam com armas de assalto e possivelmente uma bazuca.
A imprensa francesa informou ainda que voos com destino ao aeroporto Charles de Gaule, o maior da França, foram desviados para evitar a região de Dammartin-en-Goële.
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, confirmou que uma operação policial, com 88 mil agentes e helicópteros, está em andamento no nordeste do país, mas não deu mais detalhes. “Temos indicações da presença dos terroristas que nós queremos pegar”, afirmou.
De acordo com ele, o estado de saúde de quatro das onze pessoas feridas no ataque é grave, “mas elas não correm risco de morte”. Os outros sete feridos tiveram ferimentos leves e já receberam alta do hospital.
A empresa onde está sendo feita a operação foi identificada como Création Tendance Découverte (CTD). Ela conta com quatro funcionários, segundo seu site.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou nesta sexta-feira que a França está em guerra “contra o terrorismo, não contra uma religião”, e estimou que serão necessárias novas medidas “para responder à ameaça”. “Estamos em uma guerra contra o terrorismo. Não estamos em uma guerra contra uma religião, contra uma civilização”, disse.
A França decretou ontem dia de luto nacional pelas 12 vítimas. Às 20h (17h de Brasília), a Torre Eiffel desligou as luzes em homenagem aos mortos.
Les grandes plumes de Charlie Hebdo mortes dans l’attaque
Cabu, Charb, Tignous, Oncle Bernard ou encore Wolinski. Cinq noms qui ont marqué les pages de Charles Hebdo, l’hebdomadaire frappé ce mercredi 7 janvier 2015 par un attentat. Cinq noms que l’on ne reliera plus dans les pages du canard satyrique. Portraits.
Cabu
Pendant près de 60 ans, le dessinateur Cabu, 76 ans, tué mercredi avec d’autres dessinateurs dans l’attentat contre Charlie Hebdo, a épinglé les travers de son époque à la pointe acérée de son crayon. Avec en ligne de mire les politiques, l’armée, toutes les religions… Et bien sûr, les “beaufs”, ces caricatures de Français râleurs, chauvins, qu’il tendait comme un miroir à ses contemporains.
Ses caricatures de Mahomet publiées en 2006 étaient parmi les plus caustiques de celles qui avaient valu à l’équipe de Charlie des menaces de morts. Depuis, un policier assurait régulièrement sa protection.
Né en 1938, Jean Cabut fait ses premiers pas dans le dessin de presse dans “Ici Paris”, puis dans “Pilote” ou encore “Hari Kiri”. Dessinateur aux centaines de collaborations, Cabu ne mâchait pas sa plume. De de Gaulle, sur qui il s’est fait les dents dans les années 1960, à François Hollande, il a malmené tous les présidents de la Ve République. Avec un faible pour Nicolas Sarkozy, qu’il dessinait en lutin frénétique avec des cornes de diablotin. “Le but, disait-il, c’est avant tout d’essayer de faire rire. Il faut voir ça du côté ensoleillé de la vie.”
Wolinski
“Wolinski, on croit qu’il est con parce qu’il fait le con mais en réalité, il est vraiment con.” En 2012, Wolinski simaginait que ces mots de Cavanna pourrait lui servir d’épitaphe. Irrévérencieux et grivois, Georges Wolinski, tué mercredi dans l’attentat contre Charlie Hebdo à l’âge de 80 ans, était un dessinateur de presse mythique pour toute une génération, père du célèbre “Roi des cons”, pilier de la bande de Hara-Kiri dans les années 60 puis de Charlie Hebdo.
Né en 1934, l’homme entre en 1960 dans l’équipe de Hara-Kiri (qui deviendra ensuite Charlie Hebdo).Il a été le rédacteur en chef de Charlie Hebdo de 1970 à 1984.
Dans Charlie, chaque semaine, Wolinski met en scène deux personnages, un maigre timide et un gros, dominateur et péremptoire, qui enchaîne les propos de comptoir: “Monsieur, je suis pour la liberté de la presse, à condition que la presse n’en profite pas pour dire n’importe quoi!”
Charb
Stéphane Charbonnier, alias Charb était directeur de la publication de Charlie Hebdo. Né en 1971, le dessinateur était sous protection policière depuis l’incendie volontaire en 2011 des locaux de Charlie Hebdo, suite à la publication de factures de Mahomet.
Charb avait fait ses armes dans plusieurs rédactions, notamment celle de l’Echo des Savanes, Télérama ou Fluide Glacial.
Photo : © Patrick Fouque
Oncle Bernard
Bernard Maris, alias Oncle Bernard, économiste médiatique et chroniqueur sur France Inter, a été tué dans l’attentat perpétré mercredi contre l’hebdomadaire satirique Charlie Hebdo, à l’age de 68 ans, a annoncé Radio France. “France Inter pleure et nos pensées vont à sa famille”, a tweeté Mathieu Gallet, PDG de Radio France.
Bernard Maris, 68 ans, collaborait à Charlie Hebdo, sous le pseudonyme d'”Oncle Bernard”. Souvent considéré comme altermondialiste, il avait participé au conseil scientifique d’ATTAC.
Tignous
Bernard Verlhac, dit Tignous est décédé ce mercredi dans la fusillade Publihebdos, à l’âge de 58 ans. Né en 1957, il collaborait à la presse écrite française depuis les années 80. L’idiot International, La Grosse Bertha, ou encore l’Evénement du Jeudi ont été de ses rédactions d’attache. Depuis, il avait fait son nid chez Charlie Hebdo et collaborait régulièrement aux pages de Marianne, Fluide Glacial, VSD, Télérama, L’Huma ou encore l’Express.
Operação policial em Reims para deter suspeitos do atentado em Paris
Os suspeitos serão os irmãos nascidos em Paris, com origem argelina, Saïd e Chérif Khouachi, com 32 e 34 anos, e um terceiro homem, de Reims, com 18 anos, do qual se conhece apenas o primeiro nome: Hamyd M.
Milhares de pessoas se reuniram na tarde desta quarta-feira (7), em Paris, em homenagem às vítimas do sangrento atentado contra o semanário humorístico “Charlie Hebdo”, uma manifestação que se repetiu em várias cidades francesas, segundo a polícia.
Em Paris, convocados por vários sindicatos, associações, meios de comunicação e partidos políticos, cerca de cinco mil pessoas se reuniram a partir das 17 horas (14 horas de Brasília) na praça da República, centro da capital, perto da sede do semanário.
Alguns usavam adesivos e cartazes onde se podia ler a mensagem “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”), que também circula nas redes sociais. A frase foi publicada no próprio site do semanário, que também disponibilizou a mensagem em diferentes idiomas para que as pessoas possam imprimir e levar às ruas.
Entre os cartazes vistos em manifestação, um dizia “Charb mort libre” (Charb morre livre), em homenagem a Charb, cartunista e diretor da “Charlie Hebdo”, falecido no ataque, ao lado de três dos principais caricaturistas da publicação – Cabu, Tignous e Wolinski -, todos muito conhecidos na França.
“É dramático que estas pessoas tenham sido assassinadas. Amanhã, as pessoas não poderão falar. Temos que ir às ruas aos milhares”, disse à AFP Béatrice Cano, manifestante que trazia o último número da Charlie Hebdo, publicado nesta quarta-feira.
“A liberdade de imprensa não tem preço”, dizia outro cartaz.
Mais de 10 mil pessoas se concentram nas ruas de Lyon (centro-leste) e em Toulouse (sudoeste), segundo estimativas das forças de ordem.
A Sociedade dos Jornalistas (SDJ), coletivo que reúne 15 meios de comunicação, entre eles alguns dos mais importantes da França, como os jornais Le Monde, Le Figaro, Libératión, a Rádio France International, a Agence France-Presse, a emissora TF1, condenou o que chamou de um “ato de terrorismo inqualificável” em um comunicado conjunto, intitulado “Nous sommes tous des Charlie” (Todos somos de Charlie).
“Nós, jornalistas, expressamos nossa profunda tristeza, assim como nossa ira e queremos manifestar apoio aos nossos colegas, aos policiais e às famílias tocadas por este atentado horripilante”, declarou a SDJ.
Aos gritos de “Alá Akbar” (Alá é o maior), os atacantes, armados, entraram na sede da “Charlie Hebdo”, dispararam contra os funcionários e depois fugiram, matando 12 pessoas a sangue frio, entre eles personalidades desta publicação emblemática, que já tinha sido ameaçada em várias oportunidades por suas caricaturas do profeta Maomé.
O massacre, de uma “barbárie excepcional”, segundo o presidente francês, François Hollande, provocou indignação em todo o mundo.
Um novo livro retratando uma França que, no futuro, vive totalmente sob leis islâmicas chegou nesta quarta-feira às livrarias ─ justamente no dia do ataque à revista satírica francesa Charlie Hebdo, em Paris. Testemunhas afirmam que os atiradores gritaram palavras em árabe, levantando suspeitas de que seriam extremistas islâmicos.
Apesar de não haver nenhum indício de que o atentado estaria relacionado à novela “Soumission” (Submissão), do premiado e provocativo autor francês Michel Houellebecq, o crime pode dar publicidade ao livro e incentivar ainda mais as vendas.
Em sua edição mais recente, a Charlie Hebdo traz justamente Houellebecq e seu livro em sua capa. Nas páginas internas da revista, há também outro elemento que vem sendo chamado de “premonitório”, uma charge com um jihadista ao lado da frase “A França segue sem atentados”. O cartum foi feito por Charb, um dos 12 mortos no atentado desta quarta-feira.
O romance “Soumission” tem causado polêmica ao retratar o país como uma sociedade islâmica onde universidades são forçadas a ensinar o Corão, o livro sagrado do islamismo, mulheres usam o véu e a poligamia é permitida.
Segundo a obra de ficção, no ano de 2022, a França segue em seu lento colapso e o líder de um partido muçulmano assume como novo presidente do país.
Mulheres são incentivadas a deixar seus trabalhos e o desemprego cai. O crime evapora. Véus se transformam na nova regra e a poligamia é autorizada. As universidades são forçadas a ensinar o Corão.
Críticos de Houellebecq dizem que seu livro inflama a islamofobia e dá credibilidade intelectual a autores considerados “neo-reacionários”
Inativa e decadente, a população volta a seus instintos colaborativos. E aceita a nova França islâmica.
Mesmo antes de seu lançamento, o livro já vinha provocando debates e levantando questões como se o livro seria uma peça favorável ao temor anti-Islã disfarçado de literatura ou se o livro ajuda a extrema-direita.
Ou, pelo contrário, estaria Houellebecq simplesmente fazendo o trabalho de um artista: segurando um espelho para o mundo, talvez exagerando, mas honestamente dizendo as verdades mais profundas?
O tema é ainda mais intenso porque o Islã e identidade já estão no centro de um debate nacional feroz na França.
Grande sucesso
No ano passado, a Frente Nacional ─ anti-imigração ─ conquistou um avanço extraordinário ao vencer uma eleição nacional ─ para o Parlamento Europeu ─ pela primeira vez.
A líder do partido Marine Le Pen é uma das apostas para as eleições presidenciais de 2017. E em Soumission, é para evitar que ela seja reeleita que outros partidos apoiam o carismático Mohammed Ben Abbes.
Críticos de Houellebecq dizem que seus livros emprestam uma credibilidade intelectual para autores considerados “neo-reacionários”.
Para Laurent Joffrin, do jornal de esquerda Libération, Houellebecq acaba favorecendo Marine Le Pen.
“Intencionalmente ou não, o livro tem uma clara ressonância política”, disse. “Uma vez que o furor da mídia arrefecer, o livro será visto como um momento-chave na história das ideias ─ quando a tese da extrema direita entrou, ou reentrou, na literatura.”
Outros críticos foram além. “Esse livro me deixa enojado… me sinto insultado. O ano começa com a islamofobia disseminada na obra de um grande novelista francês”, disse o apresentador de TV Ali Baddou.
Por outro lado, defensores de Houellebecq dizem que ele trata de assuntos que as elites ligadas à esquerda fingem que “não existe”.
Fonte: Google
Ataque em sede do jornal Charlie Hebdo em Paris deixa mortos
Polícia francesa disse que 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas.
Alvo foi sede de publicação satírica que já foi atacada por muçulmanos.
Pelo menos 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas em um tiroteio em Paris nesta quarta-feira (7). O crime aconteceu no escritório do jornal satírico “Charlie Hebdo”, que já havia sido alvo de um ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé.
Todos os mortos foram identificados. São eles: o editor e cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, o lendário cartunista Wolinski, o economista e vice-editor Bernard Maris e os cartunistas Jean Cabu e Bernard Verlhac, conhecido como Tignous, além do também desenhista Phillippe Honoré, do revisor Mustapha Ourad e da psicanalista Elsa Cayat, que escrevia uma coluna quinzenal para a “Charlie Hebdo” chamada “Divan”.
Entre as outras vítimas fatais, segundo o jornal “Le Monde”, estão o policial Franck Brinsolaro, morto dentro da redação, e o agente Ahmed Merabet, que morreu já na rua, durante a fuga dos atiradores. No ataque também morreram um funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio, Frédéric Boisseau, de 42 anos, e um convidado que visitava a redação, Michel Renaud.
Ainda de acordo com o jornal, o jornalista Philippe Lançon é uma das vítimas gravemente feridas. Crítico literário do jornal “Libération”, ele escreve crônicas para a “Charlie Hebdo”. A agência Reuters, citando a polícia, diz que 11 pessoas ficaram feridas, sendo quatro em estado grave.
A cartunista Corinne Rey, que afirma ter sido forçada a deixar os atiradores entrarem na redação, diz que eles falavam francês fluentemente. Em uma entrevista ao jornal “l’Humanite”, ela contou que conseguiu se esconder embaixo de uma mesa durante a ação, que durou cerca de cinco minutos.
De acordo com o médico Gerald Kierzek, que atendeu alguns dos feridos e foi citado pela CNN, os atiradores separaram os homens das mulheres e perguntaram especificamente por algumas pessoas pelos nomes, antes de matá-las.
Segundo fontes policiais, os autores do ataque portavam rifles Kalashnikov e gritaram “Vingamos o Profeta!”, em referência a Maomé, alvo de uma charge publicada há alguns anos pelo jornal, o que provocou revolta no mundo muçulmano.
Os jornais franceses “Le Monde” e “Metro News” dizem que três suspeitos foram identificados, mas ainda não há informações oficiais.
De acordo com fontes policiais ouvidas pela agência Reuters, dois dos suspeitos seriam irmãos que moram em Paris e o terceiro seria de Reims.
Vigília pelas vítimas
Mais de 100 mil pessoas foram às ruas de várias cidades da França em uma vigília às vítimas da “Charlie Hebdo”.
Em Paris, convocados por vários sindicatos, associações, meios de comunicação e partidos políticos, cerca de cinco mil pessoas se reuniram a partir das 17 horas (14 horas de Brasília) na praça da República, centro da capital, perto da sede do semanário.
Alguns usavam adesivos e cartazes onde se podia ler a mensagem “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”), que também circula nas redes sociais.
O procurador da República, François Molins, precisou os detalhes dos acontecimentos em coletiva de imprensa.
Segundo disse, dois indivíduos entraram na sede do jornal e perguntaram a dois funcionários da manutenção onde era a entrada. Em seguida, atiraram em um dos funcionários e renderam o outro no segundo andar do prédio, onde acontecia a reunião de pauta dos funcionários da publicação. Lá, atiraram e mataram 10 pessoas, sendo 8 jornalistas, um convidado e um policial encarregado da segurança.
Molins confirmou a informação de fontes policiais de que os autores do ataque afirmaram “vingar o profeta” durante o atentado. Segundo ele, os suspeitos fugiram de carro em direção ao norte de Paris, bateram em outro veículo e então abandonam o carro em que estavam. Depois, renderam um motorista e fugiram em outro carro.
Ele acrescentou que oito das vítimas eram jornalistas e que quatro dos 11 feridos estão em estado grave, segundo dados fornecidos pela polícia.
O número de suspeitos envolvidos no crime ainda é incerto e não foi confirmado pela polícia. Eles ainda são procurados e são perigosos, segundo as autoridades.
O Ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, disse que três suspeitos são procurados.
Mais cedo, Rocco Contento, porta-voz do sindicato dos policiais local, disse a jornalistas que três suspeitos fugiram em um carro dirigido por um quarto homem, segundo informações do jornal “The Guardian”.
‘Ataque terrorista’
O presidente francês, François Hollande, acrescentou que “40 pessoas foram salvas”. Ele classificou o caso como um “ataque terrorista”, e disse que a França está em estado de choque. Os autores do ataque são procurados pela polícia.
Hollande reconheceu que o governo sabia que a França “estava ameaçada, como outros países do mundo”, e afirmou que “foram desbaratados vários atentados terroristas nas últimas semanas”.
Uma reunião emergêncial do gabinete da presidência foi convocada para as 14h locais (11h de Brasília). Após o ataque, a França elevou para o nível máximo o nível do alerta terrorista em Paris.
“Cerca de meia hora atrás dois homens usando capuz escuro entraram no prédio com duas armas”, disse a testemunha Benoit Bringer à rádio France Info. “Alguns minutos depois nós ouvimos os barulhos dos disparos”. Ele acrescentou que os homens foram vistos deixando o prédio.
Ao abandonar o prédio, os agressores atiraram contra um policial, atacaram um motorista e atropelaram um pedestre com o carro roubado.
“Ouvi disparos, vi pessoas encapuzadas que fugiram em um carro. Eram pelo menos cinco”, declarou à AFP Michel Goldenberg, que tem um escritório vizinho na rua Nicolas Apert, onde fica a sede do jornal.
Jornal
A sede do jornal foi alvo de um ataque a bomba em novembro de 2011 após colocar uma imagem satírica do profeta Maomé em sua capa.
Coincidência ou não, a Charlie Hebdo fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.
“As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes… Em 2022, faço o Ramadã!”, ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.
O jornal de humor tem sido ameaçada desde que publicou charges do profeta Maomé em 2006.
Em novembro de 2011, a sede da publicação foi destruída por um ataque criminoso, já definido como atentado pelo governo na época.
Em 2013, um homem de 24 anos foi condenado à prisão com sursis por ter pedido na internet que o diretor da revista fosse decapitado por causa da publicação das caricaturas do profeta muçulmano.
Fonte: G1
Confira as charges e capas mais polêmicas do Charlie Hebdo, o jornal da França que costuma publicar conteúdo satírico sobre o islamismo e seus símbolos
A sede do jornal francês “Charlie Hebdo” foi atacada em 7/1/15, em Paris, e deixou ao menos 12 mortos, entre eles, editores e cartunistas do jornal e dois policiais. O jornal satírico costumava publicar charges polêmicas sobre o islamismo e seus símbolos, e já havia sido alvo de ataques anteriormente.
Confira abaixo algumas das charges mais polêmicas do jornal envolvendo o tema religião:
Capa de jornal satírico “Charlie Hebdo” traz Maomé beijando cartunista com o texto “o amor, mais forte do que o ódio”.
O diretor e cartunista da ‘Charlie Hebdo’, Stéphane Charbonnier, publicou em 2013 dois quadrinhos sobre a vida de Maomé; o primeiro falava de ‘O início de um profeta’; representação do profeta é tabu entre muçulmanos.
Cartum satirizando o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, foi última públicação de jornal antes de atentado.
Capa de setembro de 2012 sob o título ‘Intocáveis’ mostra rabino empurrando um muçulmano numa cadeira de rodas, que o alerta ‘não se deve zombar’
Capa de julho de 2013 mostra muçulmano sendo alvejado e trazia a frase ‘o Corão é uma merda’ e o aviso: ele não para balas.
Capa de novembro de 2012 ironizava a Santíssima Trindade, O Pai, o Filho e o Espírito Santo, e trazia o tema casamento gay.
Última charge
A última charge do cartunista e editor Stéphane Charbonnier publicada na última edição da revista satírica francesa Charlie Hebdo, foi assustadoramente profética. O desenho trouxe o título “Ainda não houve ataques na França” e mostrou um militante islâmico dizendo: “Espere! Ainda temos até o fim de janeiro para apresentar nossos votos”, em uma alusão aos desejos de Ano Novo.
A figura de Maomé
O semanário foi ameaçado várias vezes por fundamentalistas islâmicos por reproduzir e publicar caricaturas de Maomé. Um dos últimos ataques contra a “Charlie Hebdo” aconteceu em 2013, quando hackers invadiram o site da revista, provavelmente devido à publicação de um suplemento especial com uma “biografia” em quadrinhos sobre Maomé. Desde de 2006, quando publicou as primeiras charges com a figura de Maomé, a redação do semanário vivia sob alerta devido às ameaças de radicais.
Primeiro atentado
Em 2011, após a divulgação de uma edição que fazia piada com a sharia, ou lei islâmica, um atentado com coquetéis molotov incendiou parte da sede da revista no distrito 11 do leste de Paris.
Em 2012, o diretor do semanário, Stephane Charbonnier, disse que o Islã não era visto como um inimigo pela publicação. “Há provocação, como fazemos todas as semanas, mas não mais contra o Islã que com outros temas”. Ele morreu no atentado desta quarta.
Críticas ao Vaticano
Papas e cardeais também foram retratados de maneira cômica e debochada por várias vezes na capa do “Charlie Hebdo”. O conclave, por exemplo, foi alvo de piada em uma capa com Jesus Cristo. Também foram retratados cardeais em um “lobby gay” no conclave.
Política
Os governantes da França e até o movimento feminista Fêmen também foram alvo do sarcasmo do “Charlie Hebdo”. Presente em várias capas, o presidente francês Fraçois Hollande estampou a última edição de 2014. Também esteve na primeira página do semanário o ex-presidente Nicolas Sarkozy – em uma das capas ele aparece em uma ousada charge com a esposa Carla Bruni.
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