A Jordânia pode ser considerada um país árabe típico, pois o seu povo é caloroso, simpático e hospitaleiro. Os habitantes da Jordânia estão, normalmente, dispostos a perdoar os estrangeiros que‘ na sua inocência infringem as regras de etiqueta. Todavia, os visitantes que façam um esforço para respeitar os costumes locais irão, sem dúvida, cair nas boas graças dos jordanos.

Juntar-se aos habitantes locais para uma chávena de chá ou café pode ser uma forma fantástica de aprender mais sobre a cultura local. Se for convidado, mas não puder comparecer, então é perfeitamente aceitável declinar o convite. Coloque a sua mão direita junto do coração e apresente educadamente as suas desculpas.

Muitas famílias, em especial nas zonas rurais, são muito tradicionais e, se quiser visitar a sua casa, poderá reparar que esta se encontra dividida entre homens e mulheres. As mulheres estrangeiras são frequentemente tratadas como homens honorários‘.

As mulheres locais da Jordânia têm uma maior liberdade se comparadas com outros países na região. As mulheres têm direito à educação completa, podem votar, podem conduzir carros e, não raro, desempenham um papel importante nas empresas e na política. Os casamentos combinados e os dotes ainda são comuns

Sempre que eu viajo para um país árabe, estando ou não sozinha, tenho o cuidado de prender os cabelos e usar roupas larguinhas e “cobertas” – ou seja, nada curto ou decotado, nem mesmo sem mangas. Afinal, acho que o preceito básico de um bom viajante é sempre respeitar a cultura do lugar que se visita, não interessando se você concorda com aquilo ou não. Porque quando você visita a casa de uma pessoa pela primeira vez você não vai logo colocando os pés no sofá como se estivesse na sua casa, certo?

Eu acabo – literalmente – de voltar da Jordânia. Uma viagem simplesmente fascinante, um dos países que mais me surpreenderam ever, e isso tudo vai entrar em outros posts, é claro. O assunto em pauta aqui é que eu fui pra lá sozinha – e aprovei. Li muito sobre o destino antes de embarcar – como sempre – e quase todos os textos diziam que não era seguro uma mulher andando sozinha por lá, que toda mulher precisava estar sempre acompanhada de um homem o tempo todo, que ter um guia e motorista era essencial e até que a mulher precisava andar sempre com os cabelos cobertos por lenços, pashminas e afins, que os jordanianos eram muito conservadores. Mas o que eu encontrei lá foi bem diferente.

Como todo país muçulmano, é claro que muitas mulheres locais andam com suas cabeças cobertas – sobretudo fora da capital – e a gente vê as aflitivas burcas e outros trajes do gênero aqui e ali. Mas encontrei na Jordânia um dos países mais acolhedores e democráticos que já visitei – e me senti segura mesmo nos vários momentos que fiquei sem meu guia ou meu motorista. Tomei táxi sozinha (inclusive à noite), andei sozinha por várias atrações e áreas comerciais de diferentes cidades, comi sozinha em restaurantes, sentei sozinha em cafés. E quer saber? Tirando os muuuuuitos olhares e as cantadinhas típicas de qualquer país árabe, foi como estar em qualquer outro lugar do planeta. E em segurança, até porque há policiamento em toda parte, inclusive muitíssimos integrantes da chamada Polícia Turística, que falam inglês com perfeição e vários se arriscam num bom espanhol também.

O assédio é grande e está em todo lugar; mas eles são ultra cavalheiros e super bem humorados na abordagem – preciso até fazer um post com as cantadas mais típicas que são mesmo muito originais e geralmente incluem pedir seu facebook no final :mrgreen:  Olham muito, perguntam, elogiam bastante mas eles nunca tocam em você nem dizem grosserias – ao contrário do que acontece frequentemente no Marrocos, por exemplo. Tudo tem sempre um “can I?” antes de qualquer movimento – “can I ask your name?”, “can I sit here?” etc.

É claro que você, assim como na sua própria cidade, se está sozinha, não vai se enfiar em becos escuros, ruas desertas ou lugares suspeitíssimos, certo? Isso também vale pra Jordânia, porque esses mesmos cuidados a gente toma em absolutamente qualquer lugar, não importa em que parte do planeta, é claro. Escolher o local correto para se hospedar também é essencial – eu costumo apostar nas grandes cadeias hoteleiras, pra não ter erro. E, repetindo, o respeito à cultura local é essencial nesse processo: mesmo em Amã, que é ultra cosmopolita na parte moderna, não dá pra sair vestida como se estivesse em pleno verão de Trancoso, obviamente.

Gente muito tímida ou que se incomoda muito com o assédio deve mesmo procurar a companhia de um guia local. Mas encontrei várias outras mulheres viajando sozinhas como eu (francesas, alemãs, espanholas, russas, colombianas), em geral acompanhadas de guia e motorista em boa parte do tempo, mas também surpresas com a não necessidade de fazê-lo, dada a hospitalidade e segurança jordanianas – e a facilidade de comunicação também é muito grande, já que quase todo mundo se arrisca no inglês, mesmo que bem básico, e muita gente arranha o espanhol. Amã, por exemplo, tem uma noite tão vibrante e sofisticada que, hospedando-se nas zonas centrais (dos chamados “circles”), não tem como se sentir unwelcomed – e de dia há policiamento em toda parte.

Encontrei também mulheres (européias na maioria) que estavam viajando sozinhas pelo interior dirigindo seus próprios veículos alugados, mas isso eu já não recomendo – porque, sim, explorar independemente o país é complicado nesse ponto de vista dos transportes (os ônibus entre as cidades são escassos e o processo de compra nos lugares menores pode ser bem caótico). Ter um motorista à sua disposição para se locomover de uma cidade a outra é mesmo super recomendável – nem que seja um taxista indicado pelo hotel.  Por que eu não recomendo? Bom, algumas distâncias são mesmo muito grandes, por áreas bem desertas; e enfrentei uma tempestade de areia impressionante enquanto atravessávamos o deserto em direção ao Mar Morto e o carro quebrou. Se não fossem as habilitades mecânicas de meu santo (e ótimo, btw) motorista e sua coragem de ir consertar o carro no meio da tempestade, ingerindo areia por todos os poros, não sei o que teria sido de mim

Fonte: Saia pelo mundo