Os jovens da nova classe média brasileira (classe C) têm um poder de consumo de R$ 129,9 bilhões, de acordo com um estudo feito pelo Instituto Data Popular e divulgada nesta segunda-feira. Esse valor representa mais que a soma dos jovens das classes alta e baixa juntos, que possuem, respectivamente, R$ 80 bilhões e R$ 19,9 bilhões. A constatação foi feita no estudo “O rolezinho e os jovens da classe média”.

De acordo com o presidente do instituto, os participantes dos rolezinhos se reúnem nos shoppings que já estão acostumados a frequentar. “Barrar este público é um erro, já que se trata de dizer para uma importante parcela de consumidores que eles não são bem-vindos”, disse Renato Meirelles. Segundo ele, boa parte desses jovens está usando roupas de marca que compraram no próprio shopping.

O levantamento do Data Popular apontou que o Brasil tem atualmente 30,7 milhões de jovens com idades entre 16 e 24 anos. Destes, 16,6 milhões foram ao shopping pelo menos uma vez no último mês. A média mensal é de 3,3 vezes. Os jovens da classe C representam cerca de 9 milhões neste número.

“Pesquisamos também a perspectiva de consumo nos próximos meses desse segmento da sociedade e o levantamento revelou que 15% dos jovens da classe média (2,8 milhões) têm intenção de comprar um notebook, enquanto que 11% (2,1 milhões) desejam adquirir um smartphone, e outros 11%, um tablet. Hoje, mais da metade (55%) dão mais valor a marcas e qualidade quando vão às compras do que em anos anteriores”, explica Meirelles.

Para a realização da pesquisa, foram entrevistados 1,5 mil jovens entre 16 e 24 anos entre os dias 20 de novembro e 3 de dezembro.

Em um evento criado nas redes sociais, jovens do País inteiro estão sendo convidados para fazer parte de um “rolezinho” nacional marcado para o dia 1º de fevereiro. Classificando a proposta de manifestação como “maior rolé do mundo”, os autores da página no Facebook planejam reunir centenas para protestar “contra a brutal e covarde ação diária da polícia militar (sic) no Brasil, seja nos shoppings ou nas periferias”.

A proposta vai “contra toda forma de descriminação aos jovens, pobres e negros” e pretende agrupar “a Favela e a Orla, a Rua e o Condomínio”. Os organizadores do evento pedem que os participantes “postem os rolezinhos que vao rolar ja nos proximos finais de semana e remarquem tbm pra dia 1º de fevereiro (sic)”.

Confira na íntegra o convite do evento:

“Contra toda forma de descriminação aos jovens, pobres e negros, em especial contra a brutal e covarde ação diária da polícia militar no Brasil, seja nos shoppings ou nas periferias.

VAMO COLA NO MAIOR ROLÉ DO MUNDO!

Postem os rolezinhos que vao rolar ja nos proximos finais de semana e remarquem tbm pra dia 1º de fevereiro.

Vamos convidar todos os nossos amigos chamar a Favela e a Orla, a Rua e o Condomínio pra colar nesse rolezão!”

Além do Shopping Leblon, que já havia avisado que não funcionaria em 19/1/14, o shopping Rio Design Leblon também não abriu as portas por causa do “rolezinho” marcado para ter início às 16h20

Uma das entradas do Rio Design, na Avenida Ataulfo de Paiva, no bairro da zona sul do Rio, foi completamente coberta com tapumes a fim de evitar atos de vandalismo. Um aviso informava aos clientes que as atividades serão retomadas apenas amanhã.

“Acabou o último lugar onde a gente tinha sossego”, disse uma mulher após ler o aviso, mas que não quis se identificar.

Até a noite deste sábado, mais de 9 mil pessoas haviam confirmado presença pelo Facebook no “rolezinho” de protesto marcado para ocorrer no Shopping Leblon, um dos mais luxuosos do Rio.

É grande a quantidade de policiais militares e guardas municipais ao longo de toda a Avenida Afrânio de Melo Franco, onde ficam o Shopping Leblon e o Rio Design. A segurança também está reforçada na Rua Aristides Espínola, onde fica a residência do governador Sérgio Cabral, e na Avenida Delfim Moreira, já que após a administração do Shopping Leblon obter, na última quinta-feira, liminar na Justiça para impedir o “rolezinho” em suas dependências, foi convocado um evento semelhante com a presença de black blocs, nas imediações da residência do governador.

Até as 15h50, não havia qualquer sinal de manifestantes pelas ruas do Leblon.

Criado em resposta à lei que proíbe bailes funks nas ruas da capital paulista, os encontros marcados pela internet por fãs do estilo musical em shoppings estão se espalhando pelo País.

Nesses encontros, apelidados de “rolezinhos” e embalados pelo funk estilo ostentação (que faz apologia a bens materiais), jovens, majoritariamente negros e de periferia, reúnem-se nos corredores dos centros comerciais para “zoar, pegar geral, se divertir etc”, como definido nas redes sociais.

Inspirados por esse fenômeno, que tem dividido opiniões, seis adultos de Salvador resolveram promover, no Shopping Barra, a versão baiana do “rolezinho”.
No Facebook, a página do evento (“Rolezinho das Antigas”), contava com 528 presenças confirmadas até as 22h de sexta-feira.

Motivações

Em conversa com A TARDE, quatro dos seis organizadores do encontro explicaram os motivos que provocaram a convocação.

Os universitários Maria Hortência Pinheiro, 22, e Alan Valadares, 24 – ligados ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) -, participaram, em junho, das manifestações que ocuparam as ruas do País. Porém, fazem questão de diferenciar os dois fenômenos.

“São dois movimentos totalmente distintos. Quem hoje condena o rolezinho, estava na rua em junho. A burguesia também estava se manifestando”, disse Maria.

Para Valadares, a rejeição de agora é motivada pelo que chama de “preconceito racial e socioeconômico”.
“Esse preconceito está presente no dia a dia. A reação que a classe média tradicional teve diante desses jovens só reforça isso”, afirmou.

Pacifismo

Já o bancário Álvaro Queirós e a professora Marijane Correia, 36, afirmam que, a princípio, o objetivo era impactar, mas que o desenrolar da polêmica mudou os rumos do “rolezinho” soteropolitano.

“A ideia é rever os amigos antigos, que, na década de 1990, davam rolé (sic) no shopping. Queremos nos divertir, na paz, para mostrar que todos podem ser incluídos nos ambientes”, disse Marijane.

Medo

Controverso, o “rolezinho”, assunto garantido em rodas de conversas, causam temor a clientes de shoppings.

É o caso da recepcionista Priscila D’Almeida, 23. Para ela, alguns grupos se aproveitam da situação para fazer baderna, pondo em risco a integridade dos clientes.

“Se eu estiver com minha avó, enquanto promovem uma correria para assustar alguém, ela pode se ferir gravemente, por exemplo”, diz.

Posicionamentos

O Shopping Barra informou, em nota enviada pela assessoria, que “em acordo com o art. 5º da Constituição Federal, o estabelecimento respeita a liberdade de expressão e reunião pacífica, assim como preza pela integridade, segurança e bem-estar de todos os seus frequentadores e corpo de funcionários”.

A direção do centro comercial não confirmou se vai aumentar o número de seguranças na data do encontro.

Também por meio de nota, a Polícia Militar afirmou estar “acompanhado a movimentação, através do Serviço de Inteligência”. Segundo a corporação, “caso haja alguma necessidade de intervenção, essa será realizada dentro dos aspectos da legalidade e rigor previstos em lei”.

O coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, afirmou preferir que os adolescentes “não frequentem os centros, caso queiram gerar desordem”.

Para ele, “melhor seria que fossem feitos rolezinhos para doar sangue ou para limpar as praias”.

O “rolezinho” marcado para este domingo no Moinhos Shopping, em Porto Alegre, teve um número de participantes semelhante ao número de jornalistas enviados para cobrir o evento. Setenta e sete pessoas estavam confirmadas no evento no Facebook – que foi denunciado e apagado pela rede social quando tinha mais de 500 confirmados -, mas aproximadamente 20 pessoas se reuniram com os organizadores para caminhar pelo shopping e cantar funk – sem ostentação.

Às 16h20, horário marcado para a reunião, menos de 10 pessoas estavam reunidas do lado de fora para o evento. Centenas de outros frequentadores estavam no shopping, que tinha quase todas as lojas abertas. Os cinemas do Moinhos costumam lotar nos domingos, e não foi diferente neste. Havia uma tensão evidente entre seguranças e funcionários do shopping, que não se refletia entre os lojistas e frequentadores. Seguranças interpelavam repórteres que tiravam fotos e chamavam funcionários do marketing para autorizá-los. “A intenção é preservar os frequentadores”, disse um deles.​

O Conselho Tutelar foi chamado. “Tivemos denúncias de moradores do Moinhos, preocupados com os ‘favelados’ e ‘maloqueiros’ que viriam ao shopping. É lamentável essa postura. Os rolezinhos sempre existiram, os jovens estão aqui para debater seu cotidiano, e nós estamos aqui para fiscalizar”, disse Cristiano Pinto, da Microrregião do Centro.

Fábio Fleck mostrava-se preocupado com a discriminação aos eventuais frequentadores, e também com as punições previstas. A juíza Cleiciana Guarda Lara Pech, a pedido da administradora do Moinhos Shopping, decidiu que os organizadores do “rolezinho” deveriam “abster-se de qualquer tipo de manifestação”, incluindo “consumir produtos adquiridos fora do estabelecimento” – na página do Facebook, alguns manifestantes falavam em comer pão com mortadela na praça de alimentação. As vitrines das joalherias próximas à entrada do Moinhos Shopping estavam vazias.

“Parece que somos vagabundos que querem quebrar o shopping. O que tá se provando é o contrário. Se acontecer algum prejuízo, eu serei o culpado e vou pagar, mas não estou preocupado”, disse o organizador Fábio Fleck. “É decepcionante que tem mais policiais que manifestantes. Não somos sequer um movimento: somos um grupo de pessoas que se reuniu pelo Facebook”. Quando perguntado sobre a baixa adesão, Fleck afirmou que não se preocupava. “Sempre falei que viria quem quisesse”, afirmou.

Quando entraram no shopping, os organizadores do “rolezinho” foram escoltados por um batalhão de fotógrafos e repórteres. Enquanto davam entrevistas, chegou outra turma: cerca de 10 pessoas com camisetas da União da Juventude Socialista (UJS), movimento estudantil ligado ao PCdoB. Cantando sucessos do funk como “Glamurosa”, “Bumbum na Água” e “Quadradinho de Oito”, os jovens passaram por três andares do shopping, acompanhados por jornalistas e seguranças. Alguns funcionários fecharam as portas das lojas. “Houve uma orientação de fechar em caso de tumulto. Mas nós sempre fechamos quando entra muita gente ao mesmo tempo. Não é discriminação”, disse Silvana, funcionária de uma loja de roupas.

“Existe a discriminação da galera que tem a grana, discriminando quem não tem. Só porque cantamos funk? É um espaço da elite, mas que a periferia tem que frequentar com naturalidade”, disse Ismael Cardoso, estudante da USP, dentro de uma loja da All-Star. Ismael participou de “rolezinhos” também em São Paulo. “Lá, eles foram acusados de vandalismo e decidiram ir para o Ibirapuera. Vão quebrar as árvores?”, afirma.

O espanhol Gonzalo Durán, morador de Porto Alegre há 15 anos, acompanhou o “rolezinho” por curiosidade. Ele foi comprar um cooler para seu notebook. “Acho que pessoas que fazem distúrbios devem ser enquadradas na Justiça, mas também tem muitas pessoas de terno e gravata que incomodam a paz das favelas, com desapropriações para a construção civil…existem outros tipos de rolés violentos. Tomara que esse esquema de segurança também sirva para prender os delinquentes de colarinho branco”, afirmou.

Um “rolezinho” acabou por se transformar em protesto no Shopping Plaza, em Niterói (RJ), no final da tarde de 18/1/14. O ato começou por volta das 19h10 e acabou às 20h40. Ao contrário do “grito de liberdade” da periferia que marcou os atos de São Paulo, o tom foi político, com gritos contra o governador Sérgio Cabral e o tradicional “não vai ter Copa (do Mundo)”.

Logo no início do ato, ocorreu um princípio de confusão, com manifestantes tentando entrar em lojas, e seguranças impedindo, além de correria no prédio. Assustados, muitos clientes do shopping entraram nas lojas, com medo. “O que é isso que está acontecendo”, perguntava a dona de casa Simone Barbosa, ao lado da neta, Sofia, que chorava, com medo. Não houve, contudo, nenhum ato de violência e a Polícia Militar sequer se fez presente nas mediações do Shopping Plaza.

Cerca de 30 pessoas participaram. Eles tentavam entrar nas lojas alegando o direito de ir e vir, mas eram impedidos pelos seguranças. Muitos estabelecimentos fecharam as portas. Diversos curiosos se aglomeraram nas escadas rolantes, que foram paralisadas durante o “rolezinho-protesto”.

“Eu acho justo protestar, mas não acredito que esteja acontecendo qualquer ato de racismo aqui dentro”, opinou o publicitário Alexandre Lima. Nenhum ato de vandalismo ocorreu durante o manifesto do grupo.

Os manifestantes gritavam ainda frases “estamos na rua e a luta continua” e “amanhã vai ser maior”. Eles cantaram funks antigos do Rio de Janeiro e foram acompanhados todo o tempo por cerca de 20 seguranças, muitos deles à paisana. “Ih, vai fechar, ih, vai fechar”, gritavam, sempre que os comerciantes baixavam as portas com a aproximação do grupo.

O tom político do ato ficou reforçado pela liderança do cantor e compositor PH Lima. Figura conhecida das manifestações que ocorreram no ano passado, ele foi candidato a vereador de São Gonçalo pelo PSOL, participou da invasão da Câmara Municipal de Niterói, também no ano passado, e chegou a ser detido. Em toda a manifestação, porém, apenas cantava e proferia palavras de ordem.

“Se fosse um bando de playboyzinho, como colocam nos filmes, aquela loja ali não estaria fechada”, apontou PH Lima, 25, para um dos estabelecimentos que fechou as portas naquele momento. “Tenho certeza que aqueles vendedores não recebem nem 1% do lucro da loja. Não estamos quebrando nada, Niterói está com uma cárie que se chama racismo”, completou em um dos seus discursos.

Alguns vendedores chegaram a protestar contra o ato. Um deles chegou a fazer um cartaz: “Eu ganho por comissão, obrigado, rolezinho”. Os manifestantes quiseram tirar satisfação e houve um novo princípio de confusão, rapidamente contido pelos seguranças. O mesmo ocorreu quando o grupo tentou entrar no café Starbucks.

“Não acho justo, também tenho que pagar aluguel, e estou deixando de ganhar nesse momento. Todo mundo tem direito de se manifestar, mas não pode prejudicar os outros”, afirmou o vendedor Anderson Azevedo.

Muitos jornalistas, em especial os que portavam câmera fotográfica ou de vídeo, foram impedidos de entrar no local, inclusive o repórter fotográfico do Terra Mauro Pimentel. O shopping fechou as portas tão logo o “rolezinho” teve início. Após o ato, a assessoria de imprensa do Shopping Plaza soltou a seguinte nota:

“O  Plaza Shopping Niterói informa que, na tarde deste sábado, dia 18, foi necessário interromper as atividades do centro de compras temporariamente. A medida adotada pelo empreendimento fez parte do pla

O shopping de luxo JK Iguatemi, na zona oeste de São Paulo, fechou as portas na tarde deste sábado diante da promessa de mais um “rolezinho” organizado por jovens. Com faixas e instrumentos musicais, o movimento deste sábado ganha um tom mais político e reivindicatório do que os atos anteriores.

“Basta de Apartheid. Fim do genocídio ao povo negro”, dizia uma das faixas. A reclamação é pelo fato de a administração do shopping JK ter conseguido, no último sábado, uma liminar proibindo um “rolezinho” já agendado pelos jovens. De acordo com a decisão, o evento denominado “Rolezaum no Shoppim” foi proibido e a pena para cada manifestante identificado seria uma multa de R$ 10 mil por dia.

Outra faixa do evento, escrita em inglês, dizia que “No País da Copa do Mundo, shoppings racistas proíbem a entradas de pessoas negras e pobres”. Com gritos de guerra, que em nada lembram os “rolezinhos” registrados na periferia da capital, os jovens criticam o posicionamento do estabelecimento comercial: “chega de Apartheid, é ‘rolezinho’ nos shoppings da cidade”.

Antes da chegada dos manifestantes, o shopping funcionava normalmente.

Racismo
Entre os participantes do movimento está um advogado que disse representar os jovens. Elizeu Soares Lopes sugeriu aos manifestantes que deixassem os instrumentos de lado e, em fila, entrassem no shopping. Diante da recusa dos seguranças em deixar o grupo passar, Elizeu alegou estar sofrendo crime de racismo, já que ele é negro.

O advogado e outros jovens deixaram o local e foram até o 96º DP, na avenida Luís Carlos Berrini, para registrar um boletim de ocorrência por “racismo, constrangimento ilegal e imputação de prática criminosa”. “Eles estão achando que a gente vai cometer algum crime, antes disso acontecer”, criticou o advogado.

Posição do shopping
O Shopping Center JK Iguatemi, em nota, aponta que “respeita manifestações democráticas e pacíficas, mas o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados para receber qualquer tipo de manifestação. Com o compromisso de garantir a segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores, e de acordo com procedimento padrão utilizado em situações semelhantes, o empreendimento interrompeu temporariamente suas atividades neste sábado, 18 de janeiro”.

Polêmica
Os “rolezinhos” ganharam repercussão em todo o Brasil por causa das tentativas dos estabelecimentos comerciais em impedir o ingresso de jovens nos prédios, mesmo que, em alguns casos, nenhum crime fosse cometido. Ontem, a juíza Isabela Pessanha Chagas, da 14ª Vara Cível do Rio de Janeiro proibiu o “rolezinho” marcado para este final de semana no Shopping Leblon.

A decisão da magistrada diverge da assinada pelo juiz Alexandre Eduardo Scsinio, de Niterói, que indeferiu pedido de liminar para impedir o evento no Plaza Shopping. No Estado de São Paulo, o Ministério Público abriu uma frente com cinco promotorias para tentar mediar a relação entre os jovens, o poder público e os donos de shopping centers. A Justiça já vetou ao menos mais um “rolezinho”, no Tatuapé, marcado para este fim de semana. No entanto, pelas redes sociais, há encontros marcados para outros locais, incluindo o shopping JK Iguatemi e o Parque do Ibirapuera.

Os shoppings Metrô Tatuapé e Boulevard Tatuapé, que compõem o Complexo Comercial do Tatuapé, em São Paulo, conseguiram liminar na Justiça nesta quinta-feira proibindo “rolezinhos” em suas dependências até o fim de fevereiro. Segundo a decisão da Justiça, há eventos marcados pela internet para acontecerem no local no próximo sábado, no dia 26 de janeiro e no dia 22 de fevereiro.

 

De acordo com o juiz Luis Fernando Nardelli, da 3ª Vara Cível, “em algumas ocasiões, os ‘rolezinhos’ resultaram em arrastão dentro do estabelecimento comercial, como se extrai nas reportagens referentes ao Shopping Internacional de Guarulhos e ao Shopping Metrô Itaquera”. Por isso, para o magistrado, “é justo” o “receio dos autores de serem molestados na posse mansa e pacífica dos shoppings”.

“A liberdade de expressão prevista na Constituição Federal não abarca a violência, tampouco prejuízo aos usuários e aos outros lojistas”, afirma o juiz. “É de rigor estabelecer o limite e impedir a aglomeração de pessoas cujo objetivo precípuo é a realização de tumulto e vandalismo.” Segundo a decisão, quem descumprir a liminar poderá ser multado em R$ 10 mil.

Bahia
Em Salvador, na Bahia, cerca de 220 participantes aceitaram participar do ‘Rolezinho das Antigas’, que está previsto para acontecer no dia 1º de fevereiro no shopping da Barra. O evento foi criado em protesto contra os “atos segregacionistas” envolvendo o uso de força policial durante os “rolezinhos” em São Paulo.

Ceará
Mais de 270 pessoas já confirmaram presença no ‘Rolézinho em Fortaleza’, encontro marcado para o dia 9 de fevereiro no Shopping Iguatemi, na capital cearense. “A ideia é passar a mensagem de que a periferia tem voz e existe. Vamos chegar lá na boa, na paz e passear no shopping. Afinal de contas, a cidade também é nossa, correto?”, afirmam os organizadores na descrição do evento.

Distrito Federal
Em Brasília, o evento “Rolezinho no Xópim Iguatemi do Lago Norte”, já registrava 1,4 mil confirmações no Facebook na manhã desta quarta-feira. O encontro está marcado para o próximo dia 25 no shopping Iguatemi, que fica no Lago Norte, região nobre da capital.

Na descrição do evento, os organizadores afirmam não ter a intenção de promover arrastões ou atos de vandalismo, e que são solidários às vítimas de violência policial durante os encontros que terminaram em confusão em São Paulo.

Minas Gerais
Pelo menos dois eventos foram marcados no Estado para os próximos dias. Para o domingo, mais de 400 pessoas confirmaram presença no “Rolezaum no Paty Savassi (ou Praia do Shopping Estação)”, shopping Pátio Savassi.

Já o “Rolézinho no Minas Shopping – Apartheid às avessas”, previsto para sábado, conta com apenas 40 adesões até a manhã desta quarta-feira.

Pará
O “Rolezinho no Shopping Boulevard – Belém (PA)”, marcado para o dia 25 de janeiro no shopping da capital paraense já conta com mais de 260 participantes confirmados. “Nada muito pretensioso, só ver o que tem de novo aí nas lojas maneiras daquela galera que mora na Doca. Chama uns amigos e cola aí pra gente sacar qual é a vibe do momento”, diz a descrição do evento.

Rio Grande do Sul
Segundo os organizadores do ‘Rolezinho Moinhos Shopping Porto Alegre’, previsto para acontecer no próximo domingo na capital gaúhca, o ato ocorre em apoio “ao povo da zona leste de São Paulo e das periferias das grandes cidades de todo o Brasil. Contra toda forma de opressão aos pobres e negros, em especial contra a brutal e covarde ação diária da Polícia Militar no Brasil, seja nos shoppings, nas praias ou nas periferias”.

Os criadores do “rolezinho” afirmam ainda que a manifestação é pacífica, e que furtos ou atos como violência e depredação não estarão relacionados com o grupo.

Rio de Janeiro

“Em apoio à galera de São Paulo, contra toda forma de opressão e discriminação aos pobres e negros, em especial contra a brutal e covarde ação diária da polícia militar no Brasil, seja nos shoppings, nas praias ou nas periferias”, descreve o evento.

São Paulo
A capital paulista é a cidade com maior número de eventos: o do Ibirapuera recebe o evento com maior número de adesões no Facebook: mais de 2.280. O parque deve servir de palco para rolezinhos também nos dias 25 deste mês e 2 de fevereiro.

No dia 24, novos encontros estão marcados para Suzano, na Grande São Paulo, e para o Shopping Aricanduva, na zona leste da capital, até esta quarta-feira, com 105 confirmados. Dois dias depois é a vez do Shopping Bonsucesso. No dia 1º de fevereiro, estão marcados “rolezinhos” no Shopping Aricanduva e no Mauá Plaza Shopping.

Santa Catarina
Na onda dos eventos marcados por todo o País, os catarinenses também organizaram, para o dia 26 de janeiro, o ‘Rolezinho Iguatemi’, marcado para ocorrer entre 16h e 22h, no Shopping Iguatemi. Pelo menos 350 pessoas já confirmaram presença no ato.

A maioria dos paulistanos se disse contra os chamados “rolezinhos” – eventos agendados por jovens através das redes sociais em shoppings centers e espaços públicos, que se tornaram alvo de polêmica após tumultos em alguns centros de compra da capital paulista -, de acordo com pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela agência de pesquisa de mercado e inteligência Hello Research. Segundo o levantamento, 71% dos moradores da cidade se disseram contra esse tipo de evento.

De acordo com a pesquisa, 87% das pessoas ouvidas afirmaram ter tomado conhecimento sobre esse tipo de evento. Do total, 24% se disseram favoráveis aos “rolezinhos”, e 5% disseram não ter opinião formada sobre o assunto.

O levantamento aponta que as mulheres são as mais exaltadas, sendo que 76% delas são contra. Entre os homens este número é de 65%.

Outro dado apontado pela pesquisa é que, quanto maior a idade, maior a rejeição a esse tipo de evento. Segundo o levantamento, entre jovens de 16 e 24 anos há uma menor taxa de rejeição (65%). Entre pessoas de 25 a 34 anos, a rejeição sobe para 69%. Na faixa de 35 a 44 anos, fica em 77%. Acima dos 45 anos, 84% são contrários ao “rolezinho”.

O levantamento aponta também que, quanto maior o poder aquisitivo, maior a rejeição com o “rolezinho”. Segundo a pesquisa, 82% dos entrevistados que pertencem à classe A se disseram contra os eventos, enquanto, na classe B, esse número é de 79%; na C de 73%; e, na D, de 56%.

“Os números mostram que a população em geral é contrária ao movimento. Entretanto não há dúvidas de que existem posições antagônicas sobre o tema. Principalmente em relação à classe social, sendo que quanto mais alta, maior a rejeição, e a idade, tendo em vista que os mais velhos são mais contrários ao movimento”, afirmou, em nota, Davi Bertoncello, diretor executivo da Hello Research.

Paulistanos são a favor de liminares contra “rolezinhos”
De acordo com o levantamento, 68% dos entrevistados se disseram a favor de medidas judiciais que proíbem a realização desse tipo de evento em shoppings. Entre as mulheres, este número chega a 71%.

Em alguns desses encontros, a Policia Militar foi autorizada a abordar e revistar jovens que a própria PM julgasse suspeitos. Este decisão foi apoiada por 70% dos entrevistados.

Menos da metade dos entrevistados considera impedimento como preconceito
Outra questão discutida na pesquisa buscou entender se o ato de impedir estes jovens de circularem em grande número pelos shoppings foi um ato discriminatório. Neste quesito 42% dos entrevistados concordaram com a afirmação, enquanto 55% discordaram.

Na classe A, apenas 33% das pessoas acreditam se tratar de ato discriminatório. Na classe B este número sobe para 42%. Na classe C fica em 40%. Na classe D, 52% entende ser um ato de discriminação.

Quando o assunto foi relativo às declarações de alguns lojistas de que parte dos jovens teriam cometido atos de vandalismo dentro dos shoppings, 91% da população foi contra aos atos de vandalismo.

“Para aqueles que defendiam a tese de que o ‘rolêzinho’ se trata da nova modalidade de manifestação popular, os números mostram que, por enquanto, o fenômeno não conta com a simpatia da maioria. Os próximos dias serão determinantes para a confirmação e/ou mudança deste cenário. Vamos ficar atentos aos próximos passos destes jovens”, disse Bertoncello.

A pesquisa ouviu 628 paulistanos, de idades entre 16 e 56 anos, de todas as classes sociais e moradores de todas as regiões da cidade de São Paulo, entre os dias 15 e 16 deste mês. A margem de erro do levantamento é de 4 pontos percentuais.

A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) afirmou nesta sexta-feira, em nota, que “é a favor das liminares concedidas aos shoppings de forma a controlar e impedir a formação de eventos denominados ‘rolezinhos’”. Segundo a associação, as decisões da Justiça são válidas porque os frequentadores desses eventos “assustam clientes e, consequentemente, prejudicam as vendas”.

A Alshop afirmou que é “favorável à criação de espaços públicos ou disponibilidade em espaços existentes para que atividades sociais e culturais possam ser realizadas de forma segura e sem prejuízo aos outros cidadãos”.

Para o presidente da associação, Nabil Sahyoun, “a prefeitura de São Paulo possui espaços públicos pouco utilizados na cidade para que esses jovens possam se manifestar de maneira pacífica”. “(Os shoppings) devem ser protegidos, pois circulam milhares de pessoas nos shoppings diariamente respeitando o direito de ir e vir da nossa população.”

 Fonte: Terra