O desmatamento na Amazônia cresceu em quase um terço no último ano, segundo dados do governo divulgados nesta quinta-feira, confirmando uma temida reversão no sólido progresso da última década no combate à devastação da maior floresta tropical do mundo.
Dados de satélites relativos a 12 meses até o fim de julho demonstraram que o desmatamento na região subiu 28 por cento em comparação ao ano anterior. Embora espalhada, a superfície total de terra desmatada no período equivale a 5.843 quilômetros quadrados, uma área quase idêntica à do Distrito Federal.
O aumento foi causado em parte pela expansão das áreas agrícolas e pela corrida por terras na região em que grandes projetos de infraestrutura estão sendo desenvolvidos na Amazônia.
É a segunda menor área devastada em um ano desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a fazer o monitoramento por satélite, mas o resultado confirma as previsões de cientistas e ambientalistas, com base em cifras preliminares compiladas ao longo do ano, de que a destruição voltaria a crescer.
“Não dá para brigar com os números”, disse o coordenador da campanha pela Amazônia do Greenpeace, Márcio Astrini. “Isso não é ser alarmista, é uma inversão real e mensurada do que havia sido uma tendência positiva.”
O governo monitora a extensão desmatada anualmente como parte do seu esforço para proteger a Amazônia, região que possui a maior biodiversidade do mundo e que é vista por cientistas como uma proteção crucial contra a mudança climática.
A coleta dos dados por satélite começa em agosto, período de seca na Amazônia, quando há menos nuvens atrapalhando as imagens.
As razões para o repique do desmatamento são numerosas. As mudanças no Código Florestal criaram incerteza entre os proprietários rurais a respeito da área florestal que precisa ser preservada. A cotação elevada de produtos rurais nos mercados mundiais também estimula os agricultores a cortarem árvores para dar lugar a lavouras.
Madeireiras, grileiros e outros também estão se apressando em explorar terras em torno de grandes projetos de infraestrutura, como ferrovias, rodovias e usinas hidrelétricas em construção na Amazônia.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, rejeitou as críticas de que as políticas governamentais teriam motivado o aumento. Ela observou que houve uma redução prolongada na devastação na última década e disse que no geral a tendência é “positiva”.
Em entrevista coletiva em Brasília, a ministra afirmou que o objetivo do governo é “eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia”.
Fonte: Yahoo
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