Os porto-riquenhos foram às urnas em 2012 para decidirem se queriam que o território se transformasse no 51° Estado americano.

Porto Rico é um Estado Livre Associado, um território dos EUA, mas realizou um referendo com algumas perguntas sobre seu futuro

A primeira é se os eleitores querem manter o atual status da ilha. A segunda é se ele preferem independência, se tornar um Estado americano ou ainda uma opção chamada ‘associação livre soberana’ com os EUA, que daria mais autonomia à ilha.

Em um passeio pela capital, San Juan, no entanto, o recém-chegado pode ter a impressão de que esta já é a realidade. Porto Rico parece americano em vários detalhes: dos ônibus escolares amarelos à enorme loja de departamentos Macy’s. Até mesmo o modelo das placas sinalizadoras nas estradas é o mesmo – com a diferença de que, aqui, as instruções estão em espanhol.

A maior parte da população (cerca de 85%) admitem não dominar o inglês, o que faz com que o local soe mais hispânico do que americano. A cultura e as tradições do país também o aproximam mais da América Latina.

Economia
Esta será a quarta votação do tipo na ilha nos últimos 45 anos. As outras mantiveram o status de Porto Rico.

Mas, desta vez, a situação econômica na ilha pode ser um fator decisivo. A recessão foi longa e difícil em Porto Rico. No ano passado, o território tinha uma dívida de US$ 68 bilhões, e a taxa de desemprego é de mais de 13%.

Na Plaza de Colón, uma estátua de Cristóvão Colombo fica em frente a um mercado de artesanato.

‘Não sei como nós sobreviveríamos’, diz Pascal Espinal, um artesão que vende suas obras na praça.

‘Um país se sustenta, mas, se nós fossemos independentes, não tenho certeza de como nos sairíamos como nação’, diz sua mulher, Maria.

Perto dali, no Castillo de San Cristóbal, um forte do século 16 construído para proteger San Juan, o vermelho, branco e azul das bandeiras dos EUA e de Porto Rico estão ao lado de uma antiga bandeira naval espanhola.

Do lado de dentro, guardas florestais dos EUA recebem os visitantes. O local é patrimônio da humanidade e um símbolo da época em que Porto Rico era colônia, uma situação que, segundo alguns, persiste até hoje.

Acidente
Nos arredores de San Juan, na sede do Partido Independentista Porto-riquenho (PIP), militantes experimentam camisetas antes de um comício.

Fernando Martin, presidente-executivo do partido, diz que o fato de Porto Rico pertencer aos EUA é um acidente da história.

Ele acredita que Porto Rico esteja em situação parecida com a da Escócia ou a da Catalunha.

‘O que nós temos em comum é que somos nações sem um Estado. A diferença é que eles são parte integral dos países aos quais pertencem, eles não são colônia’, afirma.

‘No nosso caso, o governo de outro país toma decisões todos os dias sem a participação dos porto-riquenhos.’

Porto Rico se autogoverna, mas sua autonomia é em nível local.

O poder, incluindo sobre o que vai acontecer após a votação, está em Washington. O referendo não é obrigatório, então, mesmo se a maioria votar pela transformação do território em Estado, a decisão final fica nas mãos do Congresso dos EUA.

Segunda classe
Mas, para muitos, a questão não é se estariam melhor financeiramente; é sobre ser cidadão de segunda classe.

‘Esse é mais um problema de direitos humanos do que de economia. Nós, simplesmente, não temos o direito de votar ou ter voz sobre o nosso futuro’, diz Carlos Colon de Armas, professor de negócios na Universidade de Porto Rico.

Ele quer cidadania completa porque acredita que é injusto que, para poder votar em uma eleição presidencial, os porto-riquenhos tenham de deixar a ilha e se mudar para os EUA.

A população de Porto Rico é de quase 4 milhões, e há, aproximadamente, 4,7 milhões de hispânicos de descendência porto-riquenha vivendo nos EUA.

O status do território não mudou desde 1952, e o atual governador republicano Luis Fortuño, que tenta reeleição, quer que Porto Rico seja um Estado americano.

Ele tem o apoio de Mitt Romney, que já disse que vai ajudar a defender a causa de Porto Rico caso seja eleito, algo que pode ajudar sua campanha presidencial no Estado-pêndulo da Flórida, para onde cerca de 300 mil porto-riquenhos se mudaram na última década.

Marcos Rodriguez Ema, coordenador de campanha do Partido Novo Progressista, de Fortuño, diz que os dois são bons amigos.

‘Estou certo de que ele (Romney) vai querer ajudar o governador Fortuño, se ele ganhar a reeleição, a atingir nosso objetivo’, diz.

Uma pesquisa recente indica empate técnico entre o governador Fortuño e seu principal adversário, Alejandro Garcia Padilla, do Partido Popular Democrático, que defende a manutenção da atual relação com os EUA.

Fonte: G1