Os gastos públicos com a Copa do Mundo equivalem a apenas 9% dos gastos anuais com educação no Brasil. É o que revela levantamento feito nesta sexta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo.
Segundo as previsões oficiais, R$ 25, 8 bilhões em dinheiro público foram gastos na organização do Mundial deste ano. Os investimentos anuais em educação são da ordem de R$ 280 bilhões.
O dinheiro despendido pelo governo federal, pelos Estados e prefeituras é alvo principal de manifestações que se espalharam pelo país desde o meio de 2013.
Mas a comparação deve ser relativizada porque os financiamentos de obras feitos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). O Corinthians, por exemplo, terá que quitar o empréstimo feito para a construção de seu estádio, que será palco do jogo inaugural do Mundial, em 12 de junho.
Fonte: Yahoo
Não se trata de preço de hospedagem em hotel cinco estrelas nem de spa de luxo, muito menos de resort, mas o valor cobrado por moradores dispostos a deixar suas casas, nas 12 cidades-sede da Copa, em troca de um dinheiro extra, é de alto padrão. O Mundial, que será realizado entre 12 de junho e 13 de julho, aqueceu o mercado paralelo com valores abusivos, e até proibitivos. Em São Paulo, onde a abertura será na Arena Corinthians, o aluguel mensal de uma casa em Itaquera vai de R$ 20 mil a R$ 390 mil. Pelo País, os exemplos se repetem.
A corretora de imóveis Iracema Pereira da Silva, de 53 anos, colocou sua própria casa para alugar. O imóvel, que fica na Rua das Boas Noites, a 3,4 km ou 40 minutos do Itaquerão, tem quatro quartos e vai custar R$120 mil por 40 dias. O valor corresponde a um ano inteiro de trabalho com comissões.
Se não tivesse na temporada de Copa, ela alugaria o imóvel por R$ 3 mil ou R$ 3,5 mil, diz. “Já recebi telefonema de gente interessada nesse aluguel para a Copa, até mesmo dos Estados Unidos”, afirma. “A casa é grande e comporta de 15 a 16 pessoas, por isso esse valor.”
Segundo a corretora, é alta a procura de moradores na região que pretendem alugar as próprias casas. “Eu estou pegando vários imóveis na imobiliária que o pessoal está querendo pôr para alugar na Copa, com valores de R$ 20 mil a R$ 60 mil. Tem gente que desistiu de fazer o aluguel anual para esperar a Copa e muitos estão mudando da casa da família por um mês”, conta Iracema.
Ela explica que, na região, uma casa pequena, de quatro cômodos e que normalmente teria um aluguel de R$ 600 a R$ 1 mil, durante a Copa vai custar, no mínimo, R$ 2 mil. “Aumentaram demais os valores aqui.”
Foi para ter uma renda extra que o guincheiro José Paulo Tucillo, de 57 anos, colocou suas duas casas para alugar, em Itaquera, na zona leste, pelo valor de R$ 50 mil cada. O total que ele espera receber no período de 30 dias, R$ 100 mil, é o que toda a família – ele, a mulher e a filha – recebe em um ano de trabalho. “Vamos tentar alugar pelo menos uma casa. Se der, ótimo, se não der, não perdemos nada”, diz. As duas casas têm dois quartos e um banheiro cada e ficam no mesmo terreno.
Ele resolveu colocar os imóveis para alugar depois que uma vizinha alugou seu sobrado por R$ 100 mil. “Para deixar a casa vazia, a moça já até se mudou de lá. Vamos ver se conseguimos também.” Caso sejam alugadas as casas, ele e a família vão se mudar para um cômodo que fica nos fundos do terreno. “Vai ser um período que todo mundo vai ficar junto, mas que depois pode garantir a reforma e ampliação”, afirma.
Nas alturas
Na internet ou em imobiliárias sobram imóveis para alugar, com anúncios com fotos e explicações em inglês. Para atrair os turistas, além do aluguel, alguns proprietários oferecem até serviço de busca e entrega no aeroporto e passeios pela cidade.
Apesar dos mimos, os preços surpreendem. Um apartamento de 72 metros quadrados, com três quartos e dois banheiros, no Condomínio Chimboré, na Rua Surucuás, número 730, na Cidade AE Carvalho, é ofertado por R$ 393.405.
O anúncio foi publicado no site Airbnb, especializado em locação para temporada. Com o valor seria possível comprar mais um apartamento e sobraria dinheiro. Um imóvel semelhante custa R$ 230 mil. Segundo a última tabela do Sindicato da Habitação (Secovi), de janeiro, o apartamento seria alugado no bairro por R$ 1.097,28 a R$ 1.203,12. Nem tudo, porém, está perdido para o turista. “É uma oportunidade única, mas podemos negociar”, diz Tucillo.
Fonte: Estadão
Copa atrairá 600 mil turistas estrangeiros, segundo Embratur
Serão ofertados 25 mil quartos a mais na rede hoteleira para atender a demanda do megaevento
Os altos preços exigidos pelo mercado imobiliário das cidades-sede da Copa do mundo, alvos de críticas constantes dos brasileiros, estão em destaque nos tabloides internacionais.
Segundo reportagem do jornal norte-americano The Wall Street Journal, o mercado imobiliário da cidade do Rio de Janeiro “enlouqueceu” e apresenta preços irreais em antecipação ao evento.
“O Rio deve ser o principal destino para o evento, com 554.000 visitantes, e os proprietários de imóveis da cidade se apressam para tirar vantagem”, disse o jornal.
A grande procura de turistas dispostos a pagar preços exorbitantes em sua passagem pela cidade tem desencadeado uma verdadeira corrida entre os proprietários de imóveis para lucrar no período. Segundo o WSJ, o maior negócio fechado para a Copa, até o momento, é de cerca de R$ 1,5 milhão para o aluguel de uma cobertura de três andares em Ipanema.
A alta demanda elevou os preços de imóveis em todos os níveis. A menos de um mês para o início do torneio, é possível encontrar albergues cobrando US$ 100 a diária por uma cama de beliche. Imóveis simples, localizados em áreas afastadas da zona Sul da cidade, também apresentam aluguéis exorbitantes. “E tudo é válido, de locais de acampamento, casas em muitas favelas da cidade, até motéis.”
Bolha da Copa Além de afastarem os turistas regulares e viajantes de negócios, os altos preços exigidos no mercado imobiliário do Rio também espantam estrangeiros que não estão dispostos a gastar tanto para a Copa.
Um indício de baixa procura tem afetado os preços. As diárias de hotéis do Rio de Janeiro, por exemplo, vem caindo desde o início do ano. Em janeiro, eles cobravam, em média, US$ 650 por dia na noite de encerramento da Copa, em 13 de julho. Quatro meses depois, o preço caiu 41%, segundo o comparador Trivago.
Fonte: Yahoo
O MTur anunciou R$ 19 milhões para investimentos em placas de sinalização nas cidades históricas. Mais de 30 destinos, em 17 estados, receberam ajuda financeira para adequar esses mecanismos de comunicação aos padrões internacionais.
Ao todo, serão ofertados 25 mil quartos a mais na rede hoteleira para atender a demanda do megaevento. Até 2014, serão construídos e reformados 71 Centros de Atendimento aos Turistas (CATs) nas 12 cidades-sede, dez CATs na fronteira com o Mercosul e financiamento de CATs móveis.
“A economia turística cresce acima do PIB nacional e grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo, dão visibilidade e consolidam o país como um dos principais destinos turísticos do mundo”, afirma o ministro Gastão Vieira.
Profissionais ligados ao receptivo turístico, como taxistas e camareiras serão treinados por meio de um programa de qualificação profissional, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec Turismo). Até o ano que vem serão ofertadas 240 mil vagas em 54 cursos profissionalizantes.
A Embratur pediu à Fifa e a entidades representantes do setor
hoteleiro no Brasil que renegociem a redução dos preços de diárias para o
período da Copa do Mundo 2014, depois de uma pesquisa mostrar reajustes de até
500% nas tarifas para o ano que vem.
Em um comunicado oficial enviado para o secretário-geral da Fifa, Jerôme
Valcke, e para os presidentes do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB)
e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), o órgão pediu um
diálogo entre as partes para reverter o que disse ser “um estratosférico
crescimento” dos preços para a Copa.
“Evidentemente que períodos de maior demanda implicam reajustes de preços,
contudo o que se questiona é o patamar em que isso pode ocorrer, já que a
chamada ‘lei da oferta e da procura’, certamente irrevogável, também não pode
ser absolutizada ao ponto de conduzir a absurdos”, diz o documento.
Uma pesquisa da Embratur, comparando as tarifas cobradas para o período da
Copa do Mundo com as vigentes no período convencional (entre julho e agosto de
2013), indicou que nas 12 cidades-sede do Mundial os preços de hotéis
apresentavam reajustes acima de 100% nas tarifas. Em Salvador, um dos hotéis
chegou a ter um reajuste de 583%.
O estudo, segundo o órgão, se baseou nos valores apresentados pelo próprio
site da Fifa, comparando-os com as tarifas cobradas pelos mesmos hotéis em seus
sites de reserva ou sites de reservas de viagens, para estadia entre julho e
agosto deste ano. Apenas quartos de iguais padrões foram considerados.
A Embratur diz temer que a alta nos preços dos quartos de hotel prejudique a
imagem do Brasil entre os turistas.
‘Reflexão’
O documento oficial da Embratur cita medidas do governo brasileiro que teriam
favorecido o setor hoteleiro, como a redução das tarifas de energia elétrica, e
afirma que não há “razões objetivas” para o percentual de aumento dos
preços.
O órgão afirma ainda que as tarifas médias em dólares na maioria das
cidades-sede brasileiras são superiores às praticadas na Alemanha durante o
Mundial de 2006. No Rio de Janeiro, por exemplo, o preço médio das diárias para
o período da Copa é de US$ 461 (R$ 1.100) entre 20 e 24 de junho, antes mesmo da
final do torneio, que acontecerá no dia 13 de julho.
Em Munique, na Alemanha, a tarifa média foi de US$ 191 (R$ 457) durante toda
a Copa de 2006.
A Embratur afirmou querer “propôr uma reflexão” às empresas, sobre se
“estamos diante de práticas saudáveis de mercado e que conduzirão aos melhores
resultados”;
À BBC Brasil, a Embratur afirmou que o aumento nos preços dos hotéis na lista
oficial da Fifa pode fazer com que outros estabelecimentos também aumentem suas
tarifas.
“Pela experiência com a Rio+20, vemos que isso tem um efeito em cadeia. Os
hotéis da rede oficial subiram o preço e aí os que não estavam na rede oficial
aumentaram mais ainda”, disse a assessoria do órgão.
“Evidentemente que períodos de maior demanda
implicam reajustes de preços, contudo o que se questiona é o patamar em que isso
pode ocorrer, já que a chamada ‘lei da oferta e da procura’ (…) também não
pode ser absolutizada ao ponto de conduzir a absurdos.”
Embratur
“O aumento é ruim para o Brasil como destino turístico. Os megaeventos têm
como fator positivo trazer um público novo muito grande. No caso da Jornada
Mundial da Juventude, por exemplo, 80% das pessoas nunca tinham vindo ao
Brasil.”
Às vésperas da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento
sustentável, que foi realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012, o governo
fechou um acordo para reduzir as tarifas de hotéis na cidade, após a divulgação
dos altos valores de diárias e pacotes cobrados.
Intermediação
O comunicado também pede que a empresa suíça Match, detentora dos direitos do
Programa de Hospitalidade da Fifa, reduza suas taxas de mark-up ─ termo
que indica o quanto o preço de um produto está acima de seu custo.
A Match é a principal responsável pela a acomodação da comunidade Fifa,
incluindo oficiais, equipes, delegados, convidados e funcionários. A empresa tem
acordos com cerca de 800 hotéis brasileiros e oferece o serviço de reserva de
quartos ao público em geral pelo site da Fifa, cobrando taxas de intermediação
sobre o preço das diárias dos hotéis.
“Frisamos que identificamos percentuais superiores a 40% sobre o valor
contratado com o hotel, o que contribui decisivamente para a elevação do já alto
patamar das diárias dos hotéis”, diz a Embratur, que afirmou ter incluído os
custos de intermediação da agência em sua pesquisa de preços.
A Match disse à agência de notícias Associated Press que não é responsável
por regular os preços dos hotéis, mas que “de uma perspectiva contratual, nada
impede que os hotéis abaixem seus preços para a Match e a Match prontamente
repassará os benefícios dessas reduções para os consumidores”.
No entanto, a empresa disse acreditar que “na maioria dos casos os hotéis já
estão oferecendo preços para a Copa que estão de acordo com os preços que
conseguem fora de períodos ‘premium'”.
Na terça-feira começou a primeira fase da venda dos ingressos para a Copa do
Mundo de 2014. A Fifa registrou mais de 1 milhão de pedidos nas primeiras sete
horas.
De acordo com a entidade, o maior número de solicitações no primeiro dia de
vendas veio do Brasil e, em seguida, da Argentina, dos Estados Unidos, do Chile
e da Inglaterra
Até 2017, o Brasil deve se estabelecer como o terceiro maior mercado de voos domésticos com 122,4 milhões de passageiros, segundo um relatório da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Para a Associação, o acréscimo de 32 milhões de passageiros representa uma alta de 6,3% em relação à quantidade registrada em 2012 (90 milhões). Além disso, o País ficaria atrás somente dos Estados Unidos, com 677,8 milhões de passageiros domésticos, e China, com 195 milhões de viajantes.
De forma geral, as companhias aéreas esperam ver um aumento de 31% no número de passageiros entre 2012 e 2017, sendo que daqui a quatro anos o número total de viajantes deve subir para 3,91 bilhões – uma alta de 930 milhões de passageiros em relação aos 2,98 bilhões registrados no ano passado.
Segundo o CEO da Iata, Tony Tyler, a América Latina, África, Oriente Médio e Ásia devem ter um grande crescimento no setor de aviação nos próximos anos. “Para colher os benefícios, os governos dessas regiões terão de mudar sua visão de aviação para puxar a economia para frente”, afirma
São Paulo, 20 dez (EFE).- O Banco Central alertou oficialmente em relatório nesta sexta-feira para um problema que os brasileiros já vêm percebendo há alguns anos: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 devem encarecer o preço dos produtos no país.
“Megaeventos esportivos, como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo de Futebol, podem ter impactos significativos na economia do país anfitrião”, afirmou a entidade em seu relatório trimestral de inflação.
O BC analisou os efeitos que os dois eventos gerarão na economia desde 2007, data em que foi anunciada a realização da Copa no Brasil, até 2023, sete anos depois da realização dos Jogos.
Segundo o estudo, apenas pelos dois eventos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), taxa referente do governo para medir a inflação, pode acumular um aumento de cerca de dois pontos percentuais entre 2007 e 2017.
“Embora o evento em si tenha duração de várias semanas, os preparativos começam vários anos antes e envolvem investimentos que podem ter efeitos econômicos a longo prazo”, aponta o relatório.
De acordo com o estudo, até 2023 o comportamento dos preços no Brasil será pior que o visto em outros países que receberam grandes eventos esportivos, principalmente, por ser sede de duas celebrações.
Em relação ao índice de preços, o órgão emissor manteve sua projeção para a inflação este ano em 5,8%, enquanto a projeção para a inflação de 2014 passou do 5,7% a 5,6%.
As projeções tanto do Banco Central como de economistas indicam que a inflação de 2013 e a de 2014 estará acima do centro da meta do governo, dos 4,5% anuais, mas dentro da margem de tolerância, que é de 2 pontos percentuais, o que permite que o índice chegue até 6,5%.
A autoridade monetária também divulgou, pela primeira vez, sua previsão para a inflação em 2015, que, segundo o BC, deve ficar entre 5,3% e 5,4%.
Fonte: Embratur
Quem quiser dar uma esticadinha após uma partida no Maracanã durante a Copa do Mundo pode andar apenas 2 km até a Vila Mimosa – uma das regiões de prostituição mais famosas do Rio de Janeiro – que promete fazer uma bonita festa em dias de jogos do Mundial com decoração bem brasileira, nas cores da bandeira da Seleção.
“Em 2010, o público durante a Copa não foi muito grande, embora tenhamos colocado um telão e feito uma festa bacana. Mas esse ano, com a Copa do lado de ‘casa’ e com o turismo superaquecido, esperamos muitos visitantes. Vamos conversar com os comerciantes da Vila para que nos dias de jogos do Brasil possamos oferecer churrasquinho de graça e cerveja a R$ 3. Depois da partida o valor volta ao preço normal de R$ 8. Vamos trazer também uma bateria de um bloco da Lapa que já fez uma música para a Vila Mimosa, e queremos lançar o nosso bloco”, revelou a assistente social da Amocavim, Cleide Almeida.
Com uma média de 5 mil frequentadores por dia, comerciantes da região esperam que esse número dobre durante o Mundial e que os bares fiquem lotados 24 horas por dia. Nos últimos meses, a procura de garotas de programa por um lugarzinho em uma das 150 casas do local aumentou significativamente. Hoje trabalham na Vila Mimosa aproximadamente 4.500 profissionais do sexo, mil a mais que no ano passado.
“A procura para trabalhar aqui aumentou bastante, principalmente, nos últimos meses. Mas a maioria das mulheres que trabalham aqui já está na região há muito tempo. Claro que em épocas festivas antigas frequentadoras sempre voltam para faturar um pouco mais de dinheiro”, disse Cleide, que revelou que a prostituta mais antiga da Vila Mimosa está com 77 anos.
“Hoje temos mulheres de 18 a 77 anos trabalhando na Vila Mimosa. Essa senhora mais velha havia sido prostituta quando mais jovem, casou e alguns anos atrás ficou viúva, e por uma questão de necessidade financeira teve que voltar para a vida. À noite ela trabalha como cuidadora de um idoso e durante o dia vem aqui fazer um bico. E olha que tem muito garotinho que a procura”, completou.
Já para a jovem de 18 anos M., há apenas sete meses na “vida”, como gosta de falar, a chance de conhecer um gringo durante a Copa do Mundo é grande, e por isso ela pretende permanecer no local até o Mundial.
“Vim para cá pensando em ganhar um dinheiro extra e encontrar um gringo que me leve embora desse país e me dê uma vida tranquila. Não quero luxo, mas só viver com um pouco mais de dignidade e poder ajudar a minha família”, falou a estudante, que está cursando o último ano do ensino médio.
Mas não é só de apoio para pintar e enfeitar a região durante a Copa do Mundo que a Vila Mimosa precisa. Completamente abandonado pelo poder público, o local vem sofrendo com a falta de coleta de lixo, esgoto a céu aberto tanto dentro da principal galeria que abriga as casas de programa como nas ruas ao redor, além de garis para varrer as ruas da região.
De acordo com R., 18 anos, que informa que se prostitui há pouco tempo, os garis nunca aparecem lá para trabalhar, mas sim para fazer programa. “Gostaria muito de ver garis trabalhando aqui também. Mas eles só aparecem aqui para fazer programa. E o pior é que vem tudo uniformizado”, disse aos risos a jovem.
Campinas corre contra o tempo para receber Cristiano Ronaldo
Para abrigar ingleses, Centro do Exército recebe ajustes
Copa amplia risco de vírus raro no País se espalhar; entenda
Ao adentrar a galeria principal da Vila o odor forte de esgoto é o primeiro anfitrião. O problema já virou caso de saúde pública, já que muitas mulheres acabam ficando com alergias e até doentes por pisar em bueiros e buracos com água poluída. Segundo M., 28 anos e há cinco trabalhando no local, a situação é pior em dias de chuva forte ou calor intenso.
“Quando chove forte ou faz um calor ferrado isso aqui fica um inferno em todos os sentidos, mas o pior é o fedor insuportável que afasta a maioria dos clientes. Em dias de chuva forte os bares da frente ficam embaixo d’água e os do fundo alagam até um metro. Depois que a água baixa fica um cheiro horrível. Esperamos que essa obra da Praça da Bandeira contra enchentes funcione”, disse a mãe de dois filhos, que, segundo ela, só está nesta vida por que não conseguiu outro emprego.
“Tenho várias amigas aqui que já ficaram doentes por causa desse esgoto. Sem querer pisam nessa água suja e depois pegam doenças e não podem nem trabalhar. Aqui todo mundo paga imposto nas casas e todo mês chegam as contas de luz, água, esgoto e gás. Só não chega os serviços que os comerciantes pagam para a prefeitura”, completou.
Sonhos e projetos de melhorias para a região e para um trabalho mais digno
A Amocavim vem buscando parcerias com instituições privadas, inclusive internacionais, públicas e com as três esferas de governo, para construir a Cidade das Meninas e o Museu do Sexo. Os projetos são orçados em cerca de R$ 4 milhões e estão enquadrados na Lei de Incentivo à Cultura. Segundo Cleide, há interesse de empresários estrangeiros em patrocinar as obras, mas nada ainda foi assinado.
O projeto da nova Vila Mimosa é inspirado em traços de Oscar Niemeyer e será dividido em dois complexos com cinco módulos, num total de 1.825 metros quadrados. O espaço contemplaria um anfiteatro, creche, salas de aula para diversos cursos, posto de saúde e escritórios, além de um estacionamento para 70 carros.
Já no Museu do Sexo será exposto um acervo contando toda a história da Vila Mimosa, desde os primórdios da zona de prostituição ainda no Mangue, no século XIX, até os dias de hoje, na região da Praça da Bandeira.
Documentos, filmes, fotos, réplicas de roupas e recortes de jornais farão parte do acervo permanente. De acordo com Cleide, um dos documentos mais interessantes que é guardado até hoje são as carteirinhas funcionais de prostitutas.
“Nos anos 70 as profissionais do sexo eram obrigadas a andarem sempre com as suas carteirinhas. A ordem era da polícia, e caso não estivessem com elas na hora da abordagem, eram levadas à delegacia. A nossa ideia é reunir um acervo mostrando toda a história da Vila Mimosa”, concluiu a assistente social.
Fonte: O Globo
You have to Login