Nas gerações passadas -e
mesmo hoje- homens e mulheres, desde criancinhas eram programados para serem
Masculinos e Femininas e isto significava dois mundos separados, apartados e
totalmente distintos.
Aos homens, era vedado e proibido tudo que
representasse o feminino e, de modo correspondente e oposto, às meninas era
vedado como tabu tudo que representasse o mundo masculino. Para meninos havia um
horizonte prescrito de competição, vida fora do lar, ambição de poder e a
perspectiva de se tornar um guerreiro heróico, um “caçador” competitivo, que
iria trazer comida para dentro de casa.
Para as meninas, o horizonte
prescrito era o de ser mãe, professora, saber cozinhar, limpar, desenvolver-se
em “prendas domésticas” e se tornar administradora de um lar e de uma família.

Cada qual era treinado para cumprir seu “destino” como homem ou como mulher.
Repetir os papéis tradicionais desempenhados pelos ancestrais era a única
perspectiva reinante.

Estes padrões quebraram-se nos tempos modernos,
não somente por motivos sócio-culturais, financeiros/econômicos ou
mercadológicos. O maior motivo é a necessária evolução psicológica.
A
evolução psicológica está levando homens e mulheres não mais à procura de suas
“caras metades” (cada qual em sua especialidade) e, sim, impulsionando um e
outro na direção de uma integração de polaridades no universo íntimo de cada um,
integração esta a ser exercida e desenvolvida nos relacionamentos interpessoais.
Esse passa a ser o desejo dos que estão evolução: o de uma complementação íntima
que solucione os inúmeros defeitos e conflitos de uma aproximação do companheiro
motivada por carência, medo de ficar só ou outro motivo menos honroso. Buscar o
parceiro para sentir-se mais completo já mostrou que é um objetivo falido e sem
saída.

Por outro lado, na vida prática, já não basta que o homem vá para
o mundo externo e a mulher permaneça circunscrita ao mundo interno do lar – cada
qual fazendo SEMPRE o que o outro NUNCA faz. Esta fase esgotou-se de seu sentido
de mútua assistência e compensação entre Polaridades.

Agora o desafio
psicológico é o de desenvolver e assimilar à personalidade, ambas as
polaridades, oscilar ocasionalmente entre os pares de opostos e esta fluência
entre os pares de opostos nos fez enfrentar desafios e a procurar respostas para
conflitos inimagináveis para as gerações mais antigas.
Para os homens surgiu
a tarefa-desafio de assimilar à personalidade a sua polaridade feminina.
Correspondentemente, às mulheres coube o desafio-tarefa de assimilar aspectos e
qualidades antes restritas aos homens em geral.
Tanto para uns quanto para
os outros, isto implicou em quebras de tabus e de proibições ancestrais e a
incorporação de aspectos femininos pelos homens e dos masculinos pelas mulheres
se tornou imperiosa. Para os homens, nunca pareceu interessante fazer isto, em
especial por representar para eles uma quase insuportável perda de poder e de
autonomia. Já para as mulheres, a assimilação de componentes da polaridade
masculina sempre pareceu atraente e desejável, justamente por significar ter
mais autonomia, liberdade, poder e autoestima crescentes.
Hoje temos que
falar em Polaridades Psíquicas se quisermos entender o que se passa entre os
homens, entre as mulheres e na vida conjugal em geral.
O fato de alguém
nascer como um exemplar de Macho não depende das polaridades existentes, pois
podemos encontrar entre os homens o Macho/Masculino e o
Macho/Feminino.

Do mesmo modo entre as fêmeas de nossa espécie podemos
encontrar a Fêmea/Feminina e a Fêmea/Masculina. Então, acabaram-se os papéis
prescritos…

A necessidade de integração psicológica das polaridades
criou variantes e alternativas que foram, em outras épocas, inimagináveis. Tanto
para as mulheres quanto para os homens a mudança foi brutal.
Um quadro
muiiiito simplificado (apenas para o nosso entendimento) dos pares de opostos
que concorrem em nosso íntimo pode ser o seguinte:

Pólo Masculino –
Pólo Feminino
Separação – União
Autonomia – Cooperação
Agressão –
Timidez
Ativo – Passivo
Elétrico – Magnético
Diurno –
Noturno
Potência – Impotência
Ação – Inércia
Mestre –
Discípulo
Comando – Obediência
Provedor – Dependente

Enquanto
que o cérebro egóico, intelectual, analista, explicativo, linear e absolutamente
preso ao mundo dos sentidos funcionava no Princípio de Separação do Um-Ou, seu
cérebro pode passar a funcionar no Princípio da Unidade do Ambos-Sempre.

Descrever esse fenômeno como sendo relacionado aos hemisférios cerebrais é
apenas uma analogia que ajuda a entender como somos atingidos e sofremos
impactos pela divisão em pares de opostos.

Na prática, estou dizendo que
você sempre funcionou mentalmente na base do UM – OU OUTRO dos pares de opostos,
Alguém que é sempre Passivo não é nunca Ativo e vice-versa. A vida que se baseie
em um lado da moeda ou a que se baseie no outro lado dela obriga que exista o
desequilíbrio íntimo. Mudamos todos paulatinamente da experiência desintegradora
e separativa do OU para o mundo integrativo do E. O ego-pensante é separativo e
lida com as partes melhor do que com o todo. O Eu Superior -a Consciência- é
capaz de integrar em uma compreensão o choque entre os opostos.
Quem se
identifica com UM lado de um Par de Oposto aplica a esta pseudo-escolha a regra
do SEMPRE e só dá aceitação e valor positivo às polaridades com as quais se
identifica. Então, você chama de Bom este lado do par de opostos com o qual se
identificou. Vice-versa, a polaridade oposta, o outro lado do par, acaba
qualificado como Mau e recebe a marca do NUNCA.

Se você SEMPRE funciona
como Independência, então, o correspondente NUNCA se aplica à sua porção
Dependência – no par de opostos descrito no quadro acima.
Na verdade, e na
medida de sua conscientização do fenômeno em curso, os hemisférios masculino e
feminino, estão agora, não somente se unificando, eles estão se integrando no
momento mesmo em que você usa seu cérebro.
Uma transformação psicológica e
fisiológica está acontecendo e a conscientização de AMBOS os pares de Opostos e
sua integração psicológica em cada indivíduo está se tornando vital para o
desenvolvimento do ser humano.
Por Luiz Vasconcellos

Fonte: Site Vida Nova