PIB do Brasil em 2012

1º e 2º
Trimestres  de 2012

– O PIB (Produto
Interno Bruto) do Brasil no primeiro trimestre de 2012, divulgado pelo IBGE em 1
de junho, apresentou um crescimento de apenas 0,1% entre janeiro e março. Foi um
crescimento fraco que aponta um processo de desaceleração da economia em
2012.

– Já no 2º
trimestre de 2012 (abril a junho) a economia brasileira voltou a decepcionar
registrando um aumento fraco de 0,4% (dados divulgados pelo IBGE em 31 de
agosto) em comparação ao trimestre anterior. As medidas do governo (queda de
juros e redução de IPI para alguns setores da economia) não resultaram no
crescimento econômico esperado.

– Nos últimos
doze meses (até junho de 2012) o PIB brasileiro cresceu apenas 1,2%.

Principais
fatores que causaram o fraco crescimento do PIB no primeiro trimestre de
2012:

– Crise econômica
na Europa;

– Queda no
consumo interno (principalmente das famílias), provocado principalmente pelo
aumento do endividamento das famílias;

– O aumento das
importações (maior que as exportações) e o clima prejudicaram o setor
agropecuário que apresentou uma retração de 7,3%.

– O crescimento
fraco do setor de serviços: apenas 0,6%.

Os fatores que
ajudaram a queda não ser maior:

– O setor
industrial, movido pelo aumento das receitas das industriais, apresentou um
crescimento de 1,7%.

– Os gastos do
governo aumentaram 1,5%

Reação do
governo

Com o objetivo de
acelerar o crescimento do PIB em 2012, o governo brasileiro vem adotando algumas
medidas como, por exemplo, diminuição da taxa de juros (Selic). Redução de
impostos como, por exemplo, o IPI (Produto sobre Produtos Industrializados) para
alguns setores da economia (eletrodomésticos, automóveis, materiais de
construção) também faz parte do arsenal do governo para evitar a desaceleração
da economia brasileira.

Perspectivas

De acordo com
muitos economistas, o PIB brasileiro deve crescer de 1,5% a 2,5% em 2012, em
função do agravamento e contaminação das economias dos países emergentes pela
crise europeia.

Comparação do
crescimento do PIB brasileiro com de outros países no 1º trimestre de 2012 (em
relação ao trimestre anterior):

– Brasil:
0,1%

– Espanha:
-0,3%

– Reino Unido:
-0,2%

– Itália:
-0,8%

– Alemanha:
0,5%

– Estados Unidos:
0,5%

– Japão: 1%

O decepcionante resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre consolidou entre analistas a ideia de que o governo Dilma precisa destravar os investimentos se quiser acelerar o ritmo de crescimento do País. É uma avaliação consensual, mesmo entre profissionais de “escolas” econômicas diferentes. A questão é como alcançar esse objetivo. Para alguns, o problema está na oferta da economia, estrangulada pelo conhecido – e abominado – custo Brasil. Para outros, o desafio continua a ser a demanda, que precisa ser estimulada ainda mais para despertar o “espírito animal” dos empresários.

No terceiro trimestre, os investimentos no País, medidos pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caíram 2% na comparação com os três meses anteriores e 5,6% em relação ao mesmo período de 2011. Foi o quinto trimestre seguido de recuo no indicador. Não à toa, o governo promete, já para esta semana, novas medidas para tentar estimular os investimentos. “Vamos continuar com a desoneração da folha de pagamentos em 2013”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, logo depois que os dados trimestrais foram divulgados.

Se as medidas se confirmarem, o governo repetirá parte da estratégia adotada – com resultados modestos – para acelerar a expansão: reduzir os custos, sobretudo da indústria, para permitir uma folga de recursos que possa ser destinada a investimentos. Os especialistas, de forma geral, avaliam que o foco deve ser mesmo a indústria, que tem sofrido mais que os serviços e o agronegócio nos últimos anos.

“A produtividade da indústria caiu, em média, 1% ao ano entre 2001 e 2011, enquanto a mesma medida para o agronegócio mostrou expansão de 3% e, nos serviços, de 1,1%”, nota José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica da Fazenda. “Estamos assistindo a um claro processo de desindustrialização do País”, emenda Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp e um dos principais conselheiros econômicos no governo Lula.

As razões da derrocada industrial passam pela valorização do real ante o dólar, pela concorrência chinesa, pelo custo Brasil e pela crise global, que levou a uma superoferta de manufaturados. “A indústria tem importante efeito de dinamização sobre o resto da economia, ainda que represente cerca de 25% do PIB, ante 65% dos serviços”, argumenta Belluzzo.

O consenso, portanto, é o de que o investimento precisa crescer, notadamente na indústria. A divergência está em como chegar lá. Os economistas que seguem a linha batizada de ortodoxa, como Mendonça de Barros, defendem menos intervenção do governo na economia e prioridade para medidas estruturais, como a reforma tributária. As informações são do jornal

O ex-presidente do Banco Central no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Henrique Meirelles, afirmou que o consumo das famílias no Brasil ainda tem um potencial marginal de expansão. Segundo ele, a situação do País é diferente em relação ao apresentado por outras nações, como a dos EUA, onde o endividamento dos cidadãos era muito grande nos últimos anos e passa por um processo de desalavancagem, o que não permite o avanço expressivo da demanda agregada.

“Os EUA sofreram com problema de redução de consumo”, destacou Meirelles. “O Brasil tem uma situação estrutural diferente, pois o sistema financeiro é saudável e a dívida pública é cadente”, disse.

De acordo com Meirelles, a estabilidade econômica registrada nos últimos anos gerou um bônus ao Brasil, o que permitiu alguns efeitos positivos, como a elevação do crédito, que subiu de 25% para 50% do PIB.

Para Meirelles, a expansão da geração de empregos no Brasil está chegando ao limite, o que deve provocar uma moderação no ritmo de concessão de crédito às famílias.

Meirelles acredita que o País tem perspectivas favoráveis de incremento da economia nos próximos anos, desde que invista mais em infraestrutura e aumente o nível de eficiência das empresas. “O Brasil está entrando na fase da produtividade, depois de ter passado pela fase da estabilização”, comentou.

Segundo o ex-presidente do BC, é fundamental que o avanço dos investimentos em infraestrutura no País conte com a maior participação de empresas particulares. “O Estado não tem recursos para realizar investimentos sozinho. A abertura para o setor privado é absolutamente necessária. A boa notícia é que há investidores interessados nesses projetos”, destacou. Meirelles participou na manhã desta sexta-feira de fórum da revista Exame.

 Nesse sentido, o Banco Central (BC) anunciou em 14/9/12 mudanças que devem injetar R$ 30 bilhões na economia. A autoridade monetária reduziu a alíquota do compulsório – parte dos depósitos dos clientes que os bancos são obrigados a deixarem nos cofres do BC – sobre depósitos à vista e a prazo. A diretoria da autarquia ainda permitiu que até metade do recolhimento compulsório adicional sobre depósito a prazo seja cumprida mediante aquisição de letras financeiras (LF) e carteiras de crédito. Essa regra passa a vigorar a partir de hoje.

A alíquota adicional incidente sobre os depósitos à vista foi reduzida de 6% para zero, e passa a vigorar a partir de hoje. Em relação ao depósito a prazo, a alíquota adicional foi reduzida de 12% para 11%, e surtirá efeito a partir de 29 de outubro de 2012.

Esse conjunto de medidas deve liberar, nos próximos meses, em torno de R$30 bilhões do estoque atual de R$380 bilhões de depósitos compulsórios, o que contribuirá para alongar o perfil de captação do sistema e melhorar a distribuição da liquidez no mercado interbancário.

“Essa decisão simplifica a estrutura de recolhimentos compulsórios, com a eliminação do adicional sobre depósitos à vista, reduz os custos da intermediação financeira e fornece melhores condições para o setor operar de maneira mais eficiente, em linha com as mudanças estruturais por que passa a economia brasileira”.

O Banco Central também anunciou em 29/8/12 o nono corte consecutivo da taxa básica de juros, que caiu de 8% para 7,5% ao ano, novo mínimo histórico. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também deixou aberta a possibilidade de nova redução da taxa Selic na sua próxima reunião, em 9 e 10 de outubro, mas indicou que essa possível redução deverá ser menor.

Em nota, o BC informou que a decisão de sua diretoria foi unânime. Disse ainda que os cortes já realizados se refletem, em parte, na recuperação da atividade econômica. Por isso, entende que, se o cenário econômico “comportar um ajuste adicional” nos juros, “esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia.”

A decisão já era esperada pela maior parte do mercado financeiro, que prevê agora um corte de mais 0,25 ponto porcentual daqui a 40 dias, como mostravam hoje os contratos de juros negociados na BM&F Bovespa, que também servem de referência para as taxas cobradas do consumidor.

Parte dos analistas, no entanto, acha que o BC vai levar a taxa básica a 7% neste ano. Há ainda aqueles que projetam que o BC vai parar de cortar os juros neste ano para não ser levado a subir novamente a taxa no começo de 2013, quando crescimento e inflação devem ser maiores do que em 2012.

A taxa básica de juros está em queda desde agosto do ano passado, quando o BC surpreendeu o mercado e começou a reduzir a Selic, então em 12,5% ao ano.

Também o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou prorrogação do corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros, por dois meses. De acordo com ele, com a medida, o governo deixará de arrecadar R$ 800 milhões nesse período e terá a contrapartida de manter o nível de emprego e redução de preços para o consumidor.

– A reação (da indústria automotiva) foi mais rápida e o custo é maior – afirmou Mantega que falou que a medida ainda ajuda na inflação.

Ele anunciou ainda a redução de imposto para bens de capital, ou seja, máquinas e equipamentos até o fim do ano que vem. A renúncia fiscal será de R$ 1,1 bilhão.

Mantega também anunciou a prorrogação do corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para materiais de construção até o fim do ano que vem. O benefício terminaria no fim de dezembro de 2012. A lista é de produtos é extensa. As alíquotas caíram de 15% para 4% ou de 10% para zero.

A renúncia fiscal é de R$ 1,8 bilhão para os cofres públicos no ano que vem. Além de renovar, o governo ampliou a lista e incluiu pisos laminados, pisos de madeira sólida e até pisos vinílicos e dry wall. A alíquota do tributo passou de 5% vai para zero. A renúncia fiscal será de R$ 84,2 milhões até o fim deste ano e R$ 3,75 milhões para o ano que vem.

Além disso, a prorrogação do corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os eletrodomésticos conhecidos como “linha branca” também foi anunciada nesta quarta-feira. O benefício terminaria no dia 31 de agosto e foi estendido até o fim deste ano.

A alíquota do IPI para fogões caiu de 4% para 0%. Para tanquinhos, passou de 10% para 0%. Refrigerador deixou de pagar 15% para 5% até 31 de dezembro. Já para máquinas de lavar, o tributo passou de 20% para 10%. A renuncia fiscal é de R$ 361 milhões de setembro até dezembro. Essa desoneração é válida só para produtos de eficiência energética A.

– Nós obtivemos um resultado muito bom com a redução do IPI e vamos continuar com essa redução – disse o ministro.

Mantega informou ainda que foi prorrogado a redução de IPI de móveis, painéis e laminados também até o fim do ano. Esse benefício venceria no dia 30 de setembro. A alíquota de móveis passou de 5% para 0%.

Como efeito das medidas que estavam em vigor, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) caiu para 11,1% em julho ante os 11,2% em junho, segundo Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta quarta-feira pela Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O contingente estimado de desempregados da RMSP no mês passado foi de 1,220 milhão de pessoas, com 2 mil pessoas a menos do que no mês anterior. Segundo os técnicos da Seade e do Dieese, tal comportamento se deveu à criação de 84 mil postos de trabalho (0,9%), praticamente o mesmo número de pessoas que se incorporaram à força de trabalho da região (82 mil, ou 0,8%).

Ainda de acordo com a PED, a renda média real dos ocupados na RMSP em junho cresceu 2,5% em relação a maio, passando a R$ 1,658 mil. Já a renda média real dos assalariados cresceu 0,9% na passagem de maio para junho, para R$ 1,675 mil.

 

Regiões

No conjunto das 7 regiões metropolitanas onde a Fundação Seade e o Dieese realizam a pesquisa, a taxa de desemprego no conjunto ficou estável em julho na comparação com junho, em 10,7%. A PED é realizada nas regiões metropolitanas do Distrito Federal, de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, do Recife, de Salvador e de São Paulo.

De acordo com a Seade e o Dieese, o nível de ocupação ficou em 0,6% e representou a criação de 119 mil postos de trabalho, número insuficiente para absorver as 133 mil pessoas que ingressaram na força de trabalho no conjunto das regiões. Isso resultou em um pequeno aumento de desempregados, que ficou em 14 mil pessoas. O total ocupado nas sete regiões pesquisadas foi estimado em 20,198 milhões de pessoas e a População Economicamente Ativa (PEA) fechou em 22,617 milhões.

O nível de ocupação elevou-se em quase todas as regiões: Salvador (1,2%); Fortaleza (1%); São Paulo (0,9%); Porto Alegre (0,9%) e Distrito Federal (0,7%). Permaneceu relativamente estável em Belo Horizonte, com pequena queda de 0,3%. Já em Recife houve um recuo mais acentuado, de 1,4%.

O rendimento médio real dos ocupados nas sete regiões cresceu 1% em junho ante maio, para R$ 1,495 mil. O rendimento real dos assalariados subiu 0,1% na mesma base de comparação, para R$ 1,533 mil.

Com base no “decepcionante” crescimento de 0,6% do PIB brasileiro no terceiro trimestre desse ano em relação ao anterior, a agência de classificação de risco Austin Rating revisou sua estimativa de expansão do PIB para 2012 de 1,7% para 0,9%, muito abaixo do esperado pelo federal.

“O resultado decepcionou e ficou muito aquém do cenário de recuperação esperado para ocorrer a partir do terceiro trimestre”, segundo relatório do economista chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Na segunda-feira, a expectativa dada pelo mercado no Boletim Focus era de uma elevação de 1,50%. Na semana passada, Mantega havia afirmado que o PIB cresceria 1,2% no terceiro trimestre – e que, “se tudo desse errado”, iria subir 1,7%.

Os resultados do terceiro trimestre reafirmam que a letargia da economia brasileira continua no segundo semestre, segundo Agostini. O economista projeta que o último trimestre deverá crescer 1,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior, sustentado em grande medida pelo PIB da agropecuária e serviços, além do retorno do crescimento do PIB da Indústria que deverá crescer 0,8%. Para 2013 a projeção foi mantida em 3,7% por enquanto.

Para a Austin Ratings, os dados indicam que o modelo de crescimento brasileiro fomentado pela maior oferta de crédito, principalmente através bancos públicos, além da queda na taxa básica de juros e as prorrogações das isenções de IPI, ainda não está esgotado. “Tais medidas contribuirão para reverter o atual processo de desaceleração da atividade econômica, principalmente no que tange ao setor industrial”, afirma o relatório, que também defende a reativação dos investimentos para sustentar o crescimento no médio e longo prazo. “O modelo atual tem riscos de saturação em um horizonte de 5 a 10 anos”, afirma o material.

PIB

O IBGE divulgou em 30/11/12 os resultados do PIB referente ao terceiro trimestre de 2012, que apresentou crescimento de apenas 0,6% sobre o 2º trimestre de 2012, com ajuste sazonal (2,4% anualizado), e expansão de 0,9% na comparação contra o mesmo trimestre do ano anterior

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rejeitou a crítica de que as medidas de estímulo à economia que vêm sendo adotadas pelo governo sejam paliativas e argumentou que o conjunto de ações tem efeito estrutural. Para ele, não há esgotamento do modelo de estímulos usado para impulsionar a economia brasileira.

“Achar que reduzir a taxa de juros para esse patamar é uma medida paliativa é uma piada. Isto é uma medida estrutural na economia brasileira. A redução de tributos, como nós estamos fazendo, é uma mudança estrutural. Desoneração da folha de pagamentos é uma mudança estrutural”, disse durante entrevista coletiva sobre o crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

Na oportunidade, ele anunciou que novas medidas de estímulo, no âmbito financeiro, devem ser anunciadas na próxima semana.

Para o ministro, essas ações do governo compõem um processo de transformação, que resultarão em uma economia mais competitiva, com custos financeiros e tributários menores, além de gerar maior oferta de infraestrutura. “É um conjunto de medidas estruturais”, definiu.

De acordo ele, as medidas com objetivos de curto prazo são minoritárias, representadas por ações como redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca e automóveis.

Além disso, algumas das medidas, como a desoneração da folha de pagamentos e a redução das tarifas de energia, futuramente, surtirão efeitos na economia, já que devem entrar em vigor apenas no próximo ano.

Outras ações já tomadas, por sua vez, devem demorar a apresentar resultados, como a redução da taxa de juros. “Todo mundo sabe que ela não surte efeito imediato, exige alguns meses para fazer efeito. Isso tem sido retardado pela crise internacional, que causa uma expectativa negativa na economia internacional”, declarou.

A desvalorização do câmbio, de acordo com ele, é outro caso de medida que precisa de tempo para mostrar resultados na economia. Isso porque os exportadores já haviam feito vendas no mercado futuro, com outro câmbio. “Então, a economia está se adaptando a essa nova situação, muito mais estimulante para a produção. E ela já está começando a surtir efeito”, informou.

 

 

Fonte: Exame