Grécia e Espanha voltam a preocupar Europa em crise
divulgou estimativas para 2012 e 2013
As incertezas políticas na Grécia e a dificuldade da Espanha em
salvar seus bancos voltaram a por a Europa em alerta em 10 de Maio. Além dos
problemas em duas de suas mais debilitadas economias, a previsão de encolhimento
do PIB em 0,3% em 2012 aprofunda a crise na zona do euro.
As estimativas da Comissão Europeia (CE) confirmam a contração econômica da
zona da moeda única integrada por 17 países para este ano. O crescimento deverá
ser de apenas 1,3% para 2013.
em entrevista à emissora italiana SkyTG24 que a Grécia terá que abandonar a zona
do euro caso não cumpra seus acordos.
“Eu tenho muito respeito pela democracia grega e pelo Parlamento grego, mas
também tenho respeito pelos outros 16 Parlamentos. Se os acordos não forem
respeitados, isto significa que não teremos condições de continuar com um país
que não honra seus compromissos”, disse.
Já Olli Rehn, comissário europeu para assuntos econômicos e monetários, disse
que a zona do euro tem “uma recuperação à vista”, embora as previsões ainda
sejam sombrias.
“A situação econômica continua frágil, com a manutenção de grandes
disparidades entre os estados-membros”, acrescentou.
“A atividade econômica na União Europeia sofreu contração no último trimestre
de 2011 e estima-se que isso também ocorreu no primeiro trimestre de 2012”,
disse o comunicado da CE.
De acordo com preceitos econômicos, dois trimestres consecutivos de contração
tendem a indicar um processo de recessão no período seguinte.
As estimativas de Bruxelas chegam em meio à polarização do debate sobre a
resolução da crise. Para a Alemanha, maior economia do bloco, a estratégia deve
continuar sendo a aplicação das medidas de austeridade e contenção fiscal.
É o que defende a chanceler (premiê) Angela Merkel, que vem deixando claro
que o pacto fiscal para ajuste das contas dos países do bloco não pode ser
renegociado, como proposto pelo novo presidente francês, François Hollande, que
defende o crescimento como nova estratégia para a saída da crise.
Espanha
Números individuais apontam que o único país que deve registrar contração em
2013 é a Espanha, onde a atividade econômica pode ser reduzida em até 0,3%.
A CE prevê ainda que o desemprego espanhol deverá continuar sendo o maior da
União Europeia, com uma taxa de até 24,4% neste ano e 25,1% em 2013.
Em comparação, a taxa de desemprego na zona do euro deve atingir 11% neste
ano. Os números desalentadores chegam em meio a um esforço do governo espanhol
para recapitalizar os bancos.
Madri deve forçar os bancos a tomarem empréstimos de mais 30 bilhões de euros
como garantias contra o risco de inadimplência.
Caberá ao sistema bancário do país levantar os recursos ou emprestar do
governo, a taxas anuais de cerca de 10%.
O governo já se disponibilizou a tomar as medidas necessárias para restaurar
a credibilidade de seu sistema financeiro e disse que no caso de os bancos
recorrerem a empréstimos públicos, Madri deve organizá-los de forma que em
última instância possam ser convertidos em estatizações parciais.
No início da semana a Espanha comprou 45% do Bankia.
Em seu comunicado, a CE disse ainda que o deficit espanhol seria de 6,4%
neste ano e 6,3% em 2013. No entanto, o ministro da Economia, Luis de Guindos,
disse que seu país conseguirá atingir a meta de deficit de 5,3% neste ano e 3%
no ano seguinte.
Grécia
Em seu comunicado, a CE manteve as previsões pessimistas para a Grécia.
De acordo com as estimativas de Bruxelas, o país deve ter contração da
atividade econômica de 4,7% neste ano, crescimento zero em 2013 e taxa de
desemprego de 19,7% em 2012.
Os números chegam em meio à dificuldade das forças políticas de formarem um
novo governo no país. Cinco dias após as eleições parlamentares do último
domingo, a terceira tentativa de formação de uma coalizão fracassou.
O ex-ministro das Finanças Evangelos Venizelos abandonou os esforços de
articulação política, o que deixa em aberto a possibilidade de o país convocar
eleições antecipadas e aumenta os rumores de que Atenas possa abandonar a zona
do euro.
As declarações do presidente da CE, José Manuel Barroso, sobre a eventual
saída da Grécia da zona do euro caso os acordos sejam descumpridos, deve
acrescentar mais pressão à volátil situação política em Atenas.
“Eu tenho muito respeito pela democracia grega e pelo Parlamento grego, mas
também tenho respeito pelos outros 16 Parlamentos. Se os acordos não forem
respeitados, isto significa que não teremos condições de continuar com um país
que não honra seus compromissos”, disse.
Milhares de ”indignados”, o movimento social nascido há um ano em protesto contra a crise econômica, os políticos e os excessos do capitalismo, voltaram às praças da Espanha neste sábado, no pontapé inicial de quatro dias de mobilizações para demonstrar que seu espírito continua vivo.
Sob o lema “Tomar as ruas”, os ativistas, em sua maioria jovens mobilizados através das redes sociais, convocaram concentrações em 80 cidades do país e, em Madri voltaram a ocupar a Puerta del Sol, a praça do centro da capital onde nasceu o movimento, dia 15 de maio de 2011.
Em Madri, os manifestantes pareciam não ter a intenção de respeitar a proibição oficial de não se manifestar depois das 22H00 horas e de voltar a reeditar sua “assembleia permanente” do ano passado, que durou semanas.
Com a noite avançada, milhares de “indignados” continuavam na grande praça, sentados em círculos, conversando ou tocando tambores, observados pelos veículos da polícia estacionados próximos.
À meia-noite, levantando os braços para o céu, os “indignados” fizeram um minuto de silêncio antes de começarem a gritar em coro, desafiadores, um de seus lemas: “Sim podemos, sim podemos”.
Em Madri, 30 mil pessoas se manifestaram, segundo a polícia, em Barcelona, a segunda cidade do país, foram entre 45 mil, segundo a polícia, e 220 mil, segundo os organizadores. Outras concentrações importantes aconteceram em Valencia, Sevilha e Bilbao.
“Estamos aqui porque é necessária uma mudança global, porque a indignação não parou. Continuamos indignados com as políticas de austeridade que a elite econômica nos impõe”, afirma em Madri Víctor Valdés, um estudante de filosofia de 21 anos. A frase “Juventude sem futuro” estampa sua camisa.
Em um país afundado mais uma vez na recessão, com uma taxa de desemprego de 24,44%, que chega a 52% entre os jovens, o governo conservador de Mariano Rajoy impõe já há seis meses medidas de rigor para poupar 30 bilhões de euros, com cortes que incluem setores como a saúde pública e a educação.
Graças ao movimento surgido em 15 de maio passado, “pouco a pouco a sociedade foi abrindo os olhos”, afirma Noelia Moreno, de 30 anos, uma das participantes do protesto que, inspirado nas manifestações da primavera árabe, surpreendeu o mundo.
“Acredito que algo mudou na mentalidade das pessoas, não é algo muito tangível agora, mas foi plantada uma sementinha que no futuro vai poder ser vista”, assegura.
É consciente, no entanto, da necessidade de manter o movimento vivo. “É uma corrida de longa distância, ninguém pode mudar tudo um sistema político em um dia, nem em um ano, isso leva tempo”, afirma.
Manter este impulso é precisamente o que os “indignados” buscam neste primeiro aniversário, que durante quatro dias dará origem a debates e assembleias populares nas praças de toda a Espanha.
Carregando uma bandeira que proclamava “O povo é a solução. Voltemos às praças, continuemos nas ruas”, cerca de 35 mil pessoas, segundo a Guarda Municipal, marcharam por Barcelona e outras cidades do país, entre elas Madri.
Foi nesta praça onde se instalou há um ano um acampamento improvisado de barracas e sacos de dormir que, com seu refeitório, sua creche e suas bibliotecas, converteu-se no símbolo da revolta popular contra a crise, inspirando movimentos similares em outros países.
Para marcar este aniversário, também foram convocadas manifestações em cidades como Paris, Atenas, Nova York ou Rio de Janeiro.
Mas todos os olhares se voltarão para a Porta do Sol, já que as autoridades espanholas advertiram que não serão permitidos novos acampamentos e só autorizaram as concentrações até as 22h00 locais (17h00 de Brasília).
“Não será um acampamento, e sim uma assembleia permanente”, explica Luis, porta-voz do movimento, esperando que esta fórmula lhes permita ficar na praça até terça-feira, quando os “indignados” comemoram seu primeiro aniversário.
Desde que o acampamento do Sol foi desmantelado, no dia 12 de junho do ano passado, o movimento perdeu visibilidade nos meios de comunicação, mas seguiu vivo nas redes sociais, nas assembleias de bairro e na luta contra a exclusão, embora com menos seguidores.
“Os que permaneceram são os mais conscientes, atuando em ações setoriais, como, por exemplo, opondo-se aos despejos”, afirma Antonio Alaminos, professor de sociologia da Universidade de Alicante.
Efeito mais concreto da mobilização dos “indignados”, o novo salto dado pela Plataforma de Afetados pelas Hipotecas (PAH), que desde 2009 luta contra o despejo de famílias endividadas –muitas delas de imigrantes–, conseguiu nos últimos meses cancelar ou adiar dezenas de expulsões.
Toda minha vida trabalhei como uma formiguinha e agora sou ‘ocupa’ na minha própria casa”, explica Angéles Belmonte, uma viúva de 76 anos, sobre o motivo de ter se acorrentado à agência de um banco privado que a despejou há dois meses. Angéles perdeu a casa onde morou boa parte de sua vida, numa pequena cidade no sul da Espanha, por servir de avalista a um dos filhos que ficou desempregado e não pôde mais pagar a hipoteca. O ato desesperado dessa viúva é mais um entre muitos outros em resposta ao número crescente de despejos vividos na Espanha.
Segundo dados do Ministério de Fomento à Habitação, desde 2007, quando estourou a crise financeira mundial, mais de 350 mil famílias foram vítimas de execuções hipotecárias que conduziram a 170 mil despejos. Madri é a região mais afetada, com 9.460 despejos só em 2011.
A década de ouro da economia espanhola (1998-2007) deve boa parte de seu êxito ao setor imobiliário. A mudança na Lei de Uso e Ocupação do solo e os incentivos fiscais para construir criaram diversas empresas no setor. Por sua vez, estas empresas alavancaram a criação de indústrias e outras empresas fornecedoras dos serviços e produtos que as construtoras necessitavam.
A bolha imobiliária espanhola se sustentava principalmente na especulação e na facilidade de crédito. Como os preços dos imóveis estavam muito acima do poder de compra de boa parte da população, o endividamento – não era raro hipotecar-se por 30 ou até 50 anos – parecia ser a única alternativa para consegui a sonhada casa própria.
A partir de 2007, a Espanha inicia uma mudança no seu ciclo imobiliário. Em agosto desse mesmo ano, a crise do mercado hipotecário dos EUA promove a falta de liquidez do sistema financeiro, dificultando e encarecendo ainda mais as fontes de financiamento. Sem crédito, a economia espanhola – que já notava o esgotamento do seu modelo de crescimento baseado na construção – entra numa profunda crise. Em recessão desde 2008, o país chega a 2012 com uma dívida externa de 165% do PIB e 25% da população economicamente ativa desempregada.
O alto índice de desemprego na Espanha impede que muitas famílias arquem com suas hipotecas, o que aumenta a cada dia os casos de despejo em todo o país. Eduardo, de 52 anos, como tantos outros entusiasmados pela teórica bonança econômica, embarcou em um crédito hipotecário no valor de 268 mil euros, em 2006. Na época, ele e sua mulher tinham trabalho e podiam pagar uma cota de 1.200 euros ao mês. Em 2008, começam os problemas associados à bolha imobiliária e, um ano depois, Eduardo que trabalhava para uma pequena empresa de mudanças perde o emprego e deixa de pegar sua hipoteca. Atualmente, sua família subsiste com uma ajuda mensal de 450 euros e está sujeita a um despejo marcado para o fim deste mês.
Ajuda profissional
O caso de Eduardo está sendo acompanhado pela Plataforma de Afetados pela Hipoteca de Barcelona (PAH de Barcelona). A organização, criada em 2009, agrupa pessoas afetadas pela crise e profissionais como advogados, psicólogos e assistentes sociais, que juntos decidiram iniciar negociações com entidades financeiras e impedir os despejos. Ao mesmo tempo, a plataforma iniciou um trabalho documentado para denunciar e modificar o atual marco legal que favorece as instituições bancárias e desprotege os hipotecados.
“A nossa primeira ação foi tentar negociar o perdão da dívida das famílias que entregassem suas casas às entidades financeiras, é o que chamamos juridicamente de dação em pagamento. Isso deve ser feito preferencialmente antes dos bancos iniciarem um processo de execução hipotecária, pois o processo levaria essas famílias a terem suas casas leiloadas e ainda continuarem com a dívida”, esclarece Ada Colau, atual porta-voz da PAH de Barcelona e uma de suas fundadoras.
Em 2011, com o nascimento do movimento “15M”, as atividades de Barcelona ganharam visibilidade no resto do país, incentivando a criação de outros núcleos. Atualmente existem 55 Plataformas de Afetados pela Hipoteca em toda a Espanha.
“De repente as pessoas se dão conta de que o seu problema é o mesmo que o do vizinho e que se unindo conseguem impedir até os despejos”, assegura Afonso, morador de Madri e participante ativo das ações “stop desahucio” (pare o despejo), que são convocações para levar o maior número de pessoas a se concentrarem no endereço onde uma família será despejada. A pressão social já parou 224 despejos em todo o país desde essas ações começaram
Muitos imigrantes, que chegaram à Espanha em um período de muita oferta de trabalho no setor da construção e conseguiram se regularizar no país por meio de um contrato de trabalho, também foram presas fáceis das facilidades de crédito e do discurso de que o melhor investimento era adquirir um imóvel.
“Existem milhares de famílias de imigrantes que assinaram sem muito conhecimento contratos abusivos e enganosos. Nesses contratos se exigia do imigrante ser avalista de um outro imigrante que muitas vezes ele nem conhecia. E isso para resolver o problema de aval que muitos tinham para cumprir com os requisitos e conseguir uma hipoteca”, denuncia Aída Quinatoa, equatoriana, residente há 12 anos na Espanha e presidente da Conaee (Confederação Nacional de Equatorianos na Espanha).
A Conadee existe desde 2006 e foi a primeira organização de imigrantes na Espanha a denunciar a situação dos imigrantes que perdiam suas casas para entidades bancáricas e não contavam com qualquer apoio social ou jurídico do Estado. Em junho do ano passado, o Conadee se uniu à PAH de Madri, juntas as entidades movem ações judiciais e assessoram gratuitamente a pessoas com problemas para pagar suas hipotecas ou que estão sofrendo alguma ação judicial de despejo.
Uddin e Hafiz são bengalis e compraram há três anos um apartamento de um quarto, no centro de Madri. Cada um tem sua família, mas dividiam as prestações da hipoteca de 1500 euros mensais e compartilhavam 40m2 entre quatro adultos e quatro crianças. No final do ano passado, Hafiz perdeu seu trabalho. Uddin, com um salário de 1000 euros, já não podia pagar sozinho as cotas da hipoteca. Na quarta-feira (09/05), as duas famílias foram despejadas. Era a segunda tentativa de um banco privado, que teve seu primeiro intento impedido em março por uma ação “stop desahucio”. Desta vez, havia força policial cortando os dois acessos de entrada da rua.
“Tentamos negociar com o representante do banco, oferecendo a casa em troca do perdão da dívida e a permanência das famílias que pagariam um aluguel, mas foi impossível”, contou Rafael Mayoral, advogado que prestava gratuitamente serviço jurídico às duas famílias desalojadas por meio da PAH de Madri.
No inicio do mês passado um Conselho de Ministros aprovou um decreto-lei de medidas de apoio ao cidadão hipotecado. O decreto permitirá a dação em pagamento como um último recurso após tentar todas as possibilidades de renegociação da dívida. Um dos requisitos exigidos para obter tal benefício e ter todos os membros da família desempregados. O decreto inclui também um código de boas práticas no qual as entidades bancárias aderem de forma voluntária.
Para a Plataforma de Afetados pela Hipoteca esse decreto-lei é uma medida muito tímida e que pouco contribui para solucionar os problemas dos hipotecados. Em junho do ano passado a PAH e outras entidades sociais e sindicais tramitaram no Congresso Nacional um texto da Iniciativa Legislativa Popular (ILP). Esta proposta de lei reivindica, entre outras exigências, a dação em pagamento retroativa, a conversão das hipotecas em aluguel social e a paralisação imediata dos despejos. Porém, só no fim do mês passado, o texto foi aprovado para então iniciar o recolhimento das 500 mil assinaturas exigidas, em um período de sete meses, para que a ILP seja finalmente discutida no Congresso.
Curso de prostituição promete “formação” em uma semana na Espanha
Um dos “professores”, identificado apenas por Brandon, que afirma fazer programas desde os 18 anos, diz que, com esse curso, os profissionais do sexo estarão mais preparados.
“Para que, acima de tudo, saibam o que estão fazendo. A prostituição éum um trabalho como qualquer outro”, defende Marlon.
A empresa responsável pelas classes garante que, ao final do curso, os formados terão “quase certeza” de obter um emprego, podendo até mesmo dar aulas na própria instituição. Segundo a companhia, o sucesso é garantido pois este é um trabalho onde “se consegue muito dinheiro rápido e fácil”.
O curso, que só é permitido para maiores de 18 anos, tanto homens ou mulheres, é relâmpago: dura apenas uma semana, com duas horas diárias, e cada aluno pode montar sua grade de acordo com suas necessidades. A confidencialidade dos alunos, segundo a empresa, é garantida.
Na grade curricular constam desde aulas teóricas (história da prostituição na Espanha; no resto do mundo; a microeconomia do setor; legislação; obtenção de dinheiro e lucro gerado) como práticas, com matérias como Kama Sutra, posições convencionais, não convencionais, acessórios e fetiches.
A prostituição é legalizada na Espanha, mas a Generalidade (órgão equivalente ao governo estadual) valenciana pediu à promotoria local que inicie uma investigação para saber se a empresa cometeu um delito por incentivar a prostituição (o que é proibido). E pediram a retirada dos anúncios por “publicidade sexista”.
Fonte: Uol
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