Ah, a paixão! Será esse, afinal, o entrave nas relações? Será esse o problema? Talvez compreender mais sobre esse sentimento possa nos ajudar.  Muitos de nós, ignorantes na matéria, imaginamos que quando acabou a paixão, o fogo, acabou a relação. E então, disparam os números de divórcios, de separações etc.

Tudo com base numa única lógica — Ele (a) não me ama mais como antigamente… Como se o antigamente fosse mais importante do que o que está sendo construído aqui e agora… Talvez, por isso, o convite. Se você se sente assim “desprestigiado” por seu companheiro (a) ou se sente diferente com relação a ele e ao sim, leia esse artigo. Pode ajudá-lo (a) a compreender melhor esse sentimento maior.

Nos dias de hoje, diferente da época de nossos avós, casamos por amor. E, acreditem, apesar de tudo para dar certo, afinal é nossa a escolha, parece que tudo dá errado!

No meu ponto de vista, isso acontece porque desconhecemos a “arte de amar”, desconhecemos o que é amor. Metemos, então, os pés pelas mãos, vivendo relações complexas com base em posse, dependência emocional, amar demais, amar de menos, etc., etc… Tudo o que acarreta em falta de cumplicidade, falta de compromisso, respeito, cuidado de um para com o outro.

Vale, então, compreender melhor os tipos de amor e, nesse compreender, ampliar o olhar, expandir a consciência, permitir-se experimentar cada momento, cada movimento do sentimento.

Eros, o amor paixão. O amor que cega, que nos faz surdos e mudos. Tira-nos a razão, enlouquece, ao mesmo tempo em que nos torna poetas, enamorados, bobos “alegres”, amantes, amados. Faz-nos tensos, inseguros, certos e errados. Tira-nos o foco, a respiração, a cor. Somos com o outro. Moremos sem ele. Vida e Morte. Fogo e Emoção.

Philia, o amor amizade. O amor companheiro de todas as horas. O amor que nos faz poder contar com outro a todo e qualquer momento. O amor que nos faz cúmplices, íntimos, amigos. O amor que nos faz engraçados. Rimos com o outro, aprendemos com ele, sabemos como agradar e deixamos claro como queremos ser agradados. Somos dois, unidos e separados, tudo ao mesmo tempo.

Ágape, o amor incondicional. O amor que tudo compreende. Tudo aceita. Tudo constrói. Um amor que de tão imenso, extrapola a vida a dois e é compartilhado com todos os que estão à volta. Aqui cabem todos: companheiro, filhos, amigos, familiares, outros… Aqui, o que conta é a espiritualidade, o amor maior, o dom supremo. Estar com o outro, nesse momento, nos completa. Expande o “ser”.

Bem, posto isso, qual o impacto na relação? No casamento? Fica aqui o convite à reflexão. Em toda a relação, o que acontece é um movimento circular. Andamos de um amor para o outro tipo de amor, em todas as direções. É como se pudéssemos ora estar em eros, ora em ágape, ora em philia, depois em eros, depois em philia e assim por diante.

Se conseguirmos compreender o amor nessa dimensão, estaremos prontos para conquistar e ser seduzidos em diferentes momentos, na vida a dois.

Acreditem, o amor se transforma a todo o tempo. E, como todo sentimento, é também movimento. Pode, por isso, encantar a cada nova estação. Pode, por isso, recomeçar a cada nova estação.

É claro que vale sempre reforçar. Será sempre diferente. Evoluímos, crescemos, somos, também, diferentes a cada vez que inspiramos e expiramos.  Renovamo-nos  a cada respiração e, assim, também é o amor.

Quem puder compreender o movimento do amor certamente  terá outra visão sobre seu relacionamento. Terá um olhar mais compassivo para consigo e com o outro. Para com o nós.

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Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos Codependentes, Você Está Disponível? Um Caminho para o Amor Pleno e Coisas do Amor.

Por Sandra Maia (Yahoo)