Ranking da competitividade internacional

Com a carga tributária mais nefasta, a pior regulação do governo sobre a economia, uma das piores taxas de corrupção e de desperdício de dinheiro público do mundo, além de um dos maiores spreads bancários, o Brasil cai duas posições no ranking das economias mais competitivas elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. Segundo os dados revelados ontem, o País caiu da 56.ª posição para a 58.ª.

A queda reverte uma tendência positiva dos últimos anos. A reação do Brasil diante da crise fez o País subir oito lugares no ranking de competitividade entre 2008 e 2009. O Brasil passou do 64.º lugar para a 56.ª posição. Em 2007, o Brasil ocupava ainda o 72.º lugar. A pontuação do País na avaliação geral chegou a subir, passando de 4,2 pontos para 4,3 pontos neste ano. Mas isso não foi suficiente para manter sua posição no ranking. Países como Azerbaijão, Tunísia, Costa Rica e Indonésia são vistos como mais competitivos.

No topo da lista está a Suíça, seguida pela Suécia e por Cingapura. O ranking é estabelecido pelas respostas dadas por multinacionais e empresas locais a um questionário sobre a percepção de cada país. A economia americana, que ocupava a 2ª posição em 2009, caiu para a 4ª posição. Já a China é o único país dos Brics que subiu no ranking, passando da 29.ª posição para a 27.ª e superando tradicionais economias como Itália e Espanha.

Pior do mundo

O Fórum Econômico Mundial destaca pontos positivos na economia brasileira. Mas alerta quanto aos desafios. Entre os 139 países avaliados, o Brasil é classificado como o que tem o pior impacto da carga tributária sobre o setor privado. No que se refere aos indicadores que medem a regulação do governo, o Brasil era o penúltimo colocado em 2009 e caiu para último.

“Apesar do progresso feito em direção à sustentabilidade fiscal, o ambiente macroeconômico continua preocupante”, afirmou o texto do Fórum. A entidade alertou para os níveis baixos de poupança e constatou que os spreads bancários são os mais altos entre os países avaliados. O endividamento público e a falta de flexibilidade no mercado de trabalho são considerados uma barreira para a competitividade.

O ranking aponta que a população não confia em seus políticos. O Brasil é considerado um dos locais onde a corrupção e o desperdício de dinheiro público têm peso significativo na competitividade. “A qualidade das instituições é considerada pobre”, afirmou o Fórum. Entre os países avaliados, apenas três foram considerados piores quanto ao desperdício de verbas públicas.

Em termos de corrupção, o Brasil aparece entre os 18 piores países. Apenas 12 sociedades confiam menos em seus políticos que a brasileira.

A infraestrutura também precisa ser aperfeiçoada. A percepção é de que apenas 17 países têm uma aduana menos eficiente que a do Brasil. No que se refere aos portos, o País está na 122.ª posição entre 139 países. A qualidade das estradas também deixa a desejar e o Brasil não aparece nem mesmo entre os cem países com melhores rodovias. Já o custo da violência é um dos 16 maiores do mundo.

O sistema de educação que ainda não oferece qualidade e o nível primário das escolas está entre os doze piores. A qualidade do ensino de ciências e de matemática está entre as mais negativas. Dos 139 países analisados, o Brasil aparece na 126.ª posição. Para o Fórum, “esforços são necessários para melhorar a qualidade do ensino em todos os níveis e reduzir as disparidades no acesso à educação”.

Positivo

Se os desafios ainda são enormes, o Fórum deixa claro que o setor privado é um dos mais competitivos do mundo. A sofisticação das empresas é a 31.ª do mundo, superando muitos países ricos. Em termos de inovação, o Brasil está entre os 42 melhores. A competitividade do mercado financeiro também é tida como exemplar.

O Brasil deixou a lanterna dos Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Neste ano, aparece à frente da Rússia. Mas ainda é superado na América do Sul pelo Chile, na 30.ª posição.

Fonte: Estadão

Ranking do mercado de trabalho

Pela primeira vez, o Brasil está em um ranking do “Workplace Survey”, um dos maiores levantamentos relacionados a condições de trabalho do mundo. Elaborada pela Robert Half, líder mundial em recrutamento especializado, a pesquisa ouviu mais de 6 mil executivos de recursos humanos em empresas de 17 países por todo o mundo. Na classificação mundial, o Brasil é um dos campeões em preocupação das empresas com ações de sustentabilidade e em busca por qualidade de vida.

As questões, elaboradas com o objetivo de acompanhar a movimentação do mercado de trabalho em todo o mundo, levantam discussões sobre temas como recrutamento, benefícios, sustentabilidade e stress. No Brasil, mais de 300 empresas responderam aos questionários. O país se destaca em questões como a busca das empresas por promover ações de sustentabilidade, item em que os brasileiros são líderes, com 24% dos respondentes. Também chama atenção a importância dada pelos profissionais do Brasil à qualidade de vida – estamos em segundo lugar no ranking, com 52% dos respondentes, atrás apenas de Hong Kong, que tem índice de 59%.

O país, porém, ainda se encontra aquém de seus pares em questões como benefícios a pais que trabalham, stress no ambiente de trabalho e diversidade. Além de dividir os itens por país, o “Workplace Survey” revela as diferenças nas condições de trabalho entre os gêneros e entre as áreas de atuação nas empresas.

Alguns dos itens destacam a realidade do trabalho no Brasil e no mundo:


Férias

A pesquisa mostra que 54% dos executivos  brasileiros  não tiram férias regularmente e 24% não conseguem ficar longe do trabalho.


Stress no trabalho

O “Workplace Survey” também explora o nível de stress de alguns executivos no trabalho – a pesquisa mostra que apenas 22% dos executivos entrevistados no Brasil nunca sofreram stress no trabalho.

Homens e trabalho

No Brasil e no mundo, os homens se estressam mais que as mulheres no trabalho: 83% deles já passaram por situação de stress, contra 73% delas. No caso dos homens brasileiros, porém, a média é maior do que a dos trabalhadores do sexo masculino em todo o mundo, que é de 77%.

Mulheres e trabalho

As mulheres brasileiras não ficam de fora – a pesquisa mostra que elas são muito mais workaholics que os homens. Entre as brasileiras do sexo feminino, 36% disseram não gostar de ficar longe do trabalho por períodos longos, contra apenas 10% dos homens. No mundo, essa média é de 33% e 18%, respectivamente.

Brasileiros querem mais qualidade de vida

Os brasileiros estão acima da média mundial na busca pela qualidade de vida. O estudo mostra que 52% dos brasileiros deixariam um emprego por outro buscando um balanceamento melhor entre trabalho e vida pessoal. A média mundial é de 36%..

Ranking de diversidade

A pesquisa mostra que o Brasil está abaixo da média mundial em ações de diversidade nas empresas. Apenas 36% têm políticas de diversidade, enquanto a média mundial é de 44%.

Pais e mães que trabalham

O “Workplace Survey” mostra que as empresas brasileiras dão menos incentivos aos pais e mães que trabalham do que a média mundial. No Brasil, 54% das empresas não possuem benefícios para quem tem filhos, enquanto no resto do mundo, a média é de 44%.

Sustentabilidade

No ranking da sustentabilidade nas empresas, o Brasil ainda está bem atrás quando se trata de políticas efetivas. Hoje, apenas 37% das empresas brasileiras têm algum tipo de política sócio-ambiental. A média mundial é de 2%.