O desflorestamento é um processo de retirada de madeira e devastação da vegetação. Esse processo começou com a necessidade humana de criar estruturas para sua sobrevivência, como casas, móveis e cercas, e de preparar a terra para a agricultura e a pecuária. Até hoje, geralmente, quem desmata está à procura de madeira para vários objetivos e de terras para criar animais e plantar.
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No processo de desmatamento, primeiro são retiradas as madeiras mais nobres, depois as utilizadas para a construção civil e, por fim, as árvores de madeiras leves, úteis para a produção de compensados e placas. Em um segundo momento, as árvores de menor porte são derrubadas e toda a vegetação rasteira é destruída. Sobram poucas árvores frondosas que são protegidas, como é o caso da castanheira, ou que não têm valor comercial, como as palmeiras, por exemplo. Essas árvores restantes dificultam a detecção do desmatamento. Nessa fase, é possível que 50% do dossel, a cobertura formada pelas árvores mais altas, já tenha sido cortado.
Muitas vezes, quem desmata também planta capim nas áreas degradadas. Com isto, a pecuária pode se desenvolver onde antes havia uma floresta, mesmo que ela ainda não tenha sido totalmente devastada. Normalmente, o capim e a cobertura florestal que ainda sobrou são queimados, provocando uma segunda limpeza da área. Com a queimada, sobram apenas cerca de 10% a 20% das árvores que compõem o dossel. Como o capim brota novamente depois do fogo, a área pode ser mais uma vez usada como pasto. Outras queimadas destroem completamente o que restou da floresta inicial. Este processo de degradação, em que a pastagem é gradativamente introduzida, pode durar alguns anos.
O desmatamento no mundo
Dos 64 milhões de km² de florestas existentes no planeta antes da expansão demográfica e tecnológica dos homens, restam menos de 15,5 milhões, ou cerca de 24%. Isso quer dizer que 76% das florestas primárias já desapareceram. Com exceção de parte das Américas, todos os continentes desmataram muito, conforme um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre a evolução das florestas mundiais.
Dos 100% de suas florestas originais, a África mantém hoje 7,8%, a Ásia 5,6%, a América Central 9,7% e a Europa – o pior caso do mundo – apenas 0,3%. O estudo indica que, apesar do desmatamento dos últimos 30 anos, o Brasil é um dos países que mais mantém sua cobertura florestal. Há 8 mil anos, o Brasil possuía 9,8% das florestas mundiais. Hoje, o país detém 28,3%.
Se o desflorestamento mundial prosseguir no ritmo atual, o Brasil – por ser um dos países que menos desmatou – deverá deter, em breve, quase metade das florestas primárias do planeta.
Controle do desmatamento na floresta Amazônica
A floresta brasileira permaneceu praticamente intacta até os anos 1970, quando foi inaugurada a rodovia Transamazônica. A partir daí, passou a ser desmatada por inúmeras razões, principalmente a criação de gado, a utilização da madeira e a plantação de soja. Os impactos do desmatamento da Amazônia são grandes: perda de biodiversidade, redução da ciclagem (filtragem) da água e volume de chuvas, além das contribuições para o aquecimento global.
O Estado brasileiro tem tomado medidas para reduzir o desmatamento da floresta amazônica. Em junho de 2003, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (npe) divulgou dados da projeção de desmatamento entre agosto de 2001 e agosto de 2002, indicando um crescimento em torno de 40% em relação ao período anterior, em que o número permanecia praticamente estável.
A partir dessa notícia, iniciou-se uma avaliação das causas do aumento e planejou-se um conjunto de ações integradas do Poder Público para serem implementadas com a participação da sociedade. Ainda em 2003, foi assinado o Decreto Presidencial que estabeleceu um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial criado para propor medidas e coordenar ações de redução dos índices de desmatamento na Amazônia Legal.
Em seu trabalho, o Grupo seguiu as indicações do Plano de Ação para a Prevenção e Controle de Desmatamento, Queimadas e Exploração Madeireira Ilegal produzido pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) com a participação de outros ministérios e entidades da sociedade civil. Entre as ações indicadas estão:
– ordenamento agrário nos municípios que compõem o Arco do Desmatamento (principalmente nas fronteiras das regiões norte e centro-oeste);
– incentivos fiscais e de crédito com os objetivos de aumentar a eficiência econômica e a sustentabilidade de áreas já desmatadas;
– procedimentos para a implantação de obras de infra-estrutura ambientalmente sustentáveis;
– geração de emprego e renda em atividades de recuperação de áreas degradadas;
– incorporação ao processo produtivo de áreas abertas e abandonadas e manejo de áreas florestais;
– e atuação integrada dos órgãos federais responsáveis pelo monitoramento e a fiscalização de atividades ilegais no Arco do Desmatamento.
Com a implementação dessas e de outras ações, os índices de desmatamento na Amazônia caíram de 2004 a 2007, com um pequeno aumento em 2008. No entanto, dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) divulgados em agosto de 2009, atestam que a taxa anual de 2009 deverá ser a menor dos últimos 20 anos: no máximo nove mil quilômetros quadrados.
Controle do desmatamento no cerrado
O cerrado brasileiro já perdeu 48,2% da vegetação original. Hoje são desmatados cerca de 20 mil km² por ano. Em setembro de 2009, foi lançado um plano para frear essa devastação até 2011. Para colocá-lo em prática, o governo listou os 60 municípios que, juntos, foram responsáveis por um terço do desmatamento no bioma entre 2002 e 2008 e que serão os principais alvos das ações de fiscalização e controle.
De acordo com esse levantamento, o desmate no Cerrado está concentrado no oeste da Bahia – na divisa com Goiás e Tocantins – e no norte de Mato Grosso. As áreas coincidem com as regiões produtoras de grãos, de carvão e pecuária. Além das ações de repressão, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado (PPCerrado) prevê medidas de ordenamento territorial, criação de unidades de conservação e implementação de planos de bacias.
Fonte: Portal Brasil
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